quarta-feira, 25 de setembro de 2013

“Quem tem sede venha a mim e beba” (Jo 7,37).

p/ Maria Vanda A. da Silva
(Ir. Maria Silvia, Obl. OSB/SP)


Das Instruções de São Columbano, Abade (Sec.VII)
 
Irmãos caríssimos, prestai ouvidos ao que vamos dizer como a algo de necessário. Contentai sede de vossas almas nas águas da fonte divina, sobre a qual desejamos falar, mas não extinguais; bebei, mas não vos sacieis. Chama-nos a si a fonte viva, a fonte da vida e diz: quem tem sede venha a mim e beba (Jo, 7,37).
 
Entendei o que bebeis. Diga-vos Jeremias, diga-vos a própria fonte : Abandonaram-me a mim, fonte de água viva, diz o Senhor (Jr 2, 13). O próprio Senhor, nosso Deus, Jesus Cristo, é fonte da vida; por isso nos convida a irmos a ele, fonte, para bebermos. Bebe-o quem ama; bebe quem se sacia com a palavra de Deus; quem muito ama muito deseja; bebe quem arde de amor pela sabedoria.
 
Vede donde emana esta fonte : do mesmo lugar donde desceu o pão. Pão e fonte são o mesmo, o filho único, nosso Deus, o Cristo Senhor, de quem devemos ter sempre fome. Cremo-lo, amando; devoramo-lo desejando e, no entanto, famintos, desejamo-lo ainda. Da mesma forma, qual água de uma fonte; bebamo-lo sempre pela plenitude do desejo e deleitemo-nos com a suavidade de sua particular doçura.
 
Pois é doce e suave o Senhor; por mais que o comamos e bebamos, estamos sempre sedentos e famintos, porque nosso alimento e bebida nunca se pode tomar e beber totalmente; tomando, não se consome, bebido não se acaba, pois nosso pão é eterno, nossa fonte é perene, nossa fonte é doce. Eis a razão por que diz o Profeta: Vós que tendes sede, ide à fonte (Is 55,1). A fonte dos sedentos, não dos saciados. Por isto chama a si sedentos, que em outro lugar declara felizes, aquele que nunca bebem bastante, mas quanto mais sorvem, tanto mais têm sede.
 
Irmãos, é justo que a a fonte da sabedoria, o Verbo de Deus nas alturas (Ecclo 1,5 Vulg.), sempre seja desejada, buscada, amada por nós; estão escondidos, segundo as palavras do Apóstolo, todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2,3), e chama quem tem sede a deles tomar.
 
Se tens sede, bebe da fonte da vida; se tens fome, come o pão da vida. Felizes os que têm fome deste pão e sede desta fonte. Sempre comendo e sempre bebendo, ainda desejam comer e beber, Porque é imensamente doce aquilo que sempre se saboreia e sempre se deseja mais. O rei profeta já dizia: Saboreai e vede quão doce, quão suave é o Senhor (Sl 33,9).
 

Fonte :
(Inst. 13, De Christo Fonte Vitae, 1-2: Opera, Dublin 1957, 116-118) – In Liturgia das Horas, Vol. IV, pg. 143/144.


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