Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Hans Urs von Balthasar : sacerdote, teólogo e escritor suíço
*Artigo
de Anthony Sciglitano
‘Hans Urs von Balthasar
(1905-1988) está entre os dois ou três teólogos católicos mais importantes do
século XX.
Sua vida é fascinante, de amizades polêmicas,
escolhas difíceis, diálogo extensivo e grandes e frutíferas missões cristãs.
Balthasar iniciou uma editora (Johannes Verlag)
e uma comunidade para formação cristã, a Comunidade de São João (Johannesgemeinschaft),
ambas as quais permanecem ativas hoje.
O seu maior trabalho teológico é a trilogia em 15
volumes (versão inglesa) de Theological Aesthetics (Beauty –
Beleza), Theological Dramatics (Goodness – Bondade) and Theological
Logic (Truth – Verdade).
Cada conjunto de volumes explora a relação da Divina
Glória como revelada na escritura e na tradição à beleza, à bondade e à verdade
do mundo, refletidas por grandes pensadores, escritores e artistas e também
conhecidas à luz da revelação e da graça. É essa luz, refletida mais
brilhantemente através da vida, do ensino e da missão de Jesus Cristo, que
apresenta a medida de toda a beleza, verdade e bondade.
A mente de Balthasar é mais bem caracterizada como
sintética e contemplativa : vê o todo primeiro, depois as partes à luz do todo.
Balthasar sugere primeiro receber a Palavra de Deus como se fosse uma bela obra
de arte ou partitura musical, permitindo ao trabalho apresentar seus contornos,
conexões e significado básicos através de uma ‘observação’ ou ‘contemplação’
de sua forma. É apenas a forma ou o padrão primordial da revelação de Deus que
permitirá que as peças juntem-se e entrem em foco. De fato, a ‘forma’ é uma das ideias mais importantes
de Balthasar.
Os gregos estariam certos ao ver o mundo iluminado,
radiante ou epifânico. Essa luz brilha a partir da forma, de padrões que
permitem que mentes como a nossa tenham acesso ao significado, à luz. Forma é o
perfil exterior de uma profundidade ou interioridade que brilha através dela. A
forma diferencia a rocha da planta, a planta do animal, o animal do ser humano,
uma partitura musical de um poema, a poesia da filosofia etc. Além da forma, o
desejo humano ou eros, para o conhecimento, seria inútil.
A criatura humana vive em um mundo que se dá em
infinitas formas, cores e sons. Em outras palavras, o eros, ou
o desejo de nossas mentes de ir para fora encontra um mundo que sempre está
dando a si mesmo, expressando-se de forma inteligível para nossas mentes.
Isso é um presente notável; também é um presente, segundo Balthasar, que o
mundo seja sempre mais – mais rico, mais denso, mais variado – do que nossas
mentes possam compreender em qualquer momento. Este também é um presente que
nos chama a dialogar com os outros.
Expressar o significado de tudo isso – a sua beleza,
a verdade, a bondade, mas também as suas dores – tem sido a missão de poetas,
filósofos, artistas, profetas, religiões em culturas e tempos. Tais pensadores
e as formas culturais que eles produzem expressam o que eles concebem para ser
realmente dignos de louvor.
Deus também, de maneira análoga, é um artista, um
poeta, um filósofo que entra no lugar onde podemos encontrá-lo naturalmente : no
ser do mundo, em uma forma particular que é sua obra de arte. Deus revela a si
mesmo – e, portanto, Verdade, Bondade e Beleza – através da história dramática
da fé de Israel e, em última instância, no padrão da vida de Jesus : sua oração,
obediência ao Pai, humildade, amor ao próximo e ao inimigo, veracidade, perdão,
cuidados apaixonados pelos mais desprezados da sociedade, e autoentrega total
de amor exorbitante. Sob essa medida e inspiração, o conhecimento não é para o
poder, mas para o serviço, não para o heroísmo, mas para a doação gratuita, e
para beleza, não para imagem superficial, mas a forma convincente de uma vida
dada aos outros. O movimento aqui, para Balthasar, oferece uma participação na
missão divina de Cristo, não através de uma ascensão mística de elite, mas,
sim, através de uma descida para os mais necessitados onde, paradoxalmente, os
cristãos encontram o rosto de Deus e a alegria de sua imagem.’
Fonte :
* Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2018/08/12/a-mente-sintetica-e-contemplativa-de-hans-urs-von-balthasar/
Nenhum comentário:
Postar um comentário