sábado, 30 de dezembro de 2023

Quando sua família se sentir distante de Deus…

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Patrick Briscoe


Jesus escolheu, por um tempo em sua vida, tornar-se completamente dependente de seus pais.

Maria e José assumiram todas as responsabilidades de cuidar de uma criança. Há 2.000 anos, a Virgem Maria conheceu todos os aspectos da maternidade. Ela banhou o menino Jesus. Ela o alimentou. Ela aconchegou-o. José também tendia a chorar. Podemos imaginá-lo apoiando a Mãe Santíssima, dedicando todas as suas virtudes aos cuidados da família.

É uma imagem adorável. No entanto, cenas românticas da vida na Sagrada Família são muito mais do que mero sentimento. O encontro com a Sagrada Família é outra maneira de entender uma verdade cristã fundamental : Jesus é como nós em todas as coisas, exceto no pecado.

Jesus tinha tias, tios, primos. Como ele poderia não ter conhecido as celebrações familiares? Festas de casamento? Regozijando-se com novos nascimentos? Luto pela morte? Jesus teria visto sua mãe cuidar pacientemente de sua família. Ele viu o amor forte e fiel que José derramou sobre eles.

A vinda de Deus à terra está intimamente ligada à expressão básica da comunidade humana : a família. A família deve ser a primeira experiência de amor. Pais e mães devem contemplar com amor os filhos, aceitando-os como presentes de Deus, cuidando deles, amando-os. As crianças, por sua vez, devem olhar com amor o que seus pais, embora imperfeitamente, tenham feito : vendo suas virtudes pelo que são e retornando as primeiras expressões de amor com amor. Tomás de Aquino descreve a dívida que os filhos têm com os pais como ‘quase infinita’.

Dessa maneira, os pais tentam imitar Deus, que livremente cria e se entrega. Deus, que fez o mundo o tempo todo desejando o melhor para os homens, oferece à humanidade um convite para entrar em Seu amor. Ele é um pai. Pai amoroso, ele permite que seus filhos escolham se devem ou não devolver esse amor.

Jesus, nascido de uma virgem, entra neste mistério. Quando criança, ele se submete ao amor e às provações da vida familiar. A família, que é a entrada escolhida por Jesus para o mundo, começa a ter um significado não apenas sociológico, mas também salvador. Jesus não veio em uma nave espacial, em uma pintura ou apenas como uma palavra escrita. De todas as maneiras possíveis de proclamar sua verdade salvadora ao mundo, ele se inseriu nela como um bebê. Ele veio como parte de uma família. Dessa maneira, desde o início, a vida em família faz parte do plano de nossa salvação.

Mas às vezes nossas famílias se sentem muito distantes da Sagrada Família. Em alguns aspectos, isso não é surpresa. Afinal, a Sagrada Família era composta por duas pessoas que não tinham conhecido nenhum pecado, e uma terceira que era ‘justa’. As famílias comuns não são como essa.

Além disso, sabemos muito pouco sobre a vida real da Sagrada Família. A vida deles é oculta. Como freiras contemplativas ocupadas no claustro, afastadas do mundo, a vida da Família de Nazaré permanece obscura. Há tantos detalhes sobre a Sagrada Família que estão encobertos :  José preferia ovos mexidos ou algo mais fácil no café da manhã? Quais eram os tecidos favoritos de Maria para fazer roupas? Com que tipos de brinquedo Jesus brincava?

Por causa da natureza oculta da vida da Família de Nazaré e da natureza absolutamente única de sua santidade, não basta dizer simplesmente : ‘devemos ser como a Sagrada Família.’ A Sagrada Família tem que ser algo maior do que um modelo; tem que ser algo mais do que personagens dos quais nos lembramos.

Podemos não ser tão parecidos com a Sagrada Família quanto desejamos, mas eles são exatamente como nós. Eles vêem as alegrias e sofrimentos, as esperanças e provações de nossas famílias, e os conhecem bem. Agora numerada como ‘santos entre os santos nos corredores do céu’, a Sagrada Família pode olhar para nós a qualquer momento e derramar as graças e a misericórdia do céu.

Nascer em uma família cristã significa que nunca, nunca poderemos estar sozinhos. O mistério da nossa salvação está envolvido neste mistério da comunhão. Cultivar a santidade na vida familiar não consiste em enviar os filhos para as melhores escolas. A salvação não se consegue comprando uma casa confortável ou boas férias. Não é necessário ter um plano ordenado para o futuro. Nosso lar será perfeito quando nossos relacionamentos forem perfeitos : quando expulsarmos o pecado e alcançarmos a verdadeira comunhão.

O pecado é a única coisa que não pertence à Sagrada Família. É o que desejamos expulsar de nossas famílias. Desejamos ser um em caridade, estar em total comunhão. Esta é a promessa da Sagrada Família : ser unidade em Jesus, Maria e José.

Sagrada Família de Nazaré, alcançai para nós a graça do perfeito amor na vida familiar!

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2019/12/27/quando-sua-familia-se-sentir-distante-de-deus/

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

O comércio da guerra e o paradoxo da segurança

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Alessandro Gisotti


‘‘Dê-me dois bombardeiros. Com o custo deles, curarei todos os doentes de lepra.’ Era 1955, quando Raoul Follereau fez esse apelo sincero e provocativo aos Estados Unidos e à União Soviética. Ele enfatizava a desproporção imoral dos gastos com armas em relação a uma batalha de civilização como a luta contra a hanseníase. Setenta anos se passaram, a Guerra Fria terminou há muito tempo, a lepra ainda faz vítimas em muitas áreas do planeta, mas - como o Papa Francisco denuncia incansavelmente - a corrida armamentista não só não parou, mas acelerou sua velocidade insana.

Os dados oficiais coletados no Relatório SIPRI, o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz, fundado em 1966, em Estocolmo, dão razão ao pontífice. Enquanto aguardamos os do ano corrente, que provavelmente não serão baixos devido à escalada da guerra no Oriente Médio, além do conflito na Ucrânia, os de 2022 já são alarmantes. Um ano em que os gastos militares mundiais atingiram a cifra recorde de 2.240 bilhões de dólares (EUA, China e Rússia foram os maiores investidores, enquanto pela primeira vez na Europa foi gasto mais em armamentos do que nos tempos da Cortina de Ferro). Para se ter uma ideia, esse valor é mil vezes maior do que o balanço total da Cruz Vermelha Internacional, com seus 20 mil funcionários em todo o mundo.

A organização humanitária sediada em Genebra anunciou nos últimos meses um corte de funcionários devido a uma queda nas doações. Um destino infelizmente comum a muitas ONGs e instituições de caridade nos últimos anos. Assim, enquanto os balanços para a produção e venda de armas estão aumentando exponencialmente, os fundos disponíveis para quem gostaria de se comprometer com o bem dos outros estão caindo. Uma combinação dramática que mostra como o comércio da guerra é feito às custas dos inocentes e também daqueles que gostariam de salvar esses inocentes. ‘A guerra’, recordou Francisco na Audiência Geral de 29 de novembro passado, ‘é sempre uma derrota, todos perdem. Nem todos perdem, pois há um grupo que ganha muito : os fabricantes de armas. Esses ganham muito, em cima da morte de outros’. Uma forte denúncia. E, no entanto, é preciso lembrar que, já em 1961, o presidente dos EUA, Dwight Eisenhower - certamente não um pacifista, tendo guiado como general os Aliados à vitória contra o nazismo na Europa - advertiu contra o ‘complexo militar-industrial’ e sua interferência indevida nas escolhas da política americana num sentido militarista.

‘O aumento contínuo dos gastos militares globais nos últimos anos’, observou Nan Tian, pesquisador do SIPRI, ‘é um sinal de que vivemos num mundo cada vez mais inseguro. Os Estados estão aumentando o poder militar em resposta a um ambiente de segurança em deterioração, que eles não esperam que melhore no futuro próximo’. Um trágico círculo vicioso denunciado muitas vezes pelo Papa. ‘Para dizer 'não' à guerra’, disse ele no dia de Natal, ‘é preciso dizer 'não' às armas. Porque se o homem, cujo coração é instável e ferido, encontra instrumentos de morte em suas mãos, mais cedo ou mais tarde ele os usará’. As consequências, tanto paradoxais quanto nefastas, estão aí para todos verem : armamo-nos para nos sentirmos mais seguros e, como resultado, o mundo está cada vez mais inseguro.

As pessoas ‘não querem armas, mas pão’, disse novamente o Papa Francisco na Urbi et Orbi de Natal. Palavras que parecem idealmente ecoar as de Madre Teresa de Calcutá quando ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1979. ‘Em nossa família’, advertiu ela, dirigindo-se aos Poderosos da Terra, ‘não precisamos de bombas e armas, de destruir para levar a paz, mas apenas de estarmos juntos, amarmos uns aos outros’. Estar juntos : esse sonho de fraternidade universal que Francisco, assim como o Santo cujo nome leva, invoca e testemunha como o único antídoto ao ‘espírito de Caim’ que, infelizmente, mesmo neste 2023, semeou morte e destruição.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2023-12/papa-denuncia-armamentos-paz-ucrania-israel-palestina.html

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O Apocalipse não é para dar medo, mas gerar confiança inabalável na Providência

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da redação da Aleteia


Ao comentar sobre o livro bíblico do Apocalipse, o professor Felipe Aquino observou que essa complexa obra escrita por São João Evangelista não pretende assustar os cristãos, mas, justamente ao contrário, incutir neles uma confiança inabalável na Providência Divina, em particular durante os tempos mais difíceis.

No fim do século I, como recorda o professor, a situação dos cristãos no Império Romano era cada vez mais dura por causa da perseguição implacável que os imperadores romanos promoveram – principalmente a partir de Nero, no ano 64. Quando São João escreveu o Apocalipse, ele estava exilado na ilha grega de Patmos justamente por causa da perseguição de outro imperador romano, Domiciano (81-96). Nesse contexto, muitos cristãos, desalentados e apavorados com as ameaças de tortura e de morte, abandonavam a fé e aderiam às práticas pagãs.

