segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

“Precisamos de uma formação litúrgica séria e vital”

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Irmão Patrick Prétot, OSB

Abadia de la Pierre qui Vire (França)

 

‘A carta Desiderio desideravi do Papa Francisco, publicada em Roma em 29 de junho de 2022, é um ato importante deste pontificado em termos de liturgia [1]. É certo que ela parece tratar de uma questão específica, a saber, ‘a formação litúrgica do Povo de Deus’, mas, na realidade, ela aborda a questão litúrgica hoje, pois é apresentada pouco mais de 50 anos após a reforma geral solicitada pela Constituição Sacrosanctum Concilium do Concílio Vaticano II (4 de dezembro de 1963). Sem pretender oferecer um comentário detalhado sobre o texto, o objetivo aqui é introduzir sua leitura, destacando algumas das questões em jogo nesse documento magisterial. Em um cenário de mudanças aceleradas, Desiderio desideravi desvia o foco dos debates ruins em que a Igreja parece ter ficado presa desde a reforma solicitada pelo Concílio Vaticano II [2]. O papa reposiciona a reflexão, por um lado, sobre a formação e, por outro, sobre uma dupla questão à qual ele atribui grande importância.

Por um lado, ele está questionando a capacidade do homem moderno de entrar em um processo simbólico e, portanto, no universo relacional no qual a liturgia cristã se baseia. A publicação, em 17 de julho de 2024, de uma carta ‘sobre o papel da literatura na formação’ é um documento no qual a preocupação do Papa Francisco com a ‘capacidade simbólica’ do homem contemporâneo [3] é expressa com força especial. Na liturgia, a questão é se, e se sim, como a vida litúrgica de hoje pode oferecer um caminho de encontro com Deus.

Por outro lado, o Papa denuncia incansavelmente duas tendências profundamente arraigadas que ele descreve como ‘o veneno do mundanismo espiritual’ : o ‘neopelagianismo’, que tende a enfatizar o trabalho do homem com o risco de transformar a liturgia em uma performance ritual, e o ‘neognosticismo’, que tende a reduzir a liturgia a um conhecimento destinado a uma elite. Nesse ponto, o Papa traz para a Igreja os reflexos do mundo latino-americano, que leva muito a sério os recursos da piedade popular. O treinamento litúrgico que Francisco pretende promover não tem como objetivo principal criar ‘conhecedores’, ou mesmo especialistas em liturgia, mas prestar realmente atenção ao que a liturgia nos dá a experimentar. Poderíamos dizer que é uma questão de formar o ser interior por meio da celebração  e na celebração.

A liturgia : uma preocupação constante do magistério da Igreja

A partir do século XVII, mas especialmente no século XIX e início do século XX, a ciência histórica entrou no campo da liturgia.  Essa abordagem histórica demonstrou amplamente que as práticas aceitas têm uma história e que as instituições mudaram muito, às vezes radicalmente, ao longo do tempo. Com base nisso, não podemos mais falar, de um ponto de vista histórico, de uma continuidade formal entre a Última Ceia de Jesus e a missa, seja a de São Paulo VI ou a de São Pio V. Essa consciência, que hoje muitas vezes não existe, nos levou a reconsiderar a relevância dos legados que herdamos.  E foi nessa linha que, entre 1951 e 1956, o Papa Pio XII decidiu por uma grande reforma da Semana Santa, um passo decisivo para a renovação litúrgica. Mas é claro que a dinâmica de aggiornamento do Vaticano II levaria a um grande projeto de reforma que seria realizado nos anos seguintes ao Concílio. Com um conhecimento muito amplo das fontes, esse trabalho deveria seguir um princípio duplo : um ‘reabastecimento da tradição’ por meio de um retorno a práticas antigas esquecidas (por exemplo, a oração dos fiéis) e uma abertura para inovações de acordo com as necessidades de nosso tempo (por exemplo, o uso de línguas vernáculas). Desse ponto de vista, muitas das ‘inovações’ do Missal de 1970 foram inspiradas e justificadas por práticas antigas, muitas vezes da antiguidade cristã. Esse projeto se beneficiou da atenção constante e vigilante, do apoio e até mesmo do compromisso direto de Paulo VI. Em uma catequese em 19 de novembro de 1969, pouco antes da implementação do novo Missal Romano, ele declarou que a reforma era ‘um ato de obediência’ (ao Concílio) e ‘um passo adiante em sua autêntica tradição’. [4]

Apesar dessas afirmações, no entanto, constatamos uma rejeição dessa reforma, essencialmente realizada sob a autoridade do Papa Paulo VI. O debate foi relançado várias vezes, sem que se vislumbrasse um resultado possível. Está além do escopo deste artigo reconstituir a complexa história da rejeição do aggiornamento litúrgico desde o Vaticano II até o motu proprio Traditionis custodes (16 de julho de 2021), que pôs fim ao regime introduzido por Bento XVI (motu proprio Summorum pontificum, 7 de julho de 2007).

Esse último procurou resolver a oposição à reforma introduzindo um regime duplo para a liturgia : a ‘forma ordinária’, de acordo com os livros litúrgicos revisados, e a ‘forma extraordinária’, de acordo com os livros litúrgicos anteriores à reforma.

