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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Arcebispo elogia heroísmo de agente católica do FBI assassinada em serviço

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
Laura Schwartzenberger, agente católica do FBI

*Artigo traduzido por Nathália Queiroz


‘Em 6 de fevereiro, o Arcebispo de Miami, Dom Thomas Wenski, fez uma homilia comovedora em honra a Laura Schwartzenberger, uma agente católica do FBI que foi assassinada no cumprimento do seu dever.

Em 2 de fevereiro, a agente especial do FBI, Laura Schwartzenberger, mãe de dois filhos pequenos e membro da paróquia ‘Mary, Help of Christians’, em Parkland, Flórida (Estados Unidos), foi assassinada a tiros junto com o agente Daniel Alfin, enquanto investigavam um caso de pornografia infantil.

O Prelado disse que a comunidade ficou chocada após a morte de Laura, uma mulher que não só se comprometeu com a segurança das crianças ao longo de sua carreira, mas também ensinou educação religiosa para crianças em sua paróquia local.

Oferecemos nossas mais sinceras condolências ao marido de Laura, Jason, e aos seus dois filhos, Gavin e Damon. Nossas condolências também à família de Daniel Alfin. Compartilhamos a dor e a dor dos pais, irmãos e parentes consanguíneos desses servidores públicos que foram atacados no cumprimento do dever’, disse.

Sua dor é real e toda a nossa comunidade aqui no sul da Flórida a compartilha com vocês, e esperamos que, ao compartilhá-la, possamos reduzir um pouco esta dor. E, embora não possamos fazer isso, queremos que saibam que não estão sozinhos. Toda a comunidade está ao seu lado e continuará a fazê-lo nos próximos dias’, acrescentou.

Os agentes Schwartzenberger e Alfin estavam cumprindo um mandado federal contra David Lee Huber, de 55 anos, suspeito de trocar imagens sexuais de crianças, informou a Fox News.

Quando os agentes do FBI se aproximaram da porta, Huber supostamente olhou pela doorbell câmera (campainha inteligente que tem uma câmera de vídeo) da porta de sua casa e depois atirou contra as autoridades. O agressor também atirou em outros três agentes, dois dos quais foram hospitalizados. Huber depois se suicidou.

Dom Wenski disse que a agente Laura lidou com o lado negro da natureza humana ao longo de sua carreira e protegeu os jovens e vulneráveis ​​da maldade dos predadores sexuais. Dirigindo-se aos dois filhos de Laura, o Prelado disse que sua mãe era uma verdadeira heroína que estava firmemente comprometida com a caridade.

Gavin e Damon, sua mãe foi uma heroína como todos os agentes, todos os membros das forças da ordem que usam um distintivo e se apresentam ao serviço. Eles não são celebridades; mas são heróis. As celebridades se exibem; os heróis aparecem’, disse.

Mas ser um herói não significa não conhecer o medo, mas não deixar que ele oprima para não ajudar o próximo. Ela e todos aqueles que morrem no cumprimento do dever são heróis, porque diante do mal responderam com firmeza e resolução para proteger e servir o bem comum’.

Dom Wenski disse que a morte da agente Laura recorda a fragilidade da vida e levanta perguntas difíceis.

A este respeito, assinalou que a angustiada Marta de Betânia provavelmente enfrentou um encontro semelhante. Segundo o Evangelho, repreendeu Cristo por não ter estado lá para salvar seu irmão Lázaro da morte. No entanto, assim como foi para Lázaro e sua família, a ressurreição é uma luz de esperança em meio às trevas e à dor, acrescentou.

Nossa fé em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado dos mortos nos ilumina inclusive nas trevas deste dia; e nossa esperança n'Ele, que venceu a morte, nos conforta e nos fortalece em nossa dor; mas ainda assim choramos; choramos como Jesus chorou pela morte de seu amigo Lázaro’.

Dirigimo-nos à Mãe de Jesus, Maria Auxiliadora. A Mãe de Deus sem pecado conheceu a dor quando ficou ao pé da cruz enquanto Jesus morria. Como a Laura rezava -nesta igreja, na sua casa, com os seus alunos de religião, com os seus filhos-, também rezamos invocando àquela que é a nossa ajuda : Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte’.

