quarta-feira, 14 de março de 2012

O Sermão de Santo António aos Peixes - Capítulo III

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


CONFIRMAÇÃO     
 

 Na terceira etapa do sermão, o Padre António Vieira confirma o louvor aos peixes, mas de caráter particular :
  
v critica a prepotência dos grandes, a vaidade dos homens, o mau comportamento dos parasitas, ambiciosos, hipócritas e traidores 

v de modo sagaz, enaltece a virtude dos peixes e a relação com o divino, enquanto os homens nem dão valor a isto; desta forma, ao glorificar a conduta dos peixes, ressalta o vício dos homens.
 

             Delineia a imagem, a ação e o significado de quatro peixes :

            1º - O Santo Peixe de Tobias o fel de suas entranhas, ao curar a cegueira, e seu coração, ao expulsar os demônios, exortam o poder purificador da Palavra de Deus        

2º - A Rémora a língua desse peixe pequenininho, dotado de imensa força, domina a cólera das paixões humanas ao impedir o avanço das naus Soberba, Cobiça, Vingança e Sensualidade; em contrapartida, ao prender-se num navio e pilotá-lo sozinha, representa o poder da Palavra difundida pelo condutor de almas (ou pregador), assim como o fez Santo António           

3º - O Torpedoutiliza as descargas elétricas para se defender, mas também para ‘tremer’ os pescadores; exprime a soberania da Palavra de Deus ao ‘tremer’ (converter) os mesmos homens que, em  terra, ‘pescam’ (metáfora aplicada à  guerra) inúmeras cidades e reinos sem que ninguém ‘trema’   

4º - O Quatro-olhos enquanto uma parelha de olhos contempla acima (defendendo-se de inimigos do ar, como as aves), outra parelha de olhos observa abaixo (defendendo-se de inimigos do mar); simboliza a incumbência do homem de retirar seus olhos das vaidades do mundo, ao fitar o céu...sem esquecer o inferno.
 

Embora os peixes não possam ir ao céu nem ao inferno, alimentam a todos :

. os ricos (através do salmão)

. os pobres (através da sardinha)
. os que almejam o âmbito celestial, tais como religiosos e leigos que se abstêm de carne na Quaresma e  
            . os que celebram, na Páscoa cristã, a ressurreição de Jesus Cristo.




Capítulo III 

 
'Este é, peixes, em comum o natural que em todos vós louvo, e a felicidade de que vos dou o parabém, não sem inveja. Descendo ao particular, infinita matéria fora se houvera de discorrer pelas virtudes de que o Autor da natureza a dotou e fez admirável em cada um de vós. De alguns somente farei menção. E o que tem o primeiro lugar entre todos como tão celebrado na Escritura, é aquele Santo Peixe de Tobias (71), a quem o texto sagrado não dá outro nome, que de grande, como verdadeiramente o foi nas virtudes interiores, em que só consiste a verdadeira grandeza. Ia Tobias caminhando com o Anjo São Rafael (72), que o acompanhava, e descendo a lavar os pés do pó do caminho nas margens de um rio, eis que o investe um grande Peixe com a boca aberta em acção de que o queria tragar. Gritou Tobias assombrado (73), mas o Anjo lhe disse que pegasse no Peixe pela barbatana e o arrastasse para terra; que o abrisse e lhe tirasse as entranhas e as guardasse, porque lhe haviam de servir muito. Fê-lo assim Tobias, e perguntando que virtude tinham as entranhas daquele Peixe que lhe mandara guardar, respondeu o Anjo que o fel (74) era bom para sarar da cegueira, e o coração para lançar fora os demónios: Cordis ejus particulam, si super carbones ponas, fumus ejus extricat omne genus Daemoniorum: et fel valet ad ungendos oculos, in quibus fuerit albugo, et sanabuntur (75).
 
