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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

O que são os sacramentais na vida cristã

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo da redação da ACI Digital


‘A blogueira católica Jenny Uebbing escreveu um artigo no qual explica o sentido e o uso dos sacramentais na vida cotidiana do cristão.

No blog ‘Mama needs coffee’ de CNA – agência em inglês do Grupo ACI –, Uebbing explica que a palavra ‘sacramental’ é ‘utilizada pela teologia para designar aqueles artigos aparentemente normais, aos quais temos acesso durante nossa batalha contra o mal ao longo de nossa vida’.

Segundo o Catecismo, os sacramentais ‘são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual’.

‘Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida’.

Uebbing explicou que, ‘embora a fé da Igreja impregnada nesses elementos comuns (água, sal, ícones, medalhas etc.) é uma bênção eficaz em si mesma, esta só se concretiza plenamente quando combinada com a fé pessoal e uma vida reta e ordenada’.

Fazendo referência ao Evangelho de São João sobre a passagem de Jesus na qual aplica barro nos olhos de um homem para que recuperasse a visão, Uebbing indicou que este milagre ‘não ocorreu por uma superstição ou por qualidades inerentes da matéria, mas pela reação primordial entre a graça de Cristo e a fé do homem’.

A seguir, alguns exemplos de sacramentais propostos pela blogueira católica :

1. Crucifixos

Uebbing assegurou que, ‘com um crucifixo em cada lar, tem-se um poderoso recordatório para todos os que vivem, trabalham e dormem sob o mesmo teto, de que o lar pertence a Cristo’.

‘Não, o crucifixo não é Jesus, mas é sua imagem, representada com amor e destacada proeminentemente’, precisou.

2. Água benta

A blogueira detalhou que ‘cada paróquia deve ter (a maioria tem) uma pia de água benta em cada porta e uma pia principal para o batismo’.

‘Mantenhamos água benta em nossa casa todos os momentos e usemo-la todos os dias para abençoar nosso filhos, seus quartos e nossa casa, sobretudo se alguém está doente ou teve um sonho ruim, ou depois de uma grande festa ou quando muitas pessoas entraram e saíram’.

Jenny assegurou que ‘vivemos em uma falsa dicotomia entre o espiritual e o mundo material neste século, entretanto, o Deus que vem a nós em um pedaço de pão, sem dúvida, confere a graça sacramental através da água’.

3. Sal bento

A autora manifestou que o sal é bom ‘para abençoar as portas e lançar ao longo do perímetro da casa como uma barreira entre a família e o mundo’.

Assinalou que isso também é ‘um ato de fé que reclama a terra, o lar e todo o espaço’ para Cristo.

4. Medalhas

‘Tanto a Medalha Milagrosa como o escapulário são poderosas devoções à Virgem e a Igreja ensina que, usados com fé e em concordância com uma vida de virtude, levará promessas poderosas unidas a eles’.

Finalmente, Jenny Uebbing assegurou que ‘Maria intercederá por nós particularmente no momento da morte, uma vez que Jesus não negará à sua querida mãe tudo o que ela pede’.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.acidigital.com/noticia/51234/o-que-sao-os-sacramentais-na-vida-crista?-conheca-alguns-deles


segunda-feira, 15 de julho de 2024

Nossa Senhora do Carmo e as promessas do escapulário

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Frei Adailson Q. Santos


O Escapulário do Carmo está ligado a uma venerável tradição carmelita referente à ‘visão’ de São Simão Stock. Promessas foram feitas por Nossa Senhora do Monte Carmelo, que ainda fazem com que devotos utilizem com fé essa ferramenta de santificação.

As várias gerações do Carmelo, desde as origens até hoje, no seu itinerário até à montanha santa, Jesus Cristo nosso Senhor, procuraram plasmar as suas vidas segundo os exemplos de Maria. A nossa devoção e o nosso amor por Ela centraram-se, durante muitos séculos, no Escapulário. O rico patrimônio mariano do Carmelo tornou-se, através dos tempos e por meio da difusão da devoção do Santo Escapulário, um tesouro para toda a Igreja. Pela sua simplicidade, pelo seu valor antropológico e pela relação com o papel de Maria na Igreja e na humanidade, esta devoção foi profundamente e amplamente recebida pelo povo de Deus, a ponto de encontrar expressão máxima na sua solenidade no dia 16 de julho, para toda a família carmelitana.