Em 6 de fevereiro, foi feita uma homenagem para a agente Laura em Miami Gardens. Durante o evento, o diretor do FBI, Christopher Wray, disse que, embora não tenha tido o prazer de conhecer Laura pessoalmente, as histórias dessa agente contam uma vida de ‘determinação, dedicação e coragem’.

Disse que a agente Laura entrou para o FBI em 2005 e, após se formar em Quantico, assumiu seu primeiro trabalho de campo em Albuquerque. Em 2007, a agente católica tornou-se a primeira mulher a entrar para equipe SWAT do FBI, em Albuquerque. Três anos depois, mudou-se para Miami e se juntou ao Violent Crimes Against Children Squad (Esquadrão de Crimes Violentos contra Crianças).

Wray destacou que ela advogou zelosamente por uma maior proteção das crianças contra predadores on-line e fez apresentações sobre a extorsão sexual. Disse que em um de seus casos mais importantes, ajudou a prender um criminoso que enganou centenas de adolescentes para que compartilhassem suas imagens íntimas.

Laura teve um impacto tão profundo nos pais de algumas das vítimas que, quando souberam que Laura havia sido assassinada no cumprimento do dever, imediatamente enviaram suas condolências ao escritório e perguntaram como poderiam ajudar os dois filhos de Laura. Isso diz muito sobre o que Laura significava para esta comunidade’, disse Wray.

O oficial também se referiu à fé católica de Laura como o motivo que a levou a realizar um serviço verdadeiro e comprometido até o final. ‘Entendo que Laura era uma mulher de fé, uma católica devota que frequentava a igreja de Maria Auxiliadora. Era uma parte importante de sua vida e parte de quem ela era em tudo o que fazia’, disse.

Não importa o quão difícil foram os dias de Laura, não importa o quão difícil se tornou proteger as crianças do mal. Laura manteve essa fé. Assim como manteve sua fé no Estado de direito, na justiça e em fazer a coisa certa’, acrescentou.

Um chamado ao serviço não está desenhado para oferecer comodidade e conveniência. O verdadeiro serviço é uma provação. É um ato de fé. E Laura tinha fé. Tinha fé nas pessoas. Tinha fé no trabalho que estava chamada a realizar. Ela alimentou esta fé. Ela a compartilhou e a viveu, todos os dias’, concluiu.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra http://www.acidigital.com/noticias/arcebispo-elogia-heroismo-de-agente-catolica-do-fbi-assassinada-em-servico-25205

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

O que o relatório McCarrick nos diz sobre a cultura da hierarquia

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)        

 
*Artigo de Michael Sean Winter

Tradução :  Ramón Lara


‘O conto sombriamente brilhante de Mark Twain, The man that corrupted Hadleyburg, não é realmente sobre um homem corrupto, é sobre uma cidade. Os habitantes da cidade, moralmente incorruptíveis, estão dispostos a contar mentiras aos outros e, finalmente, a si mesmos, a fim de pegar um saco de ouro que foi deixado na casa de Edward e Mary Richards. Por fim, são os próprios Richards que ficam com o dinheiro, mas também com o conhecimento de que sua mentira, embora desmascarada, é a mesma dos outros. Eles morrem de tristeza e vergonha, e não conseguem gastar o dinheiro.

O ‘Relatório sobre o conhecimento institucional da Santa Sé e a tomada de decisões relacionadas ao ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick’ também não é realmente sobre McCarrick. Sim, ele é a pessoa em torno de quem os rumores de escândalo giraram durante anos. Ele é a pessoa cujos crimes sexuais são catalogados em toda a brutalidade de uma lista forense. Ele é aquele que foi destituído de seu cardinalato e depois de seu sacerdócio. Mas o relatório é realmente sobre as maneiras como a cultura da hierarquia católica lidou com o pecado e o crime de abuso sexual e como essa cultura mudou ao longo de quatro pontificados.

