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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Há lugar, em nosso mundo, para a Glória de Deus?

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)        


*Artigo de Felipe Magalhães Francisco,

teólogo


‘Aproxima-se o Natal, festa entre as mais importantes e significativas para os cristãos e cristãs. É o marco da memória da irrupção do eterno em nossa temporalidade; o encontro incontornável entre o humano e o divino. Memória e celebração do nascimento do menino-Deus, mas não aniversário : ainda que nossas festas de aniversários sejam símbolos importantes para nós, celebrar o Natal do Senhor é ocasião ainda mais significativa. Trata-se, pois, da noite em que se entoa, a viva voz, aquilo que a narrativa evangélica diz que os anjos cantaram : Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens [e mulheres] de boa-vontade!

Fora aquelas pessoas que se dedicam ao estudo da Liturgia, pouco se reflete a respeito do Hino do Glória, momento importante da celebração litúrgica cristã. Católicos e católicas possivelmente já presenciaram o repicar dos sinos no momento em que, na Noite de Natal, entoa-se o Glória. Não é à toa : é o hino por excelência que celebra a encarnação do Filho de Deus em meio à humanidade, motivo de festa e alegria. O texto oficial é longo, poético e profundamente rico, teologicamente. Entende-se bem, assim, o arrepio provocado em liturgistas, quando versões alheias ao texto oficial são executadas nas celebrações.

Mas o que é a glória de Deus? Biblicamente, o que traduzimos por glória, em hebraico é kabôd, que, literalmente, significa peso. É o peso da presença ou da importância de alguém. Falar da glória de Deus, pois, é falar da força e do peso da sua presença. Em uma palavra, podemos dizer que a glória de Deus é Deus mesmo! No Antigo Testamento, fala-se da glória de Deus que preenchia o Santo dos Santos, no Templo de Jerusalém : era uma maneira de dizer que Deus habitava aquele lugar. A glorificação a Deus, que costumamos considerar como um louvor ao Criador, vocação última de toda criatura, significa reconhecer o que Deus é, e o modo como ele atua salvificamente em nosso favor.

Quando a narrativa evangélica traz que os anjos cantaram glória a Deus, por ocasião no nascimento do menino-Deus-conosco, numa gruta em Belém, fala-se que ali, naquele cocho onde se alimentavam os animais, irrompeu a presença do próprio Deus, em sua glória. E esse é um motivo de paz, a todos os homens e mulheres de boa-vontade. Não aos poderosos, apegados em seu próprio poder a serviço da opressão, pois estes são escravos de si próprios e da injustiça que cometem. Paz na terra aos homens e mulheres de boa-vontade, porque estes, apesar dos pesares da vida, abrem-se à manifestação de Deus.

Louvar a presença salvífica de Deus não é tarefa de quem pretende bajular o Criador, como se Deus fosse um ser vaidoso que se alimenta de elogios. O louvor é o reconhecimento, agradecido, por seu amor para conosco, que o faz chegar ao ponto de enviar seu próprio Filho, para correr os riscos da dramaticidade humana, só para que pudéssemos ser elevados até Ele. A maior glória de Deus é que o ser humano viva, rezavam os Padres da Igreja, nos primeiros séculos do cristianismo. Deus é glorificado quando pessoas se abrem à graça salvífica, permitindo-se, por força do Espírito, conformarem-se à filialidade de Jesus Cristo, que é a plena manifestação da glória do Pai.

Entoar o Hino do Glória é coisa séria, profunda, inspiradora! A glorificação a Deus é nossa adesão à salvação que ele nos oferece por pura graça e amor. Há, pois, um componente ético nesse canto de louvor : ao reconhecer nosso lugar de criaturas, que podem alcançar gratuitamente o caráter de filhos e filhas de Deus, somos chamados a nos comprometer existencialmente com esse Deus que nos assume como Pai. É coisa de gente que tem boa-vontade, para que, em paz, aquela paz inquieta, não a dos cemitérios, participe da glória desse Deus que vem até nós, para que possamos ir até Ele. A glória de Deus é o Reino dos Céus acontecendo : é isso que somos chamados a entoar, a plenos pulmões. A depender de nós, há lugar para a glória de Deus em nosso mundo atual?’

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1488091/2020/12/ha-lugar-em-nosso-mundo-para-a-gloria-de-deus/

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Por que Tomás de Aquino acreditava que a Eucaristia é Jesus


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Kathleen Hattrup,
teóloga

 ‘São Tomás de Aquino escreveu cinco magníficos hinos à Eucaristia a pedido do Papa Urbano VI, que estabeleceu a festa de Corpus Christi em 1264.

Existem várias traduções para o seu hino Adoro Te Devote, escrito em latim.

Passar tempo em oração com este hino pode nos ajudar a aprofundar a beleza da poesia e da fé que despertou.

Fortaleça hoje sua fé na Eucaristia rezando com este hino.

1. Eu vos adoro devotamente, ó Divindade escondida,
Que verdadeiramente oculta-se sob estas aparências,
A Vós, meu coração submete-se todo por inteiro,
Porque, vos contemplando, tudo desfalece.

2. A vista, o tato, o gosto falham com relação a Vós
Mas, somente em vos ouvir em tudo creio.
Creio em tudo aquilo que disse o Filho de Deus,
Nada mais verdadeiro que esta Palavra de Verdade.

3. Na cruz, estava oculta somente a vossa Divindade,
Mas aqui, oculta-se também a vossa Humanidade.
Eu, contudo, crendo e professando ambas,
Peço aquilo que pediu o ladrão arrependido.

4. Não vejo, como Tomé, as vossas chagas
Entretanto, vos confesso meu Senhor e meu Deus
Faça que eu sempre creia mais em Vós,
Em vós esperar e vos amar.

5. Ó memorial da morte do Senhor,
Pão vivo que dá vida aos homens,
Faça que minha alma viva de Vós,
E que a ela seja sempre doce este saber.

6. Senhor Jesus, bondoso pelicano,
Lava-me, eu que sou imundo, em teu sangue
Pois que uma única gota faz salvar
Todo o mundo e apagar todo pecado.

7. Ó Jesus, que velado agora vejo
Peço que se realize aquilo que tanto desejo
Que eu veja claramente vossa face revelada
Que eu seja feliz contemplando a vossa glória.
Amem


Fonte :