Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
professor
‘O mundo está sempre a
mudar. Esta consciência da revolução temporal acontece na sequência do trabalho
de Charles Darwin, mas apenas a ideia de seleção natural é insuficiente. Pois,
o mundo muda em que direção e sentido? É nesta fase que os pensamentos começam
a divergir em duas vertentes.
Uma vertente atribui as mudanças ao fruto de um acaso, uma alteração
aleatória, uma mutação inesperada. Porém, esse pensamento associa-se mais ao
nível daquilo que acontece à matéria biológica, mas torna-se inaplicável à
matéria cultural. A outra vertente considera haver por detrás de cada mudança
uma intenção, um telos. Ou seja, na interioridade de cada coisa que
muda existe uma propensão para mudar numa certa direção e sentido. Creio que
existe uma lei que une ambas as vertentes e as explica como sendo uma só coisa.
A lei da complexidade-consciência, formulada pelo jesuíta e paleontólogo
Teilhard de Chardin (1881–1955).
Teilhard notou que o aumento de complexidade nos elementos do mundo
natural parecia estar acompanhado de uma intensificação da consciência que
ocorre na interioridade desses elementos. Contudo, para ligar o aumento da
complexidade à intensificação da consciência seria necessário haver um espaço
de possibilidades (acaso) onde os relacionamentos entre os elementos ofereçam,
por assim dizer, a cada um, a possibilidade de experimentar a consciência adequada
à sua condição. Não é só de humanum que vive a consciência.
Em 2012, um grande grupo de investigadores das ciências cognitivas
assinou a que ficou conhecida como A Declaração sobre a Consciência de
Cambridge onde afirmam : «A ausência de um neocórtex não parece
impedir um organismo de experienciar estados afetivos. Evidências convergentes
indicam que os animais não humanos possuem os substratos neuroanatomicos,
neuroquímicos e neurofisiológicos dos estados conscientes, juntamente com a
capacidade de exibir comportamentos intencionais. Consequentemente, o peso das
evidências indica que os seres humanos não são únicos em possuir os substratos
neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os
mamíferos e aves, e muitas outras criaturas, incluindo polvos, também possuem
esses substratos neurológicos.»
O mundo muda na direção de uma maior complexidade de relacionamentos
contingentes a partir dos quais emerge a consciência à medida da condição de
cada um.
Contudo, a complexidade gera diversidade e a consciência gera
diferentes níveis de interioridade. Poderá essa diversidade ser sinal de
fragmentação do mundo e as várias interioridades sinal de discriminação?
É aqui que as pessoas se esquecem do elemento final da lei da
complexidade-consciência formulada por Teilhard : o ponto ômega. Um ponto que
se alimenta de duas razões : o amor e a sobrevida. O amor mantém a diversidade
unida. A sobrevida reconhece que o espaço e o tempo são apenas uma passagem
para o que está além desses. O ponto ômega é o ponto de convergência no fim do
mundo que muda.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/1218/para-onde-caminha-o-mundo-que-muda/
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