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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

A Cátedra de São Pedro: a autoridade e a unidade da Igreja

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Lino Rapazzo,

professor


‘No dia 22 de fevereiro, celebra-se a Festa Litúrgica da Cátedra de São Pedro. Para entender o significado dessa expressão precisamos partir da palavra do Evangelho, que cito a seguir : ‘Naquele tempo, ao chegar ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos : ‘No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?’. Responderam : ‘Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou algum dos profetas’. Disse-lhes Jesus : ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’. Simão Pedro respondeu : ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!’. Jesus, então, lhe disse : ‘Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos Céus. E eu declaro : tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus : tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus’’ (Mt 16,13-19).

A resposta de Jesus à profissão de fé de Pedro mostra a função de Pedro e de seus sucessores na Igreja e aponta para a luta que ‘as portas do inferno’ vão provocar contra a Igreja em toda a história, mas, o barco da Igreja e da sua história tem como leme Jesus, Filho de Deus, não há tormentas que façam sucumbir esse barco.

A festa de hoje coloca em evidência a cátedra de São Pedro, ou seja, a missão peculiar que Jesus confiou a Pedro. Essa festa remonta ao século III e nasceu para destacar a ‘cátedra’ de Pedro, lugar onde o Bispo de Roma reside e governa. A cátedra, sede fixa do bispo, encontra-se na igreja-mãe de uma diocese, daí o nome ‘catedral’. Aponta para a missão do bispo, sucessor dos apóstolos, que é chamado a transmitir à comunidade cristã a fé da Igreja.

 Pedro, depois de exercer seu ministério como chefe dos apóstolos em Jerusalém, foi primeiro para Antioquia da Síria e depois para Roma, onde concluiu a sua vida terrena com o martírio. Por esse fim ‘glorioso’ da sua existência, Roma foi considerada sede da cátedra de Pedro.

Nessa linha, a título de exemplo, Santo Agostinho (354-430) escreveu : ‘A instituição da solenidade de hoje recebeu o nome de cátedra dos nossos predecessores, porque se diz que o primeiro apóstolo, Pedro, tomou posse da sua cátedra episcopal. Por esse preciso motivo, as Igrejas honram a origem da sede, que o apóstolo aceitou para o bem das Igrejas’.

 Na Basílica de São Pedro, em Roma, encontra-se a cátedra de São Pedro. Trata-se de um trono de madeira doado em 875 pelo rei dos francos, Carlos, o Calvo, ao Papa João VIII. Está preservado como relíquia dentro de uma grandiosa composição barroca de bronze projetada por Gian Lorenzo Bernini e construída entre 1656 e 1665.

Termino citando as palavras do Papa Francisco, que nos ajudam a entender o significado dessa cátedra de autoridade e de unidade da Igreja : ‘Recordemos que esta é a cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade’.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-catedra-de-sao-pedro-a-autoridade-e-a-unidade-da-igreja.html

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Pedro, um homem de fé

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Frei Ricardo da Cruz, OFM Conv


Pedro é o apóstolo mais conhecido dos evangelhos e em todos ele assume um papel de liderança. Pedro significa ‘rocha’, ‘pedra’, isto é, algo firme, sólido e constante. Tal nome, em um primeiro momento, parece não fazer sentido para uma pessoa que possui como características a inconstância e a impulsividade.

Antes de seu encontro com Jesus seu nome era Simão. Foi o próprio Jesus que, fixando nele o olhar, disse : ‘Tu és Simão, filho de João; chamar-te-ás Cefas [que significa pedra]’ (Jo 1,42). Jesus não tinha o costume de mudar o nome de seus discípulos, mas o fez com Pedro. O seu nome era na verdade um mandato que ele recebia do Senhor. Dessa forma, para que Pedro se tornasse verdadeiramente uma ‘rocha’ seria preciso passar por um caminho de transformação. Pedro é, talvez, o apóstolo que mais expressa aquilo que cada cristão é como seguidor do Senhor e, ao mesmo tempo, a possibilidade que cada cristão tem de se transformar no caminho de seguimento de Jesus Cristo. 