Conforme descrito no sumário executivo divulgado com o relatório, o principal culpado na promoção de Theodore McCarrick na hierarquia foi o papa João Paulo II. Nada sugere que faltou integridade a João Paulo II, de modo que ninguém precisa questionar sua canonização, embora a velocidade do processo agora pareça imprudente. Mas quem insiste em chamá-lo de ‘João Paulo, o grande’ é um tolo, seu culto deveria ser abandonado e as escolas (especialmente as escolas) que levam seu nome deveriam ser renomeadas. A maior ferida auto infligida em centenas de anos foi a crise dos abusos sexuais do clero e este relatório confirma o grau em que o fracasso de João Paulo II em confrontar essa crise, foi um fracasso na liderança da ordem mais elevada.

Isso não deveria ser novidade, visto que McCarrick foi nomeado bispo de Metuchen, New Jersey, arcebispo de Newark, arcebispo de Washington e, finalmente, cardeal-sacerdote da Igreja Romana, tudo pelo falecido pontífice polonês, que também achou fácil ignorar as acusações contra o padre Marcial Maciel Degollado, o depravado fundador dos Legionários de Cristo.

As evidências mostram que o papa João Paulo II pessoalmente tomou a decisão de nomear McCarrick [para Washington] e o fez depois de receber o parecer de vários conselheiros de confiança de ambos os lados do Atlântico’, afirma o sumário executivo. Em seguida, observa que as alegações ‘foram resumidas em uma carta de 28 de outubro de 1999 do cardeal John O'Connor, o arcebispo de Nova York, ao núncio apostólico, e foram compartilhadas com o papa João Paulo II logo após’.

O relatório indica que rumores de má conduta sexual impediram McCarrick de ser promovido a três outras sedes cardinalícias, mas que, na primavera de 2000, o cardeal pediu ao núncio, o arcebispo Gabriel Montalvo, que fizesse perguntas por escrito aos quatro bispos de Nova Jersey para ver se as alegações eram verdadeiras, três deles forneceram depoimentos inexatos ou incompletos na época. Esses bispos eram protegidos de McCarrick, então por que alguém ficaria surpreso por eles não serem mais abertos?

Tampouco se deve surpreender ninguém que tal investigação limitada tenha falhado em produzir muitas evidências, e o Vaticano não tenha recebido uma alegação confiável diretamente de um menor ou de um adulto, então ‘os defensores de McCarrick poderiam plausivelmente caracterizar as alegações contra ele como 'fofoca' ou 'umores'’.

O relatório faz uma afirmação que já ouvimos antes, porém, em uma linguagem mais reservada aqui. ‘Embora não haja nenhuma evidência direta, parece provável, pelas informações obtidas, que a experiência anterior de João Paulo II na Polônia com relação ao uso de alegações espúrias contra bispos para degradar a posição da Igreja, desempenhou um papel em sua disposição de acreditar nas negações de McCarrick’, afirma o relatório.

Essa teoria não tem mais peso. Na época em que McCarrick foi nomeado para Washington, João Paulo II já era papa há 22 anos. O comunismo tinha deixado de controlar a Polônia por 11 anos. E John O'Connor não era um agente comunista. A relutância de João Paulo em investigar as graves alegações contidas na carta de O'Connor, escrita enquanto o cardeal já estava morrendo de câncer cerebral terminal, é profundamente condenatória.

O papel óbvio de João Paulo II na ascensão de McCarrick foi obscurecido para muitos pelas alegações contidas na lousa emitida em 2018 pelo desonrado ex-núncio arcebispo Carlo Maria Viganò. Ficou óbvio em uma primeira leitura que o objetivo do manifesto de Viganò não era descobrir a verdade sobre McCarrick, mas tentar desencadear um golpe contra o papa Francisco.

O relatório nos dá, agora, um motivo adicional para o discurso de Viganò : você protesta demais. O resumo indica que quando novas alegações surgiram em 2012, e Viganò as relatou ao novo prefeito da Congregação para os Bispos, o cardeal Marc Ouellet ‘instruiu Viganò a tomar certas medidas, incluindo uma investigação com funcionários diocesanos específicos e os 3 sacerdotes, para determinar se as alegações eram confiáveis’, afirma o resumo.

