quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A língua e os dentes

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


 
 

Um monge, extremamente devoto, pergunta a seu abade moribundo :
            - O senhor não tem algum segredo de santidade e vida para nos ensinar?
            O ancião com muita dificuldade e espontaneidade, abriu a boca e ordenou ao jovem que olhasse dentro. Para o monge, seu abade estava em delírio, surdo ou não entendia mais o sentido das coisas. Insistiu, falando alto e bem próximo do ouvido do mestre :
            - Eu perguntei se o senhor não tem nenhum segredo de santidade e vida para me ensinar.
            - Então, filho, respondeu o agonizante, estou te pedindo que olhes dentro da minha boca – e abriu-a novamente.
            - Não vejo nada, mestre!
            - Tens certeza, meu filho? Olha com mais atenção. Não estás vendo a minha língua?
            - Ah, sim, vejo a sua língua...
            - E que mais?
            - Não vejo mais nada.
            - Tens certeza? E os meus dentes, consegue vê-los?
            Novamente, o monge pensou que seu abade delirava.
            - Mestre, há muitos anos que o senhor já não tem dentes...
            - Ouça com muita atenção : a língua é feita de carne e músculos, aliás músculos muito frágeis. Os dentes são estruturas  muito fortes, mas que acabam e caem primeiro, porque são duros. A língua é mole e flexível. Ela aprende a adaptar-se...mas é firme naquilo de que precisa. Assim também, meu filho, a pessoa que tem o coração duro : diante dos problemas da vida é a primeira a cair. 
            - Aprende, filho, a ser flexível diante de Deus. Ele quer te dar um coração de carne e não um coração de pedra, mineralizado como os dentes...
 
Fonte :
Adaptado de Pe. Léo, SCJ, Revista Beneditina nrº 43, Outubro/Dezembro de 2011, editado pelas monjas do Mosteiro da Santa Cruz – Juiz de Fora/Minas Gerais.


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