Pedro, em sua humanidade, deixa transparecer as suas fraquezas, o medo e até mesmo a covardia, características que são notadas em todo cristão que está no caminho de seguimento de Jesus Cristo. Porém, Pedro revela que a fé não anula a fragilidade humana, ao contrário, faz com que cada discípulo de Cristo tome consciência de sua fragilidade e se coloque no caminho de transformação e conversão.

A inconstância de Pedro é muito clara nos diversos relatos dos evangelhos; ao mesmo tempo em que ele professa a sua fé em Jesus Cristo reconhecendo-o como Messias (cf. Mt 16,16), não aceita o sofrimento e a morte violenta que o Messias deveria passar em Jerusalém, por isso chama Jesus à parte para tentar dissuadi-lo : ‘Deus não o permita, Senhor! Isso jamais te acontecerá’ (Mt 16,22). O sofrimento e a morte pela qual Jesus deveria passar não condiziam com a imagem do Messias esperado por Pedro, por isso o mesmo que fora chamado pelo Messias a ser a pedra na qual edificaria a sua Igreja (cf. Mt 16,18) então era é chamado de pedra de tropeço (cf. Mt 16,23). 

A fé de Pedro é consolidada mediante o processo de vivência e de escuta atenta do Senhor. Ora Pedro manifesta uma fé madura e inspirada pelo Espírito quando reconhece Jesus como Filho de Deus (cf. Mt 16,16), ora é repreendido por Jesus por não pensar como Deus e sim como os homens (cf. Mt 16,23). A fé é um caminho de consolidação, de experiência com Deus, de conversão e transformação. Pedro, apesar de sua inconstância e contradições, é capaz de permanecer firme no seguimento de Jesus, professa uma fé verdadeira no Messias, que é o único que tem palavras de vida eterna (cf. Jo 6,68).

A fé de Pedro ensina a todo cristão que Deus chama seus seguidores em sua integralidade, com suas virtudes e fraquezas. A fé de Pedro está na sua humanidade frágil que busca corresponder ao chamado divino. Pedro é um homem de fé porque acreditou que Deus poderia transformar sua história convertendo-o de simples pescador a líder da Igreja de Jesus Cristo. Sua fé se manifesta na abertura e disponibilidade de deixar-se transformar pelo Espírito de Deus.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/pedro-um-homem-de-fe.html


sábado, 27 de junho de 2020

Pedro e Paulo : duas referências inspiradoras no seguimento de Jesus

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)        

 Simão e Saulo passaram por uma profunda transformação a partir do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, tornado-se Pedro e Paulo

Simão e Saulo passaram por uma profunda transformação a partir do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, tornado-se Pedro e Paulo

*Artigo d0 Padre Adroaldo Palaoro, SJ

‘Os acontecimentos e, sobretudo, as pessoas que encontramos ao longo da existência, são os que vão nos fazendo passar por contínuas transformações. Por isso, quando narramos nossa história de vida, quase sempre mencionamos alguém em particular que nos marcou profundamente. Já não somos mais os mesmos depois de ter conhecido certas pessoas que se tornaram especiais. Nosso olhar e nossa memória retornam a elas frequentemente, por sua constante inspiração e companhia. 

Por isso, a pergunta que Jesus dirige aos discípulos não é superficial : ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’. Esta é a questão, a grande pergunta de Jesus que continua ressoando em todos nós, seus(suas) seguidores(as). Dependendo da resposta que damos, isso terá implicações profundas em nossa existência : a centralidade do modo de ser e de agir de Jesus em nossos compromissos, a ressonância de suas palavras em nossa vida, a sintonia com suas grandes opções, a sensibilidade diante dos mais pobres e excluídos, a nova relação com o Pai... Em outras palavras, o encontro com a identidade de Jesus desvela nossa verdadeira identidade e, por isso mesmo, nosso modo de ser e de agir serão cristificados. 

