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sábado, 23 de abril de 2022

A contemplação na sociedade do cansaço

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Eder Vasconcelos e Roberto Camilo Órfão Morais


‘Segundo o filósofo Byung- Chul Han, o excesso de positividade, presente no mundo, devido às grandes mudanças tecnológicas, se manifesta também como excesso de estímulos, informações e impulsos.  Descreve que a chamada ‘multitarefa’, não apresenta nenhum progresso civilizatório.

Por contraditório que pareça ser, para Byung- ChuHan as evoluções tecnológicas- sociais, tem aproximado cada vez mais a sociedade humana da vida selvagem. Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção em diversas atividades : ‘O animal não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante de si, pois tem de elaborar ao mesmo tempo o que tem atrás de si’. O bem viver, no mundo contemporâneo, cedeu lugar à preocupação por sobreviver.

As novas tecnologias disponibilizam informação em excesso, com o ritmo acelerado, gerando uma atenção ampla; porém, rasa - superficial. Conforme a filósofa Hanna Arendt, ‘quanto mais superficial a pessoa é, mais suscetível está a ceder ao mal’. A disseminação de uma ‘cultura de ódio e intolerância’, em boa parte, se explica por essa ausência de compreensão da vida e, de suas relações. Sujeito às manipulações nas redes sociais, parte da população é conduzida numa onda de superficialidade e insensatez.

Assertivamente, já no final do século XIX, o poeta e filósofo Ralph Waldo Emerson, caracterizou o ser humano moderno : ‘um andarilho que corre sobre uma fina camada de gelo. Ele não tem um destino certo. Mas sabe que, se parar, o piso racha e morre afogado’ (...) ‘nossa segurança está em nossa velocidade’.

Por sua vez, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, evidencia que, a vida humana, finda numa hiperatividade mortal se, dela for expulso todo elemento contemplativo. Eis suas palavras : ‘Por falta de repouso, nossa civilização caminha para uma nova barbárie. Em nenhuma outra época os ativos, isto é, os inquietos, valeram tanto. Assim, pertence às correções necessárias a serem tomadas quanto ao caráter da humanidade fortalecer em grande medida o elemento contemplativo’. O homem e a mulher do século XXI, tem a responsabilidade de fortalecer e estimular o ‘elemento contemplativo’, tão necessário para uma cultura do bem-viver e do bem-conviver equilibrado.

A contemplação, diante da vida, inicia e sustenta a aprendizagem, estabelece uma relação amorosa com saber. O amor à sabedoria, nasce do espanto (admiração), que por sua vez é fruto da contemplação da beleza do mundo. Essa contemplação cósmica, diante do mistério da vida, levou o místico Thomas Merton a dizer : ‘O poeta entra em si mesmo para criar. O contemplativo mergulha em Deus para ser criado’. Tanto o poeta, quanto o contemplativo, são envolvidos por uma aura de leveza, recolhimento e quietude.

O filósofo coreano Chul Han faz uma constatação : ‘A massa de informações eleva massivamente a entropia do mundo, sim, o nível de ruído. O pensamento necessita de silêncio. É uma expedição para o silêncio’. O nível de ruído, de barulho, interfere na qualidade do pensamento, da reflexão. Essa cultura contemporânea hiper ruidosa não gera nada de novo, reproduz o que já existe, expressa aflição, inquietação e, uma concepção reducionista da vida.

Contemplar significa compreender que, a acelerada rotina, não basta para a plenitude de nossa existência. Significa recuperar e, se reconciliar com a vida em seu instante vivido, dizendo sim à sua beleza. O tédio cansa, esgota. A contemplação reencanta e revigora a integridade da vida. ‘É uma expedição para o silêncio’. 

A busca da contemplação não deve ser confundida com anseios por sensações de arrebatamento. Nas palavras do Papa Francisco, ‘Contemplar e cuidar : eis duas atitudes que indicam o caminho para corrigir e reequilibrar nossa relação de seres humanos com a criação’.

