Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Miguel Oliveira Panão
‘Num mundo em que a tecnologia e
a consciência coexistem, a inteligência artificial (IA) impõe desafios e oportunidades
que se interligam e nos mostram em que nos tornamos com a tecnologia que
desenvolvemos. Quando estive recentemente com um grupo de professores de
Educação Moral e Religiosa Católica a refletir sobre como a IA reconfigura a
nossa relação com o tempo e com a própria existência, lembrei-me da ideia de atualizarmos
a experiência que temos de tempo para a versão Tempo 3.0, título do
livro que escrevi sobre o assunto. O novo paradigma da experiência de tempo
propõe a vivência do tempo profundo como dimensão mais profunda e
transformadora, na qual o ser humano encontra o seu potencial de
autoconhecimento e evolução através do desenvolvimento da sua consciência. Qual
o impacto da IA nesse desenvolvimento?
A evolução da IA orientou-se para interpretar e produzir linguagem
natural humana. Hoje, a IA atua mais como uma co-inteligência do que um simples
motor de busca avançado, abrindo horizontes na extensão da capacidade humana de
pensar. Estarmos cientes disso deveria convidar-nos à introspecção e à redescoberta
da dimensão espiritual que nos torna verdadeiramente humanos.
Incorporar a IA na nossa vida quotidiana implica reconhecer tanto as
suas potencialidades como os desafios éticos que emergem. Podemos automatizar
tarefas burocráticas, traduzir e refinar ideias, mas o pensamento crítico
humano será sempre insubstituível. Em contextos educativos, o risco reside na
uniformização do saber e na dependência excessiva de respostas prontas, levando
à perda da autonomia intelectual. Por isso, torna-se imperativo que os
educadores promovam um equilíbrio que permita à tecnologia ser uma aliada no
aprofundamento do conhecimento, sem prejudicar o diálogo e a criatividade
inerentes ao processo formativo, sobretudo da nossa consciência.
O desenvolvimento da nossa consciência plena, ou noofulness,
como um estado de atenção e reflexão que aprofunda a percepção consciente de
nós, dos outros e do mundo que nos rodeia encontra desafios provenientes da
saturação de informação onde vivemos imersos. Só uma ponderação entre o valor
que a co-inteligência traz ao modo de aprendermos seja o que for pode evitar um
regresso à dormência da consciência, em vez do despertar que devia acontecer
com cada vez maior intensidade, num mundo que cresce em complexidade. Nessa
linha, para onde tende o mundo? O mundo tende para a unidade onde o pensamento
se revela um ato de amor.
Inspirado por ideias de Teilhard de Chardin, penso que a IA pode ser um
instrumento para a emergência do espírito, através da partilha do conhecimento
e da construção de uma noosfera (esfera do pensamento humano) que abraça a
diversidade cultural e religiosa. O mundo está em constante movimento e as
consciências sistematicamente moldadas pelos avanços tecnológicos. Se
preservarmos a essência do ser humano como amor, permanecerá o diálogo com o
transcendente.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1331/inteligencia-artificial-e-a-consciencia-humana/
Nenhum comentário:
Postar um comentário