O livro do Apocalipse, ou Revelação, visava encorajar os fiéis : trata-se, basicamente, do livro da esperança cristã ou da confiança inabalável no Senhor Jesus e nas suas promessas de vitória, conforme enfatiza o prof. Felipe. É uma obra que anuncia a vitória do Bem sobre o mal, do Reino de Cristo sobre o reino do mal.

O Apocalipse trata da revisão de vida das sete comunidades da Ásia Menor, às quais São João escreve em estilo sapiencial e pastoral, e das coisas que devem acontecer depois – esta, aliás, é a parte ‘apocalíptica’ propriamente dita, ou seja, aquela que revela, sob formas simbólicas, o que acontecerá em relação com a luta entre Jesus Cristo e Satanás, envolvendo a queda dos agentes do mal e o triunfo do Reino de Jesus.

As calamidades apresentadas no livro não podem ser interpretadas ao pé da letra, mas como representações das aflições sobre a terra, a serem vencidas para se desfrutar das alegrias do céu. As tribulações desta vida foram cuidadosamente previstas pela Sabedoria de Deus dentro de um plano harmonioso que só entendemos muito parcialmente. O Apocalipse incute consolação e encorajamento aos cristãos não apenas do século I, mas de todos os tempos, porque as aflições desta vida fazem parte da luta vitoriosa do Bem sobre o mal.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2020/06/30/o-apocalipse-nao-e-para-dar-medo-mas-gerar-confianca-inabalavel-na-providencia/

domingo, 24 de dezembro de 2023

Esta visão de Santa Faustina vai trazer alento ao seu coração no Natal

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Philip Kosloski


Santa Faustina é conhecida por suas visões milagrosas de Jesus e a mensagem da Divina Misericórdia. No entanto, ao longo da vida, ela experimentou muitas outras visões que lhe ocorreram de diferentes formas. Todas as visões expressaram o infinito amor de Deus pela humanidade e o amor particular que Deus tem por cada cada um de nós.

Por exemplo, no Natal de 1937, durante a Missa da Meia-Noite, Santa Faustina teve uma visão do Menino Jesus. Ela escreveu sobre isso no diário dela :

Quando cheguei à Missa da Meia-Noite, desde o início me envolvi em profunda lembrança, durante a qual vi o estábulo de Belém cheio de grande luminosidade. A Santíssima Virgem, toda perdida no mais profundo amor, estava enrolando Jesus em panos, mas São José ainda estava sonolento. Somente depois que a Mãe de Deus colocou Jesus na manjedoura, a luz de Deus despertou José, que também estava rezando. Depois de um tempo, fui deixada sozinha com o Menino Jesus, que estendeu Suas pequenas mãos para mim. Eu entendi que deveria tomá-lo em meus braços. Jesus pressionou a cabeça contra o meu coração e me deu a conhecer, pelo seu olhar profundo, o quão bom ele achou estar ao lado do meu coração. Naquele momento, Jesus desapareceu e o sino tocou para a Sagrada Comunhão.

Foi um breve encontro, mas que deixou uma grande lição para Santa Faustina, reforçando em seu coração o imenso amor de Deus e mostrando-lhe o verdadeiro significado do Natal.

O Natal tem a ver com acolhermos o Menino Jesus em nossos braços e deixá-lo descansar em nossos corações. Não é de se surpreender que essa visão tenha ocorrido imediatamente antes da Santa Comunhão. É através da Eucaristia que podemos deixar Jesus descansar em nossos corações e derramar seu amor por nós.

Ao se aproximar do banquete eucarístico no dia de Natal, lembre-se desta visão de Santa Faustina e deixe-a dominar seus pensamentos e orações. Ao fazer isso, você pode imaginar o Menino Jesus abrindo os braços para você, esperando que você o pegue. Então, quando você receber a Comunhão, deixe-o descansar no seu coração e receber seu olhar amoroso.

Seu Natal nunca será o mesmo!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2021/12/19/esta-visao-de-santa-faustina-vai-trazer-alento-ao-seu-coracao-no-natal/

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Púrpura tíria: o antigo pigmento desaparecido que valia mais que ouro

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
A púrpura tíria era usada em mosaicos bizantinos que mostravam o imperador Justiniano 1º e sua esposa Teodora

*Artigo de Zaria Gorvett,

BBC Future


‘O ano era 2002 no sítio arqueológico de Qatna, um palácio em ruínas à beira do deserto da Síria. Ele fica às margens de um antigo lago, seco há muito tempo.

O local estava abandonado há mais de 3 mil anos, quando uma equipe de arqueólogos recebeu permissão para visitá-lo, em busca do túmulo real.

Depois de percorrer grandes salões e estreitos corredores, descendo por degraus com risco de desmoronamento, eles chegaram a um poço profundo.

