Dedicamos este texto, que faz parte da Liturgia da Horas,
à reflexão do IV Domingo do Advento :
Ofício das Leituras
Segunda leitura
Do Tratado contra a heresia de Noeto, de Santo Hipólito, presbítero.
Do Tratado contra a heresia de Noeto, de Santo Hipólito, presbítero.
Manifestação do
mistério escondido
‘Único é o Deus que conhecemos, irmãos, e não por outra fonte que não
seja a Sagrada Escritura. Devemos, pois, saber o que ela anuncia e compreender
o que ensina. Creiamos no Pai como ele quer ser acreditado; glorifiquemos o
Filho como ele quer ser glorificado; e recebamos o Espírito Santo como ele quer
se dar a nós. Consideremos tudo isso, não segundo nosso próprio arbítrio e
interpretação pessoal, nem fazendo violência aos dons de Deus, mas como ele
próprio nos ensinou pelas santas Escrituras.
Quando só existia Deus, e não havia ainda nada que existisse com ele,
decidiu criar o mundo. Criou-o por seu pensamento, sua vontade e sua palavra; e
o mundo começou a existir como ele quis e realizou. Basta-nos apenas saber que
nada coexistia com Deus. Não havia nada além dele, só ele existia e era
perfeito em tudo. Nele estava a inteligência, a sabedoria, o poder e o
conselho. Tudo estava nele e ele era tudo. E quando quis e como quis, no tempo
que havia estabelecido, manifestou o seu Verbo, por quem fez todas as coisas.
Deus possuía o Verbo em si mesmo, e o Verbo era imperceptível para o
mundo criado; mas fazendo ouvir sua voz, Deus tornou-o perceptível. Gerando-o
como luz da luz, enviou como Senhor da criação aquele que é sua própria
inteligência. E este Verbo, que no princípio era visível apenas para Deus e
invisível para o mundo, tornou-se visível para que o mundo, vendo-o
manifestar-se, pudesse ser salvo. O Verbo é verdadeiramente a inteligência de
Deus que, ao entrar no mundo, se manifestou como o servo de Deus. Tudo foi
feito por ele, mas ele procede unicamente do Pai. Foi ele quem deu a lei e os
profetas; e ao fazê-lo, impulsionou os profetas a falarem sob a moção do
Espírito Santo para que, recebendo a força da inspiração do Pai, anunciassem o
seu desígnio e a sua vontade.
O Verbo, portanto, se tornou visível, como diz São João. Este repete em
síntese o que os profetas haviam dito, demonstrando que aquele era o Verbo por
quem tinham sido criadas todas as coisas: No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus. Tudo foi
feito por ele e sem ele nada se fez (Jo 1,1.3). E, mais adiante, prossegue:
O mundo foi feito por meio dele, mas o
mundo não quis conhecê-lo. Veio para
o que era seu, os seus, porém, não o acolheram (Jo 1,10-11).’
Fonte
:
(Cap. 9-12:
PG 10, 815-919) (Séc. III) – ‘In Liturgia das Horas I, pg. 333 a 335’
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