"Todos nós somos diferentes. Não existe um só ser no mundo que seja idêntico a outro".(Clique aqui para ler a primeira parte!)
- João, não
vem com essa que não sou idiota. - diz Ana.
- Não disse
isso de você. Na verdade você é minha amiga e eu nunca diria, pois jamais vi
você como uma idiota. Na verdade acho você bem inteligente, é a melhor aluna da
sala. – João pára um momento e ri.
- Por que
está rindo? Pergunta Ana. – Tem algum motivo para isso?
- Calma.
Fique tranquila. É que eu me lembrei do primeiro dia que te vi. Na verdade eu
fiquei intrigado, nunca tinha visto uma menina ajudando o pai.
- Como
assim? – pergunta Ana não entendendo do que João falava.
- Você
estava ajudando o seu pai a recolher terra. Lembra?
- É verdade,
tinha bastante terra e ninguém para ajudar meu pai. E eu sempre ajudo meu pai e
aquele dia foi muito legal, ele me ensinou a usar o prumo. Sabe aquela régua
com uma aguinha colorida que faz com que deixemos as paredes ou superfícies
retas. Foi legal, mas meus braços ficaram doendo depois. De noite meu pai
fez massagem nos meus braços e disse que a dor passaria com o tempo e o
costume. E que essa dor era como a dor da vida, dói muito quando não estamos
preparados para ela, mas quando nos preparamos ela é tranquila.
- Eu acho
que seu pai tem razão. E aí está a resposta da sua pergunta.
- Hummmm!!!
Como? Aonde foi que eu me perdi? O que tem a ver, eu carregar terra com meu pai
e ser diferente.
- Tudo,
pequena flor. – Diz João apertando a bochecha direita de Ana, que faz uma cara
de que voei. – Então me deixe continuar o raciocínio. – fala João agora fazendo
caras e bocas de sabido.
- Claro que
sim. Convença-me. – fala Ana chacoalhando a cabeça negativamente por instante e
fixa o olhar em João.
- Não é o
fato isolado de carregar terra que a faz diferente. Você carrega terra por que
é diferente. E isso que é maravilhoso e é único em você. Como eu te disse, aquele dia eu fiquei
intrigado, mas depois de uns dias lembra o que aconteceu?
- Não, o que
aconteceu?
- Você
salvou minha bíblia e a mim de levar uma surra. – Fala com tristeza.
- Mas é
claro, primeiro que eu não ia deixar aqueles meninos sem noção baterem em você. E eles estavam em maior número.
- Não se
trata disso. Eles continuavam em maior número mesmo com você. Eram dois para
não dizer um por que eu não brigaria. Afinal em questão de ser diferente, eu
ganho de você.
- Eu sabia.
Eu já sabia disso quando te conheci, que você era um menino criado diferente,
não como os daqui da vila pérola, que resolvem tudo no braço. Eles se acham
machões e são apenas primitivos.
- Então,
percebeu onde o fato de você ser diferente é o que te faz única. Se você não
fosse diferente nós não seriamos amigos. Eu não teria mais minha bíblia que
ganhei da minha avó, e eu teria levado uma surra daquelas.
- Será? –
Ana gira os olhinhos por momento enquanto pensa.
- E o que eu
achei mais impressionante em você, é que você só conversou com cada um e ninguém
saiu ferido. Você resolveu de maneira diferente e brilhante a briga, claro que
todos ficaram com medo de você inclusive eu, mas quando te vi resolvendo a
situação senti um alivio.
- É? Será
que eu tenho esse poder? – diz Ana sorrindo.
- Todas as
pessoas são obras de Deus, mas algumas são diferentes, elas são na verdade
especiais como às pérolas. E essas como minha avó diz: são especiais e raras.
Difíceis de encontrar.
- Não
entendi. – fala Ana curiosa
- Por que
para que se forme uma pérola é necessário um conjunto de coisas, não é fácil.
As pérolas se formam dentro das ostras de um pequeno grão de areia, por
exemplo. E a ostra vai fabricando uma meleca que envolve esse grãozinho, assim
que ela se defende, pensando que ele vai lhe fazer mal. De qualquer maneira ela
quer ficar longe do intruso.
- Verdade?
Então eu posso dizer que a ostra é as meninas e os meninos? – fala com um ar de
felicidade.
- Pode, é
claro Ana. E digo mais, e você era o grãozinho de areia, que eles sem saberem
transformaram em uma pérola.
- Gostei
disso. – fala com um sorriso. – E você é quem nessa história.
- Bem eu sou
o pescador que achou a ostra e a curou.
- E ficou
rico, vendendo a pérola? – Sabido você. Vamos dividir o dinheiro?
- Não Ana,
quando se acha uma pérola dessas não se vende, ela se torna nossa amiga.
- Agora eu
entendi. Você é o pescador e eu sou uma pérola? Por ser diferente eu sou eu. E
você é você.
- Certo. E
que bom que você é diferente de mim. – fala João com um suspiro de alívio por
ver a tranquilidade em sua amiga Ana.
- Que bom
que você é meu amigo. – fala Ana batendo levemente no ombro de João.
-
Annnnnaaaaa!!!!! Joããããããoooo!!! O sinal já tocou. O recreio acabou, vamos...
vamos...
- Estamos
indo professora!!!! – grita Ana.
- Estamos
indo Professora!!!! – grita João.
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