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sábado, 11 de novembro de 2017

A terra arada e a alma machucada possuem fertilidade para novas sementes

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Ivonete Rosa


‘Nos meus tempos de infância, assisti, incontáveis vezes, o meu pai preparando a terra para o plantio. Tão logo caía a primeira chuva, lá estava ele, revirando a terra para, deixando-a pronta para as novas sementes.
A terra, antes de ser arada, era submetida à queima para ficar mais fértil e livre das ervas daninhas. Após todo esse processo, vinha a fase do plantio, na qual eu também participava, depositando as sementes nas covas e tampando-as com os pés descalços. Alguns dias depois, os brotos surgiam das covas, a coisa mais linda de se ver, juro que aquilo me deixava encantada.
Ficava claro ali, diante dos meus olhos, a vida nascendo do caos. A terra que teve toda a sua vegetação destruída pelo fogo, estava ali nos presenteando com novas vidas em forma de mudas que, em breve, trariam o alimento para toda a nossa família. O que, meses antes era só o carvão, transformava-se em uma linda paisagem, tudo verdinho, cheio de brotos e naquela atmosfera encantadora de resiliência e fertilidade. A terra parecia gritar: tentaram me destruir, porém, ressurgi mais fértil ainda.
E a ‘vingança’ dela pelo sofrimento oriundos da queima, e dos cortes pelas lâminas de uma enxada era a oferta de alimentos dali a poucos meses. Então, nessa experiência do plantio, é plenamente possível extrair dois ensinamentos que podemos trazer para a nossa condição humana : a) é possível nos tornamos mais fortes e férteis após um grande sofrimento (analogia com a queima da terra); b) podemos optar por devolver, a quem nos feriu, o que temos de melhor, ao invés de nos vingarmos (a terra devolveu alimentos a quem a queimou).
Traçando um paralelo da condição humana com a natureza, é possível, sim, perceber que também somos dotados desse poder de resiliência e superação. Podemos sair mais fortalecidos das circunstâncias que agem como um arado em nossa alma. Podemos, sim, florescer após grandes dores, decepções e golpes dolorosos da vida.
Tudo é uma questão de escolha, cabe a cada um de nós decidir o que fazer com aquilo que chega em nossas mãos e em nossas vidas. Em muitas situações, experimentamos a sensação de ter a alma incendiada e transformada em cinzas, então, caberá a nós, a decisão de transformar essas cinzas em adubo nutritivo para germinar novas sementes, ou simplesmente permitir que a esterilidade venha assumir o lugar da vida. Podemos ser um manancial ou um deserto, a escolha está em nossas mãos.
A natureza é uma grande e sagrada escola, as lições estão em todos os lugares possíveis, basta a sensibilidade para enxergar, aprender e praticar. Cada um de nós carrega uma infinidade de sementes ávidas por germinar em forma de amor, solidariedade, perdão, superação, amizade, compaixão, caridade etc. Entretanto, por vezes, falta a disposição do dono das sementes para plantá-las num terreno devidamente preparado, bem como faltam a coragem e a paciência para cuidar delas após o plantio.
A nossa alma, ainda que machucada, não perde as condições de fertilidade e renovação. As sementes da resiliência são preservadas num recôndito intocável, prontas para germinar, brotar, crescer, florescer e frutificar no tempo certo. É possível, sim, sairmos mais fortes, inteiros e férteis após uma grande dor, eu aprendi isso percebendo que uma terra queimada transforma cinzas em verde, alimento e vida.’

Fonte :


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Uma semente de solidariedade lançada no deserto das Arábias

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
  
*Artigo do Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano


‘Quando o ser humano se determina para o bem, não há obstáculo intransponível. Até poucas décadas atrás ninguém pensaria que numa desolada região desértica, ao sul da Península Arábica, pudessem surgir jardins, parques, bosques, e até agricultura. Contudo, as limitações impostas pelo clima e as extensas regiões arenosas sem vida se renderam diante da criatividade e capacidade humanas. Assim o deserto árido e inóspito, além da areia e pedras, hospeda muitas variedades de árvores locais e peregrinas. Até mesmo aves migratórias fazem escala aqui antes de chegar ao destino final de sua viagem.

As transformações havidas nesta região fazem despontar uma pergunta.  Se no campo das atividades econômica e urbanística foi possível transformar radicalmente uma região na qual nada se esperava, por que não tentar plantar uma semente que desperte a esperança em dias em que os seres humanos possam unir ideias, crenças e mãos para produzir a solidariedade e a paz?

O terreno para receber a semente da esperança está sendo preparado com amor e unindo as pessoas da Igreja de Santa Maria, em Dubai, como parte das celebrações do Jubileu de Ouro de sua fundação.

Sob a liderança do ‘Grupo Samaritanos’, a comunidade internacional da  Igreja de Santa Maria, foi mais longe. Está sendo organizada a ‘Marcha para a Esperança’ cuja finalidade é angariar fundos para pagar o tratamento de pessoas portadoras de câncer, sem condições de arcar com os altos custos da medicina.   A boa causa atraiu o apoio da ‘Emirates Red Crescent’ do Governo do país, do Governo do Emirado e do Município de Dubai, do Conselho de esportes e empresas comerciais.

Uma caminhada de 5 quilômetros acontecerá no Parque Creek de Dubai, com a participação de alguns milhares de pessoas, no dia 24 de fevereiro.  Participantes e suas famílias passarão o dia no parque onde haverá diversão para as crianças, barracas de comida e espetáculos musicais ao vivo.

A nota diferencial é que essa atividade é organizada pela Igreja num país islâmico, contando com o apoio de suas instituições governamentais. É um fato inédito nos Emirados Árabes Unidos a indicar que, além da convivência pacífica e harmoniosa de que gozam as religiões, é possível fazer projetos em conjunto para uma boa causa. É só começar, afinal, ‘Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca colherá’ (Eclesiastes 11,4). Nós esperamos continuar a semear e colher.’


Fonte :