Viganò não deu esses passos e, portanto, nunca se colocou em posição de verificar a credibilidade dos relatos. McCarrick continuou ativo, viajando nacionalmente e internacionalmente’. Em partes para satisfazer o desejo de Viganò de ser visto como um arauto da verdade!

O papa Bento XVI não se saiu tão mal quanto seu antecessor, mas o quadro oferecido é de ineficácia. Quando forneceu informações adicionais em 2005, o papa alemão pelo menos antecipou o momento da aposentadoria de McCarrick. Sua cúria também divulgou o que o sumário executivo chama de ‘indicações’ a respeito de McCarrick, essencialmente instruindo-o a se manter discreto, o que mais ou menos ignorou. Essas estavam no centro das acusações originais de Viganò. Mas nenhum processo canônico foi iniciado para chegar à verdade das alegações, muito menos para impor quaisquer penalidades canônicas. É importante notar, no entanto, que neste momento, não havia alegações de impropriedade sexual envolvendo um menor.

Quando o papa Francisco foi eleito em 2013, McCarrick estava aposentado há sete anos. O novo papa teria visto o ex-arcebispo na festa de despedida do papa Bento XVI e nas reuniões dos cardeais antes do conclave. Francisco certamente não saberia nada sobre quaisquer ‘indicações’ contra McCarrick. Uma vez eleito, parecia haver questões mais importantes a serem examinadas do que alegações que datavam da década de 1980 contra um cardeal idoso aposentado há muito tempo. Francisco decidiu deixar a onça quieta e, como todos sabemos pelo modo como o papa lidou com a confusão dos abusos sexuais no Chile, Francisco ainda não havia compreendido a enormidade moral e espiritual da inação.

Uma vez que uma alegação contra um arcebispo, McCarrick, envolvendo um menor foi considerada crível, implementaram-se os procedimentos para lidar com um sacerdote comum, mas tais acusações foram um médio eminentemente útil contra McCarrick : ele foi removido do ministério público e eventualmente destituído.

O relatório completo, sem dúvida, preencherá os detalhes do esboço aproximado fornecido pelo resumo executivo, mas todos nós conhecemos a história agora. Durante o pontificado de João Paulo II, a maioria dos hierarcas seguiram o exemplo do Vaticano, acreditando que as revelações sobre a verdade do abuso sexual do clero causariam ‘escândalo’, encontrando falsas racionalizações no Evangelho para desculpar o comportamento criminoso do clero abusivo, recusando-se a escutar as vítimas e suas famílias. Se você quiser ver o quão longe a Igreja evoluiu da negação da era de João Paulo II, considere estas palavras do cardeal Pietro Parolin que apresentam o relatório :

Publicamos o relatório com pesar pelas feridas que esses eventos causaram às vítimas, suas famílias, à Igreja nos Estados Unidos e à Igreja Universal. Como fez o papa, também eu pude ver os testemunhos das vítimas contidos na ata em que se baseia o relatório e que foram guardados nos arquivos da Santa Sé. A contribuição deles foi fundamental. Em sua 'Carta ao povo de Deus' de agosto de 2018, o santo padre Francisco escreveu, a respeito do abuso de menores : ‘Com vergonha e arrependimento, reconhecemos como comunidade eclesial que não estávamos onde deveríamos estar, que nós não agimos em tempo hábil, percebendo a magnitude e a gravidade dos danos causados a tantas vidas’.

Os únicos heróis neste relatório são as vítimas e seus defensores. Eles viram o que o papa e os bispos não viram, que a ‘luz do Evangelho’ estava sendo invocada, mas não seguida. A crise dos abusos sexuais que marcou a virada do milênio precisava da luz do dia para que pudesse receber a luz do Evangelho. A recusa em enfrentar, ou mesmo inquirir, as alegações sobre Theodore McCarrick são indicativos de uma cultura hierárquica que era profunda, intensamente falha e que só agora começou a mudar realmente.

No final da história de Twain, os cidadãos de Hadleyburg mudam o lema de sua cidade removendo uma palavra, tirando o ‘não’ de ‘Não nos deixe cair em tentação’. Neste relatório McCarrick, vemos que a tentação de proteger a instituição resultou em uma traição grosseira da instituição e que São João Paulo II definiu as normas e o tom que levaram ao verdadeiro escândalo.