As aproximações de linguagem nessa área complexa foram, e ainda são, muito frequentes, com o risco de multiplicar os debates irrefletidos. Falar do ‘Rito Tridentino’ ou do ‘Rito Tradicional’ é contrário ao pensamento de Bento XVI. Ao mesmo tempo em que autorizou amplamente o uso de livros litúrgicos anteriores à reforma, Bento XVI especificou que não é ‘apropriado’ falar de ‘dois ritos’. Além disso, ele afirmou que ‘o Missal publicado por Paulo VI (...) é e obviamente continua sendo a forma normal - a forma ordinária - da liturgia eucarística’, pedindo que ‘em princípio, a celebração de acordo com os novos livros não pode ser excluída’.

Depois de consultar os bispos, Francisco pôs fim a esse regime declarando : ‘Os livros litúrgicos promulgados pelos Santos Pontífices Paulo VI e João Paulo II, de acordo com os decretos do Concílio Vaticano II, são a única expressão da lex orandi do Rito Romano’ (Traditionis custodes, art. 1). Em Desiderio desideravi, como guardião da unidade da Igreja, ele explica mais uma vez sua posição, pedindo que uma compreensão ‘superficial’ e ‘redutora’ do valor da liturgia ou ‘sua instrumentalização a serviço de uma visão ideológica’ não desfigure a celebração da liturgia, que é o ‘sinal da unidade’ e o ‘vínculo da caridade’ (nº 16). Ele resume seu convite a todos em uma frase : ‘A não aceitação da reforma, bem como uma compreensão superficial dela, nos distrai da tarefa de encontrar respostas para a pergunta que repito : como podemos crescer em nossa capacidade de viver plenamente a ação litúrgica? (nº 31) [5]. E, para remediar esses obstáculos, ele propõe dois caminhos, que podemos esperar que contribuam para superar a ferida da Igreja em relação à sua vida litúrgica.

Prestar atenção à liturgia

A ideia é ‘permitir que nos surpreendamos com o que está acontecendo diante de nossos olhos na celebração’ (nº 31). Em um mundo que constantemente captura os sentidos de várias maneiras, a atenção à ação litúrgica tornou-se frágil. Os muitos debates e até mesmo conflitos sobre hinos ou gestos são sintomáticos dessa dificuldade de entrar profundamente na liturgia como um lugar de encontro com o mistério de um Deus que vem ao homem para salvá-lo.

Essa exigência de atenção se baseia na novidade permanente desse encontro. Na liturgia, a repetição de palavras e gestos serve a essa novidade. Para aqueles que estão dispostos a entrar nessa aparente repetição, por exemplo, na oração dos salmos, a novidade vem na forma de uma prontidão para acolher o grande diálogo entre Deus e a humanidade. Pois é o Espírito de Deus que faz novas todas as coisas.

Maravilhar-se com a beleza do Mistério Pascal

O Papa Francisco desenvolve esse caminho de atenção convidando-nos a nos maravilharmos como ‘uma parte essencial do ato litúrgico’ e como ‘uma experiência do poder do símbolo’ (nº 26). Entretanto, essa não é uma abordagem estética : a beleza não combina necessariamente com a riqueza ou a profusão de meios, uma tentação frequente que corre o risco de alinhar as celebrações com as modas de uma sociedade do espetáculo. Nessa linha, o Papa denuncia os dois excessos que impedem que a beleza na liturgia alcance a verdade. Por um lado, ter prazer ‘apenas em cuidar da formalidade externa de um rito’ ou contentar-se ‘com a observância escrupulosa das rubricas’. Por outro lado, há ‘a atitude oposta, que confunde simplicidade com banalidade desleixada, essencialidade com superficialidade ignorante, ou a concretude da ação ritual com um exasperante funcionalismo prático’ (n° 22).

Na realidade, trata-se de maravilhar-se com a beleza da Encarnação e do Mistério Pascal que salva toda a humanidade, a beleza do dom de Deus, porque ‘os esforços para melhorar a qualidade da celebração, embora louváveis, não são suficientes, nem o apelo a uma maior interioridade’. Ainda precisamos acolher a revelação do mistério cristão : ‘O encontro com Deus não é fruto de uma busca interior individual, mas um acontecimento dado’ (nº 24).

Uma formação ‘séria’

O segundo caminho é o da formação : ‘Temos necessidade de uma formação litúrgica séria e vital’ (nº 31). E nesta frase, é preciso sublinhar os adjetivos que qualificam este projeto de formação.

Para colocar-se opostamente os slogans e convicções infundadas, sério se opõe ao diletantismo tão frequente em uma sociedade do Zap. A formação litúrgica requer um esforço contínuo apoiado em trabalhos de qualidade. Assim, só podemos enfatizar a importância de publicações e de periódicos sabendo que as opções nesse campo são diversas e, algumas, opostas. Diante do que se apresenta como um verdadeiro emaranhado de opiniões, a formação em liturgia requer a aquisição de algumas bússolas para não permanecer na confusão e poder entrar numa escuta comunitária, pois não podemos discernir sozinhos.

Uma formação ‘vital’

Para o adjetivo ‘vital’, Francisco nos traz uma marca específica, que ele desenvolveu na carta apostólica Gaudete et exsultate (19 de março de 2018), que propõe um verdadeiro tratado de vida espiritual para o nosso tempo. Ele também nos convida a não nos fecharmos na busca de uma atuação ritual, esquecendo a missão e a vida de caridade. Os pilares da vida cristã não podem ser separados : martyria (proclamar o Evangelho e dar testemunho), diakonia (serviço, especialmente aos pobres e aos pequenos) e leiturgeia (o culto prestado a Deus). Contra a tentação de transformar a liturgia em um meio de evasão, ele nos recorda que a liturgia oferece um caminho, o da vida do Espírito, sem o qual o testemunho se perde na propaganda e a caridade no ativismo.

