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sexta-feira, 12 de julho de 2024

O dom de escutar no serviço do reino de Deus

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Maurício Alves de Lucena Júnior 


A partir da fala do Papa Francisco, onde ele diz que ‘a escuta corresponde ao estilo humilde de Deus’, vamos refletir sobre como os católicos leigos podem exercer a escuta, deixando de apenas ouvir para, de fato, escutar e se compadecer com a dor do outro. Seria interessante destacar momentos na vida de Jesus em que Ele escutou o interior das pessoas, mesmo sem que elas tivessem dito algo.

Como nos fala o Salmo 40, o Senhor ‘se inclina e escuta’ o clamor de quem Nele espera. Este é um ato de humildade, que mostra ser necessária uma disposição interior para escutar com atenção e com o coração.

Em sua missão, ao anunciar a proximidade do Reino de Deus e a necessidade da verdadeira conversão, Jesus mostrou que a escuta é o primeiro passo para que grandes milagres aconteçam. Mesmo em situações em que a cura necessária poderia ser previsível, como diante do cego sentado à beira do caminho, Jesus faz questão de perguntar : ‘O que queres que eu te faça?’ (Lc 18, 41), como quem diz : ‘Fala-me o que há em teu coração, desejo escutar tuas necessidades mais urgentes!’

Mesmo quando nada lhe falavam, Jesus escutava além, pois aquele ou aquela que estava diante Dele tornava-se o alvo central de sua atenção. Ele observava tudo : o olhar, os gestos, o silêncio… Tinha por certo que nada era mais importante do que entrar na vida daquela pessoa. A pecadora caída, apresentada no Evangelho de Lucas, não diz uma palavra sequer, mas, ao banhar os pés de Jesus com suas lágrimas e secá-los com seus cabelos, é por Ele escutada e recebe o perdão, diante de tanto amor expresso, para assim recomeçar a sua vida.

Em algumas ocasiões, como no encontro com a Samaritana (Jo 4, 1-29), Ele mesmo criava o momento de escuta, seguindo até o ‘poço da vida’ de cada um para revelar sua verdade, escutando a vida escondida nas marcas, nas dores e nas lutas. O diálogo que Jesus inicia com esta mulher parece desinteressado quando lhe pede um pouco de água. Mas é justamente com essas interlocuções simples – e até banais – que Ele nos ensina algo fundamental sobre escutar com o coração : que todos têm algo a oferecer, ainda que seja um pouco de água, e que a boa escuta começa com a compreensão de quão importante é aquela pessoa que irá falar.

Santa Teresa de Calcutá nos ensina que ‘não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz’. Este júbilo interior começa, certamente, com a escuta; quando, olhado nos olhos, alguém é interpelado : ‘Mas você está bem mesmo? Pode falar!’ e, na confiança fraterna, pode dizer o que se passou e o que sente diante disso.

Se olharmos nossas vivências cotidianas, perceberemos que ainda nos falta algo para este ‘escutar com o coração’. E não podemos nos prender à justificativa mais corriqueira de nossos dias : ‘Não tive tempo para escutar…’ A experiência com Cristo deve sempre nos motivar a imitar os seus gestos e seguir aquele ‘aprendei de mim’ (Mt 11, 29) que Ele nos propõe.

Como na Última Ceia, no Lava-pés (Jo 13, 1-17), Jesus nos diz hoje que é preciso fazer com os outros aquilo que Ele faz conosco. Seja no silêncio do Sacrário ou na oração pessoal no quarto, o Senhor sempre se dispõe a nos escutar. Isso para que saibamos que Ele não nos abandona, mas também para que compreendamos que, ao escutar com o coração aqueles que chegam até nós, estamos cooperando com a manifestação de seu amor que abraça toda criatura.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/o-dom-de-escutar-no-servico-do-reino-de-deus.html

sábado, 15 de junho de 2024

Um novo caráter a serviço do reino de Deus

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Flávio José Lima da Silva


‘A história da humanidade é marcada com grandes acontecimentos. Desde os primórdios, identificamos a ação de Deus junto a seu povo. As Sagradas Escrituras, sobretudo o Antigo Testamento, apresentam a revelação que Deus vivia na vida do povo de Israel. Esse povo, ao compreender Deus como criador, libertador e salvador, buscava ser fiel dentro da limitação humana. É preciso que fique claro : Deus quis revelar-se à humanidade por meio do povo de Israel. 

Segundo as Sagradas Escrituras, Deus escolhe pessoas para orientar seu povo. Desde o início foi assim e essas pessoas eram escolhidas a partir da sua fidelidade ao projeto de Deus e por causa do caráter, do compromisso que mostravam. O tempo passa e a história vai seguindo o seu percurso e Deus continua acreditando na humanidade, mesmo que esta não lhe seja fiel na totalidade. Deus permanece firme em sua aliança.

Deus, mantendo sua aliança na plenitude dos tempos por causa do seu infinito amor de Pai, vem à humanidade por meio de seu Filho unigênito nascido de uma mulher (cf. Gl 4,4-5). Assim, Jesus Cristo é a Palavra que se fez carne e habitou no meio da humidade (cf. Jo 1,18), ou seja, Jesus é a certeza do amor de Deus para com o seu povo. Sendo obediente e comprometido com o projeto do Pai, Jesus Cristo é exemplar no seu caráter e é plenamente fiel a tudo que o Deus Pai lhe confiou.

