quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Bispos africanos denunciam violência na República Democrática do Congo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


Os bispos presidentes das Caritas africanas estão indignados ao testemunhar como a guerra desencadeada há alguns meses no leste da República Democrática do Congo está se ampliando e predispondo a um novo drama humano. Eles também denunciam a exploração ilegal de recursos naturais como a principal causa deste conflito.

O encontro, ocorrido em Kinshasa entre 20 e 22 de novembro de 2012, teve como foco o debate sobre a missão e a identidade da Caritas à luz da encíclica de Bento XVI Deus caristas est.

A investida no Kivu Norte e a conquista da capital Goma, feita pelo grupo guerrilheiro M23, impôs a mais profunda miséria e perplexidade a milhares de homens, mulheres e crianças, vítimas da violência sem controle. A grande maioria não tem onde morar, passam fome, estão à mercê de estupros e do recrutamento forçado de crianças.


Os bispos clamam por misericórdia e pedem à ONU, União Africana, União Européia, ao governo da República Democrática do Congo, aos demais países envolvidos nesta luta sanguinária e às multinacionais do setor de mineração, que trabalhem por um desenlace justo. É necessário acabar definitivamente com o sofrimento descabido da população civil.

domingo, 25 de novembro de 2012

Cristo, Rei do Universo

p/Maria Vanda a. Silva
(Ir. Maria Silvia-obl/osb)






Evangelho:



35 O povo estava a observar. Os príncipes dos sacerdotes com o povo O escarneciam dizendo: "Salvou os outros, salve-Se a Si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus!" 36 Também o insultavam os soldados que, aproximando-se dele e oferecendo-lhe vinagre, 37 diziam: "Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo!" 38 Estava também por cima de sua cabeça uma inscrição: "Este é o Rei dos judeus". 39 Um daqueles ladrões que estavam suspensos da cruz, blasfemava contra ele, dizendo: "Se és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo e a nós" 40 O outro, porém, tomando a palavra, repreendia-o dizendo: "Nem tu temes a Deus, estando no mesmo suplício? 41 Quanto a nós se fez justiça, porque recebemos o castigo que mereciam nossas ações, mas Este não fez nenhum mal." 42 E dizia a Jesus: "Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no teu Reino!" 43 Jesus disse-lhe: "Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso." (Lc 23, 35-43).


Mons. João Clá Dias, EP




Por direito de herança e de conquista, Cristo reina com autoridade absoluta sobre todas as criaturas. Entretanto, não governa segundo os métodos do mundo.






I - REI NO TEMPO E NA ETERNIDADE

Ao ouvirmos este Evangelho da Paixão, de imediato surge em nosso interior uma certa perplexidade: por que a Liturgia, para celebrar uma festa tão grandiosa como a de Cristo Rei, terá escolhido um texto todo ele feito de humilhação, blasfêmia e dor?


Tanto mais que, em extremo contraste com esse trecho de São Lucas, a segunda leitura de hoje nos apresenta Jesus Cristo como sendo "a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a criação (...) porque foi do agrado do Pai que residisse n'Ele toda a plenitude" (Col 1, 15 e 19). Como conciliar esses dois textos, à primeira vista, tão contraditórios?

Para melhor compreendermos esse paradoxo, devemos distinguir entre o Reinado de Cristo nesta terra e o exercido por Ele na eternidade. No Céu, seu reino é de glória e soberania. Aqui, no tempo, ele é misterioso, humilde e pouco aparente, pelo fato de Jesus não querer fazer uso ostensivo do poder absoluto que tem sobre todas as coisas: "Foi-me dado todo o poder no Céu e na terra" (Mt 28, 18).

Apesar de as exterioridades nos causarem uma impressão enganosa, Ele é o Senhor Supremo dos mares e dos desertos, das plantas, dos animais, dos homens, dos anjos, de todos os seres criados e até dos criáveis. Porém, diante de Pilatos, assevera: "O meu Reino não é deste mundo" (Jo 18, 36), porque não quer manifestar seu império em todas as suas proporções, a não ser por ocasião do Juízo Final.