Segundo o Evangelho deste domingo, só reconhecendo a identidade de Jesus estaremos capacitados para escutar o que ele tem a nos dizer. Por isso, quando Pedro declarou quem era de verdade aquele a quem tinham seguido, o Senhor mudou seu nome – ‘tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja’. Só Jesus conhece bem quem somos e o que podemos realizar. 

O ser humano é um ser chamado. Chegamos a ser nós mesmos graças ao chamado, ao olhar, à palavra de outro. E na palavra e no chamado que vem de Jesus, vamos percebendo que o mistério de Deus, totalmente outro e absolutamente íntimo, nos envolve e nos fundamenta. 

Não podemos definir Jesus com dogmas e doutrinas, mas também não podemos deixar de nos perguntar : ‘quem é este homem Jesus?’. Toda tentativa de responder com fórmulas fechadas não solucionará o problema. A resposta deve ser vivencial, não teórica : ‘quê dizes tua vida de mim?’, pergunta Jesus. 

Nossa vida, enquanto seguidores(as), é a que deve dizer quem é Jesus para nós. Do esforço dos primeiros cristãos por compreender Jesus devemos fazer nossas as perguntas que foram feitas, não as respostas que deram. Por mais informações que recebamos sobre ele, por mais normas morais e ritos que aprendamos e pratiquemos, se ninguém nos convida, com sua vida, a prolongar o estilo de vida de Jesus, tudo permanecerá superficial e em nada nos enriquece. 

Dar por definitivas as respostas dos primeiros concílios acabam nos afundando na rotina da repetição de fórmulas. O decisivo é descobrir a qualidade humana de Jesus e deixar que ele desvele o que há de mais humano em cada um de nós. Afinal, o centro da missão do Mestre de Nazaré está em ajudar a sermos um pouco mais humanos, sobretudo nas relações com os outros e com o Pai. 

Se cremos que o importante é a resposta, que já está dada, todos permanecemos em paz e acomodados – isso é grave. Hoje sabemos que o importante é que continuemos fazendo-nos a pergunta. A resposta nos paralisa; a pergunta nos mantém acesos e criativos, pois esta tem impacto no modo cristificado de viver. 

Uma fé, vivida sem perguntas, acaba se esvaziando daquele mesmo impulso vital de Jesus. Somos seguidores(as) de uma Pessoa (Jesus Cristo) e não de respostas teológicas. 

Nossa fé cristã hoje é a mesma de Pedro e de Paulo : seguir Jesus Cristo e, em nossa maneira de viver, oferecer o Evangelho a todos. Assim, compreende-se que a Igreja celebre Pedro e Paulo numa única festa. E, por isso, não devemos nos escandalizar se, com frequência, na Igreja aflore o Simão, ao invés de Pedro : as ânsias de triunfalismos, busca de poder, medos na hora da perseguição... Também não podemos nos escandalizar se, com frequência, aflore o Saulo, ao invés de Paulo : fechamento nas próprias ideias e convicções, desembocando na intolerância, no dogmatismo e na violência, inclusive física. 

Estes dois grandes personagens (Simão e Saulo) passaram por uma profunda transformação, a partir do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Foi um processo lento, sendo lapidados pela graça de Deus até redescobrirem uma nova identidade escondida debaixo das cinzas do auto-centramento e da prepotência, identidade que agora se expressa em novos nomes : Pedro e Paulo. 

Como distinguir, na Igreja, Simão de Pedro? Como distinguir Saulo de Paulo? Onde estão as fronteiras, se, ao mesmo tempo, Simão é Pedro e Pedro é Simão? Onde estão os limites, se, ao mesmo tempo, Saulo é Paulo e Paulo é Saulo? 

Estes dois personagens nos fazem ter acesso à nossa condição humana : somos barro, frágeis, inconstantes... mas carregamos um tesouro que nos dignifica. Nas profundezas de nosso ser, há um Pedro e um Paulo escondidos, esperando uma oportunidade para se manifestar. Exteriormente, talvez tenhamos sido muito mais Simão e Saulo, mas, o que decide nossa vida, é a nossa interioridade, morada do Pedro e do Paulo. É ali que a Graça de Deus trabalha em nós, fazendo emergir, junto a estes dois personagens, o que é mais nobre e mais divino em nós. Deus, na sua eterna paciência, espera momentos especiais para dar o seu ‘toque’ em nosso eu profundo, e assim despertar o Pedro e Paulo que ainda dormem. 