Foi necessário apresentar-se bem sucintamente, um panorama da vida do povo de Deus a partir do Antigo Testamento chegando até o Novo Testamento, e nesse contexto foi possível perceber o caráter daqueles que fizeram a opção em seguir o projeto apresentado por Deus. Vale destacar que Deus escolheu alguns para guiar, orientar e formar seus povos, eles tiveram papéis fundamentais na construção do Reino, pois, comprometidos, foram exemplares na missão.

Hoje o Reino de Deus continua, pois Ele mantém sua aliança com a humanidade, é fiel, sua bondade e misericórdia são infinitas. No entanto, faz-se necessária uma mudança de vida, é chegada a hora de um novo caráter. O Reino de Deus precisa ser anunciado com muita firmeza; temos grandes exemplos nas Sagradas Escrituras de pessoas que eram fiéis, comprometidas com Deus e a partir desses exemplos é urgente que hoje também tenhamos pessoas dedicadas, comprometidas, pois o Reino de Deus precisa ser anunciado.

Por fim, para um novo caráter a serviço do Reino de Deus, devemos colocar em prática o nosso Batismo, pois por meio desse Sacramento nos tornamos herdeiros da vida eterna, com ele temos o certificado da salvação, mas, precisamos colocar em prática a fé que professamos. Para obtermos um novo caráter é necessário seguir Jesus Cristo de fato e segui-lo pressupõe fazer o que Ele fez, sendo assim é preciso amar sem medida, perdoar sempre, acolher o próximo e nos colocarmos a serviço do Reino. Jesus fez isso com muita leveza, façamos o mesmo e assim estaremos a serviço do Reino de Deus.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/um-novo-carater-a-servico-do-reino-de-deus.html


sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Dons e talentos a serviço dos demais

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Ronaldh Oliveira


Cada ser humano carrega consigo diversos dons e talentos. É certo que ao longo da vida uns vão se dando com mais evidência e outros, menos. Os inúmeros ciclos do desenvolvimento do indivíduo vão aperfeiçoando esses aspectos que podem nascer com cada um ou podem ser aprendidos durante a existência. 

As Sagradas Escrituras já apontam na famosa parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-31) que eles devem ser encarados com responsabilidade, caridade e criatividade, investindo bem a vida e os dons que são concedidos. Uma vez que são dados por Deus, não devem parar nos sujeitos; pelo contrário, devem chegar aos demais, oportunizando que os outros sejam mais dignos. 

Um lugar propício para a boa vivência e partilha dos dons e talentos é a comunidade eclesial, que contribui com o crescimento em estatura, sabedoria e graça daqueles que se deixam acompanhar. As pastorais e movimentos são espaços fecundos de desenvolvimento da aptidão dos talentos recebidos e percebidos porque são traduzidos em serviço aos outros. Não se trata de poderio ou de graça especial ter esse ou aquele dom quando se compreende que todos fazem parte de um único corpo cuja cabeça é o próprio Cristo (cf. 1Cor 12,27). 

Quando cada cristão se coloca a serviço da comunidade eclesial, vivencia o seu Batismo na prática e na experiência concreta de ser sacerdote, profeta e rei. As aptidões, quando exercidas na construção diária e anônima da civilização do amor, ganham sua importância para a dimensão da fé e colocam cada ser humano no caminho do Espírito que sopra onde quer. 

Os dons e talentos não devem ser fim, mas meios para a construção da plenitude pessoal e coletiva que elevam cada um ao estado daquele que serve e que, portanto, torna-se o maior no Reino de Deus (cf Mt 18,1-5.10.12-24). Todos podem servir na comunidade: há aqueles que sabem tocar, proclamar, sorrir, organizar e tantos outros verbos que elencam ações que tornam o cristão, de fato, seguidor do Cristo, servidor de todos. 

O amor que é afetivo e efetivo faz com que cada um se comprometa com o outro a partir do que tem a oferecer. Colocar os dons a serviço na Igreja e na sociedade oportuniza a cada cristão permanecer no exercício de uma fidelidade ativa e criativa diante de Deus. 

Em tempos em que, ao que parece, o cristianismo de muitos chegou a um ponto em que o primordial é ‘conservar’ e não tanto procurar com coragem a partir dos dons e talentos que se tem novos itinerários para acolher, viver e anunciar o projeto de Jesus, que é o Reino Deus, olhar para a parábola dos talentos deve ser novamente evidenciado. 

Se o cristão não se sente chamado a seguir as exigências de Cristo além do que sempre é ensinado e ordenado, se não se arrisca em nada para fazer uma Igreja mais fiel a Jesus, se o cristão se mantém indiferente a qualquer conversão que pode colocar em xeque sua condição de vida, se não assumir a responsabilidade da civilização do amor, como fez Jesus, procurando ‘vinho novo em odres novos’ (cf. Mt 9,14-17), é que não entendeu com clareza a oração proposta por Santo Inácio de Loyola : ‘Todos os dons que me destes com gratidão vos devolvo. Disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade. Dai-me somente o vosso amor, vossa graça, isso me basta, nada mais quero pedir’.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/dons-e-talentos-a-servico-dos-demais.html