Falar de ‘formação vital’ é, portanto, vislumbrar uma experiência espiritual. Dizer que somos formados ‘pela liturgia’ significa que esta não é um serviço que avaliamos com critérios subjetivos (o ambiente, a ‘beleza’, os cantos, etc.), mas um caminho de conversão. Enquanto distingue a formação ‘para’ a liturgia (para conhecê-la) e a formação ‘pela’ liturgia (deixar-se formar por ela), ele deixa claro que, se a formação ‘pela’ liturgia é ‘funcional’, a formação ‘para’ a liturgia é a seus olhos ‘essencial’ (nº 34). A prioridade dada a uma pesquisa de ambiente e de uma preocupação para ‘fazer algo’ conduz ao esquecimento deste aspecto ainda essencial : nós somos ‘feitos cristãos’ pela própria liturgia.

Esta realidade se manifesta, antes de tudo, nos sacramentos da Iniciação Cristã seguramente. Mas também dizendo juntos ‘Pai Nosso’, que os fiéis se unem ao Filho de Deus que reza ao Pai do céu. É dizendo juntos ‘Eu creio’, que os fiéis se tornam confessores da fé diante do mundo e por ele. É aclamando ‘mistério da fé’ durante a anamnese que os fiéis confessam a glória do Ressuscitado. É ainda respondendo ‘Amém’ durante a Comunhão que eles ratificam sua vocação de membros do Corpo de Cristo.

Conclusão

Finalmente, o convite a conjugar inseparavelmente formação ‘para’ e formação ‘pela’ liturgia manifesta quanto a atenção (e não o julgamento) deveria ser a atitude primordial. Mas, trata-se de tornar-se atento a um mistério invisível que se percebe através de sinais visíveis. Num mundo de hipercomunicação (onde, no entanto, a relação verdadeira é tão frágil e mesmo tão difícil), surge o convite a manter-se longe da vontade de manipular a liturgia, para transmitir uma mensagem, suscitar uma adesão ou cultivar convicções. Porque se trata, acima de tudo, de comungar desta vida divina que nos é comunicada pela celebração dos mistérios.

 

[1] PAPA FRANCISCO, Carta Apostólica Desiderio Desideravi, 29 de junho de 2022; utilizamos a versão online disponível no site do Vaticano.

[2] Cf. Pio X, Motu proprio Abhinc duos annos, 23 de outubro de 1913, que exprimia esta necessidade não hesitando em falar da necessidade de ‘limpar’ a ‘sujidade’ que se tinha instalado no edifício litúrgico herdado do passado.

[3] PAPA FRANCISCO, Carta sobre o papel da literatura na formação, 17 de julho de 2024.

[4] Cf. JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Vicesimus quintus annus para o 25º aniversário da Constituição Conciliar sobre a Liturgia, 4 de dezembro de 1988, nº 4, que elogia o fruto de um ‘trabalho considerável e desinteressado de um grande número de peritos e pastores de todas as partes do mundo’ e, sobretudo, de um funcionamento ‘estritamente tradicional’.

[5] Desiderio desideravi é útil para todos. A falta de formação continua a ser flagrante, mesmo entre aqueles que se referem à reforma do Vaticano II. Os princípios aqui expostos permitem abordar em profundidade a grande questão litúrgica, como fator de unidade e não de divisão (Nota do Editor).

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.aimintl.org/pt/communication/report/127

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

A Cátedra de São Pedro: a autoridade e a unidade da Igreja

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Lino Rapazzo,

professor


‘No dia 22 de fevereiro, celebra-se a Festa Litúrgica da Cátedra de São Pedro. Para entender o significado dessa expressão precisamos partir da palavra do Evangelho, que cito a seguir : ‘Naquele tempo, ao chegar ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos : ‘No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?’. Responderam : ‘Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou algum dos profetas’. Disse-lhes Jesus : ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’. Simão Pedro respondeu : ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!’. Jesus, então, lhe disse : ‘Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos Céus. E eu declaro : tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus : tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus’’ (Mt 16,13-19).

A resposta de Jesus à profissão de fé de Pedro mostra a função de Pedro e de seus sucessores na Igreja e aponta para a luta que ‘as portas do inferno’ vão provocar contra a Igreja em toda a história, mas, o barco da Igreja e da sua história tem como leme Jesus, Filho de Deus, não há tormentas que façam sucumbir esse barco.

A festa de hoje coloca em evidência a cátedra de São Pedro, ou seja, a missão peculiar que Jesus confiou a Pedro. Essa festa remonta ao século III e nasceu para destacar a ‘cátedra’ de Pedro, lugar onde o Bispo de Roma reside e governa. A cátedra, sede fixa do bispo, encontra-se na igreja-mãe de uma diocese, daí o nome ‘catedral’. Aponta para a missão do bispo, sucessor dos apóstolos, que é chamado a transmitir à comunidade cristã a fé da Igreja.

 Pedro, depois de exercer seu ministério como chefe dos apóstolos em Jerusalém, foi primeiro para Antioquia da Síria e depois para Roma, onde concluiu a sua vida terrena com o martírio. Por esse fim ‘glorioso’ da sua existência, Roma foi considerada sede da cátedra de Pedro.

