Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Nos dias atuais, em que estão presentes ideologias profundamente
materialistas e ateias, mostra-se urgente e necessário levar a luz do
conhecimento do Espírito Santo a fim de que, como Mestre e Senhor, renove a fé
e a esperança dos cristãos que sofrem angustiados com as dores do tempo
presente e não fazem a experiência com o Espírito Consolador.
O Espírito Santo é a alma da Igreja, corpo místico de Cristo, pois Ele
age nela assim como a alma age no corpo. Com efeito, ‘O Espírito edifica, anima
e santifica a Igreja. Espírito de amor, ele dá aos batizados a semelhança
divina perdida por causa do pecado e os faz viver em Cristo a vida mesma da
Trindade Santa’, ensina a Santa Igreja (Compêndio, 145). Como Mestre
interior, Ele guia para a verdade e com sua unção fala por dentro dos corações
instruindo sobre os mistérios de Deus, ensinou Santo Agostinho à Santa Igreja,
disse Congar (cf. Agostinho, 2005 apud Congar, 2005, p.
144b).
Como acontece esse ‘toque’ do Espírito de Deus, capaz de vivificarmos,
de fato? A fé em Jesus, a oração, especialmente a litúrgica, a Palavra de Deus
e os sacramentos são os meios essenciais para sermos vivificados pelo Espírito
Santo. Para recebê-lo, as Sagradas Escrituras deixam entrever alguns passos
para chegar ao novo nascimento no Espírito, a partir do que disse Jesus. São
eles : querer, crer em Jesus e pedir. Assim disse o Senhor : ‘Quem tem sede,
venha a mim; e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu seio fluirão
rios de água viva’ (Jo 7,39). O Evangelista esclarece o que disse o Senhor:
Jesus dizia isso se referindo ao Espírito, que haveriam de receber os que nele
acreditassem. Jesus também prometeu o dom do Espírito mediante a oração : ‘O
pai dará o Espírito Santo aos que o pedirem’ (Lc 11,13). Foi assim que Ele
mesmo recebeu o dom do Espírito Santo (cf. Lc 3,21-22).
O saudoso Papa João Paulo II, em sua Encíclica Dominum et
Vivificantem, fez uma profunda reflexão sobre o Espírito Santo, na qual
revelou com maestria como acontece esse toque vivificador do Espírito na vida
da Igreja e no homem. O ponto principal presente nela é entender que o Espírito
Santo é um dom. Ele é uma pessoa-dom : é dom do Pai e é dom do Filho que nos
foi dado por meio de sua obra redentora na cruz. O Espírito é, portanto, dom, e
ao mesmo tempo é ‘Senhor que dá a vida’, assim a Igreja professa sua fé nele
(Encíclica Dominum et Vivificantem, 2; 10).
A obra do Espírito Santo que de fato vivifica nossas vidas só se realiza
por causa e mediante o evento pascal, cruz e ressurreição de Jesus, conforme se
atesta na encíclica, a seguir : ‘Cristo ressuscitado, como que dando início a
uma nova criação, ‘traz’ aos apóstolos o Espírito Santo. Trá-lo à custa da sua
‘partida’; dá-lhes o Espírito como que através das feridas da sua crucifixão :
‘Mostrou-lhes as mãos e o lado’. É em virtude da mesma crucifixão que Ele lhes
diz : ‘Recebei o Espírito Santo’’ (Encíclica Dominum et Vivificantem,
24).
Após Pentecostes, o Espírito Santo assume de Cristo a missão como ‘o
outro consolador’ de perpetuar a obra da redenção do mundo. Para isso, há de ‘convencer
o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo’ (Jo 16,8), em vistas à
salvação de todos. Esse novo princípio da redenção em Cristo realizado pelo
Espírito acontece de forma dupla, explica o Papa João Paulo II (cf.
Encíclica Dominum et Vivificantem, 31). Frei Raniero explica que
esse duplo dom está presente na Escritura quando Pedro fala da necessidade do
arrependimento e do Batismo e logo em seguida diz ‘e recebereis, então, o
Espírito Santo’ (At 2,38); isso não significa que as ações acontecem uma após a
outra, mas que no interior do homem o Espírito Santo realiza as duas ações
simultaneamente : o Espírito da verdade ilumina e assim revela o pecado e, ao
mesmo tempo, como Espírito Consolador realiza a obra da justificação;
concedendo a graça do perdão e da vida nova (Cantalamessa, 2014, p.188).
Que obra extraordinária realiza o Espírito Santo em nosso interior que
com sua unção penetra o sacrário da nossa consciência, revelando nossas
misérias e, ao mesmo tempo, atrai-nos para si, oferecendo vida nova e felicidade
eterna. Pessoalmente posso testemunhar como é reconfortante ouvir no interior
do coração, a doce e amorosa voz do Mestre que nos guia para a verdade. Nós nos
sentimos profundamente julgados como réus confessos, mas ao mesmo tempo
escandalosamente antecipados com o perdão, envolvidos pelo amor misericordioso
que nos vivifica e nos anima a viver o dom da vida nova que Ele mesmo nos
deu.
Caro leitor, que beleza é nossa fé no Espírito Santo! Desejo que neste
ano jubilar você faça uma experiência renovada com esse Espírito de amor que
como bom Mestre pode guiá-lo no caminho que conduz a vida, afinal, Ele é
verdadeiramente o Senhor que dá a vida. Jamais esqueça que Ele já nos foi dado
e é tempo de beber dessa graça!’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/o-espirito-santo-e-a-alma-da-igreja.html
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