Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Gelsomino Del Guercio
A eficácia espiritual da
missa pode depender do seu silêncio
‘Nem
todo mundo acompanha a missa com atenção. Às vezes, o padre é obrigado a
interromper a liturgia para reprovar as conversas entre os fiéis. Esta chamada
de atenção não é acidental, porque o silêncio durante a missa tem uma
importância acima de tudo teológica. Descubramos o porquê.
Silêncio sagrado
‘O
silêncio na igreja durante o culto sagrado – explica à Aleteia o liturgista
Pe. Enrico Finotti – é uma questão primordial, porque dele depende, em boa
medida, a eficácia espiritual da ação litúrgica.’
‘No
entanto, não considero oportuno intervir nas situações concretas, pois se supõe
que cada sacerdote vai se comportar de maneira adequada em circunstâncias às
vezes difíceis’, acrescenta.
À escuta de Deus
Em
sentido geral, explica o sacerdote, podem ser indicadas algumas pautas.
Primeiramente, ‘o clima de silêncio interior e exterior é próprio de cada
celebração litúrgica. De fato, trata-se de preparar a alma para escutar Deus,
que fala ao seu povo; de elevar-lhe louvores com alegria e receber da sua
misericórdia as maravilhas da graça, que são os sacramentos’.
A majestade do Pai
Em
segundo lugar, observa o Pe. Enrico, ‘Deus não pode jamais ser reduzido ao
nosso nível. Ele permanece sempre permeado pelo fulgor da sua transcendência.
Ainda que, com a Encarnação, o Filho unigênito tenha vindo habitar entre nós e
tenha permanecido conosco como amigos, Ele não desviou o olhar da majestade
divina do Pai, a quem demonstra uma absoluta obediência adoradora’.
Os 3 tipos de silêncio
Sobre
esta base teológica, a Igreja prevê mais de um tipo de silêncio : ‘O
silêncio preparatório para uma celebração (para os ministros na sacristia e
para os fiéis na nave); o silêncio ritual para realizar juntos os gestos e
pronunciar as orações estabelecidas, mas também para interiorizar os conteúdos
da Palavra proclamada e dos sinais santos presentes nos mistérios sagrados; e o
silêncio posterior à celebração, para não dispersar imediatamente a intensidade
do recolhimento interior’.
A importância do templo
Para
distinguir o ambiente de silêncio do da conversação e do encontro fraterno, ‘a
arquitetura eclesiástica clássica outorga primeiro o vestíbulo da igreja e mais
adentro o templo, que é o lugar de mediação e de passagem entre o culto do
templo e o tumulto do mundo’.
‘No templo, a devoção do coração e o encontro adorador com Deus se traduz nessa ‘sóbria exaltação do Espírito’ que invade os fiéis no êxodo da assembleia santa, onde recebem a Palavra que salva e o Pão da vida eterna: uma fraternidade regenerada, que do lugar santo se expande para o mundo.’
Educar os fiéis
Infelizmente,
constata o Pe. Enrico, ‘no contexto atual, o silêncio não é valorizado e se
torna difícil colocá-lo em prática, inclusive na igreja, e a educação para o
silêncio litúrgico deve ser retomada com constância e determinação’.
‘De
fato, não existem alternativas : sem silêncio interior e exterior, qualquer
tentativa de reflexão, de devoção e de contemplação se extingue ao nascer –
adverte. De fato, não é possível considerar suficiente para o crescimento na fé
uma celebração litúrgica só formal e exterior. Não podemos honrar Deus somente
com palavras, sem uma adequada correspondência do coração.’
Fé e paciência
Para
concluir, o liturgista convida a não se surpreender pelas ‘dificuldades que
o silêncio pode encontrar inclusive em seu próprio lugar, a igreja, e na ação
mais santa, a liturgia’.
‘Não
podemos desanimar. Trabalhemos com confiança, sustentados pela fé, para que,
com paciência e gradualmente, o povo cristão alcance novamente essa maturidade
religiosa de tempos melhores. Isso não será fruto de imposições formais, mas
exigência de uma oração convencida e de uma fé viva.’’
Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2015/02/25/por-que-e-tao-importante-fazer-silencio-na-missa/
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