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sexta-feira, 26 de junho de 2020

Por que os católicos rezam o Terço?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)        

ROSARY 

*Artigo de Karna Swanson,

jornalista

 

‘Durante séculos, a Igreja intensificou a oração do Terço, ou Rosário, nos momentos de luta. São Domingos considerava o Terço uma arma espiritual, e os Papas chamavam Maria de ‘vencedora das heresias’, invocando a sua ajuda para combater questões que vão do catarismo ao comunismo.

 Origem do Terço

 A devoção ao Terço foi se desenvolvendo lentamente ao longo de cerca de 500 anos.

 Trata-se de uma oração constituída pela recitação de ave-marias, em grupos de dez, sendo cada grupo precedido por um pai-nosso e concluído com um glória. Durante o rosário, meditam-se os mistérios da vida de Cristo e de Maria.

 A tradição popular atribui a origem do Terço a São Domingos (1170-1221), mas as pesquisas históricas mostram que esta devoção foi se desenvolvendo lentamente ao longo do tempo.

 O próprio São João Paulo II parece afirmar isto em sua carta ‘Rosarium Virginis Mariae' (2002), que começa recordando que o Terço ‘foi gradualmente tomando forma no segundo milênio, sob a guia do Espírito de Deus’.

 Ainda que não se saiba exatamente qual é a história do início do Terço, o pe. Etienne Richer explica, em ‘Mariology’, que, no final do século XI, ou seja, quase um século antes de São Domingos, ‘já se conhecia e praticava uma devoção mariana caracterizada por numerosas ave-marias, com prostrações rítmicas em honra de Nossa Senhora, primeiro em comemoração das suas alegrias e, depois, em recordação dos seus sofrimentos’. O nome ‘Rosário’ surgiu associado a esta prática.

 Formato atual

 Na mesma época, irmãos e monges cistercienses que não conseguiam memorizar os 150 salmos que a sua ordem rezava toda semana, teriam recitado 150 pai-nossos. Os leigos teriam logo copiado essa forma de rezar, mas substituindo o pai-nosso pela ave-maria. O nome dado a essa devoção foi ‘Saltério de Maria’.

 Por volta do ano 1200, conta-se que Nossa Senhora apareceu a São Domingos e lhe disse : ‘Reza o meu saltério e ensina-o às pessoas. Esta oração nunca falhará’.

 São Domingos difundiu a devoção ao Saltério de Maria e, como afirma o pe. Richter, esta devoção foi ‘incorporada de forma divina à vocação pessoal de São Domingos’.

 Nas décadas posteriores, o Terço e o saltério de Maria convergiram e a devoção assumiu a forma específica popularizada ao longo dos séculos seguintes : as 150 ave-marias, divididas originalmente em três conjuntos de mistérios (os gozosos, os dolorosos e os gloriosos; daí o nome ‘terço’, que remete a cada uma das três partes do rosário completo), sendo cada terço subdividido em 5 dezenas de ave-marias (cada dezena equivalendo à contemplação de um mistério da fé), com o pai-nosso inserido entre as dezenas.

 Papa João Paulo II

 Em 2002, São João Paulo II acrescentou mais cinco mistérios ao Rosário, os chamados ‘mistérios luminosos’. Ele propôs tais mistérios para ‘mostrar plenamente a profundidade cristológica do terço’, incluindo ‘os mistérios do ministério público de Cristo entre o seu Batismo e a sua Paixão’. Apesar da mudança que agora subdivide o Rosário em quatro partes e não mais em três, a devoção continua sendo chamada popularmente de ‘Terço’.

 Orientações da Igreja Católica

 Desde o século XII, a Igreja Católica intensificou a oração do Terço nos momentos de dificuldade e tribulação. Em 1569, São Pio V consagrou oficialmente o Terço, atribuindo à sua recitação a destruição da heresia e a conversão de muitos pecadores.

 Ele pediu aos fiéis que rezassem o Terço naquela época ‘de tantas heresias, gravemente perturbada e aflita por tantas guerras e pela depravação moral dos homens’ – nem tão diferente da nossa própria época.

 O prolífico papa Leão XIII (1878-1903), conhecido sobretudo pelas suas encíclicas sobre questões sociais, especialmente a Rerum Novarum (1891), sobre as condições do trabalho humano, escreveu pelo menos 16 documentos sobre o terço, incluindo 12 encíclicas.