Diante de nós está Jesus Cristo para nos dar a ‘chave’ como a deu a Pedro : ela nos facilitará o acesso ao mistério insondável da Vida. Na perspectiva bíblica ?céus? significa vida em profundidade, vida expansiva, vida que nunca se acaba. Como dinamismo humanizador, a chave da interioridade é mola mestra que movimenta grandes intuições e sonhos, retira-nos do individualismo, cultiva a solidariedade, corrige rotas de vida, excita a imaginação, realça o poder criativo... 

Temos em nossas mãos as chaves da vida. O que fazemos com elas? Podemos abrir ou fechar, ligar ou desligar, atar ou desatar... ‘Ter a chave da vida’ : abrir ou fechar as portas do futuro, das relações, dos sonhos, da missão... Dar direção à vida. Atar e desatar os nós que bloqueiam o fluir da vida.... Aqui está o grande desafio : abrir-nos ou fechar-nos; abrir-nos à vida, ao novo, ao outro, ao desafiante ou diferente... ou fechar-nos no medo, no conhecido, no rotineiro. 

Deus confiou e colocou em nossas mãos a ‘chave da vida’. Ele não impõe, não obriga. Corre o risco de nos criar livres. Aqui está nossa grandeza, enquanto seres humanos : optar por uma vida aberta ou fechada, ser nó ou desatar, ligar ou desligar, expandir ou retrair... 

Sempre há o perigo de construir, dentro de nós, um condomínio onde portas se fecham, chaves se perdem, segredos são esquecidos e, com isso, mergulhamos na mais profunda solidão. 

Nossa própria interioridade é a rocha consistente e firme (‘tu és Pedro’), bem talhada e preciosa que cada um de nós tem, para encontrar segurança e caminhar na vida superando os desafios e as inevitáveis resistências na vivência do seguimento de Jesus. 

É no ‘eu mais profundo’ que as forças vitais se acham disponíveis para nos ajudar a crescer no dia-a-dia, tornando-nos aquilo para o qual fomos chamados a ser. Trata-se da dimensão mais verdadeira de nós mesmos, a sede das decisões vitais, o lugar das riquezas pessoais, onde vivemos o melhor de nós mesmos, onde se encontram os dinamismos do nosso crescimento, de onde partem as nossas aspirações e desejos fundamentais, onde percebemos as dimensões do Absoluto e do Infinito da nossa vida. 

Texto bíblico : Mt 16,13-19

Na oração : A oração torna-nos diáfanos (transparentes). Ela deixa transparecer o Simão e o Pedro de nossa interioridade. Ela desvela o Saulo e o Paulo que atuam em nós.

A interioridade é espaço aberto, onde, a intimidade com Deus não anula nossa personalidade, mas nos capacita a fazer uma contínua passagem do Simão para o Pedro, do Saulo para o Paulo?

  • O que tem predominado em sua vida : Simão ou Pedro? Saulo ou Paulo?’

  

Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1454639/2020/06/pedro-e-paulo-duas-referencias-inspiradoras-no-seguimento-de-jesus/


segunda-feira, 27 de junho de 2016

Pedro, a pedra capaz de amar

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Felipe Magalhães Francisco, 
Mestre em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. 
Coordena a Comissão Arquidiocesana de Publicações, 
da Arquidiocese de Belo Horizonte. 


‘Sem dúvidas, Pedro é uma das personagens mais interessantes dos evangelhos. Figura muito ambígua, assume um papel muito importante de continuidade evangélica, liderando os depois-de-Jesus. A ambiguidade dessa personagem nos leva a pensar na clareza das comunidades primitivas, compreendendo, tão logo, que elas não eram compostas por perfeitos, mas por aqueles que cresciam e amadureciam enquanto estavam no Caminho. Pedro é o maior sinal disso.

