Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl.
OSB)
Abade Geral
‘Uma coisa que
aprecio neste programa é o modo como ele surgiu. Fui, de fato, espectador
interessado e testemunha de sua gênesis, desde o Capítulo Geral de 2014. E,
para mim, ele parece-se com a parábola do grão de mostarda do Evangelho.
Quando da
reunião da Comissão Central no fim do Capítulo Geral de 2014, a Irmã Marie
Mouris do Mosteiro Val d’Igny, foi eleita Secretária Central para a Formação.
Seu primeiro trabalho foi informar-se sobre o que tinha sido dito no Capítulo a
respeito da formação e também sobre as necessidades das comunidades neste
assunto. Para ter dados de primeira mão, ela escreveu aos abades e abadessas da
Ordem para perguntar quais as necessidades e desejos, e também para saber se
eles podiam indicar membros disponíveis nas suas casas, dispostos a ajudar as
comunidades que precisam. Entre as respostas havia uma sugestão de uma carta
circular, que pudesse ser difundida para partilhar informações sobre o que se
faz, em matéria de formação, tanto nas Regiões, como nas comunidades : sessões,
cursos ou outros seminários. A sugestão foi logo posta em prática e a Newsletter já
circula regularmente entre as secretarias da formação na Ordem e até mais
amplamente. Esta iniciativa é muito apreciada. Permite uma partilha de
informações, estimula a reflexão e encoraja a comunicação, assim como a relação
entre as secretarias, promovendo ao mesmo tempo a colaboração entre elas.
Ir. Marie
escuta; pensa também rapidamente. Durante o ano de 2015 ela perguntou : ‘Como
podemos fazer as Regiões refletirem sobre a intuição que apareceu no Capítulo
de 2014 sobre a formação? A intuição a que ela se referia, tinha sido expressa
em forma de pergunta por um dos Membros do Capítulo : ‘Como podemos promover
uma formação mística integral’? Ir Marie conseguiu convencer 7 abades ou
abadessas a escreverem sobre este tema a partir de suas experiências. Deste
trabalho surgiu uma pequena Coletânea, que foi calorosamente recebida.
O nosso
Programa de Formação (Ratio Institutionis) fala da comunidade como ‘formadora’.
Esta afirmação, aliada à convicção pessoal de Ir. Marie, assim como à
experiência de certas Reuniões regionais, levou a pensar que seria bom imaginar
uma proposta simples de formação permanente dos irmãos e das irmãs de todas as
idades. Isto nos daria ocasião de voltar, juntos, às nossas raízes
cistercienses, de aprofundar a nossa identidade, de encorajar o estudo
individual e a lectio.
A Comissão
Central se reuniu em 2016 e encorajou esta ideia quando discutiram o projeto de
Ir. Marie, e aconselharam a procurar uma pessoa capaz, a nível de competência e
de experiência, para supervisionar tal projeto. A Comissão sugeriu o P. Michael
Casey de Tarrawarra e, generosamente, ele aceitou. Foi formado um grupo que
trabalhou sob sua orientação, e juntos, elaboraram o programa. Ir. Marie, no
Capítulo Geral de 2017, apresentou detalhadamente o conteúdo, e também o
método. Os Membros do Capítulo votaram seu apoio e encorajamento a favor do
programa, como excelente para ser apresentado às comunidades da Ordem.
O programa
chama-se EXPERIENTIA. Visa permitir aos monges e monjas de hoje
refletirem sobre a sua experiência da vida monástica, e confrontá-la com textos
escolhidos na tradição cisterciense e monástica. Desta maneira, a longa
experiência destilada pela nossa tradição, poderá iluminar a nossa experiência
atual, e encorajar, motivar e orientar a nossa maneira de viver a graça
cisterciense no mundo contemporâneo. Nove campos de experiência foram
definidos, que correspondem a aspectos importantes da vida humana e monástica.
Eis alguns : ‘o caminho percorrido’, ‘o desejo libertado dos desejos’, ‘a
comunidade’, ‘a oração’, ou ainda a ‘diminuição’. Como os títulos sugerem
claramente, este programa não diz respeito somente aos monges e monjas mais
dotados para o estudo, os universitários, ou os intelectuais entre nós, mas
está concebido para os monges e monjas comuns. No fundo, o programa visa
encorajar a reflexão sobre a experiência humana autêntica, e leva a
perguntar-se como vivê-la bem, como monges e monjas que pertencem a esta
tradição particular de vida evangélica, que se expressa na Regra de São Bento e
na tradição cisterciense.
Quero aqui dizer minha gratidão ao P. Michael e aos membros do grupo que elaboraram o programa, assim como àqueles que tiveram um papel na sua realização. É um projeto da Ordem, tanto na sua concepção, como na sua realização. É fruto de simplicidade, sem pretensões. Nasceu de um espírito de escuta atenta, alimentou-se com o amor pelo nosso carisma cisterciense, vivido em toda a sua diversidade pelo mundo, e com a inteligência, clareza do objetivo e competência. Recomendo-o calorosamente a todas as comunidades da Ordem. Possa Experientia encontrar hospitalidade, ser acolhida, nos nossos mosteiros, não somente como algo mais para as nossas bibliotecas e arquivos, mas como um bom instrumento de trabalho, que nos permitirá viver nossas vidas no mundo de hoje, com serenidade e ardor, na comunhão do amor do Cristo. Possa este programa nos conduzir juntos à vida eterna!’
[1] Prefácio ao
Volume 1 da Experientia, disponível no site da OCSO: https://www.ocso.org/formation/experientia.
Cortesia de Dom Eamon Fitzgerald.
Fonte : *Artigo na íntegra
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