Em um dos lados, havia duas estátuas idênticas, protegendo uma porta trancada. Ali ficava o túmulo do rei.

Dentro dele, havia uma imensa quantidade de maravilhas antigas. Ao todo, eram 2 mil objetos, incluindo joias e uma grande mão de ouro. Mas havia também estranhas manchas escuras no chão.

Os arqueólogos enviaram uma amostra para exame, que acabou revelando uma camada de cor púrpura viva sob o pó e a sujeira.

Os pesquisadores haviam descoberto um dos produtos mais lendários do mundo antigo – uma substância que construiu impérios, destronou reis e consolidou o poder de gerações de governantes globais.

A rainha Cleópatra (69-30 a.C.), do Egito, era tão obcecada por ele que chegou a usá-lo nas velas do seu barco. E, em Roma, imperadores decretaram que qualquer outra pessoa, além deles, que fosse flagrada usando o produto seria condenada à morte.

A substância era a púrpura tíria, um pigmento extraído de um tipo de caramujo. Era o produto mais caro da Antiguidade – valia mais do que três vezes o seu peso em ouro, segundo um decreto romano do ano 301 d.C.

Mas, hoje em dia, ninguém sabe como produzi-lo. As elaboradas receitas para a extração e processamento do pigmento dos nobres da Antiguidade foram perdidas no século 15.

Mas por que essa coloração tão fascinante desapareceu? Será que ela pode ser ressuscitada?

Em um pequeno barracão no nordeste da Tunísia, a pouca distância do que foi a cidade fenícia de Cartago, um homem passou a maior parte dos últimos 16 anos esmagando caramujos marinhos. Ele tenta pacientemente transformar as entranhas dos animais em algo que relembre a púrpura tíria.

O túmulo real de Qatna acumulou sedimentos por mais de 3 mil anos até ser redescoberto – e a intensa coloração da púrpura tíria que ele guardava ainda pode ser observada

As camadas mais privilegiadas da sociedade exibiram a púrpura tíria por milênios, como um símbolo de força, soberania e riqueza.

Escritores antigos descrevem com precisão o tom específico de roxo que originou seu nome : púrpura avermelhada escura, como de sangue coagulado, tingido com preto.

Plínio, o Velho (23-79 d.C.), descreveu a aparência do pigmento como ‘brilhante quando observado contra a luz’.

Com sua intensa e única coloração e resistência ao desbotamento, a púrpura tíria era adorada por civilizações antigas em todo o sul da Europa, norte da África e oeste da Ásia.

O pigmento foi fundamental para o sucesso dos fenícios, que ficaram conhecidos como as ‘pessoas roxas’. O próprio nome do pigmento vem da cidade-Estado fenícia de Tiro (hoje, pertencente ao Líbano).

O tom de roxo podia ser encontrado em tudo, desde mantos até velas de barcos, pinturas, móveis, cimento, pinturas nas paredes, joias e até em sudários fúnebres.

No ano 40 d.C., o rei Ptolomeu da Mauritânia foi assassinado de surpresa em Roma, por ordem do imperador.

O motivo : apesar de ser amigo dos romanos, o infeliz soberano havia causado uma grave ofensa ao visitar um anfiteatro para assistir a um combate entre gladiadores... vestindo um manto roxo.

A luxúria ciumenta e insaciável inspirada por aquela cor, às vezes, era comparada com uma espécie de loucura.

Mistério viscoso

Curiosamente, o pigmento mais celebrado que o mundo já conheceu não começou sua vida como uma bela gema ultramarina, como seu contemporâneo lápis-lazúli. Nem como um vibrante emaranhado de raízes rosa-coral, como a granza produtora de pigmento vermelho.

Na verdade, a púrpura tíria começou como um fluido transparente produzido pela família de caranguejos marinhos chamada Murex. Mais especificamente, ela era viscosa.

A púrpura tíria já foi encontrada em pinturas datadas da Idade do Bronze

A púrpura tíria era produzida com as secreções de três espécies de caranguejos marinhos. Cada uma delas gerava uma cor diferente : Hexaplex trunculus (roxo azulado), Bolinus brandaris (roxo avermelhado) e Stramonita haemastoma (vermelho).

Depois que os caramujos eram caçados, seja manualmente no litoral rochoso ou com armadilhas usando outros caramujos como isca (os caramujos Murex são predadores), chegava a hora de colher a gosma. Para isso, em alguns lugares, a glândula mucosa era fatiada com uma faca específica.

Um escritor romano descreveu que a substância interna do caramujo gotejava das suas feridas, ‘fluindo como lágrimas’, até ser recolhida em almofarizes para ser moída. Alternativamente, espécies menores podiam ser moídas inteiras.

Mas as nossas certezas terminam por aqui. Os relatos de como a gosma incolor do caramujo era transformada no lendário pigmento são vagos, contraditórios e, às vezes, claramente errados.

