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segunda-feira, 27 de junho de 2022

O alforge da noite

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Fernando Domingues,

Missionário Comboniano


‘Missão é dar e receber. Quem é enviado em missão, leva consigo o Evangelho de Jesus, a fé cristã, a experiência de comunidade que vamos construindo juntos. Também recebemos muito e, quando partimos, levamos um ‘alforge’ cheio de coisas lindas para partilhar. No encontro com o povo ao qual somos enviados, encontramos tesouros de sabedoria que sempre nos surpreendem.

Já há alguns meses que partilho nesta página algumas reflexões sobre a ligação entre a fé que anunciamos como missionários e o mundo da Natureza que nos rodeia. Um povo indígena do Brasil lembra, numa antiga lenda, o dom que é a noite, a escuridão. Contam eles que, no princípio do mundo, não havia noite na Terra, era sempre dia e tudo estava completamente iluminado sem interrupção. Então o rei da Terra pediu ao rei das profundezas escuras do mar que lhe desse a sua filha em casamento. Ele aceitou, e lá veio a princesa. Pouco tempo depois, ela começou a definhar e a ficar feia, com tanta luz ela não tinha descanso e a vida tornava-se triste e insuportável. Mandou então alguns servos ao seu pai, nas profundezas escuras do mar, que lhe trouxessem um alforge cheio de noite e escuridão. Foram, e regressaram logo, mas ao porem pé na terra de novo, começaram a ouvir, lá dentro do alforge, melodias desconhecidas, o canto de pássaros noturnos, sentiram estranhos perfumes a sair lá de dentro e, cheios de medo, deixaram cair o alforge, que, ao tocar no chão, se abriu logo, deixando sair cá para fora as sombras da noite, os pássaros e animais que só saem no escuro, as rãs que cantam nos pântanos ao cair da noite, as flores que soltam os seus perfumes fortes a coberto da escuridão... Todo o mundo da noite fugiu do alforge e se espalhou pela Terra.

E foi assim que os tesouros da escuridão não ficaram só na posse da filha do rei, mas se espalharam pelo mundo inteiro.

A partir desse dia – pois então começou a alternar-se um tempo de luz, o dia, e um tempo de escuridão, a noite – também os humanos começaram a apreciar a beleza que é o pôr do Sol que anuncia a paz do crepúsculo, ficaram extasiados com a maravilhosa sinfonia de sons e cantos que se ouvem à noite, quando os ruídos do dia se acabam. Quem já gostava de cheirar as flores, ficou encantado com o perfume que algumas delas exalam só quando desce a escuridão da noite. Muitos aprenderam a olhar para o céu e gozar o extraordinário espetáculo que é uma noite estrelada. Outros descobriram a paz da noite em que deixam a azáfama dos trabalhos do dia e se concentram no carinho das pessoas com quem partilham o caminho da vida. E muitos descobriram a noite como o templo mais belo onde encontrar a Deus e a sua paz.

Este povo do Brasil aprendeu a apreciar a importância e o valor da noite seja para a Natureza, seja também para a nossa vida humana. Podemos descobrir muito em comum com a nossa tradição cristã : a noite como o convite à interioridade, aos afetos pessoais, ao silêncio onde se recupera a serenidade e se entra em contato com Deus. O próprio Jesus era bem conhecido por sair, muitas vezes, para um lugar solitário para longos diálogos com Deus, no segredo da noite.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/753/o-alforge-da-noite/

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Decálogo da serenidade


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de No colo de Maria


Escrito pelo Papa João XXIII


‘Em um mundo de tanta agitação, inquietações e distrações, é muito importante buscar diante de Deus a serenidade. Medite com o Papa João XXIII : 10 reflexões sobre a paz interior, intitulado de ‘Decálogo da Serenidade’.

1- Só por hoje tratarei de viver exclusivamente este meu dia, sem querer resolver o problema da minha vida, todo de uma vez.

2- Só por hoje terei o máximo cuidado com o meu modo de tratar os outros : delicado nas minhas maneiras; não criticar ninguém, não pretenderei melhorar ou disciplinar ninguém senão a mim.

3- Só por hoje me sentirei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz não só no outro mundo, mas também neste.

4- Só por hoje me adaptarei às circunstâncias, sem pretender que as circunstâncias se adaptem todas aos meus desejos.

