segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O NATAL DO SENHOR

p/ Maria Vanda andrade da Silva
(Ir. Maria Silvia - Obl. OSB/SP)


 Dos Sermões de São Leão Magno, papa
 (Sermo 1 in Nativitate domini, 1-3)  (Séc V)

Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade.

              "Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade.

               Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima a vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime o pagão porque é chamado à vida.

               Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliá-lo com o seu Criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que antes vencera.

                Eis porque, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: glória a Deus nas alturas; Paz na terra aos homens de boa vontade (Lc. 2,14). Eles vêem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam?

                Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós. E quando estávamos mortos, por causa de nossas faltas, Ele nos deu a vida com Cristo (Ef 2,5) para que fôssemos nele uma nova criação, nova obra de suas mãos.

               Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne.

               Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te que foste arrancado do poder das trevas levado para a luz e o reino de Deus.

                Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de Cristo".

(In Liturgia das horas, I, pg 362/363 Ed. Vozes e Ou, 1999)
 

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