A Liturgia da Horas e a
reflexão no dia de Santa Teresa de Jesus
( nascida em Ávila, Espanha ) :
Ofício das Leituras
Segunda leitura
Das Obras de Santa Teresa de Jesus, virgem
(Opusc. De librovitae, cap.22,6-7.14)
(Séc.XVI)
Lembremo-nos sempre do amor de Cristo
Com tão bom amigo presente, com tão esforçado chefe, tudo se pode
sofrer. Serve de ajuda e dá reforço; a ninguém falta. É amigo verdadeiro.
Sempre tenho visto claramente que, para contentarmos a Deus e para que nos faça
ele mercês, quer que seja por intermédio desta humanidade sacratíssima, na qual
declarou Sua Majestade ter posto suas complacências.
É o que muitíssimas vezes e muito bem tenho visto por experiência, e
também me disse o Senhor. Tenho compreendido claramente que por esta porta
havemos de entrar, se quisermos que nos mostre grandes segredos a soberana
Majestade. De modo que não se queira outro caminho, ainda que se esteja no cume
da contemplação. Por aqui se vai seguro. É por meio deste Senhor nosso que nos
vêm todos os bens. Ele ensinará o caminho: contemplemos sua vida, porque não há
modelo melhor.
O que mais queremos, do que ter a nosso lado tão bom amigo, que não nos
deixará nos trabalhos e nas tribulações, como fazem os amigos deste mundo?
Bem-aventurado quem o amar de verdade e sempre o trouxer junto de si. Olhemos o
glorioso São Paulo de cujos lábios, por assim dizer, não saía senão o nome de
Jesus, tão bem gravado o tinha no coração. Desde que entendi isto, tenho
considerado atentamente alguns santos, grandes contemplativos, tais como São
Francisco, Santo Antônio de Pádua, São Bernardo, Santa Catarina de Sena. Com
liberdade havemos de andar neste caminho, entregues às mãos de Deus. Se Sua
Majestade quiser elevar-nos à categoria de seus íntimos e confidentes dos seus
segredos, vamos de boa vontade.
Quando pensarmos em Cristo, sempre nos lembremos do amor com que nos
concedeu tantas graças e da grande ternura que nos testemunhou em nos dar tal
penhor do muito que nos ama, pois amor pede amor. Procuremos sempre ir
considerando estas verdades e estimulando-nos a amar. Porque, uma vez que nos
conceda o Senhor a graça de que este amor nos seja impresso no coração, tudo
nos será mais fácil: faremos grandes coisas muito depressa e com pouco trabalho.
Fonte
:
‘In
Liturgia das Horas IV’, pg. 1380 a 1381
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