Na segunda quinzena de outubro de 1717,
três pescadores, Filipe Pedroso, Domingos Garcia e João Alves, ao lançarem sua
rede para pescar nas águas do Rio Paraíba, colheram a Imagem de Nossa Senhora
da Conceição, no lugar denominado Porto do Itaguassu. Filipe Pedroso levou-a
para sua casa conservando-a consigo até 1732, quando a entregou a seu filho
Atanásio Pedroso. Este construiu um pequeno oratório onde colocou a Imagem da
Virgem que ali permaneceu até 1743. Todos os sábados, a vizinhança reunia-se no
pequeno oratório para rezar o terço. Devido à ocorrência de milagres, a devoção
a Nossa Senhora começou a se divulgar, com o nome dado pelo povo de Nossa
Senhora Aparecida. A 26 de julho de 1745 foi inaugurada a primeira Capela. Como
esta, com o passar dos anos, não comportasse mais o número de devotos,
iniciou-se em 1842 a construção de um novo templo inaugurado a 8 de dezembro de
1888. Em 1893, o Bispo diocesano de São Paulo, Dom Lino Deodato Rodrigues de
Carvalho, elevou-o à dignidade de ‘Episcopal Santuário de Nossa Senhora da
Conceição Aparecida’. A 8 de setembro de 1904, por ordem do Papa Pio X, a
Imagem milagrosa foi solenemente coroada, e a 29 de abril de 1908 foi concedido
ao Santuário o título de Basílica menor. O Papa Pio XI declarou e proclamou
Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil a 16 de julho de 1930, ‘para
promover o bem espiritual dos fiéis e aumentar cada vez mais a devoção à 'Imaculada Mãe de Deus’. A 5 de março de 1967 o Papa Paulo VI ofereceu a ‘Rosa
de Ouro’ à Basílica de Aparecida. Em 1952 iniciou-se a construção da nova
Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, solenemente dedicada pelo Papa
João Paulo II a 4 de julho de 1980.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de
Nossa
Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Da Homilia
na Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida,
do papa João
Paulo II
(Pronunciamentos do Papa no Brasil, Edit. Vozes,
Petrópolis 1980, 125. 128. 129. 130)
(Séc.XX)
A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda
'Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem
Imaculada, a Senhora Aparecida!'’.
Desde que pus os pés em terra brasileira, nos vários pontos por onde
passei, ouvi este cântico. Ele é, na ingenuidade e singeleza de suas palavras,
um grito da alma, uma saudação, uma invocação cheia de filial devoção e
confiança para com aquela que, sendo verdadeira Mãe de Deus, nos foi dada por
seu Filho Jesus no momento extremo da sua vida para ser nossa Mãe.
Sim, amados irmãos e filhos, Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a
Igreja, é Mãe para os remidos. Por sua adesão pronta e incondicional à vontade
divina que lhe foi revelada, torna-se Mãe do Redentor, com uma participação
íntima e toda especial na história da salvação. Pelos méritos de seu Filho, é
Imaculada em sua Conceição, concebida sem a mancha original, preservada do
pecado e cheia de graça.
Ao
confessar-se serva do Senhor (Lc
1,38) e ao pronunciar o seu sim, acolhendo ‘em
seu coração e em seu seio’ o mistério de Cristo Redentor, Maria não foi
instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos
homens com fé livre e inteira obediência. Sem nada tirar ou diminuir e nada
acrescentar à ação daquele que é o único Mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo, Maria nos aponta as vias da salvação, vias que convergem todas para
Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora.
Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II
: ‘A função maternal de Maria, em relação
aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo;
antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos
fiéis com Cristo, antes o favorece’.
Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e na
ação desta mesma Igreja. Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados
para aquela que, permanecendo virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o
Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo
no coração dos fiéis, pela ação do mesmo Espírito Santo, através da
evangelização? Assim, a ‘Estrela da
Evangelização’, como a chamou o meu Predecessor Paulo VI, aponta e ilumina
os caminhos do anúncio do Evangelho. Este anúncio de Cristo Redentor, de sua
mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de
bem-estar e felicidade temporal. Tem certamente incidências na história humana
coletiva e individual, mas é fundamentalmente um anúncio de libertação do
pecado para a comunhão com Deus, em Jesus Cristo. De resto, esta comunhão com
Deus não prescinde de uma comunhão dos homens uns com os outros, pois os que se
convertem a Cristo, autor da salvação e princípio de unidade, são chamados a
congregar-se em Igreja, sacramento visível desta unidade humana salvífica.
Por tudo isto, nós todos, os que formamos a geração hodierna dos
discípulos de Cristo, com total aderência à tradição antiga e com pleno
respeito e amor pelos membros de todas as comunidades cristãs, desejamos
unir-nos a Maria, impelidos por uma profunda necessidade da fé, da esperança e
da caridade. Discípulos de Jesus Cristo neste momento crucial da história
humana, em plena adesão à ininterrupta Tradição e ao sentimento constante da
Igreja, impelidos por um íntimo imperativo de fé, esperança e caridade, nós
desejamos unir-nos a Maria. E queremos fazê-lo através das expressões da
piedade mariana da Igreja de todos os tempos.
A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso
com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua
voz,segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para
Jesus : Fazei o que ele vos disser (Jo
2,5). E, como outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades
dos homens, obtendo dele as graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria : ela é sempre a ‘Mãe de Deus e nossa’.
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas IV’, 1363, 1369, 1371
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