 O ‘Papa do Terço’ escreveu a sua primeira encíclica sobre esta oração em 1883, no 25º aniversário das aparições de Lourdes. Ele recorda o papel de São Domingos e como a oração do terço ajudou a derrotar os hereges albigenses no sul da França, nos séculos XII e XIII.

 São Domingos, dizia o Papa, ‘atacou intrepidamente os inimigos da Igreja católica não pela força das armas, mas confiando totalmente na devoção que ele foi o primeiro em instituir com o nome de Santo TerçoGuiado pela inspiração e pela graça divinas, previu que esta devoção, como a mais poderosa arma de guerra, seria o meio para colocar o inimigo em fuga e para confundir a sua audácia e louca impiedade’.

 Arma espiritual

 Também falou sobre a eficácia e poder do terço na histórica batalha de Lepanto, entre as forças cristãs e muçulmanas, em 1521.

 As forças islâmicas haviam avançado rumo à Espanha e, quando estavam a ponto de superar as cristãs, o Papa Pio V fez um apelo aos fiéis para que rezassem o terço.

 Os cristãos venceram, e, como homenagem por esta vitória, o Papa declarou Maria a ‘Senhora da Vitória’, estabelecendo sua festa no dia 7 de outubro, dia do Santo Terço.

 Voltando à necessidade do terço em sua época, o Papa escreveu : ‘É muito doloroso e lamentável ver tantas almas resgatadas por Jesus Cristo arrancadas da salvação pelo furacão de um século extraviado e lançadas ao abismo e à morte eterna. Em nossa época, temos tanta necessidade do auxílio divino quanto na época em que o grande Domingos levantou o estandarte do Terço de Maria, a fim de curar os males do seu tempo’.

 Pio XI (1922-1939) dedicou sua última encíclica, ‘Ingravescentibus malis’, também ao terço. Foi em 1937, o mesmo ano em que escreveu a famosa ‘Mit brennender Sorge’, na qual criticava os nazistas, e a ‘Divini Redemptoris’, na qual denunciava que o comunismo ateu ‘pretende derrubar radicalmente a ordem social e socavar os próprios fundamentos da civilização cristã’.

 Criticando o espírito da época e o ‘seu orgulho depreciativo’, o Papa disse que o terço é uma oração que tem ‘o perfume da simplicidade evangélica’, que requer humildade de espírito. Ele escreveu :

 Uma inumerável multidão, de homens santos de toda idade e condição, sempre o estimou. Rezaram-no com grande devoção e em todo momento o usaram como arma poderosíssima para afugentar os demônios, para conservar a vida íntegra, para adquirir mais facilmente a virtude; enfim, para a consecução da verdadeira paz entre os homens’.

 Em 1951, Pio XII (1939-1958) escreveu a ‘Ingruentium malorum’, sobre a oração do terço : ‘Categoricamente, não hesitamos em afirmar em público que depositamos grande esperança no Rosário de nossa Senhora como remédio dos males do nosso tempo. Porque não é pela força, nem pelas armas, nem pelo poder humano, mas sim pelo auxílio alcançado por meio dessa devoção, que a Igreja, munida desta espécie de funda de Davi, consegue impávida afrontar o inimigo infernal’.

 Papa Bento XVI

 Em 1985, o então cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e posteriormente eleito Papa Bento XVI, admitiu no livro-entrevista ‘Informe sobre a Fé’, com Vittorio Messori, achar que a declaração de que Maria é ‘a vencedora de todas as heresias’ era um pouco ‘exagerada’.

 Ele explicou que, ‘quando eu ainda era um jovem teólogo, antes das sessões do Concílio (e também durante elas), como aconteceu e acontece hoje com muitos, tinha algumas reservas sobre certas fórmulas antigas, como, por exemplo, aquela famosa ‘De Maria nunquam satis’ [de Maria nunca se dirá o bastante]’.

 É oportuno observar que Joseph Ratzinger cresceu num ambiente muito mariano. No livro ‘Meu irmão, o Papa’, o pe. George Ratzinger, irmão mais velho de Joseph, comenta que seus avós se casaram no Santuário de Nossa Senhora de Absam e que seus pais se conheceram por meio de um anúncio que o pai tinha colocado (duas vezes) no jornal do santuário mariano de Altotting.

