Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Uma vida urbana
atarefada parece retirar espaço ao desenvolvimento da nossa criatividade
espiritual. Por outro lado, as mutações sociais poderiam estimular uma
renovação das práticas espirituais que nos levam a ser mais criativos. Porém, a
vida espiritual não se alimenta apenas das nossas crenças e das justificações
das mesmas, mas de um contínuo crescimento da vida interior. Será viável uma
vida monástica capaz de renovar a vida interior em contexto urbano?
Nos contextos da
produtividade e reflexão sobre o efeito da tecnologia na experiência de vida
que fazemos, têm surgido diversos temas que sempre fizeram parte da vida
monástica. Existem sete aspectos onde a vida monástica poderia ajudar-nos a
descobrir, gradualmente, o modo de sermos espiritualmente criativos.
Vida
Simples. Os
monges adotam uma vida de simplicidade e evitam excessos materiais. Nas
cidades, a simplicidade traduz-se em práticas de minimalismo, como possuir
apenas o necessário e evitar o consumo excessivo.
Meditação. A meditação é uma
prática comum na vida monástica que ajuda a promover a paz interior e a clareza
mental. Numa viagem de comboio, uma forma de meditar seria ler textos mais
profundos e aproveitar as caminhadas pela cidade para pensar.
Serviço. O serviço aos
outros caracteriza muitas comunidades monásticas e faz parte da dinâmica
comunitária. Nas cidades, o voluntariado cresce com as assimetrias sociais,
abrindo oportunidades para as práticas de bondade e generosidade. Um ouvido que
escuta pode valer mais do que uma moeda.
Rotinas. A vida monástica é
frequentemente estruturada em torno de uma rotina de oração, trabalho e
repouso. Uma mudança de atitude mental diante das rotinas até chegar ao trabalho
e depois do trabalho implica encarar que a regularidade ajuda a promover a
produtividade e o bem-estar.
Silêncio
e Solitude. O
silêncio e a solitude valorizados em muitas tradições monásticas parecem ser
impossíveis de viver num mundo urbanizado e conectado. Porém, apesar do ruído e
multidão exterior, nada nos impede de encontrar o momento para o silêncio e
solitude no nosso interior. Nem que seja a olhar para o chão do transporte
público que nos leva para casa e deixar os pensamentos vaguear pela mente.
Estudo
Contínuo. Muitas tradições
monásticas valorizam o estudo contínuo, seja de textos religiosos, filosofia ou
outros campos de conhecimento. Na sociedade da informação, aprender ao longo da
vida é uma possibilidade acessível a todos. Basta crescer na sabedoria de
distinguir facto de ficção.
Consciência
e Respeito pela Natureza. O fumo dos carros e o ruído de fundo de que
somente nos damos conta quando saímos da cidade pode dificultar a tomada de
maior consciência da ligação que temos com o mundo natural, de modo a
respeitá-lo e contemplá-lo. Procurar coisas novas e naturais pode ser o
primeiro passo para descobrir a presença da Natureza onde menos esperamos,
criando momentos de aproximação dessa que podem suscitar mais momentos de
criatividade espiritual inesperada.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/978/ser-monge-na-cidade/
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