terça-feira, 1 de maio de 2012

Manifestação de Jesus da Vitória Pascal aos Discípulos

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)



Este artigo foi gentilmente cedido por Dom João Evangelista Kovas, OSB,
monge beneditino do Mosteiro de São Bento de São Paulo.


                Após a sua morte e ressurreição, Jesus apareceu corporalmente várias vezes a seus apóstolos e discípulos, durante um período que se estendeu até o dia da festa de Pentecostes, celebrada cinquenta dias após a festa judaica da Páscoa, ocasião na qual ele ressuscitou. Temos amplo testemunho dessas aparições nos quatro Evangelhos (cf. Mt 28,9-20; Mc 16,9-19; Lc 24,1-53; Jo 20,11–21,23) e nos Atos dos Apóstolos (cf. At 1,1-11).

                O testemunho mais intrigante sobre as aparições de Jesus talvez seja a de São Paulo, o qual se associou posteriormente ao colégio apostólico. Ele conta que viu o Senhor Jesus no caminho para Damasco, apesar de ali se dirigir para perseguir os cristãos. Jesus o interpelou sobre o que ele estava prestes a fazer.

               Esse foi um momento decisivo para a conversão daquele que se tornaria o Apóstolo das Nações (cf. At 22,1-21). Entrementes, São Paulo menciona uma das aparições de Jesus aos seus discípulos e apóstolos logo após sua ressurreição. Ele mesmo não acompanhou esse fato, recebeu-os por testemunho por parte da Igreja. Nessa ocasião, Jesus apareceu a mais de quinhentos discípulos, e, no dizer do Apóstolo, “a maioria dos quais ainda vivem” (I Cor 15,6).

             A liturgia da Igreja, no período que vai da celebração do Domingo da Páscoa do Senhor até o Domingo de Pentecostes, celebra a vitória pascal de Jesus, garantia de nossa salvação. São cinquenta dias de celebração pascal, no período que chamamos Tempo Pascal, recordando de modo especial essas aparições de Jesus até o momento decisivo de fundação da Igreja, que foi a vinda do Espírito Santo em Pentecostes.

              A Igreja nasce, pois, do testemunho de Jesus sob a unção do Espírito Santo.

              Poderíamos nos perguntar por que Jesus apareceu a seus discípulos e apóstolos naquela ocasião? Por que ele apareceu apenas a eles e não ao mundo inteiro? E mais, por que, ao menos, ele não continua a aparecer a nós, seus discípulos de última hora?

             Jesus apareceu à primeira comunidade cristã, a fim de manifestar claramente sua vitória sobre a morte, o pecado e tudo aquilo que afasta os homens de Deus.

             Os discípulos não precisavam mais temer a morte infringida por aqueles que mataram o seu mestre, porque Jesus ressuscitou. Doravante, podem anunciar a Boa Nova – “o Reino de Deus está próximo! Convertei-vos e crede no Evangelho” –, aquele mesmo anúncio que Jesus já anunciara enquanto estava no meio deles, como ser vivente, como o homem-Deus ainda sujeito à morte corporal e sob a jurisdição daqueles que não hesitaram em cometer a mais atroz injustiça, que é a morte do Filho de Deus, para manter a ordem desse mundo. A injustiça, a morte e o pecado continuam a grassar a existência presente, porém a vitória pascal precisava ser anunciada desde pronto, a fim de que nesse tempo de misericórdia concedido pelo Senhor o mundo viesse a se converter à Palavra de Deus.

             O testemunho da ressurreição, no entanto, não era para todos. Para o mundo, saber que um homem, um galileu, na época do poderio do Império Romano, ressuscitou dos mortos, poderia não ser mais do que um artigo de curiosidade vulgar. Não se trata de afirmar apenas que a morte naquela ocasião não teve sucesso sobre um homem justo, mas de anunciar a própria pessoa de Jesus Cristo, aquele que veio ao mundo com a missão de libertá-lo do pecado e aproximá-lo de Deus. Os apóstolos em primeiro lugar e os demais discípulos de Jesus eram os depositários autorizados para anunciarem ao mundo a vida de Jesus, sua divindade, sua humanidade, sua morte ignominiosa na cruz e sua ressurreição.

               Doravante, o testemunho da Igreja a respeito da ressurreição de Jesus guarda esse mesmo depósito apostólico que proclama a salvação universal por aquele que foi o crucificado e ressuscitou. Sua missão não terminou. Ela se estende ao mundo inteiro por meio desse testemunho autorizado da Igreja e pela assistência do Espírito Santo. Os anunciadores continuam a ser homens falíveis, testemunhas também dos próprios pecados, porém assistidos pelo Espírito Santo, a fim de que a mensagem da cruz e da ressurreição não morra nesse mundo, tão sedento da Palavra de Deus e tão necessitado de sua graça. (Continuação do artigo oportunamente).

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