Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Uma das mais visíveis expressões da fé cristã é a assembleia
litúrgica, a Kahal, citada em Deuteronômio 9,10, e a ekklesia,
como no Evangelho de Mateus (cf. 16,18). É o encontro dos chamados, convocados
pelo próprio Deus, por Javé, na experiência veterotestamentária, e pelo próprio
Filho de Javé no Segundo Testamento, portanto, a liturgia é a realização do
encontro daqueles que ouvem o chamado de Deus e querem se encontrar para que
possam assim responder melhor com a vida, celebrada e vivida, ao chamado de
Deus.
Os seres humanos somos mediados pelas palavras, sons, símbolos e desse
modo conseguimos compreender a nós mesmos e o que nos rodeia e ser
compreendidos, dotados de corpo, mente e espírito, imagem e semelhança de Deus,
como nos ensina e recorda o livro do Gênesis 1,26, entramos em comunicação e
relação com o mundo e a partir de Deus temos a missão de resgatar, construir e
fortalecer a comunhão. A experiência de celebrar tem o valiosíssimo tesouro de
nos permitir todos os dias, ou ao menos no domingo, o dia do Senhor, não perder
de vista esse edificante propósito.
O ser humano, ser de comunicação por diversos meios, especialmente pelos
rituais e símbolos, é um ser litúrgico, em sua individualidade e especialmente
na dimensão comunitária, junto com os outros, fortalecendo laços constituídos e
conquistados; temos rituais cotidianos e em todas as culturas há os grandes
ritos e rituais.
A experiência da vida cristã, da liturgia dos discípulos e discípulas de
Jesus, é originária e originante, tem a sua origem em Jesus Cristo, o Filho de
Deus feito humano, é a Última Ceia participada por Jesus com seus discípulos,
que fez alargar a ceia judaica e dar-lhe um sentido pleno que atravessou o
tempo e o espaço, da Jerusalém no século primeiro aos nossos tempos e onde
vivemos; originante da Igreja e de todos os outros sacramentos e atos
litúrgicos, apontou num tríduo para o nascimento de um novo tempo, a começar
pelo primeiro dia da semana, o dia do Senhor, o domingo, aproximando passado,
presente e futuro, memória, realidade e plenitude. Participar da liturgia, de
modo consciente e cada vez mais amadurecido é alcançar ‘(…) o cume para o qual
tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua
força’ (Sacrosanctum Concilium,10).
A fé, vivida e celebrada na liturgia, permite-nos compreender o que
cremos e mais em quem cremos, por isso celebramos a Eucaristia, por excelência,
e todos os outros sacramentos, sacramentais e rituais, dando-nos a iluminação,
a sabedoria e o entendimento para vivermos crentes, discípulos e discípulas de
Jesus, filhos e filhas de um Deus Pai e acolhedores do Espírito Santo; assim
dialogamos com Deus todos os segundos, minutos, horas e dias, a cada mês e a
cada ano, fazendo um percurso existencial, na forma da espiral, cada vez mais
próximos da meta, o Céu.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/experiencia-de-fe-por-meio-da-liturgia.html
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