Não é estranho pensar que os evangelhos nos convidem a ser como Pedro. É certo que percebemos o mundo a partir do lugar onde estamos. Ainda que bastante criticável, avaliamos o mundo, ‘assumindo-nos’ como fiel da balança. O nosso ponto de partida para o mundo é o nosso próprio umbigo. Percebe-se, assim, a importância simbólica que esse carrega. Toda essa visão de mundo e da realidade, nascida a partir de nós, perfeitamente lógica e compreensível, tende a ser sempre aperfeiçoada, afinal nosso ponto de vista é sempre limitado. Precisamos, então, assumirmo-nos Pedro.

Tão logo o início do ministério público de Jesus se deu, Pedro foi seduzido-interpelado ao seguimento. Chegando próximo a Jesus, esse olha para aquele, conhecendo-o pelo nome e já lhe confere uma transformação : ‘‘Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas!’ (que quer dizer Pedro)’ (Jo 1,42). O nome conferido a ele, por Jesus, revela uma missão, que só ficaria clara após a morte-ressurreição do Senhor, quando o Espírito Santo viria inaugurar um novo tempo na vida dos seguidores e seguidoras do Cristo. Jesus o chama pedra. Como não pensar, imediatamente, em firmeza? Que firmeza, então, teria o abrupto Pedro, se tudo parece revelar o contrário?

O mesmo Pedro que está sempre pronto a professar sua fé (cf. Lc 9,20), é aquele que não compreende bem, de imediato, o que significa depositar sua confiança naquele que reconhece como Cristo, e age de maneira impulsiva e inconsequente. Mas essa impulsividade e inconsequência são movidas por amor a seu Mestre : é por amor a Jesus, que Pedro não aceita a ideia de seu Messias ser morto, fazendo-o a agir como Satanás, ao tentar fazer com que o Cristo não assuma sua missão (cf. Mt 16,23); é por reconhecer a autoridade de Jesus, como enviado do Pai, que ele não aceita ter seus pés lavados pelo Senhor, mas, após se esclarecido por Jesus, deseja ser lavado por inteiro, para ter parte com o Cristo  (cf. Jo 13,8-9); e é por buscar proteger seu Senhor e Messias, que ele arranca a espada da bainha, e  corta a orelha daquele que queria tomar-lhe o Mestre (cf. Jo 8,10). Mesmo amando a Jesus a tal ponto, Pedro ainda é capaz de negá-lo três vezes (cf. Mt 26,69-75).

A única firmeza de Pedro é seu amor. Aqui, reside um paradoxo : a firmeza do amor está em suas contradições, pois ele é feito de tentativas, de ‘sins’ cotidianos. Quem ama não está pronto, mas vai superando seus desamores. É própria do amor a fragilidade, mas, ao mesmo tempo, a busca pela maturidade, pela completeza. Em Pedro, temos essa figura que deve nos inspirar em nosso próprio amor pelo Senhor. É porque amava o Senhor que, na terceira vez perguntado por Jesus se o amava, Pedro se entristeceu : ‘Pedro ficou triste, porque lhe perguntou pela terceira vez se o amava. E respondeu : ‘Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo’’ (Jo 21,17). E é porque amou o Senhor, que Pedro pôde ouvir, pela segunda vez, um ‘Segue-me’ (Jo 21,19). Agora, não apenas pelos caminhos da Galileia, mas na inteireza da vida doada. Sejamos Pedro : reconheçamos nossas fragilidades, mas, por amor, deixemo-nos, cotidianamente, fazer uma opção : ‘A quem iremos, Senhor? Tu tens palavra de vida eterna’ (Jo 6,68).’


