sábado, 7 de abril de 2012

As fontes que jorram do corpo do Cordeiro

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

* Artigo de Adam de Perseigne

Do corpo do Cordeiro jorram cinco fontes das quais temos necessidade. Duas nos pés, duas nas mãos, e uma quinta que escorre da abertura do lado.
Pela fé, sabemos que do lado de Cristo jorrou sangue e água. Com efeito, o sangue de Cristo que, por seu valor, cura, redime e concede a coroa, é água no sentido de que  lava, restaura e resfria. Lava do pecado e restaura a esperança.
Contudo, só se pode haurir das águas nas fontes do Salvador quando, das feridas de Cristo, os lábios da fé sugam os regatos da graça. Assim, as chagas dos pés são fontes, mas fontes de óleo; as chagas das mãos, fontes de bálsamo; e a chaga do lado, uma fonte de vinho.
            Mas de todas essas chagas vê-se apenas escorrer o sangue! Ouve de que maneira : o óleo cura, o bálsamo perfuma, o vinho embriaga.
 O óleo é a misericórdia que acolhe o culpado aos pés de Jesus, quando esse lhe pede humildemente perdão; eis o óleo que vês escorrer dos pés. O bálsamo, que escorre das fontes das mãos, é a preciosa reputação das virtudes que o justo recebe da generosidade de Cristo. O culpado fica satisfeirto pelo perdão obtido; o justo fica satisfeito quando merece a glória das virtudes. A misericórdia concede o perdão àquele que humildemente se prosterna aos pés de Cristo; sua liberalidade dá a glória das virtudes àquele que, na força de sua alma, se mantém de pé para receber de Cristo o benefício de sua generosidade.
Enfim, da adega de vinho que é seu lado traspassado, jorra o vinho da caridade que dá a vida. Pois, com certeza, se Cristo é a verdadeira videira, se sua carne é a uva da videira, como não seria vinho o sangue que se derrama de sua carne? É este o vinho que alegra o coração do homem, quando o sangue de Cristo concede à alma a sóbria embriaguez do amor.

Gustav Mahler (1860-1911), Sinfonia nr. 2 'Ressurreição'.
O quarto movimento, 'Urlicht' ( A Luz Primordial ), é interpretado por Ewa Podles.
Texto : Clemens Brentano (1778-1842) e Bettina (Brentano) von Arnim (1785-1859)


Fonte :
*Adam de Perseigne, Epistola III, 37 : Sources Chrétiennes 66, 94-97, tradução de D. Matias Fonseca de Medeiros OSB - Revista Beneditina nrº 25, Janeiro/Fevereiro de 2008, editado pelas monjas beneditinas do Mosteiro da Santa Cruz – Juiz de Fora/Minas Gerais.
(e-mail: publicacoesmonasticas@yahoo.com.br).

*Adam foi um célebre autor espiritual cisterciense. Supõe-se que tenha nascido na Champagne francesa, na metade do século XII e falecido em 1221. Homem de vasta cultura literária e filosófica, era clérigo secular quando tornou-se monge beneditino, vivendo alguns anos como bibliotecário na abadia de Marmoutier. Passando depois para a Ordem Cisterciense, na abadia de Pontigny, tornou-se abade de Persênia (Perseigne) e governou-a por mais de trinta anos.


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