A contemplação está presente também nos ensinamentos e na vida de Jesus de Nazaré : ‘Olhai os lírios do campo que não trabalham e nem fiam e, no entanto, nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles’ (Lucas 12, 27). Jesus de Nazaré é o contemplativo itinerante que sabe ver, olhar e contemplar a beleza da natureza presente nos lírios do campo. Quanta sensibilidade contemplativa. Parar e contemplar : eis a grande dificuldade do ser humano da pós-modernidade.

Parafraseando o teólogo Karl Rahnner que afirmou que ‘o cristão do futuro, ou será um místico ou não será cristão’, a humanidade nesse século ou será contemplativa ou perderá sua própria humanidade.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://domtotal.com/noticia/1575081/2022/04/a-contemplacao-na-sociedade-do-cansaco/

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Pandemia, um período estressante para os padres

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de John Burger


‘A pandemia de Covid-19 tem sido um período de muito estresse também para os padres. De fato, de acordo com um psicólogo canadense, nos últimos 15 meses, muitos sacerdotes católicos relataram sentimentos de perda de identidade.

Ter que pregar para bancos vazios, restringir a entrada das pessoas na igreja, ser proibido de visitar os doentes, cancelar eventos e não ouvir uma congregação cantar têm sido coisas ‘particularmente difíceis’ para os padres, disse Pe. Stephan Kappler, presidente e psicólogo-chefe da Southdown, uma organização sediada em Ontário que apóia a saúde mental de pessoas religiosas e do clero.

‘Muitos me disseram : ‘nunca pensamos que nos tornaríamos os policiais da paróquia’, afirmou o Pe. Kappler ao BC Catholic, jornal da Arquidiocese de Vancouver. ‘Em vez de cuidar pastoralmente de seu povo, tudo o que eles estão fazendo é dizer : ‘Não, desculpe, você tem que se registrar.’

Críticas de todos os lados

Mas não termina aí. O jornal noticiou que muitos padres, durante a pandemia, sentiram a tensão de serem criticados por serem muito rígidos ou nem tão severos o suficiente. Além disso, a adaptação ao uso de novas tecnologias para manter as transmissões ao vivo e as comunicações em andamento desde março de 2020 tem desgastado muitos pastores.

Como amenizar o estresse provocado pela pandemia

Mas, para o sacerdote, há maneiras de os padres se ajudarem, a fim de superarem o estresse.

O que tenho visto funcionar é que as pessoas são realmente intencionais quanto ao apoio social’, disse Kappler ao jornal. Em outras palavras, você tem que fazer um esforço e planejar para chegar e se conectar.

O isolamento e a solidão por longos períodos ‘geralmente não alimentam estratégias positivas ou adaptativas’, explicou. ‘Eles geralmente se alimentam de coisas que não são legais, como o consumo excessivo de álcool ou outras coisas entorpecentes’.

O sacerdote encorajou os pastores a reservar um tempo para conversas de qualidade com as pessoas em quem confiam, viver cada dia de cada vez, permanecer firmes em Jesus e buscar ajuda, se precisarem.

Perfeccionismo X estresse

Há uma alta porcentagem de nós, clérigos, que somos perfeccionistas’, continuou ele. ‘O perfeccionismo é, por um lado, uma coisa boa porque torna você eficiente, responsável e você deseja fazer coisas que são de alto padrão. Mas isso também tem um custo muito alto, e esse custo é que não há espaço para fraqueza.

Embora as pessoas em geral tenham dificuldade em pedir ajuda, o problema é pior para o clero, disse ele ao BC Catholic. ‘Eu experimentei isso com padres, é exponencialmente mais desafiador dizer ‘Eu preciso de ajuda’. Às vezes, os padres são colocados em um pedestal e ainda há o estigma associado à saúde mental’.

Os leigos podem, é claro, ajudar os padres com as orações neste momento de pandemia. Mas Kappler também sugeriu escrever um cartão ou uma carta com uma mensagem simples de encorajamento e uma possível oferta de apoio.

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/06/04/pandemia-um-periodo-estressante-para-os-padres/