Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Valdeci Toledo
‘Em 24 de junho, a Igreja celebra o nascimento de São
João Batista. A data dessa festa, três meses após a anunciação e seis meses
antes do Natal, corresponde às indicações de Lucas (1,36.56-57) e é uma das festas
mais antigas, pois desde o século IV já havia celebrações litúrgicas em honra a
João Batista.
No
dia 29 de agosto, a Igreja celebrará também a memória do seu martírio. João
Batista é o único santo, além de Maria, a mãe de Jesus, de quem se celebra também
o nascimento segundo a carne, pois na liturgia católica é comum celebrar
o dies natalis, nascimento para o Céu dos seus santos, quando eles
morrem biologicamente. No caso de João Batista, podemos dizer que se celebram
os dois nascimentos, na Terra e no Céu.
Anúncio da chegada dos tempos messiânicos
A
Sagrada Escritura nos relata que Maria, logo após o anúncio do nascimento de
Jesus, também foi informada pelo Anjo Gabriel sobre a gravidez de sua prima
Isabel, o que a fez se dirigir à casa de sua prima para ajudá-la em seus
últimos meses de gestação. Assim, Maria, grávida de Jesus, deve ter sido aquela
que ajudou no parto de João Batista e o segurou em seus braços.
João
é filho de Zacarias e Isabel e seu nascimento anuncia a chegada do Cordeiro de
Deus, aquele que tira o pecado do mundo. O Evangelho dá João o apelido de ‘Batista’
porque ele anuncia um novo rito de purificação (cf. Mt 3,13-17), no qual o
batizado não imerge sozinho na água, como nos ritos judaicos, mas recebe a água
batismal das mãos de algum ministro. João pretendia mostrar, assim, que o homem
não se pode purificar sozinho, mas que toda santidade vem de Deus. João Batista
é também lembrado como homem de grande mortificação, pois habitava o deserto,
vestia-se de pelos de camelo e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre (cf.
Mt 3,4).
O maior dos profetas
João
Batista foi o maior entre os profetas, pois foi ele quem anunciou o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo (cf. Lc 7,26-28; Jo 1,29.36). Sua vocação
profética desde o ventre materno reveste-se de acontecimentos extraordinários,
pois é um tempo repleto de alegria, é o momento da preparação para o nascimento
de Jesus (cf. Lc 1,14.58). O Batismo de penitência que acompanha o anúncio dos
últimos tempos é figura do Batismo segundo o Espírito Santo, que renovará todas
as coisas (cf. Mt 3,11).
É
Jesus mesmo quem declara quem é esse profeta : ‘Em verdade vos digo : entre os
filhos de mulheres, não surgiu outro maior que João Batista’ (Mt11,11). Assim,
João Batista é o último dos grandes profetas de Israel, o primeiro a dar
testemunho de Jesus e a iniciar o Batismo para o perdão dos pecados; nesse
contexto, batizou Jesus e foi mártir em defesa da lei judaica.
A origem das festas juninas e o dia de São João
As
festas juninas, também conhecidas como festas de São João, são as comemorações
anuais brasileiras adaptadas do solstício de verão europeu, haja vista que aqui
no Brasil ocorrem no meio do inverno. Essas festividades, introduzidas pelos
portugueses, são celebradas durante o mês de junho em todo o país.
A
prática de fazer fogueiras, na tradição pagã, era para combater as pestes que
provocavam mortandades. Contra isso, as pessoas descobriram um remédio, fazer
com ossos de animais uma fogueira cuja fumaça afugentava os males. Essa relação
das festas juninas com as fogueiras soma-se também a uma tradição que lembra
que os ossos de São João Batista foram queimados na cidade de Sebasta ou
Sebaste (localizada na Palestina). A cidade de Gênova conserva as cinzas de São
João Batista como relíquias veneradas em sua catedral.
Essas
práticas pagãs dos povos europeus foram cristianizadas quando o cristianismo
passou a ser a principal religião do continente europeu. Para facilitar a
conversão dos diferentes povos pagãos, a Igreja Católica utilizava a
inculturação das festividades, adicionando-as ao calendário católico e
acrescentando nelas elementos cristãos, com o propósito de purificá-las
dando-lhes novo sentido. Outra festa na qual essa prática se repetiu, por
exemplo, foi a comemoração do Natal, que acontece todo mês de dezembro, na qual
se dá o solstício do inverno, quando a duração dos dias começa a aumentar, um
perfeito paralelismo sobre o que disse João ‘importa que Ele cresça e eu
diminua’ (Jo 3,30).
Por
analogia, podemos dizer que a fogueira lembra que João também foi uma tocha
acesa e ardente no seu compromisso com a vontade de Deus.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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