quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Inquieto está o nosso coração, enquanto não repousar em ti

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)



             Grande és tu Senhor, e sumamente louvável: grande é a tua força, e  a tua sabedoria não tem limites!  Ora, o homem esta parcela da criação, quer te louvar, este mesmo homem  carregado com  sua condição mortal,  carregado com o testemunho do seu pecado e com o testemunho de que resistes aos soberbos. Ainda assim, quer louvar-te o homem, esta parcela da tua criação! Tu próprio o incitas para que sinta prazer em louvar-te.  Fizeste-nos para ti  e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em ti.   

               Dá-me senhor, saber e compreender o que vem primeiro: invocar-te ou louvar-te? Começar por conhecer-te ou por invocar-te? Mas quem te invocará sem te conhecer?  Por ignorância, poderá invocar alguém em lugar de outro. Será que é melhor serem invocado, para serem conhecido? Como porém, invocarão aquele em quem não crêem?  Ou como terão fé, sem anunciante?   

              Louvarão o Senhor aqueles que o procuram. Quem o procura encontra-o e tendo-o encontrado louva-o. Buscarte-ei, Senhor, invocando-te; e invocarte-ei, crendo em ti.  Tu não foste anunciado; invoca-te, senhor, a minha fé, aquela que me deste, que me inspiraste pela a humanidade do teu Filho, pelo mistério de teu pregador. Invocarei o meu Deus: mas como?  Porque ao invocá-lo eu o chamarei para dentro de mim. Que lugar haverá e, mim, aonde o meu Deus possa vir?  Aonde virá Deus em mim, o Deus  que fez  o céu e a terra? Há, então, Senhor, meu Deus, algo em mim que te possa conter? O céu e  terra, e nos quais  o me fizeste, são eles capazes deter conter? Ou, se sem ti nada existiria de quanto existe, porque tudo quanto existe te contém?

             Portanto eu, que também existo, que tenho de pedir tua vinda em mim, em mim que não existiria se não estivesses em , mim?  Ainda não estou nas profundezas da terra, e no entanto,  ali também estás. Pois mesmo que desça  às profundezas da terra, ali também estás. Não existiria, pois, meu Deus, de forma alguma existira, senão existisse em ti,  de quem tudo,por quem tudo, em  todas as coisas existem?  E assim, Senhor, é assim mesmo.  Para onde te      chamo, se já estou em ti. Ou donde virás para mim? Para onde me afastarei , fora do céu e da terra, para que lá venha a mim o meu Deus, que disse:  Eu encho o céu e a terra?

           Quem me dera descançar em ti! Quem me dera vires a meu coração, inebriá-lo a ponto de esquecer os meus males, meu único bem! Que és para mim? Perdoa-me se falo. Que sou eu a teus olhos, para que me ordenes amar-te e, se, eu não fizer,   te indignares e ameaçares com imensa desventuras?  É acaso pequena desventura  não te amar?

            Ai de mim! Dize-me, por compaixão, Senhor meu Deus, o que és tu para mim? Dize-à minha alma: sou tua salvação. Dize de forma a que ela te escute.  Os ouvidos de de meu coração estão diante de ti, Senhor. Abre-os e  dize à minha alma: Sou tua salvação.  Correrei atrás destas palavras e seguir-te-ei. Não esconda de mim tua face. Morra eu, para que não morra e assim possa contemplá-la!


Fonte :
Do Livro das confissões de Santo Agostinho, bispo
(Lib 1,1.1-2.2; 5,5: CCL 27,1-3) (Séc.V) - "In Liturgia das Horas III, pg. 257/258".

                                                                           

Nenhum comentário:

Postar um comentário