Aristóteles (384-322 a.C.) afirmava que as glândulas mucosas vinham da garganta de um ‘peixe roxo’. E, para complicar ainda mais, a indústria de pigmentos era muito sigilosa – cada produtor tinha sua própria receita e essas fórmulas complexas, com múltiplas etapas, eram guardadas a sete chaves.

‘O problema é que as pessoas não descreviam os detalhes importantes por escrito’, segundo Maria Melo, professora de ciência da conservação da Universidade NOVA de Lisboa, em Portugal.

Os caramujos Murex podem também ter sido a fonte histórica do corante chamado 'tekhelet' – a cor sagrada do judaísmo, mencionada na Bíblia Hebraica

O registro mais detalhado do processo de produção da púrpura tíria vem mesmo de Plínio, o Velho, no século 1° d.C.

Era mais ou menos assim : depois de isoladas, as glândulas mucosas eram salgadas e deixadas para fermentar por três dias.

Em seguida, elas eram cozidas em recipientes de estanho ou, talvez, de chumbo com calor ‘moderado’. O cozimento prosseguia até que toda a mistura ocupasse uma fração do seu volume original.

No décimo dia, um pedaço de tecido era mergulhado no corante para testar. Se fosse tingido com a tonalidade desejada, estava pronto.

Considerando que cada caramujo contém apenas uma quantidade minúscula de muco, poderiam ser necessários 10 mil animais para produzir um único grama de pigmento.

Existem relatos de pilhas contendo bilhões de cascas de caramujos marinhos descartadas nas regiões onde o pigmento era fabricado. De fato, a produção de púrpura tíria já foi descrita como a primeira indústria química – não só devido à escala de sua operação, mas à sua natureza agressiva.

‘Realmente, não é fácil obter a coloração’, segundo o professor de química da conservação Ioannis Karapanagiotis, da Universidade Aristóteles de Tessalônica, na Grécia.

Ele explica que a púrpura tíria é completamente diferente dos outros pigmentos, cuja matéria-prima, como folhas, já contém o pigmento. Neste caso, o muco do caramujo marinho contém substâncias que podem ser transformadas em pigmento, mas apenas nas condições corretas.

‘É bastante surpreendente’, afirma o professor. E, ainda assim, muitos detalhes fundamentais do processo foram esquecidos há muito tempo.

Forte cheiro de roxo

Na Antiguidade, a púrpura tíria não era conhecida apenas pela sua coloração.

As tinturarias eram formadas por leitos onde frutos do mar apodreciam com a adição de urina – frequentemente empregada para auxiliar na fixação dos pigmentos – e seu conhecido odor picante.

Esse cheiro pútrido podia ser sentido em bairros inteiros e as cidades onde o pigmento era fabricado eram consideradas locais desagradáveis para se viver.

O mau cheiro ficava profundamente impregnado nas fibras dos tecidos tingidos, permanecendo por muito tempo após a sua compra. E, quanto às pessoas ricas que tinham acesso exclusivo a este tom de roxo, talvez fosse aconselhável mantê-las contra o vento.

Na Antiguidade e na Idade Média, a púrpura tíria era tão valiosa que costumava ser falsificada – normalmente, usando uma combinação de corantes extraídos de plantas como anileira (índigo, azul) e granza (vermelha)

Declínio súbito

Nas primeiras horas do dia 29 de maio de 1453, a cidade bizantina de Constantinopla foi tomada pelos otomanos. Era o fim do Império Romano do Oriente – e da púrpura tíria com ele.

Na época, as tinturarias da cidade eram o centro da indústria. A cor havia ficado profundamente ligada ao catolicismo. Ela era usada nas roupas dos cardeais e para tingir as páginas de manuscritos religiosos.

Mas a indústria já sofria prejuízos, devido a uma sucessão de impostos excessivos, que fizeram com que a Igreja perdesse completamente o controle sobre a produção do pigmento.

Por isso, o papa decidiu rapidamente que o novo símbolo do poder cristão seria a cor vermelha, que pode ser produzida de forma fácil e barata, a partir de cochonilhas moídas. Mas existe outro fator que também pode ter colaborado para a queda da púrpura tíria.

Em 2003, cientistas encontraram uma pilha de cascas de caramujos marinhos no local do antigo porto de Andríaca (hoje, sul da Turquia). Ao todo, eles estimaram que aquela pilha de resíduos, datada do século 6° d.C., continha cerca de 300 metros cúbicos de restos de caramujos, o que corresponde a até 60 milhões de indivíduos.

O curioso é que o fundo da pilha – que contém os primeiros caramujos descartados – inclui espécimes maiores e mais velhos, enquanto os descartados mais recentemente são significativamente menores e mais jovens.

Uma explicação é que os caramujos marinhos teriam sido superexplorados e, em certo momento, não havia mais caramujos adultos. E este fenômeno pode ter levado ao término da produção do pigmento na região, como sugerem os pesquisadores.

Mas, poucos anos depois dessa descoberta, outro achado traria de volta as esperanças de fazer reviver o antigo pigmento.

