Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Josette Saint-Martin
Tradução : Ramón Lara
A origem da Via
Sacra funde-se com a peregrinação dos primeiros cristãos a Jerusalém. O mais
antigo testemunho conhecido é o de Éteria (1), um nobre da Galícia, Espanha, que, no século IV,
visitou os lugares santos e participou de liturgias locais. Quatro períodos
marcaram a evolução dessa devoção.
O século XV marca o início da iconografia da 'Via Sacra'
A
partir do século XV, um ponto de viragem surgiu com o desenvolvimento da
devoção às ‘quedas da paixão’ ou, na
Alemanha e nos Países Baixos, ‘quedas sob
a cruz’. Além disso, na Alemanha e em Roma, as ‘quedas de Cristo’ são veneradas, às vezes, seguindo um caminho
marcado de colunas erguidas e levando a uma Igreja.
Muitos Calvários florescem
na Europa, caminhos devocionais que constituem a forma primitiva da Via
Sacra. Se há uma queda, há uma parada e ao mesmo tempo aparece a devoção
às Estações de Cristo cujo número varia de seis a dezoito em
certos casos. A diversidade também prevalece também no caminho proposto, que
pode começar com a despedida de Jesus de sua mãe, no Jardim das Oliveiras ou,
em outros casos, com a aparição de Jesus diante de Pilatos. A iconografia
da Via Sacra começa a tomar forma neste momento. Adam Kraft
erigiu entre 1477 e 1508, em Nuremberg, a pedido de um burguês em retorno de
Jerusalém, sete estações terminando com uma dedicada à Nossa Senhora da
Piedade. Por outro lado, em sua peregrinação espiritual, a carmelita flamenga
Jan Pascha(2) menciona catorze
estações.
No
século XVI, o comerciante de tecidos Romanet Boffin, que morava em parte do que
era o Império Romano, descobriu a Via Sacra de sete estações de Freiburg e
decidiu erguer um similar em sua cidade. No século XVII, na França, por outro
lado, encontramos um dos lugares com mais devoção às estações da Via Sacra,
Mont-Valérien, com suas capelas marcando 11 estações.
Enquanto as Estações da Cruz ainda
existem em uma estrutura de doze paradas, uma nova proposta com catorze começou
a ganhar terreno no século XVIII. O trabalho do cientista holandês Andrichomius(3),
baseado na Terra Santa, contribuiu grandemente para a harmonização do número
delas. Com o apoio de Clemente XII, que em 1731 fixou o número de catorze, esta
fórmula das Estações da Cruz foi difundida nas igrejas
paroquiais e os conventos franciscanos a adotaram. Um dos seus grandes
promotores foi São Leonardo de Port Maurice, falecido em 1751, que estabeleceu
uma estação em cada lugar onde pregava em missão, sendo a mais famosa as Estações
da Cruz do Coliseu, abençoada em 1750.
Uma prática que se espalha na França no século XIX
No
século XIX, a prática se espalhou sob a Restauração, quando os missionários
investem no campo da pastoral em uma população muito descristianizada após a
Revolução Francesa. É neste momento que o caminho que começa com o julgamento e
termina com a sepultura de Cristo, é introduzido na França, através de padres,
imigrantes da Itália na época da Revolução, e que depois voltaram para a França.
As
representações figurativas se cruzam na história e são o resultante, por um
lado, de peregrinações à Terra Santa e, por outro lado, de imitações popular
destas peregrinações, mas também da harmonização e equilíbrio realizado por
estudiosos. Os Mistérios rezados no coro da igreja como o Mysterium
resurrectionnis de Jesus Cristo, também contribuíram para familiarizar
as pessoas e artistas nessas imagens que catequizavam visualmente os
espectadores da Idade Média sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus
Cristo.
Assim,
a evolução das representações de cenas da Paixão de Cristo seguiu a
sensibilidade cristã e a Cruz permanece hoje como uma apresentação estruturada
em torno de dois polos : A meditação sobre a Paixão e os passos de Jesus
acompanhado por um meio visual diretamente acessível que joga com a
sensibilidade e a fé, a memória e a consciência, do povo fiel ao amor de
Cristo.’
(1) - Hervé Savon, « Égérie,
Journal de voyage (Itinéraire) », Introduction, texte critique,
traduction, notes, index et cartes par Maraval (Pierre) in : Revue
belge de philologie et d'histoire, tome 65, fasc. 1, 1987.
(2) - Jan Pascha, Pérégrination spirituelle, Louvain, Vincent et Abel, 1563, p.630.
(3) - Adrichem (van) Christiaan ou Andrichomius, Theatrum Terrae Sanctae et biblicarum historiarum cum tabulis geographicis aere expressis, Cologne, In Officina Birckmannica, 1613.
(2) - Jan Pascha, Pérégrination spirituelle, Louvain, Vincent et Abel, 1563, p.630.
(3) - Adrichem (van) Christiaan ou Andrichomius, Theatrum Terrae Sanctae et biblicarum historiarum cum tabulis geographicis aere expressis, Cologne, In Officina Birckmannica, 1613.
Fonte
:
* Artigo na íntegra http://domtotal.com/noticia/1350468/2019/04/paixao-de-cristo-em-imagens-a-historia-da-via-sacra/
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