5- Só por hoje dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, lembrando-me que assim como é preciso comer para sustentar o meu corpo, assim também a leitura é necessária para alimentar a vida da minha alma.

6- Só por hoje praticarei uma boa ação sem contá-la a ninguém.

7- Só por hoje farei uma coisa de que não gosto e se for ofendido nos meus sentimentos procurarei que ninguém o saiba.

8- Só por hoje me farei um programa bem completo do meu dia. Talvez não o execute perfeitamente, mas em todo o caso, vou fazê-lo. E me guardarei bem de duas calamidades : a pressa e a indecisão.

9- Só por hoje ficarei bem firme na fé de que a Divina Providência se ocupa de mim, mesmo se existisse somente eu no mundo, ainda que as circunstâncias manifestem o contrário.

10- Só por hoje não terei medo de nada. Em particular, não terei medo de gozar do que é belo e não terei medo de crer na bondade.

Durante doze horas de um dia posso fazer bem o que me desanimaria se pensasse que teria que fazê-lo durante toda a minha vida.’


Fonte :

domingo, 24 de agosto de 2014

São Luís de França

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


Nasceu em 1214 e subiu ao trono de França aos vinte e dois anos de idade. Contraiu matrimonio e teve onze filhos aquém ele próprio deu uma excelente educação. Distinguiu-se pelo seu espírito de penitência e oração e pelo seu amor aos pobres. Na administração do reino foi notável o seu zelo pela paz entre os povos, e mostrou-se tão diligente na promoção material dos seus súditos como na sua promoção espiritual. Empreendeu duas cruzadas para libertar o sepulcro de Cristo e morreu perto de Cartago no ano 1270.


A Liturgia das Horas e a reflexão no dia de São Luís de França :

Ofício das Leituras

Segunda leitura
Do Testamento Espiritual de São Luis, Rei de França, a seu filho
(Acta Sanctorum Augusti 5 (1868), 546)     (Séc.XIII)

O rei justo faz prosperar o país
Caro filho, antes de tudo começo por ensinar-te a amar o Senhor, teu Deus, com todo o coração, com todas as tuas forças, porque sem isso ninguém tem valor.

Filho, deves evitar tudo quando sabes desagradar a Deus, quer dizer, o pecado mortal, de tal forma que prefiras ser atormentado por toda sorte de martírios a cometer um pecado mortal.

Ademais, se o Senhor permitir que te advenha alguma tribulação, deves suportá-la com serenidade e ação de graças. Considera suceder tal coisa em teu proveito e que, talvez, a tenhas merecido. Além disso, se o Senhor te conceder a prosperidade, tens de agradecer-lhe humildemente, tomando cuidado para que nesta circunstância não te tornes pior, por vanglória ou outro modo qualquer, porque não deves ir contra Deus ou ofendê-lo valendo-se de seus dons.

Ouve com boa disposição e piedade o ofício da Igreja e enquanto estiveres no templo, cuida de não vagueares os olhos ao redor, de não falar sem necessidade, mas roga ao Senhor devotamente quer pelos lábios quer pelo coração.

Guarda um coração compassivo para com os pobres, infelizes e aflitos e, quando puderes, auxilia-os e consola-os. Por todos os benefícios que te foram dados por Deus, rende-lhe graças para te tornares digno de receberes maiores. Em relação a teus súditos, sê justo até ao extremo da justiça sem de te desviares para a direita nem para esquerda: e põe-te sempre de preferência da parte do pobre mais do que do rico, até estares bem certo da verdade. Procura com empenho que todos os seus súditos sejam protegidos pela justiça e pela paz, principalmente as pessoas eclesiásticas e religiosas.

Sê delicado e obediente à nossa mãe, a Igreja Romana, ao Sumo Pontífice, como pai espiritual.  Esforça-te por remover de teu país todo pecado, sobretudo o das blasfêmia e da heresia.

Ó filho muito amado, dou-te enfim, toda bênção que um pai pode dar a um filho; e toda a Trindade e todos os santos te guardem do mal. Que o Senhor conceda a graça de fazer sua vontade de forma a ser servido e honrado por ti. E assim depois desta vida, iremos juntos vê-lo, amá-lo, louvá-lo sem fim. Amém.


Fonte :
‘In Liturgia das Horas IV’, 1226, 1228