Assim, enquanto o Evangelho nos fala de seu Reinado terreno, a Epístola proclama o triunfo de sua glória eterna. No tempo, vemo-Lo exangue, pregado na Cruz entre dois ladrões, sendo escarnecido pelos príncipes dos sacerdotes e pelo povo, insultado pelos soldados e objeto das blasfêmias do mau ladrão. A Liturgia exige de nós um esforço de fé para, indo além do fracasso e da humilhação, crermos na grandiosidade do Reino de Jesus.

Por outro lado, errôneo seria imaginar que Ele não deve reinar aqui na terra. Para compreender bem o quanto Cristo é Rei, é preciso diferenciar seu modo de governar daquele empregado pelo mundo.

O governo humano, quando ateu, encontra sua força nas armas, no dinheiro e nos homens. Tem por finalidade as grandes conquistas territoriais, perdurar longamente e alcançar a felicidade terrena. Porém, o tempo sempre demonstra o quanto esses objetivos são ilusórios e até mentirosos. As armas em certo momento caem ao solo, ou se voltam contra o próprio governante; o dinheiro é por vezes um bom vassalo mas sempre um mau senhor; os homens, quando não assistidos pela graça, neles não se pode confiar.

 
Napoleão Bonaparte é um bom exemplo do vazio enganador no qual se fundamentam os Impérios neste mundo. Basta imaginá-lo proclamando seu fracasso do alto de um penhasco na ilha Santa Helena, durante o penoso exílio ao qual ficara reduzido. Em síntese, a plenitude da felicidade de um governador terreno é um sonho irrealizável. E ainda que ela fosse atingível, a nós caberia a frase do Evangelho: "Que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?" (Mc 8, 36).


II - A REALEZA ABSOLUTA DE CRISTO



A Realeza de Cristo é bem outra. Ele de fato é Rei do Universo e, de maneira muito especial, de nossos corações. Ele possui uma autoridade absoluta sobre todas as criaturas e já muito antes de sua Encarnação, quando se encontrava no seio do Padre Eterno, ouviu estas palavras:

"Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede- me; dar-te-ei por herança todas as nações; tu possuirás os confins do mundo, tu governarás com cetro de ferro" (Sl 2, 7-9).

Rei por direito de herança

Ele é o unigênito Filho de Deus e por Este foi constituído como herdeiro universal, recebendo o poder sobre toda a criação, no mesmo dia em que foi engendrado (1).


Rei por ser Homem-Deus

Por outro lado, Jesus Cristo é Deus e, assim sendo, tudo foi feito por ele, o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Senhor absoluto de toda existência, do Céu, da terra, do sol, das estrelas, das tempestades, das bonanças. Seu poder é capaz de acalmar as mais terríveis ferocidades dos animais bravios e as procelas dos mares encapelados. Os acontecimentos, as forças físicas e morais, a guerra e a paz, a pobreza e a fartura, a humilhação e a glória, o revés e o sucesso, as pestes, os flagelos, a doença e a saúde, a morte e a vida, estão todos ao dispor de um simples ato de sua vontade. Aí está um Governo incomparável, superior a qualquer imaginação, e do qual ninguém ou nada poderá se subtrair.


O título de Rei Lhe cabe mais apropriadamente do que às outras duas Pessoas da Trindade Santíssima, por ser o Homem-Deus, conforme comenta Santo Agostinho: "Apesar de que o Filho é Deus e o Pai é Deus e não são mais que um só Deus, e se o perguntássemos ao Espírito Santo, Ele nos responderia que também o é...; entretanto, as Sagradas Escrituras costumam chamar de rei, ao Filho" (2).

De fato, o título de Rei, quando aplicado ao Pai, é usado de forma alegórica para indicar seu domínio supremo. E se quisermos atribuí-lo ao Espírito Santo, faltará exatidão jurídica, por tratar-se Ele de Deus não-encarnado, pois, para ser Rei dos homens é indispensável ser Homem. Deus não encarnado é Senhor, Deus feito homem é o Rei.

Rei por direito de conquista

Jesus Cristo é nosso Rei
também por direito de conquista, por nos ter resgatado da escravidão a Satanás.

Ao adquirirmos um objeto às custas de nosso dinheiro, ele nos pertence por direito. Mais ainda se o obtivermos através de duras penas, pelos esforços de nosso trabalho, e muito mais, se for conseguido pelo alto preço de nosso sangue. E não fomos nós comprados pelo trabalho, sofrimentos e pela própria morte de Nosso Senhor Jesus Cristo? É São Paulo quem nos assevera: "Porque fostes comprados por um grande preço!" (I Cor 6, 20).

