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domingo, 29 de junho de 2014

Relativismo Religioso e Totalitarismo Anticristão (Capítulo 2)

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

* Artigo de Padre Anderson Alves,
 sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil – e doutorando em
Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma


‘Resta-nos responder a uma pergunta : o politeísmo é essencialmente tolerante? Existem hoje diversos autores que aplicam a metáfora do politeísmo religioso à democracia civil, falando assim de um ‘politeísmo de valores’. O politeísmo seria um antídoto à violência, enquanto que o monoteísmo é essencialmente intolerante e opressivo.

Na verdade a violência por motivos religiosos é a corrupção da religião. Trata-se de um fenômeno grave e sério, mas – é relevante notar – que não foi estranho ao politeísmo antigo (nem ao atual), no qual ocorriam lutas entre os deuses e os homens. Qual foi a tolerância que se deu na época da violenta perseguição do imperialismo grego perante a religião judaica (cf. 1 Mac 1-14; 2 Mac 3-10)? Lembremos também que a religião politeísta do Império Romano, com o seu conceito de cidadania, sua estrutura multi-étnica, multirreligiosa, perseguiu o judaísmo e especialmente o cristianismo, culpado de rejeitar a veneração do imperador como figura divina. A resposta cristã àquelas injustiças foi precisamente o testemunho não violento e a aceitação do martírio. Lembremos que nas sociedades antigas, quando um povo conquistava outro, a primeira coisa a ser destruída era o templo, o qual significava que o ‘deus’ dos conquistadores era mais forte daquele dos vencidos. A segunda coisa destruída era a ‘biblioteca’ daquele povo. O politeísmo ‘relativista’ antigo e atual gera, na verdade, ataques à religião e uma verdadeira destruição da memória e da cultura.

Além disso, no mundo ocidental secularizado, multiplicam-se os mais estilos de vida inspirados numa violência espontânea, imediata e destrutiva, e isso vem sendo cada vez mais justificado eticamente. Ao mesmo tempo observa-se um enfraquecimento «no respeito pela vida, pela intimidade da consciência, pela salvaguarda da igualdade, pela paixão racional por um empenhamento ético partilhado e pelo respeito da autêntica consciência religiosa» (n. 13). Pode causar surpresa que sejam justamente as ‘religiões monoteístas’ apontadas como uma das principais matrizes de um absolutismo violento e desestabilizante para a harmonia civil, quando a violência cresce exatamente em contextos secularizados. O esquematismo que liga o monoteísmo à violência e o politeísmo à tolerância não supera, pois, o exame histórico, é simplório e surge do preconceito racionalista segundo o qual existe um único modo de afirmar a verdade : negar a liberdade ou eliminar o antagonista.

A constante identificação do catolicismo como o obstáculo a se abater na cultura atual, por ser responsável por um monoteísmo que difunde a violência religiosa no mundo, é injustificável. Especialmente porque o catolicismo é atacado principalmente onde ele é mais conhecido : no mundo ocidental, construído graças ao humanismo cristão e no qual existe um número imenso de obras caritativas dirigidas pelos católicos.

No fundo, a denúncia contra o monoteísmo surge de motivações ocultas : a defesa de um ateísmo claramente professado e de uma concepção imanentista e naturalista do humano. Mas como os ‘ateísmos de Estado’ deixaram milhões de mortos, feridos e escravos, algo que permanece vivo na consciência ocidental, busca-se então atribuir ao adversário os próprios erros e desgraças. Porém, «mesmo se nos convencermos de que não existe um Deus perante o qual todos os homens são iguais, o horizonte do pensamento de Deus é, apesar de tudo, tão indispensável à consciência humana que ele, ‘esvaziado’ do seu legítimo ocupante, permanece à disposição do delírio de omnipotência do homem. Alguém ou até algo (a raça, a nação, a facção, o partido, a tradição, o progresso, o dinheiro, o corpo, o gozo) acaba por ocupar o lugar deixado vazio por Deus. A revelação bíblica anuncia-o e a história demonstra-o : o homem hostil ao Deus bom e criador, na obsessão de se tornar como Ele’, converte-se num ‘Deus perverso’ e depravado em face dos seus semelhantes» (n. 14). E desse ‘Deus perverso’, que dimana do pecado desde a origem, nada pode vir de bom para a pacífica convivência entre os homens.

Sendo assim, a radical advertência perante o uso despótico e violento da religião pertence ao núcleo originário da revelação de Jesus Cristo. A confissão do fato de que o único Deus se deixa reconhecer na unidade do supremo mandamento do amor a Deus e ao próximo ilumina a autêntica fé no Único Deus. De modo que «a unidade indissolúvel do mandamento evangélico do amor de Deus e do próximo estabelece e confere o grau de autenticidade da religião. Em toda a religião. E também em todo o pretenso humanismo, religioso ou não religioso» (n. 17). É nesse mandamento que reconhecemos Deus, que se torna visível. Em Cristo temos a perfeita revelação de Deus e nele contemplamos a perfeição do homem que corresponde intimamente a Deus.’



Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/relativismo-religioso-e-totalitarismo-anticristao-ii-parte

  

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Relativismo Religioso e Totalitarismo Anticristão (Capítulo 1)

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

  * Artigo de Padre Anderson Alves,
 sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil – e doutorando em
Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma


‘No dia 16 de janeiro de 2014 a Pontifícia Comissão Teológica Internacional publicou um extenso e importante documento, elaborado entre 2009 e 2014 : ‘Deus Trindade, unidade dos homens : o monoteísmo cristão contra a violência[i]. Consiste em um estudo do discurso cristão sobre Deus, defrontando-se com a tese segundo a qual haveria uma relação intrínseca entre monoteísmo e violência. Atualmente afirma-se que o monoteísmo, por acreditar ser o detentor de uma verdade absoluta, é fonte de intolerância e violência. Por sua vez, o politeísmo seria intrinsecamente tolerante e fundamental para a democracia. Esse pensamento pretende defender um relativismo religioso absoluto, mas acaba se revelando como uma verdadeira forma de totalitarismo anticristão.

O documento responde duas questões : como a teologia católica pode se confrontar criticamente com a opinião cultural e política que estabelece uma relação intrínseca entre monoteísmo e violência? E como a fé no único Deus pode ser reconhecida como princípio e fonte do amor entre os homens?

O texto afirma que a fé cristã reconhece na excitação à violência em nome de Deus a máxima corrupção da religião. O cristianismo chega a esta convicção a partir da revelação da própria intimidade de Deus, que nos chega através de Jesus Cristo. O capítulo primeiro – que expomos aqui – esclarece a noção de monoteísmo, apresentada geralmente de modo demasiado vago. Então se afirma que as guerras interreligiosas e também a guerra contra a religião são totalmente insensatas [ii].

Sendo assim, é preciso reconhecer Deus como «princípio e o fim» da existência de cada pessoa e de toda comunidade humana. Por sua vez, o homem é naturalmente capaz de reconhecer Deus como criador do mundo e como seu interlocutor pessoal. Nesse sentido, afirma-se a existência do homo religiosus, a qual é deduzível da experiência religiosa dos homens.

A partir de então, podemos questionar : há um nexo necessário entre o monoteísmo e a violência? Uma pergunta estranha, pois justamente o Ocidente considerou por séculos o ‘monoteísmo’ a forma de religião culturalmente mais evoluída, por ser o modo de pensar o divino mais congruente com os princípios da razão. De fato, a unicidade de Deus é acessível à filosofia – desde Sócrates, Platão, Aristóteles até o Deísmo moderno – e foi identificada como princípio da razão natural que precede as tradições históricas das religiões.

Ocorre que a cultura contemporânea reage às grandes ideologias do século XX, as quais pretenderam ser científicas e dirigidas a um progresso indefinido. Houve então um predomínio da busca pela verdade, a qual justificou concepções filosóficas e políticas que levaram a humanidade ao abismo das duas grandes guerras mundiais. Em oposição a isso, hoje se tende a privilegiar a pluralidade das visões sobre o bem e sobre o justo, sem buscas pela verdade. Isso gera a tensão entre o reconhecimento do pluralismo e um princípio relativista.

De fato, conhecer e respeitar as diferenças culturais «representa uma vantagem para a valorização das singularidades e para a abertura a um estilo hospitaleiro da convivência humana». Porém, há um grave problema : o mero respeito às diferenças sem uma busca pela verdade gera a impossibilidade do diálogo. De modo que as pessoas e os grupos «são induzidos à desconfiança – se não à indiferença perante o empenho em buscar o que é comum à dignidade do homem» (n. 4).

Isso significa que o relativismo e o chamado ‘politeísmo dos valores’ não podem ser o fundamento da democracia e do respeito pela dignidade humana, porque geram incomunicabilidade, desconfiança, indiferença pela verdade e desprezo por aquilo que une os homens: a mesma dignidade de pessoa. O relativismo é fruto da perda de confiança na razão humana e gera a suspeita em relação às outras pessoas, assim como uma perda de motivações. Uma sociedade relativista é uma sociedade apática, pois todas as escolhas humanas são, no fundo, indiferentes. Isso faz com que as relações humanas sejam abandonadas «a uma gestão anônima e burocrática da convivência civil» (ibid.). Consequentemente, se dá o crescimento de uma imagem pluralista da sociedade e a afirmação de um desígnio totalitário do pensamento único: surge então o discurso ‘politicamente correto’. O relativismo se revela como uma máscara que esconde um secreto absolutismo [iii].

Para o relativismo a verdade é considerada uma ameaça radical para a autonomia do sujeito e para a abertura da liberdade, porque a pretensão de uma verdade objetiva e universal, se bem que acessível ao espírito humano, é imediatamente associada a uma pretensão de posse exclusiva por parte de um sujeito ou grupo. A ideia de que a busca da verdade seja necessária para o bem comum é tida por ilusória. Na atual compreensão, a verdade estaria inseparavelmente relacionada com a ‘vontade de poder’, por isso a ‘verdade’, principalmente a religiosa, passa a ser vista como raiz de conflito e de violência.

O colapso cultural da atualidade é tão grave que afirma ser o monoteísmo arcaico e despótico, enquanto o politeísmo seria criativo e tolerante. A dita crítica se concentra na denúncia radical do cristianismo, justamente a religião que aparece como protagonista na busca de um diálogo de paz, tanto com as grandes tradições religiosas quanto com as culturas laicas. Certamente, o fato dos cristãos serem descaradamente associados por sua fé no Deus Único a uma ‘semente da violência’ fere milhões de autênticos crentes, especialmente porque eles vivem totalmente afastados da pregação da violência. Além disso, em muitas partes do mundo, os cristãos são maltratados com a intimidação e a violência por causa exclusivamente da sua fé. Estima-se que atualmente 200 milhões de cristãos são perseguidos no mundo, algo que ocorre diante do silêncio cúmplice de boa parte dos governos e meios de comunicação, que se empenham em difundir uma visão distorcida do cristianismo como o grande incentivador de violência [iv]. Evidentemente não se pode negar o preocupante fenômeno da ‘violência religiosa’, a atual ‘ameaça terrorista’. Mas também não se pode ignorar que são precisamente os cristãos que mais sofrem violências no mundo.

[i] O documento pode ser acessado em :

[ii] O capítulo II trata as chamadas ‘páginas difíceis’ da Bíblia, ou seja, aquelas em que a revelação de Deus surge envolvida nas formas da violência entre os homens; o capítulo III oferece um aprofundamento do evento da morte e da ressurreição de Jesus, central para a reconciliação entre os homens; o quarto capítulo fornece uma clarificação das aproximações e implicações filosóficas do pensamento de Deus, discutindo com o ateísmo atual; o último capítulo trata os elementos cristãos que definem o empenho do testemunho eclesial na reconciliação dos homens com Deus e de uns com os outros. Pois o cristianismo é consciente de que a «revelação cristã purifica a religião, porque lhe restitui o seu significado fundamental para a experiência humana do sentido».

[iii] O Papa Francisco recentemente também falou do totalitarismo relativista. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, n. 231 : «Por isso, há que postular um terceiro princípio : a realidade é superior à ideia. Isto supõe evitar várias formas de ocultar a realidade : os purismos angélicos, os totalitarismos do relativo, os nominalismos declaracionistas, os projetos mais formais que reais, os fundamentalismos anti-históricos, os eticismos sem bondade, os intelectualismos sem sabedoria».

[iv] Os dados são do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, organizados pela Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.zenit.org/pt/articles/relativismo-religioso-e-totalitarismo-anticristao-i-parte


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O Totalitarismo Relativista e a Destruição da Cultura

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

* Artigo de Padre Anderson Alves,
 sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil – e doutorando em
Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma

‘Não restam dúvidas de que vivemos numa época relativista. Cada vez mais pessoas pensam que não há nenhuma verdade certa, ou que a verdade não seja conhecível, ou, o que é equivalente, que todas as afirmações são igualmente verdadeiras. Esse tipo de relativismo vem se impondo como pensamento único. Quem nega ser verdade que não exista verdade faz algo óbvio, à custa de ser chamado de prepotente, intolerante e antidemocrático; em uma palavra: um perigo público. Como dissemos em outra ocasião, vivemos numa cultura dominada não por um relativismo absoluto, algo essencialmente contraditório, mas sim por um absolutismo relativista[1]. 

O dito relativismo pode ser bem contemplado em um raciocínio frequente do chamado “pós-modernismo”. Afirma-se que todos os homens são iguais; por isso, quando dois homens possuem opiniões diversas, ambas devem ser tidas como verdadeiras, pois seria “antidemocrático” ou “politicamente incorreto” dizer que uns homens têm razão sobre outros.

Esse estranho raciocínio pretende ser relativista, mas supõe a existência de verdades firmes e incontestáveis: a igualdade essencial de todos os homens, a certeza de que a democracia é a melhor forma de governo possível e que o “politicamente correto” deve ser o padrão único de linguagem. Sendo assim, esse raciocínio expressa aparentemente o relativismo, mas se funda em dogmas bem sólidos.

De qualquer modo, o que aqui se expressa é que o critério de verdade deixou de ser a relação do juízo com a realidade conhecida e passou a ser a relação do juízo com a dignidade de quem o profere. Todo juízo deveria ser considerado igualmente verdadeiro (ou igualmente falso) só pelo fato de que foi realizado por um ser humano portador de uma dignidade intrínseca.

Com isso queremos mostrar que a forma de raciocinar relativista é profundamente contraditória, pois pretende negar o que supõe desde o princípio: a existência da verdade. Supõe, por exemplo, a verdade de que todos os homens são iguais em dignidade e, posteriormente, afirma que não existe nenhuma verdade.

O que importa é que essa forma de pensar relativista dá por certo que não há uma verdade e uma bondade intrínsecas às coisas. A verdade de cada coisa é a que cada um constrói, e o valor de cada uma é totalmente atribuída pelo sujeito. Mas qual seria a consequência desse tipo de pensamento?

Romano Guardini foi um autor que refletiu sobre esses temas e deu respostas diametralmente opostas. Em primeiro lugar ele constatou que algo presente em diversos momentos da história do pensamento é a afirmação de que o bem é a verdade de cada coisa, na medida em que se torna objeto do agir. Sendo assim, do que é verdadeiro em si surge a comprensão do que é realmente justo. O bem moral seria então o justo que brota da essência de cada realidade particular.

E, quando se reconhece a verdade das realidades em si mesma, se exclui da ética o “direito à arbitrariedade”, ou seja, o direito de agir com a natureza assim como se quer, impondo-lhe o dever de atuar segundo o próprio interesse. O dito “direito à arbitrariedade” seria intrínseco ao “existencialismo”, ao pós-modernismo e a outras formas de pensamento relativista. Por outro lado, se há uma verdade intrínseca às coisas, o bem é o que deve ser feito sempre, e equivale à verdade das coisas em si como tarefa para o agir moral. A verdade das coisas e do bem exclui então o direito à arbitrariedade, a qual é expressão de um puro voluntarismo.

E todo totalitarismo manifesta horror pela verdade, porque essa é a única força que destrói toda imposição arbitária na sua raiz. E a verdade das coisas é algo essencialmente democrático, pois pode ser conhecida por todos os que a buscam.

Todo regime totalitário, pois, está convencido de que não exista uma essência objetiva sobre as coisas, sobre a natureza, sobre as relações humanas e sobre a moral. Por isso o totalitarismo visa sempre difundir uma mentalidade relativista. Só assim pode manipular as pessoas segundo os próprios interesses. Romano Guardini viu isso no regime nazista, que negava a existência de normas morais certas e da verdade reconhecida por todos. Aquela tirania relativizava o que era aceito pacificimente por todos, absolutizando suas próprias ideias perversas, e impunha um regime de pensamento único, o qual está intrinsecamente ligado ao terror. Hoje vemos que o relativismo pretende que tratemos a verdade como se fosse mentira, e a mentira como se fosse verdade.

Entretanto, se as coisas são realmente inteligíveis e se o ser delas manifesta o bem a ser realizado, o homem se reconhece como um ser responsável pelo mundo. Ele deve conhecer a realidade que lhe foi dada para agir de modo responsável. Se há uma verdade que rege o agir moral, o homem não pode querer dominar a realidade com uma “vontade de poder” absoluta.

E a cultura nada mais é do que a capacidade de perceber a exigência que surge da verdade de cada coisa e a disponibilidade de lhe corresponder. «O homem deve decidir aceitar ou refutar a realidade. Ele é responsável por isso pelo fato de ser homem. Ser homem significa precisamente ser responsável pelo mundo»[2]. De fato, a dita responsabilidade, fundada na certeza de se poder alcançar a verdade sobre cada coisa, se manifesta na cultura.

Por outro lado, o relativismo, ou seja, a negação da verdade implícita de cada realidade como indicação de atuação, gera a destruição da cultura. Nada mais destrutivo do que o relativismo. Por outro lado, o homem culto é aquele capaz de distinguir os valores verdadeiros e os falsos, ou seja, conhece as realidades e o valor implícito de cada uma. O homem culto musicalmente, por exemplo, é aquele que conhece e valoriza as obras musicais realmente de grande importância.

O relativismo, no fundo, nega a verdade e a bondade das coisas e, fazendo isso, faz tudo se tornar indiferente.  E a dita indiferença destrói a cultura, a educação, a moralidade e a mesma sociedade. Se não há uma verdade e uma bondade em cada coisa, para que estudar? Para que se dedicar ao trabalho científico? Para que serve a arte se não para exprimir de forma singular e bela uma verdade e uma bondade conhecida? E como ser ético na vida profissional se não há nenhum bem conhecível?

Portanto, o totalitarismo relativista, que pretende dominar nossas sociedades, além de ser contraditório e autoritário é um verdadeiro obstáculo para o progresso humano, cultural, político e social das nossas sociedades.


Fonte :
[1] Cfr.: A. Alves, Relativismo absoluto ou absolutismo relativista. Disponível em:  http://www.zenit.org/pt/articles/relativismo-absoluto-ou-absolutismo-relativista

[2] Romano Guardini, Etica, Editrice Morcelliana, Brescia 2003, pp. 53-54.