Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Interessante, curioso e até difícil pensar que a partir de um momento de
frustração um encontro pode acontecer e que, a partir dele, tudo pode ser
transformado e daí nascer algo que se prolonga por mais de três séculos. O ano
era 1717; três simples homens, pescadores – Domingos Garcia, João Alves e
Felipe Pedroso – enfrentaram um momento de frustração. Após várias tentativas
de pesca sem sucesso, algo inesperado aconteceu : em suas redes, encontraram o
corpo de uma pequena imagem de barro, sem a cabeça. Ao lançarem as redes
novamente, recuperaram a cabeça da imagem. Uma imagem de Nossa Senhora da
Conceição, mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo. Depois desse encontro, as redes se
encheram de peixes e o milagre ficou marcado como o primeiro sinal da
intercessão de Nossa Senhora, aparecida das águas.
A simplicidade dos pescadores e sua fé foram elementos centrais nesse
milagre, que trouxe esperança em meio às dificuldades. Nesse fato, o grande
amor de Deus é demonstrado. Ele, em sua infinita bondade, manifesta-se aos
humildes e simples de coração, como os pescadores. Nossa Senhora Aparecida, a
mãe de Deus, aproximou-se de maneira especial dos pobres e marginalizados por
meio desse episódio, tornando-se, para muitos, um sinal claro do amor de Deus.
A devoção a Nossa Senhora Aparecida cresceu rapidamente entre os mais
simples, pois Maria é aquela que acolhe os pequenos e os aflitos. O próprio São
João Paulo II assim afirmou : ‘Maria está no centro do mistério da Igreja
porque é a mãe de Cristo’ (Carta Encíclica Redemptoris Mater, 22).
Ela é, portanto, a mãe de todos, mas seu olhar se volta de maneira especial aos
mais necessitados. Os pobres e humildes, que muitas vezes vivem em meio ao
sofrimento e à dificuldade, são os que mais acolhem a Boa-Nova de Deus, pois,
como o próprio Jesus disse nas páginas do santo Evangelho, ‘Eu te louvo, Pai,
Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste essas coisas dos sábios e
inteligentes e as revelaste aos pequeninos’ (Mt 11,25).
São os corações simples e os pobres que mais acolhem os sinais do amor
de Deus. A devoção a Nossa Senhora Aparecida tornou-se, para essas pessoas, uma
fonte de consolo e esperança. Maria, que viveu na simplicidade de Nazaré,
conhece as dores e dificuldades do povo. Ela, que experimentou o sofrimento e a
humildade, é a mãe que intercede e protege. A espiritualidade em torno de Nossa
Senhora Aparecida revela-se como uma fé viva, que transcende as dificuldades e
encontra força na esperança e no amor.
A espiritualidade mariana tem grande importância para o povo brasileiro,
especialmente para os mais simples, pois simboliza a fé perseverante de um povo
que, mesmo em meio às dificuldades, encontra na intercessão de Maria um caminho
de esperança. Como nos lembra a Constituição Dogmática Lumen Gentium,
‘Ela é saudada como membro eminente e singular da Igreja e como seu modelo e
exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade’ (53). Nossa Senhora Aparecida é
essa mãe que guia o povo de Deus, especialmente os que mais sofrem, para mais
perto de Cristo.
Assim, ao celebrarmos sua solenidade no dia 12 de outubro, recordamos o
papel fundamental dessa devoção, que une o Brasil em torno da simplicidade e do
amor de uma mãe que intercede por seus filhos em todas as suas necessidades.
Nossa Senhora Aparecida é o refúgio dos pequenos, a esperança dos aflitos e o
símbolo da fé simples e perseverante de um povo que confia no poder de Deus.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/nossa-senhora-aparecida-mae-dos-de-coracao-simples.html
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