Rei por aclamação


Cristo é nosso Rei por aclamação. Antes mesmo das purificadoras águas do Batismo serem derramadas sobre nossa cabeça, nós O elegemos para ser o regente de nossos corações e de nossas almas, através dos lábios de nossos padrinhos. Por ocasião do Crisma e a cada Páscoa, de viva voz nós renovamos essa eleição, sempre de um modo solene.

 
Rei do interior dos homens e de todas as exterioridades

Não houve, nem jamais haverá um só monarca dotado da capacidade de governar o interior dos homens, além de bem conduzi-los na harmonia de suas relações sociais, seus empreendimentos, etc. O único Rei pleníssimo de todos os poderes é Cristo Jesus.

Exteriormente, pelo seu insuperável e arrebatador exemplo - além de suas máximas, revelações e conselhos - Ele governa os povos de todos os tempos, tendo marcado profundamente a História com sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição. Por meio do Evangelho e sobretudo ao erigir a Santa Igreja, Mestra infalível da verdade teológica e moral, Jesus perpetua até o fim dos tempos o imorredouro tesouro doutrinário da fé. Através dessa magna instituição Ele orienta, ampara e santifica todos os que nela ingressam, e vai em busca das ovelhas desgarradas.

Aqui precisamente se encontra o principal de seu governo neste mundo: o Reino Sobrenatural que é realizado, na sua essência, através da graça e da santidade.

Nosso Senhor Jesus Cristo enquanto a "videira verdadeira" é a causa da vitalidade dos ramos. A seiva que por eles circula, alimentando flores e frutos, tem sua origem n'Aquele Unigênito do Pai (Jo 15, 1-8). Ele é a Luz do Mundo (Jo 1, 9; 3, 19; 8, 12; 9, 5) para auxiliar e dar vida aos que dela quiserem se servir para evitar as trevas eternas. Jesus - segundo a leitura de hoje - é "a cabeça do corpo que é a Igreja, é o Princípio, o Primogênito entre os mortos, de maneira que tem a primazia em todas as coisas, porque foi do agrado do Pai que residisse n'Ele toda a plenitude e que por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, pacificando pelo Sangue da sua Cruz, tanto as coisas da terra, como as do Céu" (Col 1, 18-20).

O Reinado de Cristo, em nosso interior, se estabelece pela participação na vida de Jesus Cristo. Só no Homem- Deus se encontra a plenitude da graça, enquanto essência, virtude, excelência e extensão de todos os seus efeitos. Os outros membros do Corpo Místico participam das graças que têm sua origem em Jesus, a cabeça que vivifica todo o organismo. Quem de maneira privilegiadíssima tem parte em grau de plenitude nessa mesma graça, é a Santíssima Virgem.

Dada a desordem estabelecida em nós após o pecado original, acrescida pelas nossas faltas atuais, nossa natureza necessita do auxílio sobrenatural para atingir a perfeição. Sem o sopro da graça, é impossível aceitar a Lei, obedecer aos preceitos morais, não elaborar razões falsas para justificar nossas más inclinações e conhecer, amar e praticar a boa doutrina de forma estável e progressiva. Ela refreia nossas paixões e as equilibra nos gonzos da santidade, orienta nosso espírito, modera nossa língua, tempera nosso apetite, purifica nosso olhar, gestos e costumes. É através da graça que nossa alma se transforma num verdadeiro trono e, ao mesmo tempo, cetro de Nosso Senhor Jesus Cristo. E é nessa paz e harmonia que se encontra nossa autêntica felicidade, e esse é o Reino de Cristo em nosso interior.


E qual o principal adversário contra esse Reino de Cristo sobre as almas? O pecado! Por isso mesmo, se alguém tem a desgraça de o cometer, nada fará de melhor do que procurar um confessionário e com arrependimento ali declará-lo a fim de ver-se livre da inimizade de Deus. É impossível gozar de alegria com a consciência atravessada pelo aguilhão de uma culpa. Nessa consciência não reinará Cristo; e se ela não se reconciliar com Deus, aqui na terra, tampouco reinará com Ele na glória eterna.



