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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Uma página de metodologia missionária

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

XVI Domingo do Tempo Comum

Ano B – 19 de Julho de 2015

Jeremias 23,1-6
Salmo 22
Efésios 2,13-18
Marcos 6,30-34


Reflexões
  
‘Um novo e importante capítulo de metodologia missionária começa com as palavras de Jesus (Evangelho) : ‘Vinde comigo a um lugar isolado e descansai um pouco’ (v. 31). Palavras que fazem parte da missão que Jesus confia aos discípulos de então e de hoje. Também neste convite Jesus se revela mestre sábio e concreto. Tinha enviado os discípulos dois a dois, desprovidos de meios materiais, para o meio de gente desconhecida, para uma atividade nova no estilo e exigente nos conteúdos (anúncio do Reino, mensagem das bem-aventuranças), com a perspectiva de serem rejeitados… sem contar para além disso com a fadiga das viagens. Quem quer que tenha feito experiência pessoal de viagens missionárias compreende estes diversos tipos de fadigas, físicas e apostólicas. O stress, por vezes até ao esgotamento, acompanha muitas vezes a vida do missionário.

O convite de Jesus a descansar, a afastar-se para um lugar isolado, é uma medida de bom senso e de método. Manter um ritmo de repouso e de recuperação das forças físicas e espirituais, tomar distância das atividades para um tempo de reflexão e de avaliação, são mecanismos vulgares para recarregar as baterias. Mas Jesus vai além na sua metodologia missionária : Ele cria um espaço aos discípulos, para que relatem a missão, aquilo que fizeram e ensinaram (v. 30). Relatar a missão, dar conta dela a Jesus e aos companheiros de equipe, falar dela juntos, confrontar-se com outros, consolar-se e apoiar-se nas dificuldades, rever métodos e estratégias, discernir juntos… são passos de um estilo missionário vencedor. Jesus é o primeiro a querer ser envolvido neste processo de revisão : é Ele que pede tempo para isso e faz questão de estar presente, de ouvir, orientar… Também hoje, qualquer avaliação, para que seja eficaz, deverá fazer-se sempre, à luz da Palavra de Deus, diante do Sacrário, no seio de uma comunidade de irmãos e de irmãs. Isto é válido para a missão, como, de resto, o é para todas as atividades de desenvolvimento humano integral, que é parte da missão.

Jesus mantém o convite a retirar-se ‘para um lugar isolado’ (v. 31.32.), dado que ‘não tinham sequer tempo para comer’ (v. 31), mas, ao mesmo tempo, não é inflexível e dá provas de disponibilidade perante as emergências. Não se retira perante um novo assédio da multidão, pelo contrário renuncia ao seu sossego, tem compaixão da multidão e põe-se novamente a ensinar muitas coisas. Jesus sente uma comoção profunda pelas pessoas, ‘porque eram como ovelhas sem pastor’ (v. 34). Os guias políticos e religiosos do povo abandonaram-nas a si mesmas e procuram outros interesses. Já tinha acontecido no Antigo Testamento, como denunciavam os profetas Ezequiel, Jeremias e outros (I leitura) : ‘Ai dos pastores… Vós dispersastes as minhas ovelhas e as escorraçastes’ (v. 1-2). Por isso o Senhor compromete-se pessoalmente : ‘Eu mesmo reunirei o resto das minhas ovelhas de todas as regiões… Dar-lhes-ei pastores que as apascentem’ (v. 3-4). O Bom Pastor é Jesus, que dá a vida pelas ovelhas, derruba os muros da inimizade, reúne os filhos dispersos, reúne num só Corpo os que estão perto e os que estão longe, reconcilia e estabelece a paz entre todos, a preço do seu sangue, por meio da cruz (II leitura).

Deste modo Jesus torna-se o verdadeiro guia do novo povo de Deus, o modelo dos pastores e do rebanho (1Pd 5,1-2). Isto é válido para a Igreja e para a sociedade. Todo aquele que tem uma tarefa de guia, seja a que nível for, pode aprender de Cristo. Nele se inspira, emblematicamente, também a seguinte reflexão dirigida ao guia dos escoteiros : ‘Recorda, chefe dos escoteiros, se tu abrandas, eles param; / se tu cedes, eles regridem; / se tu te sentas, eles deitam-se; / se tu duvidas, eles desesperam; / se tu criticas, eles derrubam. / Se tu caminhas na frente, eles te ultrapassarão; / se tu dás a tua mão, eles darão a sua pele; / se tu rezas, eles serão santos’.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EuFZpuZFpZDhIuAUsz



domingo, 10 de novembro de 2013

São Martinho

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)


A Liturgia da Horas e a reflexão no dia de São Martinho :

 Ofício das Leituras

Segunda leitura

Das Cartas de Sulpício Severo
(Epist.3,6.9-10.11.14-17.21: SCh 133,336-344)   (Séc.V)

Martinho, pobre e humilde 
 
Martinho soube com muita antecedência o dia da sua morte e comunicou aos irmãos estar iminente a dissolução de seu corpo. Entretanto, surgiu a necessidade de ir à diocese de Candax, pois os eclesiásticos desta Igreja estavam em discórdia. Desejando restabelecer a paz, embora não ignorasse o fim de seus dias, não recusou partir, julgando que seria um excelente fecho de suas obras deixar a Igreja em paz. 

Demorou-se por algum tempo na aldeia e na Igreja aonde fora, e a paz voltou para os clérigos. Quando já pensava em regressar ao mosteiro, começaram de repente a faltar-lhe as forças e, chamando os irmãos, disse-lhes que ia morrer. Diante disto todos se entristeceram grandemente, chorando e dizendo, a uma só voz: “Por que, pai, nos abandonas? A quem nos entregas, desolados? Lobos vorazes invadem teu rebanho; quem, ferido o pastor, nos livrará de seus dentes? Sabemos que desejas a Cristo, mas teus prêmios já estão seguros e não diminuirão com o adiamento! Tem compaixão de nós, a quem desamparas!” 

Comovido com estas lágrimas, ele que sempre possuíra entranhas de misericórdia, também chorou, segundo contam. Voltando-se então para o Senhor, respondeu aos queixosos somente com estas palavras: “Senhor, se ainda sou necessário a teu povo, não recuso o trabalho. Que se faça tua vontade”. 

Que homem incomparável! O trabalho não o vence, a morte não o vencerá! Ele, que não se inclinava para nenhum dos lados, não temeria morrer e nem recusaria viver! No entanto, olhos e mãos sempre erguidos para o céu, não abandonava a oração o espírito invicto; e quando os presbíteros, que se haviam reunido junto dele, lhe pediram aliviar o frágil corpo, virando-o para o lado, disse: “Deixai-me, deixai-me, irmãos, olhar para o céu de preferência à terra, para que o espírito já se dirija ao caminho que o levará ao Senhor”. Dito isto, viu o demônio ali perto. “Por que estás aqui, fera nefasta? Nada em mim, ó cruel, encontrarás! O seio de Abraão me acolhe”. 

Com estas palavras entregou o espírito ao céu. Martinho, feliz, é recebido no seio de Abraão; Martinho, pobre e humilde, entra rico no céu.
 

Fonte :
‘In Liturgia das Horas IV’, pg. 1442 a 1444
http://liturgiadashoras.org/oficiodasleituras/saomartinho.html