Assim o disse o Anjo, e assim o mostrou logo a experiência, porque sendo o Pai de Tobias cego, aplicando-lhe o filho aos olhos um pequeno (76) do fel, cobrou inteiramente a vista; e tendo um Demónio chamado Asmodeu (77) morto sete maridos a Sara, casou com ela o mesmo Tobias, e queimando na casa parte do coração, fugiu dali o Demónio e nunca mais tornou. De sorte que o fel daquele peixe tirou a cegueira a Tobias, o velho, e lançou os Demónios de casa a Tobias, o moço. Um peixe de tão bom coração e de tão proveitoso fel, quem o não louvará muito? Certo que se a este Peixe o vestiram de burel (78) e o ataram com uma corda, parecia um retrato marítimo de Santo António. Abria Santo António a boca contra os Hereges, e enviava-se a eles (79), levado do fervor e zelo da Fé e glória divina. E eles que faziam? Gritavam como Tobias e assombravam-se (80) com aquele homem e cuidavam que os queria comer. Ah homens, se houvesse um Anjo que revelasse qual é o coração desse homem e esse fel que tanto vos amarga, quão proveitoso e quão necessário vos é! Se vós lhe abrísseis esse peito e lhe vísseis as entranhas, como é certo que havíeis de achar e conhecer claramente nelas que só duas cousas pretende de vós, e convosco: uma é alumiar e curar vossas cegueiras, e outra lançar-vos os Demónios fora de casa. Pois a quem vos quer tirar as cegueiras, a quem vos quer livrar dos Demónios, perseguis vós ?! Só uma diferença havia entre Santo António e aquele Peixe: que o Peixe abriu a boca contra quem se lavava, e Santo António abria a sua contra os que se não queriam lavar (81). Ah moradores do Maranhão, quanto eu vos pudera agora dizer neste caso! Abri, abri estas entranhas; vede, vede este coração. Mas ah sim, que me não lembrava! Eu não vos prego a vós, prego aos peixes.
 
Passando da Escritura ao da História natural, quem haverá que não louve e admire muito a virtude tão celebrada da Rémora (82)? No dia de um Santo Menor (83) , os peixes menores devem preferir aos outros. Quem haverá, digo, que não admire a virtude daquele peixezinho tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder, que, não sendo maior de um palmo, se se pega ao leme de uma Nau da Índia, apesar das velas e dos ventos, e de seu próprio peso e grandeza, a prende e amarra mais que as mesmas âncoras, sem se poder mover, nem ir por diante? Oh se houvera uma Rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo! Se alguma Rémora houve na terra, foi a língua de Santo António, na qual, como na Rémora, se verifica o verso de São Gregório Nazianzeno (84) : Lingua quidem parva est, sed viribus omnia vincit (85). O Apóstolo Santiago, naquela sua eloquentíssima Epístola (86), compara a língua ao leme da Nau e ao freio do cavalo. Uma e outra comparação juntas declaram maravilhosamente a virtude da Rémora, a qual, pegada ao leme da Nau, é freio da Nau e leme do leme. E tal foi a virtude e força da língua de Santo António. O leme da natureza humana é o alvedrio (87), o Piloto é a razão; mas quão poucas vezes obedecem à razão os ímpetos precipitados do alvedrio? Neste leme, porém, tão desobediente e rebelde mostrou a língua de António quanta força tinha, como Rémora, para domar e parar a fúria das paixões humanas. Quantos, correndo Fortuna na Nau Soberba (88), com as velas inchadas do vento e da mesma Soberba (que também é vento), se iam desfazer nos baixos (89), que já rebentavam por proa, se a língua de António, como Rémora, não tivesse mão no leme, até que as velas se amainassem, como mandava a razão, e cessasse a tempestade de fora e a de dentro?
 
Quantos, embarcados na Nau Vingança (90), com a artilharia abocada (91) e os bota-fogos (92) acesos, corriam enfunados a dar-se batalha, onde se queimariam ou deitariam a pique, se a Rémora da língua de António não detivesse a fúria, até que composta a ira e ódio, com bandeiras de paz se salvassem amigavelmente? Quantos, navegando na Nau Cobiça (93), sobrecarregada até as gáveas e aberta com o peso por todas as costuras, incapaz de fugir, nem se defender, dariam nas mãos dos Corsários com perda do que levavam e do que iam buscar, se a língua de António os não fizesse parar, como Rémora, até que, aliviados da carga injusta, escapassem do perigo e tomassem porto? Quantos, na Nau Sensualidade (94), que sempre navega com cerração, sem Sol de dia, nem Estrela de noite, enganados do canto das Sereias e deixando-se levar da corrente, se iriam perder cegamente, ou em Cila, ou em Caríbdis (95), onde não aparecesse Navio nem navegante, se a Rémora da língua de António os não contivesse, até que esclarecesse a luz, e se pusessem em via? Esta é a língua, peixes, do vosso grande Pregador, que também foi Rémora vossa, enquanto o ouvistes; e porque agora está muda (posto que ainda se conserva inteira (96)) se vêem e choram na terra tantos naufrágios.

