No capítulo anterior do comentário que estamos tecendo, (Carta 70 aos Bispos da Igreja Católica Apostólica Romana), deixamos para este capítulo falar sobre as orações que JESUS nos deixou e orações que Ele mesmo praticava.
A Carta 70 ressalta que o cristão, (e, portanto, o meditante cristão também), para se inserir na prática de uma pura oração deve, antes, acolher Cristo como fonte incessante de revelação do Pai e de permanente comunhão com Ele.
Pela fé, reconhece-se em Jesus Cristo a definitiva auto-revelação do Pai, “a Palavra encarnada que manifesta as profundidades mais íntimas do seu amor”. E para que isso ocorra, o Espírito Santo é enviado ao coração do fiel orante e nele sondará todas as coisas até as profundidades de Deus. Pelo Espírito Santo, a Palavra é recebida e revelada. É recebida de Deus Pai pelo Filho enviado e ressuscitado e revelada pelo Espírito trinitário. (1cor 2,10).
Verificamos, portanto, a necessidade de imitarmos Jesus, quando oramos. Devemos estar imbuídos e compenetrados no Seu Espírito.
Jesus promete aos discípulos que o Espírito Santo lhes explicaria tudo o que a Ele ainda não fora possível revelar; isto é, naqueles dias ainda não era o momento do homem receber as revelações que viriam . Mas diz Jesus a eles que “o Espírito não falará por si mesmo... O Espírito Santo me glorificará porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. (Jo 16,13ss”“. ( Ibidem, Jo 16,15)”.
Portanto, na oração, somos iluminados, aguçados, para contemplar a Deus e, lógico, ao Filho, Jesus Cristo, pelo Espírito Santo. Podemos então afirmar que quando oramos estamos diante da S. Trindade e de todos os Mistérios de Deus. E para dar supedâneo a tal afirmação, S.Paulo, o Apóstolo, confessa que o Mistério de Deus é Cristo, “no qual se acham escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Cl 2,3)”.
Vale aqui transcrever um trecho da Carta 70 que assim se manifesta :
“6. Existe, portanto, uma relação estreita entre a revelação e a oração. A Constituição Dogmática "Dei Verbum " ensina-nos que, mediante sua revelação, o Deus invisível “movido de amor, fala aos homens como amigos (cf. ex.33,11; Jo 15,14-15), e fala com eles (cf Br 3,38), para convidá-los e admiti-los à comunhão com Ele”.
Podemos dizer, então, que toda a ação na oração, há de convergir para Cristo. Tanto na oração em assembléia de fiéis, na celebração litúrgica, quanto na reunião de cristãos para meditação, ou quando em nossos lares, em família ou individualmente, é Jesus (Deus Filho), quem nos ouve, é o Espírito Santo quem nos ensina e guia e é Deus Pai quem as recebe e atende. E claro, para nós cristãos, cremos que é a SS. TRINDADE QUEM NOS PROVÊ, (já que a perfeita unidade está na Trindade). Logo, nenhuma oração do coração se perde sem que os Céus a ouça e a considere, não por mérito de quem ora, mas antes por pura Graça Divina.
A Sagrada Escritura nos mostra como Jesus se entregava, perfeito, à oração. Isso nos soa um pouco estranho, se atentarmos para o fato de Jesus nos imitou em tudo, MENOS NO PECADO. Logo, não era lógico que fizesse os tipos de orações que a Doutrina Cristã costuma nos ensinar. Mas, tenhamos, logo, em mente de que Jesus orava e pedia e rogava e clamava e suplicava pelos nossos pecados que Ele haveria de apagar.
A Sagrada Escritura nos mostra como Jesus se entregava, perfeito, à oração. Isso nos soa um pouco estranho, se atentarmos para o fato de Jesus nos imitou em tudo, MENOS NO PECADO. Logo, não era lógico que fizesse os tipos de orações que a Doutrina Cristã costuma nos ensinar. Mas, tenhamos, logo, em mente de que Jesus orava e pedia e rogava e clamava e suplicava pelos nossos pecados que Ele haveria de apagar.
Mencionaremos, brevemente, esses tipos de orações, apenas para mostrarmos aquelas que o próprio Cristo rezava, situando o leitor.
Segundo a obra “DA ORAÇÃO” Ed. Vozes, Cap. IX, JOÃO CASSIANO menciona que o Apóstolo Paulo, em (1Tm 2.1) assim diz: “Recomendo-te, pois, antes de tudo, que se faça obsecrações, promessas, súplicas e ações de graças”.
