* Artigo de Adam de Perseigne
Do corpo do Cordeiro jorram
cinco fontes das quais temos necessidade. Duas nos pés, duas nas mãos, e uma
quinta que escorre da abertura do lado.
Pela fé, sabemos que do lado de
Cristo jorrou sangue e água. Com efeito, o sangue de Cristo que, por seu valor,
cura, redime e concede a coroa, é água no sentido de que lava, restaura e resfria. Lava do pecado e
restaura a esperança.
Contudo, só se pode haurir das
águas nas fontes do Salvador quando, das feridas de Cristo, os lábios da fé
sugam os regatos da graça. Assim, as chagas dos pés são fontes, mas fontes de
óleo; as chagas das mãos, fontes de bálsamo; e a chaga do lado, uma fonte de
vinho.
Mas de
todas essas chagas vê-se apenas escorrer o sangue! Ouve de que maneira : o óleo
cura, o bálsamo perfuma, o vinho embriaga.
O óleo é a misericórdia que acolhe o culpado
aos pés de Jesus, quando esse lhe pede humildemente perdão; eis o óleo que vês
escorrer dos pés. O bálsamo, que escorre das fontes das mãos, é a preciosa
reputação das virtudes que o justo recebe da generosidade de Cristo. O culpado
fica satisfeirto pelo perdão obtido; o justo fica satisfeito quando merece a glória
das virtudes. A misericórdia concede o perdão àquele que humildemente se
prosterna aos pés de Cristo; sua liberalidade dá a glória das virtudes àquele
que, na força de sua alma, se mantém de pé para receber de Cristo o benefício
de sua generosidade.
Enfim, da adega de vinho que é
seu lado traspassado, jorra o vinho da caridade que dá a vida. Pois, com
certeza, se Cristo é a verdadeira videira, se sua carne é a uva da videira,
como não seria vinho o sangue que se derrama de sua carne? É este o vinho que
alegra o coração do homem, quando o sangue de Cristo concede à alma a sóbria
embriaguez do amor.
Gustav Mahler (1860-1911), Sinfonia nr. 2 'Ressurreição'.
O quarto movimento, 'Urlicht' ( A Luz Primordial ), é interpretado por Ewa Podles.
Texto : Clemens Brentano (1778-1842) e Bettina (Brentano) von Arnim (1785-1859)
Texto : Clemens Brentano (1778-1842) e Bettina (Brentano) von Arnim (1785-1859)
Fonte :
*Adam de Perseigne, Epistola III, 37 : Sources Chrétiennes 66, 94-97, tradução de D. Matias Fonseca de Medeiros OSB - Revista Beneditina nrº 25, Janeiro/Fevereiro de 2008, editado pelas monjas beneditinas do Mosteiro da Santa Cruz – Juiz de Fora/Minas Gerais.
(e-mail: publicacoesmonasticas@yahoo.com.br).
(e-mail: publicacoesmonasticas@yahoo.com.br).
*Adam foi um célebre autor espiritual cisterciense. Supõe-se que tenha nascido na Champagne francesa, na metade do século XII e falecido em 1221. Homem de vasta cultura literária e filosófica, era clérigo secular quando tornou-se monge beneditino, vivendo alguns anos como bibliotecário na abadia de Marmoutier. Passando depois para a Ordem Cisterciense, na abadia de Pontigny, tornou-se abade de Persênia (Perseigne) e governou-a por mais de trinta anos.
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