No sinal do Escapulário evidencia-se uma síntese eficaz de espiritualidade mariana, que alimenta a devoção dos crentes, tornando-os sensíveis à presença amorosa da Virgem Mãe na sua vida. O Escapulário é essencialmente um ‘hábito’. Quem o recebe é agregado ou associado à Ordem do Carmo, dedicando-se ao serviço da Senhora para o bem de toda a Igreja. Quem veste o Escapulário é introduzido na terra do Carmelo, para que ‘coma os seus frutos’ (cf. Jer 2:7), e experimente a presença doce e materna de Maria, no empenho cotidiano de revestir-se interiormente de Jesus Cristo e de manifestá-lo vivo em si mesmo para o bem da Igreja e de toda a humanidade.

O Escapulário, por ser aprovado, confirmado e enriquecido de imensos privilégios, tem uma instituição eclesiástica. Foi a própria Igreja que o adotou como um sacramental. A graça conferida é a proteção especial de Nossa Senhora. Mas não a confere por si mesmo, pois não é um sacramento, mas apenas um sacramental. Aqueles que o usam devem implorar e merecer os benefícios por uma vida de dedicação a Maria Santíssima. Os benefícios do Escapulário do Carmo não são conferidos automaticamente. O Escapulário não é um remédio milagroso contra os males do corpo ou da alma, nem a garantia infalível de uma morte em estado de graça, ou da rápida libertação do Purgatório. É tão somente um motivo especial para que tal aconteça. As pessoas que usam o Escapulário devem merecer essas graças e benefícios por um modo de vida que corresponda ao sentido do Escapulário, isto é, por uma vida sinceramente cristã, pelo cumprimento dos deveres de cada dia, sob o olhar da Virgem Santíssima.

O Escapulário é um sinal ou indício de uma predileção inestimável de Amor. O segredo do cristão é a entrega de toda a sua vida a Maria, e ela o assistirá em todas as dificuldades, estando sempre próxima de quem a invocar, como desde há dois mil anos. Sua proteção é particularmente necessária na hora da morte. Diante do mistério desconhecido, pedimos ansiosamente a mão carinhosa da Mãe para que nos conduza e proteja, ajudando-nos a enfrentar a obscuridade, até sermos introduzidos no Reino da luz.

O Santo Escapulário do Carmo é uma recordação da especial proteção que a Santíssima Virgem uniu ao piedoso uso do seu hábito. Sua proteção estende-se durante toda a vida e especialmente na hora da nossa morte, como pedimos na Ave Maria : ‘rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte’ e como ela prometeu a São Simão Stock : ‘Filho caríssimo, recebe este Escapulário como sinal de proteção da tua Ordem. Eis o sinal da salvação!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/nossa-senhora-do-carmo-e-as-promessas-do-escapulario.html

sexta-feira, 30 de abril de 2021

A voz da Palavra: um breve ensaio sobre a sacramentalidade da voz

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Daniel Reis


‘Concorde ao princípio da Encarnação, onde Deus se fez acessível à nossa humanidade para nos salvar, o escopo de todo e qualquer sacramento é comunicar-nos essa salvação por Ele oferecida através de sinais sensíveis à nossa condição humana. Um desses sinais sacramentais, componente da estrutura simbólico-ritual da Liturgia, é a voz.

A voz é o elemento sensível que embala a Palavra de Deus proclamada, cantada e rezada. Como som que é, toda voz aspira a tornar-se palavra, a ganhar forma e sentido, contribuindo ou prejudicando para a manifestação do conteúdo da fala ou do significado das palavras. Como afirmava Santo Agostinho em um de seus sermões : ‘Suprime a palavra; o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.’ (Sermo 293).

Especialmente para a fé cristã, a voz deve estar sempre a serviço da Palavra divina e, com ela, em perfeita simbiose, a fim de ultrapassar seu caráter informativo e alcançar o seu condão performativo, ou seja, sua força transformadora, animadora, libertadora e salvadora. Com o auxílio da voz, pode-se potencializar a eficácia sacramental da proclamação da Palavra de Deus, para que ela seja, efetivamente, Palavra da Salvação.