 Os Ratzinger rezavam o terço juntos muitas vezes e, no mês de maio, participavam de numerosas celebrações ligadas a Maria e ao terço.

 No entanto, apesar da familiaridade com Maria e da sincera devoção mariana, ele não parecia convencido. Como ele mesmo explica no livro-entrevista, o então cardeal prefeito desse importantíssimo dicastério vaticano passou por uma pequena conversão.

 Hoje, neste confuso período, em que todo tipo de desvio herético parece se amontoar às portas da fé católica, compreendo que não se trata de exageros de almas devotas, mas de uma verdade hoje mais forte do que nunca’.

 É necessário voltar a Maria se quisermos voltar à verdade sobre Jesus Cristo, à verdade sobre a Igreja e à verdade sobre o homem.

A oração do terço nos permite fixar o olhar e o coração em Jesus, como sua Mãe, modelo insuperável da contemplação do Filho’, disse Bento XVI em 12 de maio de 2010, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima.

Ao meditarmos os mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos ao longo das ave-marias, contemplamos todo o mistério de Jesus, desde a Encarnação até a Cruz e a glória da Ressurreição; contemplamos a participação íntima de Maria neste mistério e a nossa vida em Cristo hoje, também ela tecida de momentos de alegria e de dor, de sombras e de luz, de trepidação e de esperança’.

A graça invade o nosso coração no desejo de uma incisiva e evangélica mudança de vida, de modo a poder proclamar com São Paulo : ‘Para mim viver é Cristo’ (Flp 1, 21), numa comunhão de vida e de destino com Cristo’, finaliza.’ 

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2020/06/24/por-que-os-catolicos-rezam-o-rosario/


terça-feira, 15 de outubro de 2019

Click to Pray eRosary, para rezar pela Paz no Mundo


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo de Emanuela Campanile,
jornalista


‘Há uma pulseira que é ativada fazendo o sinal da cruz. É um dispositivo inteligente e interativo, que funciona através de um aplicativo para download gratuito, e que foi apresentado na manhã desta terça-feira na Sala de Imprensa da Santa Spe pela Rede Mundial de Oração do Papa.

O App se chama Click To Pray, e a pulseira ClickTo Pray eRosary. Entrar no mundo digital, especialmente dos jovens, para rezar ou aprender a rezar o Rosário, é portanto possível.

Com o novo dispositivo, é possível acessar um guia de áudio com imagens e conteúdos personalizados, com base na antiga oração definida por Santa Teresa de Ávila como um ‘arco-íris da paz’.

O Rosário e a tecnologia

A iniciativa, que se insere no Mês Missionário Extraordinário, é um ‘convite aos jovens para rezar pela paz no mundo’, como explica padre Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa.

Durante a Jornada Mundial da Juventude no Panamá – prossegue padre Fornos - o Pontífice havia pedido para ajudar de forma particular os jovens a rezar o Rosário pela Paz Mundial’.

De fato, são numerosas as iniciativas propostas para este mês de outubro, ‘e portanto - acrescenta o diretor da Rede - neste mês, que é o mês do Rosário, queríamos preparar outra modalidade que pudesse ajudar os jovens do mundo digital a rezar o Rosário, com a melhor tecnologia disponível hoje’.

Entre as opções oferecidas pelo dispositivo, também a de escolher entre o rosário tradicional e os temáticos, que serão atualizados a cada novo ano.

De fato, existe uma pedagogia - conclui padre Fornos - que nos ajuda a rezar pelos grandes desafios da humanidade e pela missão da Igreja e este mês é um caminho que indica que no centro, no coração da Igreja, está a oração’.

Jovens e oração

Não é verdade que os jovens não são abertos à oração’, disse por sua vez padre Tadeusz J. Nowak, secretário geral da Pontifícia Obra da Propagação da Fé. ‘Claro, hoje existe secularização, os jovens têm outros interesses, mas o coração deles é um coração sensível’.