João Cassiano nos ensina em que consistem essses tipos de orações dizendo:
“a Obsecração é uma imploração pelo perdão dos pecados quer presentes, quer passados. A Promessa, é ato pelo qual oferecemos ou prometemos alguma coisa a Deus. Aponta o autor o (Sl. 115,14) “cumprirei (os meus votos) as minhas promessas ao senhor”. A Súplica, pedidos que fazemos por nós, as vezes pelos outros ( Tm 2, 12): “ rezamos por todos os homens, pelos reis e por todos os constituídos em autoridade”. A Ação de Graça. Depois, em quarto lugar, estão as acções de graças que a alma rende ao Senhor com inexprimíveis arroubos ou quando traz à memória os passados benefícios de Deus...”.A mesma obra citada no Cap. XVII, expõe:
Das quatro espécies de oração iniciadas pelo Senhor
Diz ele:
“O próprio Senhor se dignou iniciar para nós estas quatro espécies de oração, de modo que também nisto se cumprisse aquilo que d,Ele se diz: o que Jesus começou a fazer e a ensinar (At 1,1). Com efeito, Ele assume a obsecração quando diz: Meu Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice (Mt 26,39), ou aquilo que canta o Salmo como provindo de sua boca: Meu Deus, meu Deus, olha para Mim: porque me abandonaste? (Sl 21,2).
Trata-se de Promessa, quando o Senhor diz: Glorifiquei-Te na terra, tendo consumado a obra que Me deste fazer (Jo 17,4) ou aquilo: Eu consagro-Me por ele, para eles serem também consagrados na verdade (Jo 17,19).
É Suplica, quando diz: Pai quero que aqueles que Me deste, onde Eu estiver também eles estejam comigo, para que vejam minha glória, a glória que Tu Me deste (Jo 17,24). Ou então quando diz: Perdoa-lhes, ó Pai, porque não sabem o que fazem (Lc 23,34).
É Acção de graças, quando diz: Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelastes aos pequeninos. Sim, porque assim foi do Teu agrado (Mt 11, 25-26). Ou então quando diz: Pai, graças Te dou por me teres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves (Jo 11, 41-41).”.
Encerramos, assim, as citações de João Cassiano sobre as espécies de orações. Mas devemos lembrar ao leitor de que na obra de João Cassiano Intitulada Confr6encias de 08 a 15 vol 2, (Ed. Subiaco 2006), encontramos maiores subsídios sobre o tema oração, especialmente nas palavras de tão respeitado Mestre.
Mas como já é de se perceber não se encerram aí, as orações proferidas por Jesus. Jesus conhecia muito bem o Antigo Testamento e era de seu costume rezar os Salmos lá contidos. Além do mais, outras passagens há, no Evangelho, que nos autoriza a afirmar a vida sempre orante de Jesus, pelos mais diversos tipos de orações.
Realmente, há orações que Jesus fez, no mais puro silêncio do deserto, como vemos em (Lc 5, 16), após grande assédio do povo pelas curas que realizava : “Porém Ele retirava-se para o deserto e ali orava”.
No Monte das Oliveiras, quando lhe precediam as horas amargas, (Lc.22, 39; 41, 42, 44): Jesus apartado dos apóstolos fez orações, de joelhos em terra, dizendo: “ Pai, se queres, passa de mim esse cálice; todavia não faça a minha vontade mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu que o confortava”. (Lc 22 41,42,43). (Aqui prestemos especial atenção de como a oração é ouvida e o conforto de Deus nos é logo enviado).
“E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que caiam até o chão”. ( Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal; Versão Almeida, Ed. 1995 Revista e corrigida-CPDA).
É de observar que nos vs. 40 e 46, do Cap.22, em Lc, Jesus exorta, e com veemência, os Apóstolos a também orarem: orai para que não entreis em tentação. Portanto, Ele se retira e entra em oração; Jesus esperava que os apóstolos também estivesses no espírito orante. Mas eles dormiam apesar do momento ser tão crucial, isto é, se avizinhavam a prisão e o início da paixão de que já havia anunciado que deveria sofrer.
Jesus, já crucificado fez, a última e a mais admirável oração. Essa magnífica oração, (num modo de obsecração ou súplica), feita por Cristo execrado, desnudo, chagado, lancetado por seus algozes, em vias de já entregar seu espírito é a oração do PERDÃO. Já combalido Ele olha para os que ali estão e profere a mais piedosa oração e diz: Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem” (Lc 23,33).
Com isso, meus caros, damos por terminado este capítulo III, que está sendo escrito, espero, dentro do espírito da Carta 70, quando nos exorta à prática, constante da oração, especialmente, na Meditação Cristã. Em brevíssimo tempo estaremos aqui, novamente, para falarmos da oração do Pai Nosso, aquela oração que Jesus nos ensinou.
Até breve.
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