Nessa linha, a título de exemplo, Santo Agostinho (354-430) escreveu : ‘A instituição da solenidade de hoje recebeu o nome de cátedra dos nossos predecessores, porque se diz que o primeiro apóstolo, Pedro, tomou posse da sua cátedra episcopal. Por esse preciso motivo, as Igrejas honram a origem da sede, que o apóstolo aceitou para o bem das Igrejas’.

 Na Basílica de São Pedro, em Roma, encontra-se a cátedra de São Pedro. Trata-se de um trono de madeira doado em 875 pelo rei dos francos, Carlos, o Calvo, ao Papa João VIII. Está preservado como relíquia dentro de uma grandiosa composição barroca de bronze projetada por Gian Lorenzo Bernini e construída entre 1656 e 1665.

Termino citando as palavras do Papa Francisco, que nos ajudam a entender o significado dessa cátedra de autoridade e de unidade da Igreja : ‘Recordemos que esta é a cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade’.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-catedra-de-sao-pedro-a-autoridade-e-a-unidade-da-igreja.html

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

O que são os sacramentais na vida cristã

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo da redação da ACI Digital


‘A blogueira católica Jenny Uebbing escreveu um artigo no qual explica o sentido e o uso dos sacramentais na vida cotidiana do cristão.

No blog ‘Mama needs coffee’ de CNA – agência em inglês do Grupo ACI –, Uebbing explica que a palavra ‘sacramental’ é ‘utilizada pela teologia para designar aqueles artigos aparentemente normais, aos quais temos acesso durante nossa batalha contra o mal ao longo de nossa vida’.

Segundo o Catecismo, os sacramentais ‘são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual’.

‘Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida’.

Uebbing explicou que, ‘embora a fé da Igreja impregnada nesses elementos comuns (água, sal, ícones, medalhas etc.) é uma bênção eficaz em si mesma, esta só se concretiza plenamente quando combinada com a fé pessoal e uma vida reta e ordenada’.

Fazendo referência ao Evangelho de São João sobre a passagem de Jesus na qual aplica barro nos olhos de um homem para que recuperasse a visão, Uebbing indicou que este milagre ‘não ocorreu por uma superstição ou por qualidades inerentes da matéria, mas pela reação primordial entre a graça de Cristo e a fé do homem’.

A seguir, alguns exemplos de sacramentais propostos pela blogueira católica :

1. Crucifixos

Uebbing assegurou que, ‘com um crucifixo em cada lar, tem-se um poderoso recordatório para todos os que vivem, trabalham e dormem sob o mesmo teto, de que o lar pertence a Cristo’.

‘Não, o crucifixo não é Jesus, mas é sua imagem, representada com amor e destacada proeminentemente’, precisou.

2. Água benta

A blogueira detalhou que ‘cada paróquia deve ter (a maioria tem) uma pia de água benta em cada porta e uma pia principal para o batismo’.

‘Mantenhamos água benta em nossa casa todos os momentos e usemo-la todos os dias para abençoar nosso filhos, seus quartos e nossa casa, sobretudo se alguém está doente ou teve um sonho ruim, ou depois de uma grande festa ou quando muitas pessoas entraram e saíram’.

Jenny assegurou que ‘vivemos em uma falsa dicotomia entre o espiritual e o mundo material neste século, entretanto, o Deus que vem a nós em um pedaço de pão, sem dúvida, confere a graça sacramental através da água’.

3. Sal bento

A autora manifestou que o sal é bom ‘para abençoar as portas e lançar ao longo do perímetro da casa como uma barreira entre a família e o mundo’.

Assinalou que isso também é ‘um ato de fé que reclama a terra, o lar e todo o espaço’ para Cristo.

4. Medalhas

‘Tanto a Medalha Milagrosa como o escapulário são poderosas devoções à Virgem e a Igreja ensina que, usados com fé e em concordância com uma vida de virtude, levará promessas poderosas unidas a eles’.

Finalmente, Jenny Uebbing assegurou que ‘Maria intercederá por nós particularmente no momento da morte, uma vez que Jesus não negará à sua querida mãe tudo o que ela pede’.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.acidigital.com/noticia/51234/o-que-sao-os-sacramentais-na-vida-crista?-conheca-alguns-deles


terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Chamados à Esperança

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Miguel Oliveira Panão,

professor

 

‘Num mundo marcado por crises sociais, ambientais e espirituais, somos desafiados a refletir sobre o nosso papel enquanto seres humanos, como faróis de esperança. No meio do caos, há uma necessidade urgente de irradiarmos uma luz proveniente do interior para retirar o mundo ao nosso redor da escuridão da indiferença e do desespero. Este é um chamamento universal que se torna ainda mais premente nas periferias, onde habitam aqueles que, muitas vezes, são relegados para as margens da sociedade : os mais frágeis, invisíveis no quotidiano de muitos.

A esperança, porém, não é uma ideia abstrata ou romântica. Ela ganha corpo em ações concretas que transformam realidades. Pensemos, por exemplo, nas redes de solidariedade que se formam espontaneamente nas comunidades desfavorecidas. Em bairros periféricos, onde as condições materiais são escassas, sendo comum encontrar pessoas que partilham o pouco que têm. Seja um prato de comida partilhado com um vizinho, seja o apoio emocional dado àquela mãe solteira que luta para criar os filhos, cada gesto é uma semente de esperança plantada em terreno árido.

Nas periferias urbanas, também encontramos exemplos de resiliência através da educação e da cultura. Projetos comunitários que oferecem reforço escolar, aulas de música ou formação profissional para jovens marginalizados são provas de que o ser humano pode resistir à adversidade. Ao abrir caminhos para um futuro mais digno, essas iniciativas não apenas melhoram a vida pessoal de quem delas participa, mas também regeneram o tecido social de comunidades inteiras.

Na dimensão espiritual, a esperança também se manifesta de forma marcante e transformativa. Nas igrejas, mesquitas ou templos que se erguem nos cantos mais pobres das cidades, encontramos pessoas que, através da fé, encontram sentido e força para enfrentar os pequenos-grandes desafios. Nesses espaços, a espiritualidade torna-se uma fonte de resistência à desumanização. É ali que o coletivo se une, que as vozes silenciadas são amplificadas, que as histórias de sofrimento são compartilhadas e readquirem significado.

Uma boa parte de nós, muitas vezes distantes dessas realidades, somos igualmente chamados a agir. Ser um ser de esperança implica olhar para a periferia – geográfica ou existencial – com olhos de empatia. Implica reconhecer a dignidade do outro e comprometer-se com a construção de um mundo onde ninguém seja deixado para trás. Isso pode significar envolver-se em iniciativas sociais, apoiar organizações que atuam diretamente junto dos mais vulneráveis ou, simplesmente, abrir espaço para ouvir e acolher o próximo.

Ser portador de esperança é acreditar que a transformação é possível, imaginável e concretizável. Como disse o médico Jonas Salk, «a esperança reside nos sonhos, na imaginação e na coragem daqueles que se atrevem a tornar os sonhos uma realidade». Nas periferias do mundo e do coração, a nossa luz interior brilha nos sorrisos e na forma de atos de bondade e gratuidade. O desafio que temos diante de nós é deixar que a fonte dessa luz interior, Deus, brilhe em nós e entre nós, deixando um legado de esperança para as atuais e futuras gerações.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1302/chamados-a-esperanca/


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Ouvir sempre!

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Ricardo Abrahão 

  

‘Todos os dias, percebo entre uma atividade e outra que a maioria tem ouvido menos, ou seja, prestado menos atenção ao potencial das palavras e ao potencial das pessoas. Ainda percebo algo mais difícil do que ouvir menos : ouvir de forma errada e deturpada. Alguns dizem ser efeito do excesso de uso das redes sociais. Não sei ainda e são muitas as causas e efeitos. Uma coisa é certa e imutável : ninguém pode se chamar cristão e não ouvir com atenção sempre buscando a forma mais esclarecida de entendimento.

O cristão deve ouvir. Ouvir de tudo! Ouvir requer silêncio e ausência de julgamentos. Ouvir exige meditação. Tudo isso é o início do exercício para chegar à compreensão e dimensão da palavra ‘misericórdia’. Ouvir o outro e entender que você não é o centro do universo e que Deus deu a cada um uma forma de escutar a vida, praticá-la e buscar suas verdades. 

Uma crise gigantesca tem assolado a palavra ‘cristianismo’. Atualmente, a Bíblia e as citações bíblicas têm sofrido uma avalanche de pseudointerpretações. Não é para menos, porque vivemos uma fase em que ouvir deixou de ser importante. Algumas colocações no Evangelho são centrais e funcionam como partituras que nos levam ao encontro do coro de Deus, pois, quem ouve a Palavra dele e a coloca em prática já encontrou o resultado imediato do amor. 

Uma vez encontrado o amor, o ouvinte torna-se cristão de verdade e absolutamente nada mais poderá tirar dele o Cristo interior, a escuta passará a ser o ponto mais importante da sua vida. Amar exige ouvir com paciência, tolerância e caridade. Não é possível amar condenando e rebaixando o outro. Se alguém deseja ser missionário, antes de mais nada terá que aprender a postura da escuta e do silêncio interior. 

Um exercício estético muito importante é ouvir música sempre. É um estado de espírito que dispõe o coração a acolher o que de melhor brotar nele e assim, por meio da arte da música, aprende-se a ouvir o outro como irmão.

Ouça sempre! Persevere na esperança! Sinta os doces acordes da vida! Busque a música que há no fundo da alma e permita que a melodia do amor toque o corpo, levando o espírito a operar em direção da mais doce caridade.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/ouvir-sempre.html

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Padre Mattia Ferrari: migrantes, “situação desumana na Líbia”

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Beatrice Guarrera - Vatican News


‘Eles ainda estavam gritando, sob a poeira, os homens e mulheres encontrados nos últimos dias em duas valas comuns na Líbia. Não mais com suas vozes, mas com seus corpos maltratados e sem vida, com ferimentos de bala. Dezenove corpos foram descobertos em Jakharrah, cerca de 400 km ao sul de Benghazi, e outros 30 (mas pode haver até 70) foram encontrados no deserto de al-Kufra, no sudeste do país. Isso foi relatado pela Organização Internacional para Migração (OIM), que expressou ‘choque e preocupação’ com a descoberta das duas valas comuns na Líbia. Não é a primeira vez que corpos de migrantes vêm à tona no país, pessoas desaparecidas que permanecerão sem nome, sem mãe ou filho para velá-las com dignidade. São homens e mulheres que, presumivelmente, acabaram sendo vítimas de traficantes de pessoas, enquanto buscavam uma vida melhor, tendo sido forçados a fugir da pobreza e da opressão.

Rejeições sistemáticas

A descoberta das valas comuns ‘é a enésima confirmação da situação desumana que existe na Líbia, em detrimento de tantos irmãos e irmãs migrantes’, disse padre Mattia Ferrari, capelão da ONG Mediterranea Saving Humans, à mídia vaticana. ‘Na Líbia acontece o que o Papa chama de ‘lagers’ e o que as Nações Unidas chamam de ‘horrores’, e essa é mais uma história de atrocidades totalmente inaceitáveis que ferem nossa consciência humana e cristã’. A Líbia, de fato, lembra o padre, não é simplesmente um país de passagem, mas ‘um país pelo qual os migrantes são forçados a passar, devido ao fechamento dos canais legais de acesso’ e ‘para o qual são enviados, devido às rejeições sistemáticas que a Itália e a União Europeia financiam’.

Inúmeras violações dos direitos humanos

Até o momento, o número de pessoas que conseguem entrar em território europeu por meio de rotas regulares é muito pequeno. Desde dezembro de 2023, após a assinatura do protocolo entre o Ministério do Interior italiano, o Ministério de Relações Exteriores e Cooperação Internacional, o ACNUR, a Arci e a Comunidade de Santo Egídio, 592 pessoas chegaram à Itália. Os últimos chegaram nesta terça-feira, 11 de fevereiro, em um voo de Trípoli. São 139 refugiados, incluindo 69 menores de idade, alguns dos quais nasceram na Líbia, onde viveram por muito tempo com suas famílias em condições extremamente difíceis.

Além disso, há anos várias organizações internacionais vêm relatando as inúmeras violações de direitos humanos sofridas pelos migrantes na Líbia : práticas de trabalho forçado, sequestro, extorsão, engajamento forçado em milícias, até a arriscada travessia do Mar Mediterrâneo, tentada em barcos improvisados. E o que aguarda aqueles que são rejeitados e enviados de volta à Líbia é igualmente assustador : centros de detenção onde a tortura, o estupro, a falta de alimentos e de assistência médica, o aprisionamento em celas superlotadas e condições higiênicas alarmantes estão na ordem do dia.

Esperanças traídas

O padre Mattia Ferrari conhece bem a vida desses migrantes, que ele encontra escapando da morte quando trabalha no Mare Jonio, o navio de resgate da Mediterranea Saving Humans. Mesmo em terra, o padre Mattia continua com seu compromisso com os sobreviventes, como os da organização Refugees in Libya. ‘Essas pessoas’, diz ele, ‘relatam uma violência e um sofrimento incríveis, além de todos os limites, além da imaginação. Cada pessoa carrega dentro de si uma história, um rosto, uma esperança, que é traída por esse sistema de violência indescritível que de fato acontece com nossa cumplicidade ou, às vezes, simplesmente com a cumplicidade de nossa indiferença’.

A necessidade de reconciliação

As vozes que surgem do mundo político para tomar medidas que poderiam realmente mudar a situação ainda parecem fracas. Um caso emblemático é o caso do general líbio Nijeem Osama Almasri, acusado de crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional, o mesmo tribunal que confirmou na segunda-feira, 10 de fevereiro, que havia aberto um processo sobre ‘a falha da Itália em atender a um pedido de cooperação na prisão e entrega’ do general líbio, que foi detido em solo italiano, mas depois repatriado em 21 de janeiro passado. O que foi feito’, observa o padre Mattia, ‘exacerbou uma ferida enorme e, portanto, há uma necessidade de reconciliação, reconciliação com os migrantes e com aqueles que são vítimas de Almasri’. O convite do padre é, portanto, para nos deixarmos questionar por toda essa dor e depois ‘abrir nossos corações, porque essas pessoas estão levantando em nossa direção o que é o grito da fraternidade e estão pedindo para serem reconhecidas em sua dignidade como irmãos e irmãs’. De fato, ainda há esperança de reverter o curso : ‘Se nos pegarmos pela mão’, continua ele, ‘com a sociedade civil, com os próprios migrantes, então poderemos construir um novo mundo’, ‘outro sistema para finalmente dar corpo à fraternidade’. Por causa do que está acontecendo ‘na Líbia, na Tunísia e em tantas partes do mundo’, a ‘fraternidade humana’ está sendo destruída, diz o pe. Mattia, e ‘se não a reconstruirmos, não teremos alternativa à barbárie, ao avanço das guerras, à violência, à catástrofe ambiental. Não há outra alternativa a não ser nos redescobrirmos como irmãos e irmãs’.

O sistema mafioso da Líbia

Seu zelo em viver concretamente o que prega levou o padre a receber ameaças e até mesmo a ser colocado sob escolta, acima de tudo, explica ele, por ter denunciado ‘o sistema mafioso líbio’, onde ‘os líderes da máfia líbia lucram com o tráfico de seres humanos, com a rejeição de migrantes, como a ONU também denunciou’. Para as instituições, para a política, para a sociedade, o capelão da Mediterranea Saving Humans pede ‘para pegar os migrantes pela mão, para ouvi-los, para encontrá-los e depois caminhar juntos. Todos eles’. É um ministério que ele realiza com paixão como homem e como sacerdote, acompanhado por muitos ativistas, pessoas muitas vezes diferentes dele : ‘Neles eu vejo o amor de Jesus, a paixão de Jesus. Alguns acreditam Nele, outros não, mas todos eles são o samaritano da parábola, vivendo aquele amor visceral que caracteriza o coração de Jesus’.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-02/padre-mattia-ferrari-migrantes-situacao-desumana-libia.html

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Senegal: núncio apostólico é convidado de honra da comunidade muçulmana

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da Vatican News

  

‘Pela primeira vez no Senegal, dom Waldemar Stanisław Sommertag, núncio apostólico no Senegal, Mauritânia, Cabo Verde e Guiné-Bissau desde setembro de 2022, foi convidado a participar da Bambilor Ziarra, uma cerimônia religiosa muçulmana. O tema da edição deste ano foi : ‘A espiritualidade islâmica em face do materialismo : qual é o percurso para o muçulmano senegalês de hoje?’. O arcebispo, acompanhado por cerca de 20 religiosos e religiosas, participou da visita anual que os muçulmanos fazem aos seus representantes locais. Em Bambilor, a leste da capital Dakar, a Ziarra foi organizada pelo Khalife General Serigne Thierno Amadou BA.

Em nome de Deus, devemos sempre unir, não dividir

O diplomata da Santa Sé agradeceu ao Khalife pelo convite, lembrando o quanto o Papa acredita no diálogo inter-religioso. De acordo com uma declaração emitida pelos padres Espiritanos do país, que acompanharam o núncio, o representante do Vaticano enfatizou que o Pontífice está ‘profundamente convencido de que a convivência pacífica e respeitosa é o fundamento da identidade humana e espiritual de todos, e que toda crença religiosa, mesmo que de matriz diferente, tem a tarefa principal de unir as pessoas, e que, em nome de Deus, devemos sempre unir e não dividir’. Após entregar sua mensagem de paz, dom Sommertag rezou por todos os senegaleses e prestou homenagem com uma medalha de bronze e um quadro de São Francisco de Assis ao Sultão do Egito.

Em consonância com o que o prelado expressou, o general Khalifa conclamou o povo senegalês a cultivar a paz, a solidariedade e a retidão em sua comunidade, e a não depender de dinheiro. ‘O amor e a harmonia devem ser os valores que sustentam as relações. O dinheiro e o interesse próprio estão destruindo a sociedade’, disse ele, agradecendo ao governo e às várias autoridades convidadas para o encontro.

O Senegal e a coexistência pacífica entre o Islã e o Cristianismo

ziarra é uma visita devocional periódica que os muçulmanos fazem ao seu líder religioso ou a um de seus locais sagrados. É um dia de recolhimento e oração, mas, acima de tudo, é a ocasião para renovar o pacto de confiança e lealdade com seu guia espiritual. A Bambilor Ziarra é um evento importante no calendário de cerimônias religiosas da República do Senegal. Todos os anos reúne milhares de peregrinos de todo o país. O Khalifa, Thierno Mouhamed Bachir Tall, presidiu o evento como um momento espiritual de troca e lembrança dos princípios fundamentais do Islã.

Embora a participação do núncio na ziarra seja uma novidade, os encontros entre cristãos e muçulmanos são uma característica estabelecida no Senegal. O diálogo entre muçulmanos e cristãos é um tópico importante que reflete o compromisso de ambas as comunidades religiosas de viverem juntas em um espírito de respeito e compreensão mútuos. O Senegal é frequentemente citado como um exemplo de coexistência pacífica entre as duas religiões monoteístas.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2025-02/senegal-nuncio-apostolico-comunidade-muculmana-fevereiro-25.html

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Virgem de Lourdes: um ensinamento marcado por milagres que perduram até os dias de hoje

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Flávio José Lima da Silva

 

‘Os milagres são acontecimentos marcados por situações que a Ciência e a Medicina não conseguem explicar, não têm respostas para tais acontecimentos. As experiências místicas dos milagres realizados por Jesus nos mostram o poder de Deus na Pessoa de Jesus Cristo. Vale lembrar que o próprio Jesus falou aos seus apóstolos que se eles fossem fiéis a Ele e ao seu ensinamento realizariam obras maiores do que as que Ele realizava.

A história do povo de Deus, a partir de Jesus Cristo, mostra a nós que os milagres continuam acontecendo. Pela fé que professamos, acreditamos na intercessão de mulheres e homens que são reconhecidos santos pelas igrejas por conta de sua intercessão por alguém que suplicou os milagres e eles aconteceram. 

Nesse contexto dos milagres, resumidamente vamos compreender um pouco a experiência de Santa Bernadette e Nossa Senhora de Lourdes : foram dezoito aparições, ocorridas na França, quatro anos depois da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, quando a Igreja reconheceu essas aparições.

Em seus escritos, Santa Bernadette detalha sua intimidade com aquela mulher de branco de vestido alvo e uma faixa azul celeste na cintura. Um dos pedidos era para os sacerdotes construírem naquele local uma capela, que hoje é um santuário. Outro pedido era para que ela rezasse pela conversão dos pecadores. Santa Bernadette relata que sempre perguntava quem ela era, que depois de um tempo disse que era a Imaculada Conceição.

Santa Bernadette, a vidente de Nossa Senhora de Lourdes, foi canonizada por Pio XI no dia da Festa da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro do ano de 1933, e sua festa foi designada em 16 de abril, dia de sua páscoa. Seu corpo está incorrupto, intacto até os dias de hoje. 

Olhando para história de Santa Bernadette, podemos observar quanto Deus é bom na vida de quem o busca de coração sincero, portanto, é urgente a busca da conversão, é preciso acreditar na cura, pois ela acontece, desde que tenhamos fé e saibamos esperar.

Com as aparições e milagres, Nossa Senhora de Lourdes e Santa Bernadette, os frutos ainda hoje continuam acontecendo e não vão parar de acontecer, tendo em vista que a devoção continua e os milagres não param de ocorrer por meio da intercessão delas.

Por fim, no dia 11 de fevereiro a Igreja celebra o Dia Mundial dos Enfermos, que tem como padroeira Nossa Senhora de Lourdes, que foi proclamada a Padroeira dos Enfermos. Por meio de sua intercessão, muitos doentes têm alcançado a cura, portanto, continuemos a pedir sua intercessão e lembremos sempre de Santa Bernadette, a quem a Virgem de Lourdes apareceu.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/virgem-de-lourdes-um-ensinamento-marcado-por-milagres-que-perduram-ate-os-dias-de-hoje.html

domingo, 9 de fevereiro de 2025

História de Santa Escolástica

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo da Cruz Terra Santa


‘Escolástica e Bento nasceram na cidade de Nurcia, no centro da Itália, no ano 480. Filhos de família rica e nobre, sofreram uma grande perda logo ao nascer, pois a mãe faleceu no parto. Apesar da ausência da mãe, receberam educação primorosa e sólida formação na fé cristã. Tanto que Santa Escolástica, quando era ainda muito jovem, e antes mesmo de se tornar monja, decidiu consagrar-se totalmente a Deus com o voto de castidade.

Vocação

O voto de castidade feito por Santa Escolástica antes mesmo de se tornar freira, mostra a certeza de sua vocação. Porém, ela ainda não sabia como deveria viver este chamado profundo que Deus lhe fizera. No tempo de seu amadurecimento vocacional, seu irmão, São Bento, fundou a Ordem Beneditina e o primeiro mosteiro cristão do Ocidente. A regra de vida dos beneditinos era a inspiração que faltava para Santa Escolástica discernir por completo sua vocação. Assim, ela seguiu os passos do irmão e fundou o ramo feminino da Ordem Beneditina. Um pequeno grupo de moças a acompanhou nesta jornada.

A Ordem das Beneditinas

Santa Escolástica contou com toda a ajuda do irmão no que diz respeito à adaptação da regra de vida dos beneditinos ao modo de ser feminino. Assim nasceu o primeiro mosteiro cristão feminino do Ocidente, fundamentado, principalmente, na vida em comunidade e no princípio ‘Ora et Labora’ (oração e Trabalho) criado por São Bento. Até então, monges e monjas eram eremitas que viviam isolados, sem uma vida em comunidade. Já os beneditinos viviam com horários e atividades bem definidos ao longo de todo o dia.

A ordem floresce

O mosteiro das beneditinas, que começou pequeno, logo floresceu e várias moças começaram a procura-lo para ali ingressarem e viverem a consagração total a Deus na oração, no trabalho, no estudo e na vida em comunidade, ajudando, compartilhando e suportando umas às outras com caridade e amor cristão.

A relação com o irmão São Bento

A relação de Santa Escolástica com seu irmão gêmeo São Bento, era profunda. Havia entre eles uma ligação inspiradora. Os mosteiros masculino e feminino ficavam pertos um do outro. Porém, os dois irmãos só se viam uma vez por ano, no tempo da Páscoa, por causa das regras de vida e das mortificações que se impunham.

O último encontro entre os irmãos

Certa vez, num desses encontros em que estavam São Bento, Santa Escolástica e mais alguns monges e monjas dos dois mosteiros, eles passaram o dia conversando sobre as coisas espirituais e as riquezas do Reino dos Céus. Ao anoitecer, São Bento, rígido, avisou que era hora de voltarem para seus mosteiros. Santa Escolástica, porém, insistia em ficar mais, pois o crescimento espiritual e o colóquio entre os irmãos estavam preenchendo sua alma. São Bento, porém, permanecia irredutível. Então, Santa Escolástica orou pedindo ajuda a Deus, Nesse momento caiu uma chuva torrencial que impedia a todos de irem embora. Assim, permaneceram toda a noite ali, partilhando as coisas Deus e rezando. Ao amanhecer, todos foram para seus mosteiros. Três dias depois Santa Escolástica faleceu. São Bento, em oração, viu o espírito da irmã, como uma pomba, entrar no paraíso. Por isso, Santa Escolástica é representada com uma pomba branca na mão ou no peito. Era o dia 10 de fevereiro do ano 547.

Morte de São Bento

São Bento sepultou a irmã no túmulo que ele tinha preparado para sua própria sepultura. Quarenta dias após a morte da irmã, era a vez de São Bento ser levado para o céu. Ele faleceu no mosteiro que fundara, levando para Deus uma vida santa. A mensagem e a forma de vida de São Bento e de Santa Escolástica influenciaram todo o Ocidente cristão. Das Ordens religiosas criadas por eles, várias outras foram criadas, todas vivendo sob a regra de vida baseada no lema ‘Oração e Trabalho’.

Oração a Santa Escolástica

‘Ó Deus, Pai de misericórdia, Santa Escolástica mostrou que nossa missão é servir, é carregar os fardos uns dos outros, é promover a harmonia e a paz entre todos os homens. Dá-nos compreender em profundidade esses teus desígnios, para que nos aproximemos de Ti, para que Te reconheçamos nos irmãos e para que Te louvemos e bendigamos sem cessar. Amém.’’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-santa-escolastica/79/102/