segunda-feira, 8 de abril de 2013

Dia Internacional dos Ciganos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Refugiados : Crianças ciganas  

Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), depois de uma extensa campanha chefiada pelo ator americano cigano Yull Briner, o Dia Internacional dos Ciganos (International Roma Day) é celebrado no dia 08 de abril desde 1971.

A origem deles é enigmática pela inexistência de registros escritos confiáveis e pelo fato de perpetuar suas tradições oralmente, de geração a geração.

Uma corrente de especialistas acredita que sejam procedentes da Índia, em função do idioma falado portar similaridades com várias línguas do subcontinente indiano. Porém, há vestígios que apontam em outro sentido. De acordo com a geógrafa Solange Lima Guimarães, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), autora de uma tese de doutorado sobre os ciganos : ‘nas antigas lendas, constatamos referências bíblicas que podem nos direcionar a uma origem na Caldéia (região que hoje pertence ao Iraque) e não na Índia. Outro ponto significativo é a crença em um único Deus criador, Devel, o que os aproxima da história de povos semitas, ao contrário do que seria esperado de uma origem indiana, com suas várias divindades’.

Deslocaram-se do Oriente para a Europa no século XIV. Relacionando-se ao mesmo tempo com mouros e cristãos, alternando paganismo e cristianismo, deram ensejo às acusações de heresia. Infelizmente, o preconceito ao estilo nômade, à cultura e à religiosidade não ficaram limitados ao período medieval. Durante séculos foram submetidos ao trabalho escravo e na Segunda Grande Guerra (de 1939 à 1945), em prol da eugenia nazista, os alemães exterminaram quase 400 mil ciganos selvagemente.

Por isto, a Igreja está apreensiva com a precariedade em que vivem, ainda hoje, mundo afora.

Em junho de 2011, num encontro organizado pelo dicastério vaticano para os Migrantes e Itinerantes, dentre outros, o então papa Bento XVI acolheu mais de 2 mil ciganos para celebrar o 75º aniversário de martírio de Zeferino Giménez Malla, Beato dos gitanos. Enalteceu o ‘mártir do terço, que não deixou que o arrancassem de suas mãos, nem sequer estando a ponto de morrer fuzilado durante a perseguição religiosa de 1936, na Espanha’. E convidou-os a seguir seu exemplo : ‘a dedicação à oração, em particular ao terço, o amor pela Eucaristia e pelos demais sacramentos, a observância dos Mandamentos, a honestidade, a caridade e a generosidade para com o próximo, especialmente com os pobres. Isso vos tornará fortes diante do risco de que as seitas ou outros grupos coloquem em perigo vossa relação com a Igreja’.

A busca de alojamento, de um trabalho digno e de educação para os filhos são a base sobre a qual construir a integração que trará benefícios para vós e para toda a sociedade’, prosseguiu ele, exortando-os a participar da missão evangelizadora da Igreja, promovendo a atividade pastoral em suas comunidades : ‘a presença entre vós de sacerdotes, diáconos e pessoas consagradas pertencentes às vossas etnias é um dom de Deus e um sinal positivo do diálogo das Igrejas locais com o vosso povo, que precisa sustentar e desenvolver’, concluiu.

No fim de 2012, os bispos das províncias de Clermont, Marselha, Montpellier, Toulouse, Lyon e Mônaco estiveram em visita ad limina. O cardeal Barbarin, arcebispo de Lyon, intercedeu em auxílio destes indivíduos, requisitando ao mesmo Bento XVI, sensível aos migrantes e refugiados, que estimulasse uma política comum entre os governos europeus, almejando um desfecho íntegro e perene.

 Na França, as condições de vida dos ciganos, da etnia rom - proveniente da região dos Balcãs (Romênia e Bulgária) - mobilizou protestos das autoridades de diversos países, devido ao péssimo tratamento recebido por eles durante a presidência de François Sarkozy, notório pelo governo anti-imigração e por defenestrá-los com truculência.

O cardeal expôs a situação angustiante dos ciganos em meio à crise econômica e ao desemprego. Continuamente humilhados, rejeitados, desprezados e excluídos. Os bispos também lançaram um alerta, ‘porque os mais pobres sofrem violências que não são reconhecidas como tais’.
 

Ciganos deportados

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