Nesse sentido, voltando ao sermão do bispo de Hipona, encontramos : ‘O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração’. Assim, no âmbito pastoral-ministerial, deve-se dar a máxima importância aos gêneros literários da Sagrada Escritura, bem como aos gêneros musicais e oracionais (suplicante, laudatório, penitencial, etc.), para que através de um adequado revestimento vocal das leituras, da música e das orações, as vozes contribuam para uma fecunda comunicação da Palavra à assembleia litúrgica, fazendo com que, mesmo depois de passada a voz, permaneça gravada no coração do ouvinte a Palavra que não passa (cf. Mt 24,35).

A responsabilidade da qualidade comunicacional da Palavra pela voz não recai somente sobre o aspecto vocal, uma vez que dependerá também de uma boa e dócil acolhida por parte dos interlocutores. E aqui reside uma grande dificuldade : o Povo de Deus, de ontem e de hoje, ‘é um povo de cabeça dura’ (Ex 32,9), de ‘dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido’ (At 7,51). Por isso o tema da ‘escuta’ nas Sagradas Escrituras é frequente, seja para denunciar a ‘surdez’, seja para exaltar a audição atenta.

No Monte Sinai, Deus instrui Moisés : ‘Se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim uma propriedade peculiar entre todos os povos.’ (Ex 19,5). Assim, por diversas vezes, Moisés, a mando do Senhor, dirige-se ao povo clamando : ‘Escuta ('Shemá'), ó Israel, as normas que eu hoje proclamo aos vossos ouvidos!’ (Dt 5,1. 6,3. 4,1). O profeta Jeremias se revolta com os ‘ouvidos fechados’ do povo, dizendo : ‘A quem falarei, para que ouça? Eis que seus ouvidos estão incircuncisos e não podem ouvir!’ (Jr 6,10). Por outro lado, o profeta Samuel, na narrativa de sua vocação, responde confiante : ‘Fala, Senhor, que o teu servo te escuta.’ (1Sm 3,10). Neemias, narrando uma autêntica Liturgia da Palavra em seu tempo, detalha a atitude da assembleia ali formada : ‘[...] Então o sacerdote Esdras leu o livro da Lei de Moisés desde a aurora até o meio-dia, na presença dos homens, das mulheres e dos que tinham o uso da razão. E todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei.’ (Ne 8,3).

Nos evangelhos, a temática também está ‘na boca’ de Jesus. Quando avisado da chegada de sua família, responde a seus discípulos : ‘Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática!’ (Lc 8,21). Anunciando as bem-aventuranças, apresenta a maior delas : ‘Felizes, antes, os que ouvem a Palavra de Deus e a observam.’ (Lc 11,28). Sobre a maior prudência humana, diz : ‘Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática são como o homem prudente que constrói sua casa sobre a rocha.’ (Mt 7, 24). Sobre nossa pertença e filiação a Deus, Jesus exclama : ‘Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus.’ (Jo 8,47). Temos também o que parece ser um bordão utilizado por Jesus : ‘Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!’ (Mc 4,23; Mt 11,15).

Ainda no Novo Testamento, encontramos no episódio da Transfiguração a voz do Pai que sai da nuvem mandando ouvir o Filho muito amado (cf. Mc 9,7). Também Paulo, em sua carta aos romanos, onde assevera : ‘A fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a Palavra de Cristo.’ (Rm 10,17).

O lugar por excelência onde escutamos a voz de Deus, na Palavra que é Cristo, falada sob o fôlego do Espírito, é a Liturgia. Assim afirmou o papa Bento XVI : ‘Considerando a Igreja como 'casa da Palavra', deve-se antes de tudo dar atenção à Liturgia Sagrada. Esta constitui, efetivamente, o âmbito privilegiado onde Deus nos fala no momento presente da nossa vida : fala hoje ao seu povo, que escuta e responde.’ (Verbum Domini, nº 52).

A Liturgia, assim, é o especial e primeiro locus theologicus, porque nela escutamos, sacramentalmente, o próprio Cristo se dirigir a nós, ‘pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura’, bem como ‘quando a Igreja reza e canta’ (Sacrosanctum Concilium, nº 7). É nela que podemos e devemos escancarar os ouvidos do coração para escutarmos a voz do nosso amado (cf. Ct 2,8), a voz do nosso Pastor (cf, Jo 10,3-4), para que a Palavra se faça carne em nós, e assim possamos anunciá-la ao mundo, reverberando nele o amor do Verbo.

