Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Presidente da Cáritas Portuguesa
‘Estes tempos são naturalmente inspirados pelo desafio do Dia Mundial
dos Pobres. Dar significado a este dia e tentar que possa ainda ser alerta,
estímulo de reflexão e inspiração de ação foi o que me trouxe hoje a estas
linhas. Nestes dias cruzam-se desafios múltiplos e angústias desesperançadas,
que me fazem sempre pensar como poderemos «recompor» este mundo, que muda tanto
quanto gira, e cada vez mais rápido. São tantos os desafios, que o tempo
de reflexão se prejudica e se desmerece a necessidade do cuidar, do proteger e
do rezar.
O VIII Dia Mundial dos Pobres celebra-se a 17 deste mês de Novembro,
jornada que merece uma mensagem do Santo Padre. No texto, o papa lembra que o
Dia Mundial dos Pobres se tornou «um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial.
[...] Desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da
sua presença e das suas necessidades. É uma ocasião propícia para realizar
iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e
apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais
necessitados». Todavia, o papa reforça a convicção «de que os pobres têm um
lugar privilegiado no coração de Deus, que está atento e próximo de todos e
cada um deles».
Sob o lema A oração do pobre eleva-se até Deus, somos
convocados a preparar o nosso olhar e o nosso coração com vista ao Jubileu
Ordinário de 2025, também com a certeza de que a oração do pobre chega à
presença de Deus como meio e veículo de comunhão e que devemos refletir para
que a oração se construa como «aproximador» e meio de comunhão. Um grande
desafio.
O pobre é muito mais do que um produto de baixo rendimento.
A pobreza é muito mais do que a falta de condições de subsistência ou de
recursos. Manifesta-se pela fome, pela malnutrição, mas também pelo acesso
limitado a meios, serviços prioritários, saúde, educação, e até à falta de
participação. A tudo isto acrescem os muitos fatores de exclusão social.
Neste ambiente, os mais frágeis são os que mais precisam de atenção, de
olhares atentos às dificuldades e ao papel que todos podem ter na sua
proximidade e na construção de soluções de vida que considerem cada um em toda
a sua plenitude com vista a um mundo de esperança. A esperança constrói-se com
todos os dons e todos os bens, a experiência e a energia de cada um.
Ficam-me as palavras do Papa Francisco : «No caminho para o Ano Santo,
exorto todos a fazerem-se peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um
futuro melhor. Não nos esqueçamos de guardar ‘os pequenos detalhes do amor’
(exortação apostólica Gaudete et Exsultate, 145) : parar,
aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de
conforto.»
Uma última palavra de esperança. Cada um de nós transporta tesouros
únicos e dons especiais. Muitas vezes desmerecemos isso e uma palavra que nos
aconselhe ou inspire pode fazer toda a diferença, para nós e os que nos
rodeiem. É preciso acreditar nos «pequenos detalhes do amor».’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1270/os-pequenos-detalhes-do-amor/
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