No México e na América Central, povos indígenas empregam um método muito diferente de tingimento com Murex : eles esfregam os caramujos vivos diretamente sobre o tecido

O renascimento

Em setembro de 2007, Mohammed Ghassen Nouira, que trabalha como gerente consultor, fazia sua caminhada habitual na hora do almoço, em uma praia nas imediações da capital da Tunísia, a cidade de Túnis.

‘Havia ocorrido uma tempestade horrível na noite anterior, de forma que muitas criaturas estava mortas na areia, como águas-vivas, algas marinhas, pequenos caranguejos e moluscos’, relembra ele.

Ele seguiu caminhando pela praia, até que observou uma mancha colorida – um líquido roxo avermelhado intenso vazava de um caranguejo marinho rachado.

Nouira se lembrou imediatamente de uma história que havia aprendido na escola : a lenda da púrpura tíria.

Ele correu até o porto local, onde encontrou muitos outros caramujos, exatamente como aquele que estava na praia. Seus pequenos corpos em espiral são cobertos de espinhos e costumam ficar presos nas redes dos pescadores.

‘Eles os odeiam’, ele conta. Um homem estava retirando os caramujos da sua rede e colocando em uma velha lata de tomate, que Nouira levou para estudar no seu apartamento.

Inicialmente, o experimento de Nouira foi extremamente frustrante.

Ele quebrou os caramujos naquela noite e procurou as entranhas de cor púrpura viva que ele havia observado na praia. Mas não havia nada, a não ser carne branca.

Ele colocou tudo em um saco de lixo e foi para a cama. Mas, no dia seguinte, o conteúdo do saco havia passado por uma transformação.

‘Até aquele momento, eu não fazia ideia de que a cor púrpura era inicialmente transparente, como água’, ele conta.

Para que a tintura permaneça sobre o tecido, suas moléculas precisam ser convertidas em formas solúveis em água. E não se sabe ao certo como isso era feito na Antiguidade.

Os cientistas agora sabem que, para ativar as substâncias internas dos caramujos Murex em estado incolor, elas precisam ser expostas à luz visível. Inicialmente, suas secreções ficarão amarelas, depois verdes, turquesa, azuis e, por fim, irão assumir um tom de roxo, dependendo da espécie do caranguejo.

‘Se você realizar este processo em um dia de sol, leva pouco menos de cinco minutos para que ocorra a transformação’, segundo Karapanagiotis.

Mas esta não é uma receita de púrpura tíria instantânea. Na verdade, a tonalidade é composta de muitas moléculas de pigmento diferentes trabalhando em conjunto.

Melo explica que existe o índigo, que é azul, índigo ‘bromatado’, que é púrpura, e indirubina, que é vermelho. ‘Dependendo do tratamento do seu extrato e do tingimento, você pode ter cores muito diferentes’, segundo ela.

Mesmo ao atingir a coloração desejada, ainda é preciso mais processamento para transformar os pigmentos em corante, como a sua conversão em formas que sejam aderidas aos tecidos.

Para Nouira, este foi o começo de uma obsessão que durou 16 anos, até que ele descobrisse o método perdido de produção da púrpura tíria.

Outros pesquisadores já haviam investigado as secreções dos caramujos marinhos – incluindo um cientista que processou 12 mil indivíduos para obter 1,4 g de pigmento puro em pó, empregando técnicas industriais. Mas Nouira queria produzir do modo antigo e redescobrir a tonalidade autêntica, que foi reverenciada por milênios.

Ele havia levado aqueles primeiros caramujos marinhos para o seu apartamento em 2007, apenas uma semana depois da sua lua de mel

‘Minha esposa ficou horrorizada com o cheiro; ela quase me expulsou de casa... mas eu precisava continuar’, ele conta.

Escritores da Roma Antiga comparavam a coloração da púrpura tíria com sangue coagulado

Nouira levou anos para produzir seu primeiro corante em pó. Quando conseguiu, a cor era índigo claro, nada parecida com a púrpura tíria – e o corante era extremamente poeirento.

Foi só depois de anos de tentativas e erros que Nouira gradualmente descobriu os truques que ele suspeita terem sido usados na Antiguidade, como misturar secreções de todas as três espécies de caramujos mencionadas no relato de Plínio, ajustar a acidez da mistura, alternar a exposição à luz do sol com o escuro durante a preparação e cozinhar as misturas por diferentes períodos de tempo.

Como referência, Nouira usou principalmente mosaicos bizantinos que mostram o imperador Justiniano 1º (482-565) e sua esposa Teodora (c.500-548). Posteriormente, ele também comparou seus resultados com fragmentos remanescentes de tecido.

Por fim, ele obteve pigmentos puros e corantes que ele acredita estarem excepcionalmente próximos da verdadeira púrpura tíria, atendendo às antigas expectativas.

‘[A cor] é muito viva, muito dinâmica’, afirma ele. ‘Dependendo da iluminação, ela se altera e brilha... ela continua brilhando e brincando com seus olhos.’

Aplicação moderna

Atualmente, os cientistas vêm pesquisando um possível novo uso para a púrpura tíria – ou, pelo menos, para uma das suas moléculas mais importantes.