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1513321/2021/04/a-voz-da-palavra-um-breve-ensaio-sobre-a-sacramentalidade-da-voz/ 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Teologia da Liturgia de Joseph Ratzinger


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 “A liturgia da Igreja tem sido para mim, desde a infância, a realidade central da minha vida", escreveu o Papa emérito na introdução do livro “Teologia da Liturgia – o fundamento sacramental da existência Humana” – Obras completas, Volume XI
*Artigo de Jackson Erpen,
jornalista


Damos continuidade neste nosso primeiro programa do ano de 2020, ao fascinante tema da Liturgia ao qual, é verdade, temos dedicado diversos programas deste nosso espaço. Em nosso último programa, havíamos tratado sobre o primeiro Congresso Internacional de Pastoral Litúrgica, realizado em Assis em 1956, um verdadeiro encontro de especialistas, com troca de experiências pastorais, que culminou, em forma de compêndio, na reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Na edição de hoje, padre Gerson Schmidt no traz o tema ‘Teologia da Liturgia de Joseph Ratzinger’ :

Para aplicar essa nossa renovação e atualização litúrgica prevista pela Sacrosanctum Concilium nos valemos aqui a referência bibliográfica de uma obra preciosa, agora traduzida no Brasil pelas edições da CNBB, de Joseph Ratzinger, disponível nas editoras brasileiras, intitulado ‘Teologia da Liturgia – o fundamento sacramental da existência Humana’ – Obras completas, Volume XI.

É uma obra alemã traduzida para o português do Brasil, de grande valia, que resume tudo o que nós temos de mais precioso sobre liturgia. Este volume disponível no mercado, como pão fresquinho, reúne todas as obras pequenas ou grandes de teólogo Joseph Ratzinger, que é nosso Papa emérito Bento XVI, reunindo questões teológicas de vários anos, pois sabemos do rigor e aprofundamento teológico de Ratzinger e ao mesmo tempo a segurança teológica que nos dá para a liturgia, mergulhada a partir do Concílio Vaticano II, vista sempre a partir de Deus e da humanidade que celebra ou o povo celebrativo em festa. Segundo o autor, o texto central desse livro agora em nossas mãos, provêm de uma obra alemã ‘Der Geist Liturgie. Eine Einführung’ (Uma introdução ao Espírito da Liturgia), que constitui o texto central deste livro, que vamos em nosso estudo citar muitas vezes, intercalando com outros aspectos importantes.

Na qualidade de professor e teólogo, Ratzinger confessa na introdução desse livro : ‘A liturgia da Igreja tem sido para mim, desde a infância, a realidade central da minha vida e a instrução teológica de mestres como Schmaus, Söhngen, Paschere e Guardini, que se tornaram o centro de meu trabalho. A matéria que escolhi foi a teologia fundamental, porque, antes de tudo, eu queria ir ao fundo da questão : por que cremos? Mas a essa questão, desde o início, outra foi intrinsecamente incluída, a da resposta correta a ser dada a Deus e, portanto, a questão sobre o culto divino. A partir daqui se deve entender o meu trabalho sobre a liturgia[1].

Importante aqui frisar que foi em 2008 que essa obra foi publicada em alemão e só agora, 10 anos depois, foi traduzida ao português do brasil pelas edições da CNBB. Os trabalhos de publicação e edição aqui no Brasil foram coordenados pela Sociedade Ratzinger Brasil, que tem sua direção geral e presidência o Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer e participam desses trabalhos outros bispos importantes do Brasil como Cardeal Dom Orani Tempesta, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Dom Jaime Spengler, Dom Murilo Krieger e Dom Pedro Carlos Cipollini.

A edição brasileira traz uma apresentação, no início de Dom Odilo Scherer e do coordenador da Cátedra Joseph Ratzinger da PUC RIO, Antonio Luiz Catelan Ferreira, editor em língua portuguesa.

