Um monge, extremamente devoto, pergunta a
seu abade moribundo :
-
O senhor não tem algum segredo de santidade e vida para nos ensinar?
O ancião com muita dificuldade e espontaneidade,
abriu a boca e ordenou ao jovem que olhasse dentro. Para o monge, seu abade
estava em delírio, surdo ou não entendia mais o sentido das coisas. Insistiu, falando
alto e bem próximo do ouvido do mestre :
-
Eu perguntei se o senhor não tem nenhum segredo de santidade e vida para me
ensinar.
- Então, filho, respondeu
o agonizante, estou te pedindo que olhes
dentro da minha boca – e abriu-a novamente.
- Não vejo nada, mestre!
- Tens certeza, meu filho? Olha com mais atenção. Não
estás vendo a minha língua?
- Ah, sim, vejo a sua língua...
- E que mais?
- Não vejo mais nada.
- Tens certeza? E os meus dentes, consegue vê-los?
Novamente, o monge pensou que seu
abade delirava.
-
Mestre, há muitos anos que o senhor já não tem dentes...
-
Ouça com muita atenção : a língua é feita de carne e músculos, aliás músculos
muito frágeis. Os dentes são estruturas
muito fortes, mas que acabam e caem primeiro, porque são duros. A língua
é mole e flexível. Ela aprende a adaptar-se...mas é firme naquilo de que
precisa. Assim também, meu filho, a pessoa que tem o coração duro : diante dos
problemas da vida é a primeira a cair.
-
Aprende, filho, a ser flexível diante de Deus. Ele quer te dar um coração de
carne e não um coração de pedra, mineralizado como os dentes...
Fonte :
Adaptado
de Pe. Léo, SCJ, Revista Beneditina nrº 43, Outubro/Dezembro de 2011, editado pelas monjas do Mosteiro da Santa Cruz – Juiz de Fora/Minas Gerais.
(e-mail: publicacoesmonasticas@yahoo.com.br).
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