Mas para que da admiração de uma tão grande virtude vossa, passemos ao louvor ou inveja de outra não menor, admirável é igualmente a qualidade daquele outro peixezinho, a que os latinos chamaram Torpedo (97). Ambos estes peixes conhecemos cá mais de fama que de vista; mas isto têm as virtudes grandes, que quanto são maiores, mais se escondem. Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a bóia sobre a água, e em lhe picando na isca o Torpedo, começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais breve e mais admirável feito? De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador. Com muita razão disse, que este vosso louvor o havia de referir com inveja. Quem dera aos pescadores do nosso elemento, ou quem lhe pusera esta qualidade tremente, em tudo o que pescam na terra! Muito pescam, mas não me espanto do muito; o que me espanta é que pesquem tanto, e que tremam tão pouco. Tanto pescar e tão pouco tremer? Pudera-se fazer problema: onde há mais pescadores e mais modos e traças (98) de pescar, se no mar ou na terra? E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda que fora grande consolação para os peixes; baste fazer a comparação com a cana, pois é o instrumento do nosso caso. No mar, pescam as canas, na terra pescam as varas, (e tanta sorte de varas), pescam as ginetas (99), pescam as bengalas (100), pescam os bastões (101) e até os ceptros (102) pescam, e pescam mais que todos, porque pescam Cidades e Reinos inteiros. Pois é possível que pescando os homens cousas de tanto peso, lhe não trema a mão e o braço?! Se eu pregara aos homens e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer. Vinte e dois pescadores destes que se acharam acaso a um Sermão de Santo António, e as palavras do Santo os fizeram tremer a todos de sorte que todos, tremendo, se lançaram a seus pés, todos, tremendo, confessaram seus furtos, todos, tremendo, restituíram o que podiam (que isto é o que faz tremer mais neste pecado que nos outros) todos enfim mudaram de vida e de ofício, e se emendaram.

Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei se foi ouvinte de Santo António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou a mim, e se eu fora outro, também me convertera. Navegando de aqui para o Pará (que é bem não fiquem de fora os peixes da nossa costa), vi correr pela tona de água de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia; e como me dissessem que os Portugueses lhe chamavam Quatro-Olhos (103), quis averiguar ocularmente (104) a razão deste nome, e achei que verdadeiramente têm quatro olhos, em tudo cabais e perfeitos. Dá graças a Deus, lhe disse, e louva a liberalidade (105) de sua divina Providência para contigo; pois às Águias, que são os linces (106) do ar, deu somente dois olhos, e aos Linces, que são as águias da terra, também dois; e a ti, peixezinho, quatro. Mais me admirei ainda, considerando nesta maravilha a circunstância do lugar. Tantos instrumentos de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos?! Oh quão altas e incompreensíveis são as razões de Deus, e quão profundo o abismo de seus juízos!

Filosofando, pois, sobre a causa natural desta Providência, notei que aqueles quatro olhos estão lançados um pouco fora do lugar ordinário, e cada par deles, unidos como os dois vidros de um relógio de areia, em tal forma que os da parte superior olham direitamente para cima, e os da parte inferior direitamente para baixo. E a razão desta nova arquitectura, é porque estes peixezinhos, que sempre andam na superfície da água, não só são perseguidos dos outros peixes maiores do mar, senão também de grande quantidade de aves marítimas, que vivem naquelas praias; e como têm inimigos no mar e inimigos no ar, dobrou-lhes a Natureza as sentinelas e deu-lhes dois olhos, que direitamente olhassem para cima, para se vigiarem das aves, e outros dois que direitamente olhassem para baixo, para se vigiarem dos peixes. Oh que bem informara estes quatro olhos uma Alma racional (107), e que bem empregada fora neles, melhor que em muitos homens! Esta é a pregação que me fez aquele peixezinho, ensinando-me que, se tenho Fé e uso da razão, só devo olhar direitamente para cima, e só direitamente para baixo: para cima, considerando que há Céu, e para baixo, lembrando-me que há Inferno.
 
Não me alegou (108) para isso passo da Escritura; mas então me ensinou o que quis dizer David em um, que eu não entendia: Averte oculos meos me videant vanitatem (109). Voltai-me, Senhor, os olhos para que não vejam a vaidade. Pois David (110) não podia voltar os seus olhos para onde quisesse? Do modo que ele queria, não. Ele queria voltados os seus olhos, de modo que não vissem a vaidade, e isto não o podia fazer neste mundo, para qualquer parte que voltasse os olhos, porque neste mundo tudo é vaidade: Vanitas vanitatum, et omnia vanitas (111). Logo, para não verem os olhos de David a vaidade, havia-lhos de voltar Deus de modo que só vissem e olhassem para o outro mundo em ambos seus hemisférios; ou para o de cima, olhando direitamente só para o Céu, ou para o de baixo, olhando direitamente só para o Inferno. E esta é a mercê que pedia a Deus aquele grande Profeta, e esta a doutrina que me pregou aquele peixezinho tão pequeno.