Na sua forma pura, 6,6'-dibromoíndigo é um pó roxo escuro que, por acaso, serve de excelente semicondutor – a base da eletrônica moderna.

Por ser um material orgânico, a molécula é biodegradável e menos nociva para o corpo humano do que o silício. Por isso, além de tornar os circuitos eletrônicos mais ecológicos, talvez ela possa ser usada em tecnologias vestíveis.

Mas o melhor de tudo é que ela pode ser produzida em laboratório, sem o uso de caramujos marinhos.

Não se sabe ao certo por que os caramujos Murex produzem os precursores químicos da púrpura tíria. Uma possibilidade é que eles sirvam para paralisar as presas

Novas ameaças

Depois de décadas de mal cheirosos experimentos no seu barracão, Nouira foi convidado a expor seus pigmentos e produtos tingidos em exibições em todo o mundo, como no Museu Britânico de Londres e no Museu de Belas Artes de Boston, nos Estados Unidos. E ele acabou também se tornando especialista culinário em receitas com caramujos marinhos.

Nouira recomenda macarrão tunisiano apimentado com Murex ou Murex frito. ‘É crocante, é delicioso, é incrível’, afirma ele.

Mas, apesar de todos os esforços, a púrpura tíria está novamente ameaçada.

A questão, agora, não são as invasões, nem os segredos sobre a sua produção – embora, quando o assunto são os detalhes específicos dos seus métodos, Nouira seja tão dissimulado quanto seus antigos colegas.

A ameaça é de extinção. Os caramujos marinhos sofrem com uma série de influências humanas, como a poluição e as mudanças climáticas. A espécie Stramonita haemastoma, que fornece a tonalidade avermelhada à coloração, já desapareceu do leste do Mediterrâneo.

Por isso, mesmo que a púrpura tíria tenha finalmente renascido, o certo é que ela pode ser facilmente perdida mais uma vez.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cy92w17qkeeo


quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

domingo, 17 de dezembro de 2023

O fascinante simbolismo do incenso, o perfume do sol

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Michael Rennier, sacerdote católico ordenado através da Provisão Pastoral para ex-clérigos episcopais que foi criado pelo Papa São João Paulo II


Eu adoro pesquisar vídeos on-line de monges fazendo incenso com suas receitas supersecretas e especiais que foram transmitidas de irmão para irmão nos mosteiros desde tempos desconhecidos. O cuidado com que eles o fabricam revela o quão especial o incenso realmente é e quão vital se configura para a nossa adoração. 

É um processo pacífico e sagrado ver um monge misturando incenso silenciosamente em algum anexo do mosteiro. Quando o queimo no altar durante a Missa, sempre aprecio o resultado.

A fragrância calmante e o efeito que ele causa em quem sente o seu cheiro são difíceis de explicar. Quando estou na Missa, meus batimentos cardíacos diminuem um pouco e o peso do mundo sai dos meus ombros. Uma igreja com incenso no ar é ofuscada, delimitada como espaço sagrado. As pedras exalam o perfume de inúmeras Missas. É a fragrância da oração.

A adoração sagrada envolve todos os nossos sentidos, incluindo o olfato. O odor numa igreja católica parece um pequeno detalhe, mas ainda me lembro da vez em que uma criança entrou na nossa igreja com a sua mãe e, assim que cruzaram a soleira, sussurrou-lhe com entusiasmo ao ouvido : ‘Aqui cheira à igreja!’

Nós nos envolvemos na adoração com todo o nosso ser – visão, paladar, tato, audição e olfato. A beleza penetra em nossa alma e é internalizada. Nós também devemos ‘cheirar à igreja’ através das nossas ações no dia a dia.

O que o incenso simboliza?

Existem várias maneiras de explicar o simbolismo do incenso. O mais simples é notar que é um sinal visível de orações subindo ao nosso Pai Celestial. Literalmente vemos o incenso consumido no fogo e subindo até Deus como uma coluna de fumaça. 

No entanto, o incenso é muito mais do que uma oração tornada visível. É um sacrifício. Se você já assistiu aqueles vídeos de monges preparando-o, você testemunhou como ele é reduzido a pedaços com almofariz e pilão. É esmagado. Depois, no altar, é totalmente queimado.

Na antiga aliança, Deus ordenou a construção de um altar especificamente dedicado à queima de incenso (Êxodo 30,1). Os sacerdotes queimavam incenso neste altar duas vezes por dia, uma vez pela manhã e outra à noite. Uma vez por ano, o incenso também era uma parte obrigatória do sacrifício expiatório. A expiação é a oferta que Cristo cumpre na Cruz. É a oferta para o perdão dos pecados.

É precisamente por isso que é louvável queimar incenso durante o Santo Sacrifício da Missa todos os domingos. O incenso está presente nos sacrifícios do Templo e também na adoração celestial, por isso é justo que o utilizemos em nossa adoração atual.