Fonte : 
* Artigo na íntegra


sábado, 28 de junho de 2014

São Pedro e São Paulo, Apóstolos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


A Liturgia das Horas e a reflexão no dia de 
São Pedro e São Paulo, Apóstolos :

Ofício das Leituras

Segunda leitura
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
(Sermo 295,1-2.4.7-8 :PL38,1348-1352)       (Séc.V)

Estes mártires viram o que pregaram
O martírio dos santos apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia. Não falamos de mártires desconhecidos. Sua voz ressoa e se espalha em toda a terra, chega aos confins do mundo a sua palavra (Sl 18,5). Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade.

São Pedro, o primeiro dos apóstolos, que amava Cristo ardentemente, mereceu escutar : Por isso eu te digo que tu és Pedro (Mt 16,19). Antes, ele havia dito : Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo (Mt 16,16). E Cristo retorquiu : Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei minha Igreja (Mt 16,18). Sobre esta pedra construirei a fé que haverás de proclamar. Sobre a afirmação que fizeste : Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo, construirei a minha Igreja. Porque tu és Pedro. Pedro vem de pedra; não é pedra que vem de Pedro. Pedro vem de pedra, como cristão vem de Cristo.

Como sabeis, o Senhor Jesus, antes de sua paixão, escolheu alguns discípulos, aos quais deu o nome de apóstolos. Dentre estes, somente Pedro mereceu representar em toda parte a personalidade da Igreja inteira. Porque sozinho representava a Igreja inteira, mereceu ouvir estas palavras : Eu te darei as chaves do Reino dos Céus (Mt 16,19). Na verdade, quem recebeu estas chaves não foi um único homem, mas a Igreja una. Assim manifesta-se a superioridade de Pedro, que representava a universalidade e a unidade da Igreja, quando lhe foi dito : Eu te darei. A ele era atribuído pessoalmente o que a todos foi dado. Com efeito, para que saibais que a Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus, ouvi o que, em outra passagem, o Senhor diz a todos os seus apóstolos : Recebei o Espírito Santo. E em seguida : A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos (Jo 20,22-23).

No mesmo sentido, também depois da ressurreição, o Senhor entregou a Pedro a responsabilidade de apascentar suas ovelhas. Não que dentre os outros discípulos só ele merecesse pastorear as ovelhas do Senhor; mas quando Cristo fala a um só, quer, deste modo, insistir na unidade da Igreja. E dirigiu-se a Pedro, de preferência aos outros, porque, entre os apóstolos, Pedro é o primeiro.

Não fiques triste, ó apóstolo! Responde uma vez, responde uma segunda, responde uma terceira vez. Vença por três vezes a tua profissão de amor, já que por três vezes o temor venceu a tua presunção. Desliga por três vezes o que por três vezes ligaste. Desliga por amor o que ligaste por temor. E assim, o Senhor confiou suas ovelhas a Pedro, uma, duas e três vezes.

Num só dia celebramos o martírio dos dois apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos. Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois apóstolos.


Fonte :
‘In Liturgia das Horas III’, 1392, 1394


sábado, 30 de junho de 2012

Solenidade de São Pedro e São Paulo

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB



ORAÇÃO AOS SANTOS APÓSTOLOS

SÃO PEDRO E SÃO PAULO


Ó Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, nós te escolhemos hoje e para sempre como nossos especiais protetores e advogados:

ü  Ao glorioso São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, por ser a pedra sobre qual Deus edificou sua Igreja;
ü  Ao bem-aventurado São Paulo, porque foi escolhido por Deus como pregador da verdade em todo o mundo.

Alcança-nos, te pedimos, uma viva fé, firme esperança e ardente caridade; um despojamento total de nós mesmos, desprezo pelo mundo, paciência nas adversidades, humildade nas coisas prósperas, atenção na oração, sincera intenção no trabalho, diligencia no cumprimento das obrigações, constância nos propósitos, conformidade com vontade Deus e perseverança na divina graça ate a morte, a fim de que por tua intercessão e teus gloriosos méritos, superadas as tentações do mundo, do demônio e da carne, sejamos dignos de comparecer diante do supremo e eterno Pastor de almas, Jesus Cristo, para gozar e amar eternamente a ele que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.

Extraído do livro: “Novenas para todas as necessidades” – Editora Artpress

Fonte :