Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Padre Rodrigo de Castro
‘‘José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de
Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com
a sua esposa, Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os
dias dela. E deu à luz seu filho primogênito e, envolvendo-o em faixas,
reclinou-o num presépio’ (Lc 2,4-5) : aqui o evangelista cita os três
personagens da Sagrada Família.
Um pouco adiante, quando os pastores, recebendo dos anjos a notícia do
nascimento do Salvador, vão até o local, novamente, os três são citados : ‘Foram
com grande pressa [os pastores] e acharam Maria e José, e o Menino [Jesus]
deitado na manjedoura’ (Lc 2,16). Novamente Lucas, o mais minucioso dos quatro
evangelistas, narra a presença da Sagrada Família, ouvindo dos pastores as
coisas maravilhosas que lhes foram ditas pelos anjos a respeito daquele menino
que nascera. E Lucas assim conclui a narrativa : ‘Maria conservava todas estas
palavras, meditando-as em seu coração’ (Lc 2,19).
Lucas citará ainda a presença de José, Maria e Jesus juntos em mais dois
momentos. Um, quando o santo casal, para cumprir a lei de Moisés, leva o Menino
Jesus ao templo para apresentá-lo ao Senhor, escrevendo assim : ‘Concluídos os
dias de sua purificação [de Maria pós-parto] segundo a lei de Moisés, [José e
Maria] levaram-no [o Menino Jesus] a Jerusalém para o apresentar ao Senhor’ (Lc
2,22).
A outra vez em que a Sagrada Família é relatada junta por Lucas será
quando Jesus, aos 12 anos, viajou com os seus santos pais para Jerusalém, por
ocasião da Páscoa judaica : ‘Seus pais [José e Maria] iam todos os anos a
Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo Ele [Jesus] atingido 12 anos, subiram
[a Sagrada Família junta] a Jerusalém, segundo o costume da festa’ (Lc
2,41-42). Depois, o santo casal não é mais citado por Lucas nem pelos outros
evangelistas, a não ser Maria : nas bodas de Caná e aos pés da cruz.
A encarnação nos reaproxima do santo mistério de Deus se encarnando no
seio de uma família para experimentar as nossas limitações (exceto o pecado) e,
na vida adulta, entregar-se passivamente, como uma mera vítima pascal, para a
remissão dos pecados de toda a humanidade : passada, presente e futura. Deus
escolhe vir ao mundo por uma família!
Vocês sabem por que Deus veio ao mundo por uma família? Porque a família
é fruto do único Sacramento que não foi destruído pelo pecado original de Adão
e Eva, o Sacramento do Matrimônio. O maligno, com sua astúcia, conseguiu tirar
os nossos primeiros pais do Paraíso, mas não conseguiu destruir a união a eles
proferida por Deus, narrada no Gênesis : ‘Por isso o homem deixa o seu pai e
sua mãe para se unir à sua mulher e já não são mais que uma só carne’ (2,24). E
Jesus, questionado sobre esse Sacramento, confirma-o e conclui : ‘Portanto, não
separe o homem o que Deus uniu’ (Mt 19,6).
Deus veio ao mundo, por meio de uma Família Sagrada, para santificar as
famílias que, por sua união, participam do projeto dele para povoar a Terra com
homens e mulheres que cuidam de sua obra : a natureza, os animais, a terra, o
mar, o cosmos e todo o universo, que nem temos ciência de sua dimensão.
Contemplar a Sagrada Família é enxergar a esperança nas famílias : parceiras de
Deus na descendência humana, de geração a geração.
Assim, a nossa missão primeira aqui no santuário é a de incentivar as famílias
a buscar a santidade, afastando-se gradualmente dos pecados e aproximando-se
cada vez mais das coisas santas e sagradas : os sacramentos, as celebrações, o
dízimo, a Palavra de Deus, os santos e tudo mais que nossa Igreja oferece.
Assim, despertaremos em nós o amor que Deus espera de seus filhos e filhas.
Amor ágape que São Paulo assim define : ‘O amor é paciente, o amor é bondoso.
Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não
busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se
alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta’ (1Cor 13,4-7). Nesse texto, Paulo nos aponta quinze
atitudes que precisam existir no seio de sua família. Meditando-o, a sua
família pode fazer um bom exame de consciência, preparando-se para o Natal.
Na Sagrada Família, encontramos razões para que a família se reconcilie,
se está dividida; para que a família se restaure, se está ferida por mágoas e
ressentimentos passados; para que se perdoe, se foi ferida pelos pecados da
traição, das mentiras, dos remorsos e outros sentimentos ruins; para que sejam
misericordiosas, para as situações que não têm mais soluções possíveis; enfim,
para que as famílias se santifiquem se estão em pecado.
Ter um olhar para a família sob a ótica da Sagrada Família é isso,
amados e amadas, e um dos frutos de uma família buscando a santidade é a
caridade para com o próximo, vivendo o segundo mandamento : ‘Amar o próximo
como a si mesmo’. Gesto libertador, como nos ensina São Pedro, nosso primeiro
Papa, que conviveu com Jesus : ‘Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente
caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados (Pr 10,12)’ (1Pd
4,8).
Caridade material, que faz com que aprendamos a dividir nossos bens
materiais e espirituais com os que precisam, viver também essa dimensão do amor
na família.
Na confiança de que sua família se empenhará a viver diferente com o
exemplo da Sagrada Família, mais espiritual e menos material, exorto você a
encontrar seu real espírito. Espírito de dar graças a Deus por Ele ter vindo ao
mundo, por meio de uma família, para consolidar a santificação de nossas
famílias aqui na terra com perseverança, colocando em prática a esperança e
mergulhando no amor.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/sagrada-familia-de-nazare-testemunho-de-amor-e-perseveranca.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário