Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM
‘Santo Antônio de Pádua, também conhecido como Santo
Antônio de Lisboa (1195-1231), é celebrado não apenas por sua fecunda pregação
e amor à Eucaristia, mas também pelo mistério da incorruptibilidade das
relíquias que permanecem visíveis até hoje. Dentre essas preciosidades,
destaca-se a relíquia de sua língua, conservada em um relicário na Capela do
Tesouro da Basílica de Pádua, cujo estado preservado desafia a compreensão
científica e enche de fé os peregrinos.
A língua incorrupta de Santo Antonio
Conta a
história que, logo após sua morte, em 1231, durante o processo de canonização
começaram a ser distribuídas várias relíquias de Santo Antônio. Em 30 de maio
de 1232, o Papa Gregório IX, antigo amigo pessoal de Antônio, inscreveu-o no
catálogo dos santos em cerimônia na catedral de Espoleto.
Em 8 de abril
de 1263, o ministro-geral da Ordem dos Frades Menores, São Boaventura da
Bagnoregio, ao trasladar o corpo de Antônio para a basílica do santo em Pádua,
encontrou sua língua incorrupta e mandou colocá-la em relicário. Em 14 de junho
de 1310, o túmulo foi transferido para outra capela da mesma basílica.
Em 15 de
fevereiro de 1350, o Cardeal Guy de Boulogne mandou colocar o queixo em um
relicário e inventários posteriores mencionam fragmentos de braço, mão, dente,
parte da túnica, cabelos, rádio, dedo e pele da cabeça. Parte do rádio foi, em
1968, remetida à Catedral de Lisboa.
De 6 de janeiro
a 15 de fevereiro de 1981, realizou-se um segundo reconhecimento dos restos
mortais, confirmando que as cartilagens do aparelho fonador continuavam
incorruptas.
A relíquia mais
famosa, sua língua, permanece visível e intacta no relicário da Capela do
Tesouro da Basílica de Pádua, mistério que a ciência não explica e milagre que
a fé celebra e reforça a devoção dos peregrinos.
Da vida de
Fernando ao Frade Antonio
Originalmente
batizado como Fernando, ingressou na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo
Agostinho em Lisboa. Em 1220, diante das relíquias dos cinco primeiros mártires
franciscanos – que partiriam para o Marrocos e ali deram a vida –, Fernando
sentiu o impulso de imitar seu testemunho. Pediu para deixar os agostinianos e,
adotando o nome de Antônio, quis partir para o norte da África, não fosse uma
enfermidade que o obrigou a retornar à Itália, marcando-lhe outro destino.
Em 1221,
participou do Capítulo das Esteiras em Assis, onde conheceu pessoalmente São
Francisco de Assis. Reconhecendo seu talento, Francisco o convidou a ensinar
Teologia aos frades, missão que Antônio exerceu em Bolonha e Paris, lançando as
bases do pensamento franciscano que inspiraria depois São Boaventura e Duns
Scotus e sendo o primeiro professor dos frades franciscanos.
As relíquias
não são apenas vestígios materiais, mas lembretes do sacrifício de Cristo e do
chamado à santidade. Francisco alertou Antônio em carta a ensinar teologia aos
frades “sem extinguir o espírito da santa oração e devoção” (Carta a Antônio),
mostrando que estudo e contemplação caminham juntos.
Dotado de
extraordinária eloquência, Santo Antônio pregava com poder e compaixão,
convertendo muitos que se afastaram da Igreja. Seu zelo pastoral incluía o
atendimento a confissões e o aconselhamento, mesmo enfrentando problemas de
saúde.
Diz‑se que
qualquer fragmento de sua túnica ou contato com sua pessoa era causa de grande
graça. Um exemplo famoso envolve a Irmã Oliva : após beijar-lhe as mãos, ela
sofreu dores violentas até aplicar um pedaço da túnica, quando imediatamente
foi curada, provando que qualquer relíquia sua era instrumento de graça (relato
extraído da Biografia e Sermões de Santo Antônio).
Até hoje,
peregrinos de todas as partes do mundo visitam a Basílica de Pádua para
contemplar a língua incorrupta de Santo Antônio, testemunhando um milagre que
une ciência e fé. Essa relíquia não apenas lembra o poder do testemunho
cristão, mas também conserva viva a memória de um santo cuja palavra se fez
vida para tantos corações.
Santo Antônio,
rogai por nós!’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/as-reliquias-que-contam-a-vida-de-santo-antonio.html
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