Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘A morte é uma das poucas certezas da vida. Ela é o fim de um curso
natural ou acontece por outros motivos, muitas vezes trágicos : catástrofes,
acidentes e doenças. Ela atinge toda morte que não é a conclusão natural da
vida, atinge o sofrimento e a impotência de não ser capaz de evitá-la. As
guerras são todas injustificáveis, o sofrimento e a dor não são quantificáveis
para qualquer ser humano de qualquer idade, raça, nacionalidade, para qualquer
ser humano que tenha vivido em qualquer época histórica.
A guerra que atingiu a Terra Santa e o Oriente Médio não é mais ou menos
devastadora do que outras, mas choca pelo número altíssimo de crianças que
morreram, foram feridas e ficaram incapacitadas para o resto da vida. Essa
guerra e todas as outras que estão presentes no mundo de hoje chocam porque as
vemos e ouvimos sem estar lá e, graças à tecnologia, elas chocam porque tomamos
conhecimento, em tempo real, do sofrimento de crianças e de tantos seres
humanos e não há nada que possamos fazer. Não podemos correr e escavar para
salvar os feridos sob os escombros, não podemos nos envolver em mortalhas e
enterrar os pequenos corpos sem vida de vítimas inocentes. Não podemos dar
apoio com comida e água, não podemos curar as feridas do corpo e da alma, não
podemos dar um sorriso, um brinquedo ou um doce, não podemos nos sentar ao lado
de uma criança e ler um conto de fadas juntos. É essa impotência que choca e
destrói!
A história nos trouxe notícias, dados e números de massacres, excídios,
extermínios, genocídios : qualquer outro nome que dermos a essas brutalidades
jamais dará razão e justificativa à tragédia do mal. Mas esses números e
brutalidades não puderam ser evitados porque foram revelados depois de terem
sido cometidos. Agora vemos, ouvimos e aprendemos sobre o mal ao vivo e não com
seguimos deter as armas e mudar os corações!
Um escritor e pedagogo escreveu : quanto pesa a lágrima de uma criança?
A lágrima de uma criança desobediente pesa menos do que o vento, a de uma
criança faminta pesa mais do que a terra inteira.
Todos os dias vemos fotos e vídeos de crianças sofrendo, todos os dias
vemos lágrimas que não conseguimos enxugar.
Quanto pesa sobre as consciências o sofrimento de uma criança? Quanto
custará à humanidade a derrota de não deter aqueles que matam? Nos últimos
dias, foi divulgado um vídeo no qual podemos ver algumas mulheres em Gaza
correndo, carregando um pano no qual é colocado o corpo de uma pessoa. Elas
correm para escapar de um ataque e, ao mesmo tempo, para enterrar o corpo de um
ente querido; elas desafiam o perigo para dar, mesmo na morte, dignidade à
vida.
Nessas imagens, vi a morte e a vida, vi a corrida para a salvação e a
imobilidade daqueles que não podem mais se salvar, vi o amor e a solidariedade,
vi os valores essenciais nos quais todo ser humano deveria se inspirar. Os
mesmos valores que devem ter os homens e as mulheres que têm o destino do mundo
em suas mãos, deixando de lado, ou melhor, anulando o desejo de supremacia,
poder e autoritarismo. É necessário agora, imediatamente, considerar a paz como
a única maneira possível de afirmar a verdade e a justiça de que este mundo
precisa.
Se todos juntos pudermos compartilhar esses princípios essenciais,
seremos capazes de entender a dor dos outros, seremos capazes de torná-la nossa
e seremos capazes de fazer coisas boas, até mesmo derrotar as guerras.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-11/quanto-pesa-fome-crianca-faltas-guerra.html
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