Para aguçar nossa fé católica
apostólica romana e levarmos adiante a Palavra e os Ensinamentos de Nosso
Senhor Jesus Cristo, olhemos um pouco para trás antes de prosseguirmos
no estreito caminho que leva à Escola de Serviço do Senhor.
Contemplemos atentamente o trabalho
profícuo e inesgotável de um mestre da oratória e da evangelização : Padre António Vieira, missionário português da
Companhia de Jesus e um dos mais influentes
personagens do século XVII.
Dono de um temperamento apto a enfrentar resistências e notável
prosador, António Vieira possuía um espírito ativo, obstinado, que tinha imenso
prazer em lutar. Nas atitudes audaciosas, estava acima de seu tempo. Com
avidez, combatia o despotismo dos colonos no Brasil, era a favor dos cristãos
novos e grande defensor dos indígenas.
Mesmo tendo uma saúde frágil, cruzou
sete vezes o oceano Atlântico e percorreu milhares de quilômetros a pé ou de
canoa.
Sua crença messiânica e mito fundamental
de vida era o Quinto Império. Os quatro primeiros, seriam, em ordem : os
Assírios, os Persas, os Gregos e os Romanos. Por último, o Império Português. Com
sua poderosa inteligência, projetava mundos para acomodar seus sonhos.
De personalidade ferrenha, foi um dos
primeiros adversários católicos da Inquisição em Portugal. Esta, por sua vez, sobrepujou
sua rebeldia, mantendo-o preso e submetido ao silêncio por determinado período.
No exuberante texto de O Sermão de Santo António aos Peixes, cravejado
de sátira e fina ironia em linguagem barroca, denuncia os maus tratos que os
fortes impõem aos fracos, criticando o absolutismo dos grandes, que, como
peixes, vivem da imolação de muitos pequenos, os quais ‘engolem’ e ‘devoram’.
Os fortes, no caso, eram os
gananciosos colonos do Maranhão, que no Brasil podiam ser magnânimos, mas em
Portugal ‘acham outros maiores que os comam, também a eles’.
Dias depois de pregar este sermão, no qual os peixes são a personificação
dos homens, Vieira partiu para Lisboa. Por motivos óbvios, só os índios esperavam
que ele retornasse - o retorno do payassú,
ou padre grande, como era conhecido.
Sem jamais se desviar da sagrada
teologia, nosso brilhante orador incitava e convencia os ouvintes com sua
argumentação em torno da alegoria e do exemplo, revelando pungente predomínio
do moral sobre o dogmático, condizente com o homem de ação intensa, visionário
e lutador incansável.
Traço geral dos sermões de António Vieira
:
Introdução
ü
exposição
do tema
ü
declaração
do ponto de vista a ser defendido e como faze-lo
ü
argumentos
a favor e contra
ü
exemplos
Desenvolvimento
ü
referência
a autores, experiências, estudos, etc
ü
reforço
do ponto de vista pessoal
ü
sumário
do que foi dito
Conclusão
ü
antevisão
do que vai acontecer a seguir
ü
formulação
de apelo motivador
O título deste sermão provém da lenda que se conta a respeito de Santo António. Ele foi muito mal recebido numa pregação em Arimino ( atual Rimini, Itália ), e mesmo perseguido, dirigiu-se à praia e pregou aos peixes, que o teriam escutado com atenção, em contraste com os homens.
Esta obra tem a estrutura resumida de um discurso clássico e foi organizada em três partes, contemplando seis capítulos :
ü
Exórdio (prólogo) –
capítulo I – expõe o plano a desenvolver
e das idéias a defender, partindo de uma frase da Bíblia, por exemplo
ü
Confirmação –
capítulos II, III, IV e V – expõe o tema
e seu desenvolvimento
ü
Peroração (epílogo) – capítulo VI – conclui o discurso
Faz-se necessário ter em mente estes
pontos fundamentais :
. Pregador -> Sermão ->
Ouvinte
E os aspectos em torno do
Pregador :
. a pessoa ou o que ele é
. a ciência que ele tem
. a matéria que ele trata
. o estilo que ele segue
. a voz que profere
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