Adoração que penetra no coração

Lembre-se, a adoração não é apenas uma ação exterior. Sempre vai ao coração. São Gregório Magno encoraja-nos a pensar nos nossos corações como altares onde podemos queimar incenso. Devemos exalar doces fragrâncias diante de Deus.

Nunca devemos esquecer, porém, que o sacrifício é de Nosso Senhor e estamos apenas nos unindo a ele. É aqui que o simbolismo do incenso se torna realmente interessante

Por que o incenso é o ‘perfume do sol’

Jean Hani, em seu livro ‘The Symbolism of the Christian Temple’, escreve : ‘o incenso é o perfume do sol’. Isso porque o incenso é uma resina criada pela árvore de olíbano em cooperação com a ação da luz solar. Quando você pega um pouquinho de incenso entre os dedos e o levanta para o céu, ele fica de cor âmbar, transparente e refrata a luz do sol. É quase como um pedaço de luz cristalizada.

Os antigos acreditavam que o incenso nasce do sol, nasce do fogo. Também morre pelo fogo quando consumido no altar. Um grão de incenso é um pedaço de terra transformado em céu pela ação de ser sacrificado. A humanidade sofre esta mesma transformação na Cruz. Nosso Senhor une a si a humilde humanidade e, como nosso representante, faz um sacrifício perfeito. Ele nos eleva ao Céu através da graça. Isto é, se fizermos da nossa vida um sacrifício junto com ele.

Durante anos, quando meus paroquianos perguntavam por que eu fazia um movimento circular com o turíbulo em torno do pão e do vinho durante a Missa, eu encolhia os ombros. Eu não sabia. Simplesmente incensava o altar como mostram os diagramas dos livros de liturgia. Agora entendo que o círculo traça a forma do sol.

O movimento circular é precedido pelo ato de incensar os presentes com o sinal da cruz três vezes. Inscrever o crucifixo sobre o pão e o vinho indica que os efeitos da Cruz viajarão até os confins da terra – leste, oeste, norte e sul – e o movimento circular é feito ao redor da área onde as cruzes foram feitas. O amor de Cristo preencherá tudo entre o nascer e o pôr do sol. Na verdade, ele é aquele sol nascente. Ele é a luz do mundo.

Um sinal visível

Em muitas igrejas antigas, o incenso sacrificado no altar flutua até a pedra angular do arco acima dele. É uma escada para o Céu, um sinal visível de que a terra está sendo redimida, elevada como oferenda ao Pai. Cristo é essa linha vertical. Ele está na pedra fundamental do altar e também na pedra angular do telhado do mundo. Na verdade, sua luz viaja através daquele teto, passando pelo sol e outras estrelas até o reino celestial.

Quanto mais compreendo os mistérios da liturgia, mais ela se enquadra num todo belo e harmonioso. Os símbolos da Missa podem ser difíceis de entender. Muitas das tradições da Igreja são sombriamente misteriosas. Mas, no centro de tudo isso, Cristo brilha intensamente, como o sol.’

Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2023/12/07/o-fascinante-simbolismo-do-incenso-o-perfume-do-sol/


sábado, 16 de dezembro de 2023

Por que o padre se veste de rosa?

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Philip Kosloski


Em um domingo do Advento e da Quaresma, os sacerdotes católicos têm a opção de vestir uma casula rosa.

É possível que o padre, se escolher esta cor, faça algum comentário sobre seu significado antes de começar a missa.

Ainda que a escolha da cor e os comentários do sacerdote poderiam intrigar e divertir alguns paroquianos, a verdade é que as vestimentas já têm séculos de tradição católica. Há um profundo significado simbólico na cor litúrgica rosa.

Esta cor, usada somente duas vezes em todo o ano litúrgico, associa-se tradicionalmente a um sentido de alegria em um período de penitência. Em ambos os domingos (‘Gaudete’ no Advento e ‘Lætare' na Quaresma), o padre usa rosa para nos recordar que a temporada de preparação está chegando ao fim e a grande festa está próxima.

O rosa representa uma quebra na austeridade do Advento ou da Quaresma, simbolizando uma alegria contida.

Inclusive a antífona de entrada cantada tradicionalmente no Domingo de Lætare, fala da alegria que nos inunda :

Lætare Jerusalem : et conventum facite omnes qui diligitis eam: gaudete cum lætitia, qui in tristitia fuistis: ut exsultetis, et satiemini ab uberibus consolationis vestræ.

Em Português :

Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos. Exultai de alegria, todos vós que participastes no seu luto e podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações.

A antífona do 3º Domingo do Advento é semelhante : ‘Alegrai-vos sempre no Senhor. Exultai de alegria : o Senhor está perto’.

Então, quando vemos a cor rosa na missa, somos convidados a alegrar-nos : a estação da penitência está acabando e se aproxima a celebração do Nascimento ou da Ressurreição de Cristo, segundo cada época litúrgica.


Fonte : *Artigo na íntegra

https://pt.aleteia.org/2018/12/20/por-que-o-padre-se-veste-de-rosa/