III - A IGREJA, MANIFESTAÇÃO SUPREMA DO REINADO DE CRISTO



O júbilo e às vezes até mesmo a emoção, penetram nossos co rações ao contemplarmos estas inflamadas palavras de São Paulo: "Cristo amou a Igreja e Se entregou a Si mesmo por ela, para a santificar, purificando-a no batismo da água pela Palavra, para apresentar a Si mesmo esta Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e imaculada" (Ef 5, 25-27).

 
Porém, ao analisarmos a Igreja militante, na qual hoje vivemos, com muita dor encontramos imperfeições - ou pior ainda, faltas veniais - nos mais justos, conferindo opacidade a essa glória mencionada por São Paulo. Entre as ardentes chamas do Purgatório, está a Igreja padecente, purificando-se de suas manchas. Até mesmo a triunfante possui suas lacunas, pois, exceção feita da Santíssima Virgem, as almas dos bem-aventurados foram para o Céu deixando seus corpos em estado de corrupção nesta terra, onde aguardam o grande dia da Ressurreição.

 
Portanto, a "Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e imaculada" , manifestação suprema da Realeza de Cristo, ainda não atingiu sua plenitude.

E quando definitivamente triunfará Cristo Rei? Só mesmo depois de derrotado seu último inimigo, ou seja, a morte! Pela desobediência de Adão, introduziram-se no mundo o pecado e a morte. Pelo seu Preciosíssimo Sangue Redentor, Cristo infunde nas almas sua graça divina e aí já se dá o triunfo sobre o pecado. Mas a morte será rendida com a Ressurreição no fim do mundo, conforme o próprio São Paulo nos ensina:

Porque é necessário que Ele reine, ‘até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés'. Ora, o último inimigo a ser destruído será a morte; porque Deus ‘todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés' " (I Cor 15, 25- 26).

Cristo Rei, por força da Ressurreição que por Ele será operada, arrancará das garras da morte a humanidade inteira, como também iluminará os que purgam nas regiões sombrias. Ao retomarem seus respectivos corpos, as almas bem-aventuradas farão com que eles possuam sua glória; e assim, serão também os eleitos outros reis cheios de amor e gratidão ao Grande Rei. Apresentarse- á o Filho do Homem em pompa e majestade ao Pai, acompanhado de um numeroso séqüito de reis e rainhas, tendo escrito em seu manto: "Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Apoc 19, 16)


IV - SE CRISTO É REI, MARIA É RAINHA

Se Cristo é Rei por ser Homem-Deus e recebeu o poder sobre toda a Criação no momento em que foi engendrado, daí se deduz ter sido realizada no puríssimo claustro maternal de Maria Virgem a excelsa cerimônia da unção régia que elevou Cristo ao trono de Rei natural de toda a humanidade. O Verbo assumiu de Maria Santíssima nossa humanidade, e assim adquiriu a condição jurídica necessária para ser chamado Rei, com toda a propriedade. Foi também nesse mesmo ato que Nossa Senhora passou a ser Rainha. Uma só solenidade nos trouxe um Rei e uma Rainha.



V - CONCLUSÃO


Agora sim, estamos aptos a entender e amar a fundo o significado do Evangelho de hoje. A resposta ao povo e aos príncipes dos sacerdotes que escarneciam contra Jesus: "Salvou os outros, salve-Se a Si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus" (v. 35), como também aos próprios soldados romanos em seus insultos: "Se és o Cristo, salva-Te a Ti mesmo" (v. 37), transparece claramente nas premissas até aqui expostas.

Eles eram homens sem fé e desprovidos do amor a Deus, julgando os acontecimentos em função de seu egoísmo e por isso levados a se esquecerem de sua contingência. Cegos de Deus, já há muito afastados de sua inocência primeva, perderam a capacidade de discernir a verdadeira realidade existente por trás e por cima das aparências de derrota que revestiam o Rei eterno transpassado de dor sobre o madeiro, desprezado até pelas blasfêmias de um mau ladrão. Não mais se lembram dos portentosos milagres por Ele operados, nem sequer de suas palavras: "Julgas porventura que Eu não posso rogar a meu Pai e que poria já ao meu dispor mais de doze legiões de anjos?" (Mt 26, 53). Sim, se fosse de sua vontade, numa fração de segundo poderia reverter gloriosamente aquela situação e manifestar a onipotência de sua realeza, mas não o quis, como o fez em outras ocasiões: "Jesus, sabendo que O viriam arrebatar para O fazerem rei, retirou-se de novo, Ele só, para o monte" (Jo 6, 15).