Da sua experiência como pároco no Canadá, padre Nowak fala do desejo de oração de muitos jovens : ‘Quando a Boa Nova é apresentada de forma atual como faz nosso querido Papa Francisco, os jovens estão abertos. Quando se reúnem em torno a ele nas Jornadas Mundiais da Juventude, são muitos e rezam com o Papa. Portanto, é importante encorajar os jovens a rezar - conclui o secretário - porque eles têm que enfrentar tantas dificuldades na vida cotidiana. E onde encontram ajuda? Na oração!’’


Fonte :

quinta-feira, 1 de março de 2018

A intercessão de Nossa Senhora na hora da morte

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 Imagem relacionada
*Artigo publicado na Revista Arautos do Evangelho
Maio/2007, n. 65, p. 34 à 36
(Tradução, com adaptações, de ‘L’Ami du Clergé’ nº 39, de 23/9/1880)

‘Rogai por nós pecadores, agora... e na hora de nossa morte.’ Qual a razão de tanta insistência em pedir que Maria nos assista no fim de nossa vida?
Na oração que tantas vezes dirigimos a Nossa Senhora há duas partes distintas, as quais convém analisar : uma diz respeito ao presente, a outra ao futuro. A primeira muda continuamente no que diz respeito ao tema do pedido; a segunda não varia, roga sempre a mesma graça.

Rogai por nós agora é o pedido da hora presente, cujo objeto será diferente conforme nossas necessidades. Por vezes será a solicitação de uma graça protetora, outras vezes de consolo, às vezes de alívio e de cura de alguma enfermidade.

Mas, rogai por nós na hora de nossa morte diz respeito ao futuro, e é sempre o mesmo pedido que fizemos ontem, fazemos hoje, repetido 200 vezes no Rosário, e voltaremos a fazer amanhã, se Deus nos conceder um novo dia e se nele rezarmos a Saudação Angélica.

Então, por que a Santa Igreja, por meio da Ave Maria, oração quotidiana e familiar a todos os cristãos, até mesmo aos mais indiferentes, formulou este pedido : Rogai por nós na hora de nossa morte? Só pode ser por razões muito dignas de sua sabedoria; é porque na hora da morte a intercessão da Santíssima Virgem Maria nos é soberanamente necessária e em extremo eficaz.


Necessidade da assistência de Maria nos derradeiros momentos

Para compreender bem quão necessária é a assistência de Nossa Senhora em nossos derradeiros momentos, deve-se lembrar que a hora da morte é propriamente a hora decisiva e difícil entre todas. Nela será fixado nosso destino para toda a eternidade. Quando cai uma árvore, à direita ou à esquerda, lá onde cai, fica, bem diz o Eclesiastes (11, 3). Se cair para o lado certo, se morrermos na graça de Deus, seremos felizes para sempre; mas se cair do lado errado, se morrermos na inimizade de Deus, nosso lugar será junto aos réprobos. A hora da morte é a hora do combate supremo. Se triunfarmos do demônio, todas as nossas derrotas passadas serão reparadas, seremos vitoriosos para sempre, tomaremos lugar entre os eternos triunfadores e o Rei do Céu nos cingirá com a coroa da glória eterna.

Vejamos o bom ladrão. Sua vida estava manchada por vários crimes. Tinha sido um infame criminoso que tingiu suas mãos no sangue de irmãos; alguns instantes antes de morrer, se arrependeu, foi perdoado, seus crimes foram apagados e – qual piedoso ladrão do Céu, como é chamado -, por um instante de sincera penitência, foi compartilhar as alegrias do Paraíso com os patriarcas e os profetas que passaram a vida inteira na prática de boas obras.

Se, pelo contrário, no último momento, nosso inimigo, o demônio, triunfar sobre nós, nossas vitórias já adquiridas, por mais numerosas ou retumbantes que tenham sido, nos serão inúteis. Nossas boas obras, embora tivéssemos vivido como justos durante longos anos, estariam perdidas para sempre e se volatilizariam como simples nuvem dispersa pelo vento. Ficaríamos como navegadores que, após triunfarem sobre várias tempestades em alto mar, vêm soçobrar no próprio porto de chegada.


