segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A mente sintética e contemplativa de Hans Urs von Balthasar


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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Hans Urs von Balthasar : sacerdote, teólogo e escritor suíço

*Artigo de Anthony Sciglitano  


Hans Urs von Balthasar (1905-1988) está entre os dois ou três teólogos católicos mais importantes do século XX.

Sua vida é fascinante, de amizades polêmicas, escolhas difíceis, diálogo extensivo e grandes e frutíferas missões cristãs. 

Balthasar iniciou uma editora (Johannes Verlag) e uma comunidade para formação cristã, a Comunidade de São João (Johannesgemeinschaft), ambas as quais permanecem ativas hoje.

O seu maior trabalho teológico é a trilogia em 15 volumes (versão inglesa) de Theological Aesthetics (Beauty – Beleza), Theological Dramatics (Goodness – Bondade) and Theological Logic (Truth – Verdade).

Cada conjunto de volumes explora a relação da Divina Glória como revelada na escritura e na tradição à beleza, à bondade e à verdade do mundo, refletidas por grandes pensadores, escritores e artistas e também conhecidas à luz da revelação e da graça. É essa luz, refletida mais brilhantemente através da vida, do ensino e da missão de Jesus Cristo, que apresenta a medida de toda a beleza, verdade e bondade.

A mente de Balthasar é mais bem caracterizada como sintética e contemplativa : vê o todo primeiro, depois as partes à luz do todo. Balthasar sugere primeiro receber a Palavra de Deus como se fosse uma bela obra de arte ou partitura musical, permitindo ao trabalho apresentar seus contornos, conexões e significado básicos através de uma ‘observação’ ou ‘contemplação’ de sua forma. É apenas a forma ou o padrão primordial da revelação de Deus que permitirá que as peças juntem-se e entrem em foco. De fato, a ‘forma’ é uma das ideias mais importantes de Balthasar.

Os gregos estariam certos ao ver o mundo iluminado, radiante ou epifânico. Essa luz brilha a partir da forma, de padrões que permitem que mentes como a nossa tenham acesso ao significado, à luz. Forma é o perfil exterior de uma profundidade ou interioridade que brilha através dela. A forma diferencia a rocha da planta, a planta do animal, o animal do ser humano, uma partitura musical de um poema, a poesia da filosofia etc. Além da forma, o desejo humano ou eros, para o conhecimento, seria inútil.

A criatura humana vive em um mundo que se dá em infinitas formas, cores e sons. Em outras palavras, o eros, ou o desejo de nossas mentes de ir para fora encontra um mundo que sempre está dando a si mesmo, expressando-se de forma inteligível para nossas mentes. Isso é um presente notável; também é um presente, segundo Balthasar, que o mundo seja sempre mais – mais rico, mais denso, mais variado – do que nossas mentes possam compreender em qualquer momento. Este também é um presente que nos chama a dialogar com os outros.

Expressar o significado de tudo isso – a sua beleza, a verdade, a bondade, mas também as suas dores – tem sido a missão de poetas, filósofos, artistas, profetas, religiões em culturas e tempos. Tais pensadores e as formas culturais que eles produzem expressam o que eles concebem para ser realmente dignos de louvor.

Deus também, de maneira análoga, é um artista, um poeta, um filósofo que entra no lugar onde podemos encontrá-lo naturalmente : no ser do mundo, em uma forma particular que é sua obra de arte. Deus revela a si mesmo – e, portanto, Verdade, Bondade e Beleza – através da história dramática da fé de Israel e, em última instância, no padrão da vida de Jesus : sua oração, obediência ao Pai, humildade, amor ao próximo e ao inimigo, veracidade, perdão, cuidados apaixonados pelos mais desprezados da sociedade, e autoentrega total de amor exorbitante. Sob essa medida e inspiração, o conhecimento não é para o poder, mas para o serviço, não para o heroísmo, mas para a doação gratuita, e para beleza, não para imagem superficial, mas a forma convincente de uma vida dada aos outros. O movimento aqui, para Balthasar, oferece uma participação na missão divina de Cristo, não através de uma ascensão mística de elite, mas, sim, através de uma descida para os mais necessitados onde, paradoxalmente, os cristãos encontram o rosto de Deus e a alegria de sua imagem.’


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