Quem discerniu em sua substância a Realeza de Cristo foi o bom ladrão, por se ter deixado penetrar pela graça. Arrependido em extremo, aceitou compungido as penas que lhe eram infligidas, e reconhecendo a Inocência de Jesus no mais fundo de seu coração, proclamou os segredos de sua consciência para defendê-La das blasfêmias de todos: "Nem tu temes a Deus, estando no mesmo suplício? Quanto a nós se fez justiça, porque recebemos o castigo que mereciam nossas ações, mas Este não fez nenhum mal" (vv. 40-41). Eis a verdadeira retidão. Primeiro, humildemente ter dor dos pecados cometidos; em seguida, com resignação abraçar o castigo respectivo; por fim, vencendo o respeito humano, ostentar bem alto a bandeira de Cristo Rei e aí suplicar- Lhe: "Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no teu Reino!" (v. 42)

Tenhamos sempre bem presente que só pelos méritos infinitos da Paixão de Cristo e auxiliados pela poderosa mediação da Santíssima Virgem nos tornaremos dignos de entrar no Reino.

Seguindo os passos da conversão final do bom ladrão, poderemos esperar com confiança ouvir um dia a voz de Cristo Rei dizendo também a nós: "Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso" (v. 43).



1 ) cf. Hb 1, 2-5.

2 ) Enarrat. in Ps. 5 n. 3: PL 37, 83

***

Eis uma solução eficaz para todas as crises atuais: a celebração solene da festa de Cristo Rei

Assim se exprime o Papa Pio XI a esse respeito:

Cristo, fonte da verdadeira Paz


Se soubessem os homens resolver-se a reconhecer a autoridade de Cristo em sua vida particular e pública, deste ato para logo dimanariam em toda a humanidade incomparáveis benefícios: uma justa liberdade, a ordem e o sossego, a concórdia e a paz (...).


Se os príncipes e governos legitimamente constituídos tivessem a persuasão de que regem menos no próprio nome do que em nome e lugar do Rei Divino, é manifesto que usariam do seu poder com toda a prudência, com toda a sabedoria possíveis em legislar e na aplicação das leis, como haveriam de atender ao bem comum e à dignidade humana de seus súditos! Então floresceria a ordem, então veríamos difundirem- se e firmarem-se a tranqüilidade e a paz (...).


Oh! que ventura não pudéramos gozar, se os indivíduos, se as famílias, se a sociedade se deixasse reger por Cristo! "Então finalmente - para citarmos as palavras que, há 25 anos, o Nosso Predecessor Leão XIII dirigia aos bispos do mundo inteiro - fora possível sanar tantas feridas; o direito recobraria seu antigo viço, seu prestígio de outras eras; tornaria a paz com todos os seus encantos. e cairiam das mãos armas e espadas, quando todos de bom grado aceitassem o império de Cristo, Lhe obedecessem, e toda língua proclamasse que Nosso Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Padre" (Enc Annum Sacrum) (...).

As festividades, mais eficazes que os documentos.

A fim de que a sociedade cristã goze largamente de tão preciosas vantagens, e para sempre as conserve, é mister que se divulgue quanto possível o conhecimento da dignidade real de Nosso Salvador.  Ora, nada pode, pelo que nos parece, conseguir melhor este resultado, do que a instituição de uma festa própria e especial em honra de Cristo Rei.

Com efeito, para instruir o povo nas verdades da fé e levá-lo assim às alegrias da vida eterna, mais eficazes que os documentos do Magistério eclesiástico são as festividades anuais dos sagrados mistérios. Os documentos do Magistério, de fato, apenas alcançam. um restrito número de espíritos mais cultos, ao passo que as festas atingem e instruem a universalidade dos fiéis.  Os primeiros, por assim dizer, falam uma vez só, as segundas falam sem intermitência de ano para ano; os primeiros dirigem-se, sobretudo, ao entendimento; as segundas influem não só na inteligência, mas também no coração, quer dizer, no homem todo.  Composto de corpo e alma, precisa o homem dos incitamentos exteriores das festividades, para que, através da variedade e beleza dos sagrados ritos, recolha no ânimo a divina doutrina, e, transformando- em substância e sangue, tire dela novos progressos em sua vida espiritual.

Além disso, ensina-nos a própria História, que estas festividades litúrgicas foram introduzidas no decorrer dos séculos, umas após outras, para responder a necessidades ou vantagens espirituais do povo cristão. Foram-se constituindo para fortalecer os ânimos em presença de algum inimigo comum, para premunir os espíritos contra os ardis da heresia, para mover e inflamar os corações a celebrar com a mais ardente piedade algum mistério de nossa fé ou algum benefício da divina graça (...) Assim se deu com a festa de Corpus Christi, instituída quando se esfriava a reverência e o culto para com o Santíssimo Sacramento.

Instituição da festa

A festa, doravante anual, de "Cristo-Rei" dá-nos a mais viva esperança de acelerarmos a tão desejada volta da humanidade a seu Salvador amantíssimo (...) Uma festa, anualmente celebrada por todos os povos em homenagem a Cristo-Rei, será sobremaneira eficaz para condenar e ressarcir, de algum modo, esta apostasia pública (...).

Portanto, em virtude de Nossa autoridade apostólica, instituímos a festa de "Nosso Senhor Jesus Cristo Rei", mandando que seja celebrada cada ano, no mundo inteiro, no último domingo de outubro (...) porque ele, em certo modo, encerra o ciclo do ano litúrgico. Destarte, os mistérios da vida de Jesus Cristo, comemorados no decorrer do ano que finda, terão na solenidade de "Cristo-Rei" seu como termo e coroa.

Fonte:
(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2004)








 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O novo Abade do Mosteiro de São Bento de Olinda

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
No dia 21 de novembro de 2012, os doze monges eleitores do Mosteiro de São Bento, em Olinda, elegeram como seu novo Abade, Dom João Evangelista Kovas, antigo Prior do Mosteiro de São Bento, em São Paulo. 

Prior corresponde ao cargo de confiança do Abade de um Mosteiro, que é o líder máximo da instituição. Dom João Evangelista substituirá na direção espiritual e administrativa do Mosteiro de São Bento de Olinda a Dom Filipe da Silva, 50 anos, que foi eleito, dia 6 de novembro, Abade do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, o mais rico e mais tradicional mosteiro beneditino do Brasil. 

A função de Abade é vitalícia, exceto em casos de renúncia, transferência de abadia ou aposentadoria aos 70 anos.  

Dom João Evangelista é formado em Filosofia Antiga e Medieval e lecionava as duas matérias na Faculdade de São Bento em São Paulo. 
 
E eis que no dia 22 de novembro, às 12 horas, na Basílica do Mosteiro de São Bento, Dom João Evangelista Kovas tomou posse como Abade do Mosteiro de Olinda. 
Participaram do rito litúrgico-canônico :
ü Dom Emanuel D'Able do Amaral, Arquiabade do Mosteiro da Bahia e Presidente da Congregação Beneditina do Brasil,
ü Dom Filipe da Silva, Abade do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro,
ü Dom Mathias Tolentino Braga, Abade do Mosteiro de São Bento de São Paulo e 
ü toda a comunidade monástica do Mosteiro de São Bento de Olinda.

A Bênção Abacial está prevista para o final de janeiro de 2013, possivelmente na festa da Conversão do Apóstolo São Paulo, dia 25. 


Vista do Mosteiro de São Bento de Olinda

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Santa Cecilia

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


Santa Cecilia, martirizada entre 176 e 180 D. C., durante o império de Marco Aurélio, é profundamente venerada pela Igreja do oriente e do ocidente. Considerada padroeira da música sacra desde o século XV, sua memória é festejada no dia 22 de novembro, dia da música e dos músicos.
Eis uma parte da Liturgia das Horas nesta data :
 
 PRÓPRIO DOS SANTOS
Ofício das Leituras
 
Segunda leitura
Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo
 
 Cantai a Deus com arte e com júbilo

‘Louvai o Senhor com a cítara, na harpa de dez cordas Salmodiai! Cantai-lhe um cântico novo! (Sl 32,2.3). Despojai-vos da velhice; conhecestes um cântico novo! Novo homem, nova aliança, novo cântico. O cântico novo não pertence aos homens velhos. Somente o aprendem os homens novos, renovados da velhice pela graça e já pertencentes à nova aliança, que é o reino dos céus. Por ele anseia todo o nosso amor e canta um cântico novo. Cante o cântico novo não a língua mas a vida.

