Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘A questão da fixação dos exames de fim de ano letivo de 2024 para os
estudantes sudaneses e refugiados no Egito, tema do encontro entre os ministros
dos Negócios Estrangeiros dos dois países, mostra como a guerra no Sudão afeta
a vida estudantil dos jovens. Segundo fontes governamentais, há cerca de 1,2
milhões de refugiados sudaneses no Egito, incluindo crianças em idade escolar
que não podem integrar-se no ensino porque não são registadas logo que chegam
ao Egito. O problema da escolarização por causa da guerra é semelhante em todo
o continente, especialmente na África subsariana.
Vastas zonas do continente africano estão hoje dilaceradas por
conflitos, pela violência praticada por grupos armados, pela luta pelo controlo
dos recursos : África Ocidental e Sahel, Nigéria, República Democrática do
Congo, Etiópia... Por todo o lado, a escola e a educação são as primeiras
vítimas dos confrontos armados, porque a continuação das atividades educativas
normais é vista como um obstáculo à ação das milícias. As Nações Unidas estimam
este ano que quase 40% dos ataques a escolas em todo o mundo ocorrem em África,
onde foram registados mais de dois mil e quinhentos nos últimos anos.
No Sahel, há atualmente cerca de 14 000 escolas que foram fechadas, com
cerca de 2,8 milhões de crianças que não podem ir à escola. Na República
Democrática do Congo, o problema é generalizado nas regiões orientais, onde
operam tanto grupos armados extremistas como grupos apoiados por países
vizinhos. Só no início deste ano, cerca de quinhentas escolas foram encerradas
no Kivu do Norte, um número que não deverá melhorar até 2025, dada a
persistência da violência. No total, de acordo com estimativas publicadas pela
Unesco em setembro último, 30% de todos os menores do mundo que não vão à
escola concentram-se apenas na África subsariana.
O problema agrava-se quando se tem em conta que a população do
continente é a mais jovem do mundo. Um elevado número de crianças que não
frequentam a escola devido a conflitos acrescenta incerteza e novos problemas
relativamente às perspetivas de futuro. Curar a escolaridade pode garantir um
desenvolvimento económico o mais alargado possível, mas hoje em dia há
demasiadas crianças e jovens refugiados devido às guerras ou que ainda vivem
nos bairros de lata das grandes cidades (segundo dados da Unicef atualizados
para 2020, existem mais de 1,8 mil milhões no mundo, concentrados sobretudo em
África e na Ásia) e correm o risco de ficar à margem da sociedade para o resto
das suas vidas.
No caso das crianças que não vão à escola devido aos conflitos, o
fenómeno assume também caraterísticas de gênero, porque as raparigas são
frequentemente as primeiras a deixar de ir à escola e as últimas a retomar os
estudos após o fim dos conflitos.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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