Uma trágica defecção de última hora

Lembremos-nos da história dos 40 mártires de Sebaste. Eram 40 soldados que, juntos, nas tropas do exército romano, travaram inúmeros combates nesta terra, além de ganharem combates no Céu, pela prática das virtudes cristãs, sob o estandarte de Jesus Cristo. Para defenderem a Religião, compareceram diante do tribunal de seus perseguidores, confessando valentemente sua fé, sem se deixarem intimidar por ameaças nem seduzir por promessas. Foram todos jogados no calabouço e condenados a morrer num lago gelado. Os anjos já os sobrevoavam, trazendo nas mãos as coroas destinadas a esses gloriosos atletas, quando um deles, vencido pelo frio, saiu do lago para um banho de água morna preparado com vistas à desistência de algum deles. Pouco depois ele morreu (devido à mudança brusca de temperatura), perdendo por um instante de fraqueza os frutos de uma longa vida passada no exercício das virtudes, os méritos reluzentes de sua confissão de fé e a glória de um martírio quase consumado, deixando seus companheiros imersos na incomparável dor de sua defecção.

A hora da morte é uma hora decisiva, mas é também uma hora difícil.


Angústias dos moribundos

Como são atrozes as angústias dos moribundos, que não tenham perdido completamente a fé, quando os remorsos da consciência, o temor do julgamento iminente e a incerteza quanto à salvação eterna se unem para enchê-los de perturbação e pavor! Os demônios redobram de raiva para agarrar essa presa que lhes escapa. Acorrem numerosos em torno da cama do doente para tentar um supremo esforço.

Pudesse ainda o moribundo reagir na plenitude de suas forças! Mas não pode! Nunca terá sido atacado com tanta violência e jamais esteve tão fraco para se defender. A deficiência do corpo provoca um desastroso contragolpe na alma. A imaginação fica de todo desordenada. É como se fosse um campo aberto que os animais selvagens – melhor seria dizer fantasmas dos mais lúgubres e dos mais espantosos – atravessam livremente em todas as direções. O espírito fica repleto de trevas, a vontade sem energia e cheia de languidez.


Necessidade imperiosa do auxílio de Deus na hora da morte

Como o socorro de Deus é necessário nessa hora! Quão indispensável é a graça divina para perseverar! Entretanto, a graça, sobretudo a graça da perseverança final, é um dom de Deus que não nos é dado merecer, mas podemos obter infalivelmente pelas nossas orações.

Ora, como por um privilégio todo especial de Deus, o qual quer assim honrar sua Mãe, a Santíssima Virgem é a Medianeira obrigatória por cujas mãos todos os favores do Céu devem passar, a Ela é que devemos pedir esta graça das graças. Compreendamos então por que a Santa Igreja nos leva a pedir tantas vezes a assistência de Maria Santíssima para a hora de nossa morte. Compreendamos também o motivo pelo qual ela nos incita a repetir todos os dias : Santa Maria, rogai por nós na hora de nossa morte.


Nessa hora, intercessão infalível de Maria Santíssima

A intercessão de Maria Santíssima nos é tão necessária quanto eficaz nessa suprema e solene circunstância. Como são felizes as almas assistidas por Maria nessa hora! Elas não podem perecer. Ainda que estejam cativas da tirania do demônio, esta boa Mãe romperá seus grilhões e lhes obterá os frutos benfazejos de uma sincera conversão, instando-as a fazerem verdadeira penitência. Lá estará Ela perto de seu leito de dores, como uma mãe à cabeceira do filho moribundo, dissipando suas angústias, acalmando suas dores, adoçando suas penas, proporcionando uma santa paciência e tomando sua defesa ante os ataques furiosos e múltiplos do espírito das trevas.

Quando chega a derradeira hora de algum devoto de Nossa Senhora, diz São Boaventura, esta boa Mãe lhe envia os espíritos angélicos que estão às suas ordens, juntamente com São Miguel, seu chefe. E Ela, que é o flagelo do inferno – como diz São João Damasceno – Ela que tem, por missão, o ódio à serpente infernal, lhe faz sentir, sobretudo quando algum de seus devotos vai abandonar este mundo, todo o seu vitorioso poder. Ela é para o demônio, nessa ocasião, terrível como um exército em ordem de batalha. Torna-se contra ele como essa torre da qual fala o Cântico dos Cânticos, onde mil escudos estão levantados com as armas dos mais valorosos.

Não, um servidor de Maria não pode perecer! – declara São Bernardo. – Não, aquele por quem Maria se dignou rezar não pode mais ter dúvida de sua salvação e de sua ida à glória do Céu! – diz Santo Agostinho.

