Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘É sempre bom recordar as palavras de Jesus quando, reunindo os seus
apóstolos, apresentou suas últimas instruções antes de sua ascensão. O encontro
foi de orientação e de motivação para o grupo que foi enviado em mandou-os em
missão de fazer novos discípulos : ’Naquele tempo, os onze discípulos
foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram
Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram. Então Jesus
aproximou-se e falou : ‘Toda a autoridade me foi dada no Céu e
sobre a Terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a
observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até
ao fim do mundo’ (Mt 28,16-20).
Três aspectos que iluminam a nossa reflexão sobre o mandato de Jesus a
seguir :
- A obediência dos
discípulos – eles obedecem ao pedido do Senhor;
- A contemplação dos
discípulos – contemplam e adoram Cristo;
- O envio dos
discípulos – eles são enviados em missão.
Temos, então, um itinerário de vida de fé : obediência,
contemplação e missão.
Podemos conferir o contraste entre as expectativas dos apóstolos e a
missão que Jesus se propunha a assumir. Ele chamava sua comunidade para uma
missão além-fronteiras, motivando-os a abandonar a zona de conforto e as
expectativas anteriores.
Sair da própria terra é sempre um desafio. As palavras de Jesus remetem
ao chamado de Abraão: ‘O Senhor disse a Abrão : ‘Sai da tua terra, do meio de
teus parentes, da casa de teu pai, e vai para a terra que eu vou te mostrar.
Farei de ti uma grande nação e te abençoarei : engrandecerei o teu nome, de
modo que ele se torne uma bênção’’ (Gn 12,1-3). Observe-se : sair da sua terra;
sair da casa da família; sair para um lugar desconhecido, uma terra prometida;
ser pai da fé; pai de uma grande nação.
Gerar novos filhos para Deus e levá-los para uma rica experiência de fé
é o mesmo que fazer novos discípulos como pede Jesus.
A comunidade dos discípulos é revestida de motivação : ’Eis
que eu estarei convosco todos os dias’ (Mt 28,20) – motivação para uma missão
que se fortalece quando se alimenta de fé, de confiança e de esperança.
Observe-se : fé para reconhecer o seu chamado, escutar a sua voz;
confiança para aceitar e se entregar em suas mãos; esperança para trilhar o
caminho do seguimento; ir para onde Ele nos levar.
O que essa passagem do Evangelho traz de inspiração para a catequese
hoje? A catequese tem uma árdua e encantadora missão : introduzir, com
profundidade, a Palavra de Deus no processo de iniciação à vida cristã.
No caminho do discipulado, catequético e missionário, é necessário que
exista um progressivo envolvimento com a Sagrada Escritura, a Palavra de Deus :
‘A missão de iniciar na fé coube, na Igreja antiga, à liturgia e à catequese’
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Documento 107,
70).
Catequese é ‘um processo dinâmico e abrangente de educação da fé, um
itinerário, e não apenas uma instrução’ (Catequese renovada, 281);
processo que leva ao acolhimento da Palavra de Deus e da Pessoa de Jesus
Cristo; acolhimento da verdade de fé: a Palavra se fez carne e veio habitar
entre nós (cf. Jo 1,14).
Uma verdade que precisa ser transmitida com competência
O Papa Francisco, em sua Carta Apostólica Antiquum Ministerium sob
forma de motu próprio, diz : ‘Toda a história da evangelização destes dois
milênios manifesta, com grande evidência, como foi eficaz a missão dos
catequistas. Bispos, sacerdotes e diáconos, juntamente com muitos homens e
mulheres de vida consagrada, dedicaram a sua vida à instrução catequética, para
que a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser
humano. Além disso, alguns reuniram à sua volta outros irmãos e irmãs, que,
partilhando o mesmo carisma, constituíram ordens religiosas totalmente dedicadas
ao serviço da catequese. Não se pode esquecer a multidão incontável de leigos e
leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do
ensino catequético. Homens e mulheres, animados por uma grande fé e verdadeiras
testemunhas de santidade, que, em alguns casos, foram mesmo fundadores de
Igrejas, chegando até a dar a sua vida’ (3).
Ele vai indicar que a missão da catequese é uma ação evangelizadora; é
insubstituível; é missão própria do Bispo e dos outros sujeitos a serviço da catequese
: presbíteros, diáconos, religiosos(as), famílias, catequistas, leigos(as) que
estão presentes no mundo; é uma missão salvadora da Igreja para o mundo.
Queridos catequistas, é importante reconhecer a incansável participação
de vocês, anunciando o Evangelho de Cristo com competência, criatividade e
dedicação.
É missão da catequese :
- conduzir as pessoas
na adesão a Jesus Cristo, introduzindo-as nos sacramentos da iniciação
cristã : Batismo, Confirmação e Eucaristia;
- educar para a escuta
da Palavra e para a oração pessoal, ‘mediante a leitura orante,
evidenciando uma estreita relação entre Bíblia, catequese e liturgia’
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Documento 107,
66);
- permanecer na
centralidade do querigma (primeiro anúncio das verdades da fé) para o
amadurecimento e para a maturidade da fé;
- favorecer, no
seguimento de Jesus, uma experiência mistagógica (pedagogia do
mistério) para progredir no conhecimento e na vivência do mistério
pascal.
Lembremo-nos sempre do que disse Jesus : ‘Asseguro-vos que quem ouve a
minha Palavra e crê em quem me enviou, tem vida eterna’ (Jo 5,24). Hoje,
desafia-nos a urgência de construirmos comunidades eclesiais missionárias,
comprometidas com o anúncio da Palavra de Deus, nas diferentes realidades da
vida.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/a-missionariedade-na-catequese-testemunho-e-servico.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário