‘Santo Agostinho é o pensador que, através da sua vasta
produção literária, marcou mais profundamente a especulação cristã.
Sua profunda cultura humanista
tornou-se sensível aos grandes temas que preocupavam e preocupam o ser humano :
o bem e o mal, a liberdade, o destino humano, a história e sobretudo o dilema
entre fé e razão.
Várias de suas obras figuram no rol das
mais importantes da Literatura Universal, como os Solilóquios, As Confissões e
a Cidade de Deus. Esta última, em
particular, influenciou decisivamente os rumos políticos e as práticas sociais
da cristandade medieval.
Nasceu Santo Agostinho no ano de 354 d.C.
numa região chamada Numídia. Sua trajetória intelectual, antes de chegar ao
cristianismo, passa por períodos de apego à vida mundana, ao materialismo, ao
maniqueísmo e termina no platonismo largamente influenciado pelo ceticismo da
nova academia. Manifesta sua preferência pelo platonismo, considerando-o a mais
pura e luminosa filosofia da Antigüidade.
Santo Agostinho inaugura de certa
maneira ‘A era da incerteza dogmática’.
O problema das relações entre a razão e a fé que seria o problema fundamental
da escolástica medieval, atormentava a mente de Santo Agostinho. Estudava
desesperadamente matemática, filosofia, mecânica (a física na época era
rudimentar), teologia, com o propósito de explicar a existência de Deus através
da razão humana. Observava a natureza e acreditava que o homem através de sua
inteligência iría finalmente explicar o porquê de Deus e colocar os parâmetros
da fé em bases científicas. Observe que essa busca frenética continuou
acontecendo e é motivo de desconforto para a ciência, sobretudo nos dias de
hoje. Santo Agostinho não descansava, passava horas a estudar e a meditar,
tentando entender o que significava onipresença, onisciência, infinito,
Santíssima Trindade, consubstanciação, espírito e corpo, diversidade
espiritual, a temporalidade.
Várias vezes ele foi visto vagando
sozinho na noite angustiado, tentando descobrir a resposta científica para a
fé. Como se libertar da dúvida cética? Certo dia, Santo Agostinho, após longo
período de trabalho e muito compenetrado na sua angústia, adormeceu no
claustro. Teve um sonho revelador : caminhava sobre uma praia deserta, a
contemplar o mar e o céu.
De repente, avistou um menino que com
um balde de madeira ia até a água do mar, enchia o balde e voltava, onde
despejava a água num pequenino buraco na areia. Santo Agostinho, perplexo e
curioso perguntou ao menino :
- O
que você está fazendo? O menino calmamente olhou para Santo Agostinho e
respondeu : - Vou colocar toda água do
mar nesse buraco! Santo Agostinho sorriu e retrucou : - Isso é impossível garoto! Observe quanta
água existe no oceano e você quer colocá-la toda nesse diminuto buraco!
Mais uma vez o menino olhou para Santo Agostinho e de forma ríspida e corajosa
disse : - Em verdade vos digo. É mais
fácil colocar toda água do oceano nesse pequeno buraco do que a inteligência
humana compreender os mistérios de Deus!! E num átimo Santo Agostinho
acordou assustado e desorientado. Tivera uma mensagem divina que acalmaria sua
alma conturbada.
Que essa história sirva também aos
nossos dias. O homem precisa rever posições, precisa abandonar seu humanismo
cético em favor do dogma teológico. Não pode haver ciência sem base teológica.
Aqueles que duvidam disso, lembrem-se do menino.’
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.agostinianas.com.br/santoAgostinho/oracoes/28Agosto.aspx
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