Mas ainda que o Céu e o Inferno se não fez para vós, irmãos peixes, acabo, e dou fim a vossos louvores, com vos dar as graças do muito que ajudais a ir ao Céu e não ao Inferno, os que se sustentam de vós. Vós sois os que sustentais as Cartuxas e os Buçacos (112), e todas as santas famílias, que professam mais rigorosa austeridade; vós os que a todos os verdadeiros Cristãos ajudais a levar a penitência das Quaresmas; vós aqueles com que o mesmo Cristo festejou a sua Páscoa, as duas vezes que comeu com seus Discípulos depois de ressuscitado. Prezem-se as aves e os animais terrestres de fazer esplêndidos e custosos os banquetes dos ricos, e vós gloriai-vos de ser companheiros do jejum e da abstinência dos justos. Tendes todos quantos sois tanto parentesco e simpatia com a virtude, que, proibindo Deus no jejum a pior e mais grosseira carne, concede o melhor e mais delicado peixe. E posto que (113) na semana só dois se chamam vossos (114), nenhum dia vos é vedado. Um só lugar vos deram os Astrólogos entre os Signos celestes, mas os que só de vós se mantêm na terra, são os que têm mais seguros os lugares do Céu. Enfim, sois criaturas daquele elemento, cuja fecundidade entre todos é própria do Espírito Santo: Spititus Domini faecundabat aquas (115).

Deitou-vos Deus a benção, que crescêsseis e multiplicásseis; e para que o Senhor vos confirme esta bênção, lembrai-vos de não faltar aos pobres com o seu remédio. Entendei que no sustento dos pobres tendes seguros os vossos aumentos. Tomai o exemplo nas irmãs sardinhas. Porque cuidais que as multiplica o Criador em número tão inumerável? Porque são sustento de pobres. Os Solhos e os Salmões são muito contados, porque servem à mesa dos Reis e dos poderosos; mas o peixe que sustenta a fome dos pobres de Cristo, o mesmo Cristo o multiplica e aumenta. Aqueles dois peixes companheiros dos cinco pães do Deserto, multiplicaram tanto, que deram de comer a cinco mil homens (116). Pois se peixes mortos, que sustentam a pobres, multiplicam tanto, quanto mais e melhor o farão os vivos! Crescei, peixes, crescei e multiplicai, e Deus vos confirme a sua benção.'


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(71) Filho de Tobias, o Velho, ou Tobite, judeu fiel à lei e que no fim da vida veio a cegar. Em Ecbátana vive Sara, filha de um parente que casou sucessivamente com sete maridos, todos fulminados no dia do casamento. Deus intervém através do Anjo Rafael. Tobias cura a cegueira do pai, expulsa o demónio de Sara e casa com ela.  

(72) Um dos sete anjos que estão na presença do Senhor. Enviado à terra para acompanhar o jovem, Tobias, com poder sobre as doenças e os demónios.

(73) Aterrado, espantado, assustado.

(74) Bílis ou vesícula biliar, típica pelo seu amargor.

(75) Tobias, 6, 8 (N. de V.). Trad.: Se puseres um pedaço de coração deste [peixe] sobre brasas, o seu fumo afugenta todo o gênero de demonios; o fel serve para ungir os olhos em que houver belida e sararão.

(76) Um pouco de fel. Saliente-se a expressão partitiva frequente em antigo Português.  


(77) Nome do demonio que matou no dia do casamento sete maridos dados a Sara, filha de Raquel. Tobias, queimando o coração e o fígado dum peixe, afugentou-o para o deserto.

(78) Tecido grosseiro de lã que servia para hábitos de frades.

(79) Lançar-se, atirar-se. A predicação de Santo António era violenta, era uma luta constante com os homens. O termo muito enérgico é próprio das novelas de cavalaria e dos relatos militares.

(80) Assustar-se.

(81) Entenda-se: lavar dos pecados.  
  
(82) Rémora: peixe cujas estanhas propriedades aparecem relatadas na História Natural de Plínio (séc. I D.C.), livro que funcionou como uma enciclopédia, no mundo antigo. 

(83) A ordem de São Francisco era uma ordem Menor.  