Também no início do livro se traduz o prefácio do editor em língua alemã, o bispo de Regensburg, Dom Gerhard Ludwig, onde compara Bento XVI ao Papa Leão Magno(440-46) a quem devemos a fórmula decisiva para a profissão de fé cristológica do Concilio de Calcedônia(que aconteceu em 451). O bispo de Regenburg diz no prefácio que Bento XVI ‘combina o conhecimento científico da teologia com a forma viva da fé. Como uma ciência, que tem seu lugar genuíno dentro da Igreja, a teologia pode nos mostrar o destino especial do homem como criatura e imagem de Deus[2].’
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[1] RATZINGER, Joseph., ‘Teologia da Liturgia – o fundamento sacramental da existência Humana’ – Obras completas, Volume XI, edições da CNBB, Editor em Lingua alemã : Cardeal Gerhard Muller e Editor em Lingua Portuguesa Antonio Luiz Catelan Ferreira, Brasilia-DF, 2019, introdução do autor, p. 14. 

[2] Idem, Prefácio do Editor da Edição Alemã, p.19


Fonte :

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O fascinante sentido espiritual por trás da palavra “paróquia”

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Philip Kosloski


‘O que é uma paróquia?

Quase todo mundo usa esse termo, mas o que ele significa mesmo?

À medida que o cristianismo ia se estabelecendo firmemente mundo afora, crescia a necessidade de organizar as comunidades cristãs num sistema gerenciável. Essa tarefa ganhou corpo no século IV e foi sendo refinada ao longo das décadas, chegando a um ápice no século XVI com o Concílio de Trento.

Nesse concílio, os bispos foram instruídos a definirem claramente as paróquias e os sacerdotes que exerceriam nelas o seu ministério. Começaram então a ser estabelecidos os limites territoriais específicos de cada paróquia, com base na quantidade de almas presentes em cada região.

pároco ficaria encarregado do cuidado espiritual e sacramental de todas as almas que vivessem dentro daquele território. Se houvesse necessidade, ele contaria com a assistência de mais sacerdotes sob a sua liderança.

O atual Código de Direito Canônico especifica que uma paróquia é ‘uma comunidade de fiéis cristãos constituída de forma estável’ e estabelecida por um bispo. Como regra geral, a paróquia é territorial, ou seja, inclui todos os fiéis cristãos de um determinado território; no entanto, o direito canônico também prevê grupos de cristãos não vinculados por fronteiras territoriais. Isto, na prática, significa que pessoas que residem fora de uma determinada paróquia podem ainda assim pertencer a ela, não obstante a localização.


‘Peregrinos morando ao lado’

A palavra paróquia vem do grego ’paroikía’, que significa algo como ‘casa ao lado’, ‘morada próxima’, ‘morar perto’. Tem relação com o termo ’paroikos’, que quer dizer ‘forasteiro’, ‘estrangeiro’, ‘peregrino em outra terra’, e que aparece nos Atos dos Apóstolos quando Estêvão fala da história dos judeus e os descreve como ‘estrangeiros numa terra que não era a sua’ (cf. Atos 7,6).

Um paroquiano é isso : um ‘peregrino’ que viaja rumo à pátria celestial, e que, acolhido numa paróquia, ou seja, numa ‘morada próxima’, vai compartilhando essa viagem com seus irmãos e vizinhos!

Belíssima imagem para entendermos o conceito, não é?

Mas há mais imagens e metáforas que nos ajudam a descobrir a riqueza e a profundidade do conceito de paróquia.


As paróquias são como barcos

A imagem da barca é muito associada à Igreja, tradicionalmente representada como a ‘Barca de Pedro’. Desta mesma perspectiva, as paróquias são como barcos que levam grupos específicos de almas rumo ao céu. Não parece coincidência, aliás, que a parte mais ampla das igrejas tradicionais se chame ‘nave’ (do latim ‘navis’, ou seja… navio, barco)!

Todo pároco, assim, é o capitão’ de um barco de almas a serem levadas até o porto seguro do céu! Isso não é uma tarefa simples, e é por isso que o padre precisa muito do envolvimento dos paroquianos na condução do barco – além, é claro, do sopro contínuo do Espírito Santo.


Analogias para pôr em prática

Da próxima vez que você for à sua paróquia, lembre-se dessas analogias com a ‘morada próxima’, com a ‘peregrinação’, com o ‘barco’. Essas imagens ajudarão você a entender melhor a tarefa gigantesca do pároco, especialmente quando ele é responsável por 3 ou 4 ‘barcos’ ao mesmo tempo, e, por conseguinte, a compreender melhor a importância da sua própria participação e colaboração ativa como membro dessa tripulação.

Numa paróquia, afinal, somos todos peregrinos a bordo da mesma casa-barco, rumando ao céu!


Fonte :