domingo, 26 de janeiro de 2025

Sagrada Tradição e Sagrada Escritura

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Luís Eugênio Sanábio e Souza,

escritor 


‘A fé cristã é fruto da graça divina que nos conduz a acolher a Tradição Apostólica e a Sagrada Escritura, que o Magistério da Igreja Católica guarda e interpreta com autoridade ao longo dos séculos. Portanto, o verdadeiro conhecimento sobre os ensinamentos de Jesus Cristo não nasce de opiniões ou interpretações subjetivas e isoladas ao longo da história.  Jesus Cristo ordenou aos apóstolos que o Evangelho fosse por eles anunciado a todos os homens (Mateus 28,19-20) e esta transmissão, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras :  oralmente e por escrito.  A transmissão oral é chamada de Tradição Apostólica enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela.  Esta Tradição é a que vem dos apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que receberam por meio do Espírito Santo que Jesus prometeu a eles (João 14,26).  Daí resulta que a Igreja ‘não deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada Escritura. Por isso, ambas (Tradição e Escritura) devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência’ (Concílio Vaticano II: DV, 9).  

A Igreja explica que da Tradição Apostólica é preciso distinguir as ‘tradições’ teológicas, disciplinares, litúrgicas ou devocionais surgidas ao longo do tempo nas comunidades locais.  É à luz da grande Tradição que estas ‘tradições’ podem ser mantidas, modificadas ou mesmo abandonadas, sob a guia do Magistério da Igreja.  Comentando sobre a Tradição Apostólica, o memorável Papa Bento XVI assim disse :  ‘Podemos afirmar portanto que a Tradição não é transmissão de coisas ou palavras, uma coleção de coisas mortas. A Tradição é o rio vivo que nos liga às origens, o rio vivo no qual as origens estão sempre presentes. O grande rio que nos conduz ao porto da eternidade. E sendo assim, neste rio vivo realiza-se sempre de novo a palavra do Senhor : ‘E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos’ (Mt 29, 20).  Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados.  Escritos sob a inspiração do Espírito Santo, os textos bíblicos têm Deus como autor. 

Foi a Tradição Apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados que é denominada ‘Cânon’ das Escrituras.  Esta lista comporta 46 escritos para o Antigo Testamento e 27 para o Novo Testamento.  A primeira geração de cristãos ainda não dispunha de um Novo Testamento escrito, e o próprio Novo Testamento atesta o importante processo da Tradição viva. O Concílio Vaticano II indica três critérios para ler a Sagrada Escritura :  1. Prestar atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira ;  2. Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja inteira; 3. Estar atento ‘à analogia da fé’ que é a coesão das verdades da fé entre si e no projeto total da revelação divina.  ‘O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo’ (Concílio Vaticano II: DV, 10).   Crer é um ato pessoal e ao mesmo tempo eclesial. 

A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a fé do fiel católico. ‘Ego vero Evangelio non crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas’ =  ‘Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja Católica’ (disse Santo Agostinho, nascido no ano 354).

‘Fica, portanto, claro que, segundo o sapientíssimo plano divino, a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal modo entrelaçados e unidos que um não tem consistência sem os outros, e que, juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas’ (Concílio Vaticano II: DV n° 10).’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2025-01/sagrada-tradicao-sagrada-escritura.html

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