A relação entre graça e natureza sempre será um dos enigmas teológicos mais espinhosos, mas, neste caso, a lição moral é fácil de extrair : se você esquecer sua humanidade, não só corre o risco de se tornar um monstro, mas cria uma cultura que permite aos monstros florescer, e se esconder atrás do Evangelho, que é a maneira mais segura de minar o ministério salvador de Jesus Cristo.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1482639/2020/11/o-que-o-relatorio-mccarrick-nos-diz-sobre-a-cultura-da-hierarquia/

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Papa sobre pedofilia: 'responsabilidade e transparência'

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Papa Francisco discursa na abertura da reunião sobre a proteção de menores, no Vaticano.
*Artigo de Mirticeli Dias de Medeiros,
jornalista e mestre em História da Igreja, uma das poucas brasileiras
credenciadas como vaticanista junto à Sala de Imprensa da Santa Sé



A assembleia, cuja proposta é debater o problema a partir de duas diretrizes apresentadas por Papa Francisco - ‘responsabilidade e transparência’ -, admite ao mundo a enorme contradição que existe quando em uma instituição que diz prezar pela dignidade humana e cuja matriz é, por essência, educadora, se manifeste esse tipo de crime hediondo. E Francisco tem consciência disso.

Em 3 anos, não foram poucas as denúncias de abusos contra menores e adultos envolvendo padres, religiosos e até um cardeal, o americano Theodore Edgar McCarrick, recentemente demitido do estado clerical por Francisco. A maioria dos casos, ocorridos entre as décadas de 70 e 80, só vieram à tona agora. Os acobertamentos e as falhas na deliberação de medidas concretas estão entre as principais causas desse ‘boom’ que aconteceu do dia para a noite.

Em meio a esses escândalos que abalam as estruturas da Igreja Católica, o papel da imprensa tem sido fundamental. É tanto que, na coletiva de imprensa realizada esta semana, os membros da comissão responsável pela assembleia surpreenderam a todos ao elogiar o trabalho realizado pelos jornalistas, com destaque para os profissionais do The Boston Globe que integraram a famosa rede de investigação Spotlight. No caso do Chile, foi graças à apuração da jornalista chilena Paulina de Allende que o ex-sacerdote Fernando Karadima foi a julgamento.

Enquanto dentro dos ‘sagrados palácios’ os 190 membros da hierarquia católica discutem como lidar com essa crise, do lado de fora os membros de associações formadas por vítimas de abusos, que vieram a Roma, protestam em locais públicos, em frente à praça de São Pedro e no centro da cidade. É a voz do povo que clama por justiça e denuncia o abuso de poder presente em parte de uma estrutura marcada pelo clericalismo e pelo carreirismo, duas chagas que Francisco pretende combater e que, na visão dele, estariam por trás de todos esses crimes.

Um dia antes do início da reunião, 12 vítimas de abusos cometidos por religiosos encontraram os membros da comissão de combate à pedofilia na Igreja. O evento, cujo encerramento acontecerá no domingo (24), gera esperança porque é a primeira vez na história que um pontífice coloca nas mãos da Igreja universal a responsabilidade pelo ocorrido e, juntamente com ela, tenta achar uma saída para que tais situações dramáticas não se repitam.

É certo que, com a iniciativa, a expectativa é que a vigilância nas dioceses se intensifique, do contrário, tudo continuará do jeito que está. Os bispos bolivianos, representados pelo presidente da conferência episcopal, pretendem apresentar ao Papa Francisco a proposta de um ‘protoloco de atuação’ contra padres pedófilos. Da mesma forma, outros líderes católicos terão a liberdade de propor linhas de ação no decorrer do evento. Agora é esperar para ver se, além dos documentos e boas intenções, esse mal seja erradicado de vez do seio da Igreja Católica.

Nossa falta de resposta diante do sofrimento das vítimas, ao ponto de rechaçá-las e de acobertar o escândalo para proteger os autores e as instituições, acabou com o nosso povo’, disse o cardeal filipino Luís Antonio Tagle, um dos 9 relatores escolhidos para discursar durante a assembleia.’


Fonte :