Santo Antão
Caros Leitores,
Dando continuação à nossa
proposta contida no preâmbulo do Capítulo I,
vamos aqui dar mais alguns passos no mister de comentar a Carta 70.
Há,
no documento em exame uma pergunta que é feita pelos cristãos, hoje: se não seria possível, mediante nova
educação à oração, enriquecer nosso patrimônio, incorporando–lhe também
elementos que até agora eram estranhos?
Bem, a que elementos
estranhos estão os indagantes se referindo?
É de bom alvitre lembrar que o método da
oração cristã, como um todo sempre foi simples.
E como a meditação é forma de
oração, também é estruturada em elementos simples.
A teor da Carta 70 vemos que a
estrutura da oração cristã tem seu
arquétipo fundado na fé cristã. Portanto esse é elemento essencial e
inarredável. É dela e através dela que o fiel extrairá o nexo fundamental, do
seu relacionamento intimo e pessoal com
Deus. O fiel se desnudará diante de seu
Criador e passa a lhe falar com sinceridade e amizade profundas. Efervesces-se na alma, depurando a verdade
necessária para a sua plena aproximação com a Trindade, que lhe dá substância
para comungar, como criatura redimida, das virtudes e atributos do
batismo.
Esse
diálogo intimo e profundo do fiel com Deus é silencioso, recôndito, isolado. Mas ao mesmo tempo é dinâmico, pois
exige um caminhar permanente, uma atitude de conversão. E essa conversão deve sempre alimentada na mesa eucarística e nas
virtudes batismais.
Diz a Carta 70, que esse caminhar do homem na vida de oração
e, pois, no caminho da conversão, implica num êxodo do eu do homem para o Tu de
Deus.
Também afirma que a oração
cristã é sempre autenticamente pessoal, individual e, ao mesmo tempo
comunitária.
Nesse passo recusa o Documento
técnicas impessoais ou centradas sobre o eu, pois tais métodos levam a automatismos que acabam por
aprisionar o meditante num espiritualismo intimista, que logo o incapacita para
uma abertura livre para o Deus
transcendente.
Admite que a Igreja possa buscar
novos métodos de meditação. Mas legitimados, sempre, no encontro de duas liberdades: a infinita de Deus e a finita do
homem, como elemento essencial para uma oração autenticamente cristã.
Pois bem, a
questão inicial parece-nos ainda
carecer de melhor análise, para uma
maior clareza de resposta. Lembrando que
a pergunta era: podemos educar-nos para a oração e nos é lícito
lançar mãos de outros elementos que até agora nos era estranhos?
Se
estivermos falando de oração, que é gênero, da qual a meditação é uma espécie,
não podemos colocar elementos que sejam estranhos aos que, com abundância nos
trás os Evangelhos Sagrados.
Carta em análise nos dá o exemplo dos Salmos,
que antecedem tão antiga Fonte, o Antigo
Testamento, como forma de autêntica
oração. Exemplifica também com o
Novo Testamento onde nos aponta o Cristo
como fonte permanente de revelação e de comunhão com o Pai. Dele emanam as mais belas orações que
conhecemos que tinham como elementos inarredáveis: a fé no Pai que o enviou. A obediência obstinada no cumprir do que lhe foi
revelado, uma certeza imensurável de que,
pela oração, seria ouvido pelo Pai;
e de que se entregando à cruz, nos remiria dos nossos pecados nos
livraria dos nossos pecados e nos restituiria a vida eterna.
Pois bem. As
mais belas orações (proferidas com palavras ou no mais profundo silêncio) foram deixadas
por Jesus Cristo. E ele não só as proferiu, mas nos exortou praticá-las e
ensinou-nos a dizê-las.
Delas nos ocuparemos no capítulo III, próximo, rogando, sempre, amealhar do Espírito Santo,
a graça de podermos concretizar.
Até breve.
Maria Vanda (Ir. Maria Silvia – OSB-SP
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