(84) Teólogo e bispo nascido em Nazianzo, na Capadócia, cerca de 330 onde veio a morrer em 390. A sua cultura deve-se ao facto de ter frequentado as academias de Cesareia, Alexandria e Atenas. O poder oratório e a sabedoria atraíam muitos ouvintes aos seus sermões e homílias, cuja doutrina lhe veio a merecer o cognome de "Teólogo".

(85) São Gregório Nazianzeno (N. de V.). Trad.: Na verdade a língua é pequena mas vence tudo em esforço.
 
(86) Epístola de São Tiago, 3, 3-5.

(87) Livre arbítrio, isto é, capacidade de se autodeterminar, independentemente das razões justificativas dum facto.

(88) Nau do orgulho ou soberba que gera o desprezo dos inferiores ou menos dotados da fortuna.

(89) Baixios, bancos de areia.

(90) A nau que tudo pratica para obter satisfação do ódio e que tantos crimes acarreta.

(91) Apontada.  

(92) Pau com um morrão na ponta, que servia para pegar fogo às peças de artilharia.  

(93) A nau em que embarca a cobiça ou ambição, por quanto ela nada poupa desde que sirva os seus desejos imoderados.  

(94) A nau dos prazeres que vem dos sentidos e principalmente do sexo, cujo abuso faz perder as faculdades, como a ciência demonstra amplamente. 
 
(95) Escolhos no estreito de Messina onde se afundavam muitos navios. Cila era um monstro marinho que devorou seis dos companheiros de Ulisses; Caríbdes, outro monstro, filha da Terra e de Poseidon. Zeus fulminou-a pela sua voracidade e precipitou-a no mar, transformando-a em monstro que devorava quantos passassem ao alcance, mesmo os barcos. Ulisses logrou escapar duas vezes ao seu insaciável apetite. Foram divinizados pela imaginação dos antigos.  

(96) Existe como relíquia na sua basílica de Pádua.  

(97) Torpedo: hoje dito tremelga, peixe que produz descargas elétricas com as quais se defende.  

(98) Artimanhas, astúcias.  

(99) Lança ou bastão próprio dos capitães.  

(100) Pequeno bastão que serve de insígnia da autoridade. 
  
(101) Varas, ginetes, bengalas e bastões eram as insígnias respectivamente dos cargos de juíz, capitão, mestre-de-campo e do posto designado por "grau de bastão".  

(102) Bastão que simboliza a autoridade régia.

(103) Peixe das costas do Brasil, de olhos tão salientes que posto à superfície da água, consegue observar o que se passa fora e dentro dela.  

(104) Com os olhos.

(105) Generosidade, prodigalidade.

(
106) Mamífero carnívoro, famoso pela agudeza visual, cujo comprimento atinge um metro, com vinte centímetros de cauda e um pincel de pelos pretos nas orelhas.

(107) Entenda-se: "Como uma alma racional daria forma, vida e sentido verdadeiro a estes quatro olhos".

(108) Aduzir, invocar, argumentar.

(109) Salmo, 11, 37 (N. de V.) . ( Trata-se na verdade do Salmo, 117, 37).


(110) Rei de Israel (1001 – 970). Dedicava-se à pastorícia quando Deus o indicou ao profeta Samuel para substituir o rei Saul. Na corte, tocando harpa, distrai o rei nas suas melancolias. Entretanto, em duelo singular com o gigante Golias dos Filisteus, e valendo-se apenas da sua funda de pastor, derruba o adversário e torna-se famoso. Saul emprestara-lhe a sua armadura mas ele rejeitou-a porque não conseguia combater com ela. O rei, cioso da fama de David, intenta matá-lo. Saul morre e David vê-se obrigado a combater contra os seus descendentes e reconquista a Palestina até ser reconhecido rei. Morreu aos setenta anos tendo reinado cerca de quarenta. Deixou salmos inspirados, isto é, cânticos patriótico-religiosos dos israelitas, cuja leitura (na Bíblia) o deleita certamente.

(111) Eclesiastes, 1, 2 (N. de V.).

(112) Duas ordens contemplativas, a cartuxa e a carmelita: esta última criara um cenóbio na mata do Buçaco.

(113) Ainda que.

(114) Os dias de abstinência eram então sexta-feira e sábado.

(115) Gênesis, 1,5, Sept. (N. de V.). Trad.: O espírito do Senhor fecundava as águas.

(116) Alusão ao milagre da multiplicação dos pães, relatado nos 4 Evangelhos.



Um comentário:

Julia disse...

Gostei muito, ajudou bastante no trabalho que precisei fazer

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