sábado, 7 de junho de 2025

Experientia, uma experiência de formação contínua - Parte 1

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Dom Eamon Fitzgerald, OCSO

Abade Geral 

‘Uma coisa que aprecio neste programa é o modo como ele surgiu. Fui, de fato, espectador interessado e testemunha de sua gênesis, desde o Capítulo Geral de 2014. E, para mim, ele parece-se com a parábola do grão de mostarda do Evangelho.

Quando da reunião da Comissão Central no fim do Capítulo Geral de 2014, a Irmã Marie Mouris do Mosteiro Val d’Igny, foi eleita Secretária Central para a Formação. Seu primeiro trabalho foi informar-se sobre o que tinha sido dito no Capítulo a respeito da formação e também sobre as necessidades das comunidades neste assunto. Para ter dados de primeira mão, ela escreveu aos abades e abadessas da Ordem para perguntar quais as necessidades e desejos, e também para saber se eles podiam indicar membros disponíveis nas suas casas, dispostos a ajudar as comunidades que precisam. Entre as respostas havia uma sugestão de uma carta circular, que pudesse ser difundida para partilhar informações sobre o que se faz, em matéria de formação, tanto nas Regiões, como nas comunidades : sessões, cursos ou outros seminários. A sugestão foi logo posta em prática e a Newsletter já circula regularmente entre as secretarias da formação na Ordem e até mais amplamente. Esta iniciativa é muito apreciada. Permite uma partilha de informações, estimula a reflexão e encoraja a comunicação, assim como a relação entre as secretarias, promovendo ao mesmo tempo a colaboração entre elas.

Ir. Marie escuta; pensa também rapidamente. Durante o ano de 2015 ela perguntou : ‘Como podemos fazer as Regiões refletirem sobre a intuição que apareceu no Capítulo de 2014 sobre a formação? A intuição a que ela se referia, tinha sido expressa em forma de pergunta por um dos Membros do Capítulo : ‘Como podemos promover uma formação mística integral’? Ir Marie conseguiu convencer 7 abades ou abadessas a escreverem sobre este tema a partir de suas experiências. Deste trabalho surgiu uma pequena Coletânea, que foi calorosamente recebida.

O nosso Programa de Formação (Ratio Institutionis) fala da comunidade como ‘formadora’. Esta afirmação, aliada à convicção pessoal de Ir. Marie, assim como à experiência de certas Reuniões regionais, levou a pensar que seria bom imaginar uma proposta simples de formação permanente dos irmãos e das irmãs de todas as idades. Isto nos daria ocasião de voltar, juntos, às nossas raízes cistercienses, de aprofundar a nossa identidade, de encorajar o estudo individual e a lectio.

A Comissão Central se reuniu em 2016 e encorajou esta ideia quando discutiram o projeto de Ir. Marie, e aconselharam a procurar uma pessoa capaz, a nível de competência e de experiência, para supervisionar tal projeto. A Comissão sugeriu o P. Michael Casey de Tarrawarra e, generosamente, ele aceitou. Foi formado um grupo que trabalhou sob sua orientação, e juntos, elaboraram o programa. Ir. Marie, no Capítulo Geral de 2017, apresentou detalhadamente o conteúdo, e também o método. Os Membros do Capítulo votaram seu apoio e encorajamento a favor do programa, como excelente para ser apresentado às comunidades da Ordem.

O programa chama-se EXPERIENTIA. Visa permitir aos monges e monjas de hoje refletirem sobre a sua experiência da vida monástica, e confrontá-la com textos escolhidos na tradição cisterciense e monástica. Desta maneira, a longa experiência destilada pela nossa tradição, poderá iluminar a nossa experiência atual, e encorajar, motivar e orientar a nossa maneira de viver a graça cisterciense no mundo contemporâneo. Nove campos de experiência foram definidos, que correspondem a aspectos importantes da vida humana e monástica. Eis alguns : ‘o caminho percorrido’, ‘o desejo libertado dos desejos’, ‘a comunidade’, ‘a oração’, ou ainda a ‘diminuição’. Como os títulos sugerem claramente, este programa não diz respeito somente aos monges e monjas mais dotados para o estudo, os universitários, ou os intelectuais entre nós, mas está concebido para os monges e monjas comuns. No fundo, o programa visa encorajar a reflexão sobre a experiência humana autêntica, e leva a perguntar-se como vivê-la bem, como monges e monjas que pertencem a esta tradição particular de vida evangélica, que se expressa na Regra de São Bento e na tradição cisterciense.

Quero aqui dizer minha gratidão ao P. Michael e aos membros do grupo que elaboraram o programa, assim como àqueles que tiveram um papel na sua realização. É um projeto da Ordem, tanto na sua concepção, como na sua realização. É fruto de simplicidade, sem pretensões. Nasceu de um espírito de escuta atenta, alimentou-se com o amor pelo nosso carisma cisterciense, vivido em toda a sua diversidade pelo mundo, e com a inteligência, clareza do objetivo e competência. Recomendo-o calorosamente a todas as comunidades da Ordem. Possa Experientia encontrar hospitalidade, ser acolhida, nos nossos mosteiros, não somente como algo mais para as nossas bibliotecas e arquivos, mas como um bom instrumento de trabalho, que nos permitirá viver nossas vidas no mundo de hoje, com serenidade e ardor, na comunhão do amor do Cristo. Possa este programa nos conduzir juntos à vida eterna!’

 

[1] Prefácio ao Volume 1 da Experientia, disponível no site da OCSO: https://www.ocso.org/formation/experientia. Cortesia de Dom Eamon Fitzgerald.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.aimintl.org/pt/communication/report/119

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