Cantai-lhe um cântico novo, cantai bem para ele! Alguém pergunta como cantar para Deus. Canta para ele, mas não cantes mal. Ele não quer que seus ouvidos sejam molestados. Cantai bem, irmãos. Diante de um musicista de bom ouvido, dizem-te para cantar de modo que lhe agrade. Ora se não foste instruído na arte musical, temes cantar para não desagradar ao artista. Não sabendo que és ignorante, ele te repreenderá. Quem se oferecerá para cantar bem a Deus, a ele que de tal modo julga o cantor, de tal modo examina tudo, de tal modo sabe escutar? Quando poderás apresentar um canto com tanta arte que absolutamente em nada desagrades aos ouvidos perfeitos?

Eis que ele te dá um modo de cantar: não procures palavras, como se pudesses explicar aquilo com que Deus se deleita. Canta na jubilação. É isto cantar bem para Deus, cantar na jubilação. O que é cantar no júbilo? Escuta, não se pode expressar por palavras aquilo que se canta no coração. De fato, aqueles que cantam seja na ceifa, seja na vinha, seja em qualquer outro trabalho cheio de ardor, começam com palavras de cantigas a exultar com alegria; depois, a alegria é tanta que já não podem dizê-la, então abandonam as sílabas das palavras e deixam-se levar pelo som do júbilo.

Júbilo é um som a significar que do coração brota algo impossível de se expressar. E quem merece esta jubilação, a não ser o Deus inefável? É inefável o que não podes falar. E se não o podes falar e não deves calar-te, o que te resta senão jubilar? Alegre-se o coração sem palavras, e a imensidão das alegrias não conheça o limite das sílabas. Cantai para ele com arte e com júbilo (cf. Sl 32,3).’


Fonte :
(Ps 32, sermo 1,7-8: CCL 38,253-254) (Séc.V) – ‘In Liturgia das Horas IV, pg. 1469/1470’. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Treva e Luz

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)



Ó Espírito, que em socorro de mim vem sempre...
Eu, que cego, carrego os sinais dos meus tropeços,
apesar de toda luz que me expiras.
 
Ó Espírito, que adejas em cumes e vales,
segregas minhas lágrimas e lavas o meu peito
que afoito, sofre e se perde na penumbra.
 
Ó Espírito, que me amas e a todos,
os que vêem e os que não vêem!
Traduzes os meus passos em reta estrada,
para não ser mais negro asfalto,
mas lavrada terra, onde semeio e colherei toda flor.
 
Ó Espírito compassivo e zeloso de mim.
Vem, e não desistas de nós desgarrados.
Recolha-nos e entoe com seu sopro
uma canção do bem,
que no refrão revele que é só no AMOR
que se vive de verdade , o SUMO BEM. 


Marivan/01.11.12

sábado, 3 de novembro de 2012

Santa Silvia

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)


           
Santa Silvia,

mãe do grande papa Gregório Magno,

santo, doutor da Igreja e

a glória de Roma do século VI,

rogai por nós.
 
Santa Silvia, intercedei por nós!’


 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia de Finados : Reflexão sobre os mortos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

No ocidente, a morte é um tema sagrado, inviolável. Um ponto a se evitar.
Curiosamente, os países que alcançaram um elevado grau de civilização e  cultura, vivem mais afastados da naturalidade da vida e mais próximos do fugaz. A concepção do fim, da desagregação e da decomposição, que ocorrerá em algum momento indeterminado, ocasiona um pânico profundo. Afinal, a morte é um medo primitivo.
Ao recordar aqueles que já se foram, restabelecemos a ligação que tínhamos com eles. A ausência externa transmuta-se em figura interior, iluminando nossa alma : o falecido nos recorda quem somos e de onde viemos.
Orar pelos nossos mortos, diante do Altíssimo, é uma maneira de confortar e acalentar aqueles que tanto amamos e já partiram.