Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
professor
‘Num mundo marcado por crises sociais, ambientais e espirituais, somos
desafiados a refletir sobre o nosso papel enquanto seres humanos, como faróis
de esperança. No meio do caos, há uma necessidade urgente de irradiarmos uma
luz proveniente do interior para retirar o mundo ao nosso redor da escuridão da
indiferença e do desespero. Este é um chamamento universal que se torna ainda
mais premente nas periferias, onde habitam aqueles que, muitas vezes, são
relegados para as margens da sociedade : os mais frágeis, invisíveis no quotidiano de
muitos.
A esperança, porém, não é uma ideia abstrata ou romântica. Ela ganha
corpo em ações concretas que transformam realidades. Pensemos, por exemplo, nas
redes de solidariedade que se formam espontaneamente nas comunidades
desfavorecidas. Em bairros periféricos, onde as condições materiais são
escassas, sendo comum encontrar pessoas que partilham o pouco que têm. Seja um
prato de comida partilhado com um vizinho, seja o apoio emocional dado àquela
mãe solteira que luta para criar os filhos, cada gesto é uma semente de
esperança plantada em terreno árido.
Nas periferias urbanas, também encontramos exemplos de resiliência
através da educação e da cultura. Projetos comunitários que oferecem reforço
escolar, aulas de música ou formação profissional para jovens marginalizados
são provas de que o ser humano pode resistir à adversidade. Ao abrir caminhos
para um futuro mais digno, essas iniciativas não apenas melhoram a vida pessoal
de quem delas participa, mas também regeneram o tecido social de comunidades
inteiras.
Na dimensão espiritual, a esperança também se manifesta de forma
marcante e transformativa. Nas igrejas, mesquitas ou templos que se erguem nos
cantos mais pobres das cidades, encontramos pessoas que, através da fé,
encontram sentido e força para enfrentar os pequenos-grandes desafios. Nesses
espaços, a espiritualidade torna-se uma fonte de resistência à desumanização. É
ali que o coletivo se une, que as vozes silenciadas são amplificadas, que as
histórias de sofrimento são compartilhadas e readquirem significado.
Uma boa parte de nós, muitas vezes distantes dessas realidades, somos
igualmente chamados a agir. Ser um ser de esperança implica olhar para a
periferia – geográfica ou existencial – com olhos de empatia. Implica
reconhecer a dignidade do outro e comprometer-se com a construção de um mundo
onde ninguém seja deixado para trás. Isso pode significar envolver-se em
iniciativas sociais, apoiar organizações que atuam diretamente junto dos mais
vulneráveis ou, simplesmente, abrir espaço para ouvir e acolher o próximo.
Ser portador de esperança é acreditar que a transformação é possível,
imaginável e concretizável. Como disse o médico Jonas Salk, «a esperança reside
nos sonhos, na imaginação e na coragem daqueles que se atrevem a tornar os
sonhos uma realidade». Nas periferias do mundo e do coração, a nossa luz
interior brilha nos sorrisos e na forma de atos de bondade e gratuidade. O
desafio que temos diante de nós é deixar que a fonte dessa luz interior, Deus,
brilhe em nós e entre nós, deixando um legado de esperança para as atuais e
futuras gerações.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1302/chamados-a-esperanca/
Nenhum comentário:
Postar um comentário