domingo, 6 de julho de 2025

Seguir Jesus: uma resposta que nos recria

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Diego Lelis, CMF

 

‘Há uma pergunta que atravessa os séculos com a força de um vento que não cessa. Não é uma pergunta de prova, nem uma curiosidade de mestre : é um chamado que toca a alma. ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ (cf. Lc 9, 20).

Não se responde a essa pergunta com frases decoradas de catecismo. Ela exige mais : exige adesão, exige verdade de cada um de nós. Exige vida. Porque, na realidade, é como se Jesus dissesse : ‘Quero saber quem sou para você, no mais profundo da sua história, no lugar onde nascem as suas decisões, onde vivem suas alegrias e doem as suas cruzes.’

É revelador notar que essa pergunta nasce enquanto Jesus rezava num lugar retirado (cf. Lc 9,18). Como se o silêncio fosse a única linguagem capaz de traduzir o que é essencial. Há perguntas e respostas que só se escutam quando o coração aquieta. Há verdades que só se compreendem longe do barulho. E talvez o seguimento de Jesus comece por aí : pela escuta do coração, pela oração que desinstala, pela resposta que nasce no íntimo.

A resposta de Pedro — ‘Tu és o Cristo de Deus’ — está certa, mas ainda é insuficiente. Porque logo em seguida Jesus revela o outro lado do Cristo : o lado da rejeição, da dor, da cruz. Como se dissesse : ‘Sim, sou o Messias, mas um Messias ferido. Sou o Cristo, mas um Cristo que sangra.’

E então, vem o convite que transforma tudo em caminho : ‘Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me.’ (Lc 9,23)

Seguir Jesus não é andar atrás de um ideal bonito. É caminhar com Ele, com as marcas e exigências do amor que se faz carne, que se deixa ferir, que se doa até o fim. É mais do que um gesto religioso — é uma escolha existencial que nos pede tudo. E que precisa ser feita de novo, a cada manhã.

É por isso que o seguimento de Cristo não se esgota num momento de entusiasmo ou numa emoção de retiro. É um ato contínuo de entrega. É aceitar que amar como Ele amou custará a vida inteira. Porque o amor, quando é verdadeiro, não se preserva — se oferece. O amor em Jesus é doação, e a consequência do amor é sempre a cruz — não como fim, mas como travessia.

Quem quiser salvar sua vida vai perdê-la — diz o Evangelho — mas quem a perder por causa d’Ele, a encontrará. Isso é uma revolução do espírito. Uma virada radical que nos ensina que a vida não se conquista acumulando, mas entregando. Não se vence se protegendo, mas se expondo por amor.

Seguir Jesus é viver para além de si mesmo. É deixar de se pertencer para pertencer ao Reino. É trocar os atalhos fáceis pela vereda estreita do Evangelho. É responder todos os dias à mesma pergunta : ‘E hoje, quem é Jesus para mim?’ E permitir que a resposta não esteja apenas nos lábios, mas no modo como nos gastamos, no modo como amamos, no modo como vivemos.

Se hoje Ele te perguntar de novo — e Ele perguntará — não endureça o coração. Responder com a vida pode ser difícil, mas é o único caminho que nos devolve a nós mesmos e nos leva ao coração de Deus. 

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/seguir-jesus-uma-resposta-que-nos-recria.html

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