Não, aquele pelo qual Maria rezou uma vez não perecerá! Não, quem recitou piedosamente todos os dias a Ave Maria não será abandonado na última hora! – exclama também Santo Anselmo. Esta oração possui todas as qualidades capazes de torná-la infalivelmente vitoriosa.

Em primeiro lugar, ela é santa em sua motivação. Com efeito, o que pedimos por ela? A perseverança final ‘na hora de nossa morte’. Depois, ela é humilde. Por ela confessamos a Maria Santíssima nossa miséria, revestindo-nos de um título que nos convém tão bem : ‘pobres pecadores’.

Ela é também confiante, pois nos dirigimos à mais poderosa intercessora que possa haver, Àquela que é chamada de ‘Onipotência suplicante’, em vista de sua santidade proeminente e de sua dignidade incomparável de Mãe de Deus : ‘Santa Maria, Mãe de Deus’.

Esta oração é perseverante. Qual oração pode ser mais perseverante? Ainda que, por suposição, só rezássemos uma Ave Maria por dia, quantas vezes durante nossa vida teríamos pedido a Ela para interceder por nós na hora da morte? E como será então se rezarmos ao menos uma dezena do Rosário? Mais ainda se tomarmos o costume de rezar diariamente um terço inteiro? Será possível que Maria Santíssima, tão zelosa de nossa salvação, não nos ouça? Não! Isso é impossível! A isso se opõem as promessas, os juramentos de Jesus Cristo Nosso Senhor relativos à oração, assim como a bondade e a ternura de sua Mãe Santíssima.

Tomemos, pois, a resolução de rezar todos os dias de nossa vida, com uma nova fé, uma nova confiança e um novo cuidado, esta curta mas tão bela e eficaz oração da Ave Maria. Assim obteremos a cada dia aquelas graças particulares das quais precisamos e, sobretudo, a graça necessária no fim da vida, a maior delas, a mais importante de todas as graças, a graça da perseverança final.


Santo André Avelino

Segundo se narra, na hora da morte de Santo André Avelino, um grande servo de Maria, seu leito estava envolto por mais de dez mil demônios; durante sua agonia, ele teve de travar contra o inferno um combate tão terrível que deixou estupefatos todos os religiosos ali presentes. Viram seu rosto decompor-se e ficar lívido. Ele tremia em todos os seus membros, rangia os dentes, lágrimas abundantes corriam-lhe pela face, testemunhando a violência do assalto ao qual estava sujeito. O espetáculo arrancou lágrimas de todos os assistentes. Cada qual redobrava as orações e tremia por si, ao ver um santo morrer dessa maneira. Uma única coisa consolava os religiosos : o moribundo muitas vezes voltava o rosto para uma imagem da Virgem, indicando assim pedir seu socorro e lembrando-lhes ter dito várias vezes durante a vida que Maria Santíssima seria seu refúgio na hora da morte.

Afinal, aprouve a Deus pôr um término a esse combate, outorgando ao santo a mais gloriosa vitória. As agitações cessaram, o rosto do moribundo retomou sua serenidade primeira; viram-no permanecer tranquilo, mantendo o olhar em direção à imagem, inclinar-se em sinal de reconhecimento e, em seguida, expirar docemente nos braços da Santíssima Virgem, que ele tanto invocara em vida e que vinha fazê-lo sentir sua todo-poderosa proteção naquele supremo momento.

Imitemos a devoção de Santo André Avelino e, como ele, em nossa última hora seremos assistidos e socorridos pela misericordiosíssima Rainha dos Céus.’


Fonte :

terça-feira, 13 de maio de 2014

Oração a Nossa Senhora de Fátima

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


‘Santíssima Virgem,
que nos montes de Fátima
vos dignastes revelar aos três pastorinhos
os tesouros de graças que podemos alcançar,
rezando o santo rosário,
ajudai-nos a apreciar sempre mais
esta santa oração, a fim de que,
meditando os mistérios da nossa redenção,
alcancemos as graças que insistentemente
vos pedimos (pedir a graça).

Ó meu bom Jesus, perdoai-nos,
livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu
e socorrei principalmente
as que mais precisarem.

Nossa Senhora do Rosário de Fátima,
rogai por nós.’

Amém.

Fonte :